O esverdeado tentava acompanhar o passo do loiro a todo custo, mas como era possível?! O Len com vestido e de salto era mais rápido que ele e mesmo com toda aquela velocidade, ele parecia desfilar. Isso era injusto!

_Len-kun, acalme-se!

O loiro parou repentinamente, e o vento balançou os cabelos dele para frente, mostrando a nuca. Len se virou, estava sereno.

_Estou calmo. Agora, quer parar de me seguir? –Len.

Mikuo se aproximou com um passo ou dois, segurando a mão do loiro, deixando-o desconfiado.

_Não precisa me olhar assim. Eu ainda sou o Mikuo, aquele que morou com você e que tocou guitarra com você, que jogou horas e horas e aguentou a Rin o tempo todo.

_E daí? Não gostei do que você fez a ela. Ela é minha irmã e eu não posso gostar de você, eu já disse.

Mikuo soltou a mão do garoto. Len parecia muito bravo, não adiantava dizer que estava calmo, ele estava quase se explodindo.

Kagamine Len era assim, e ele mais do que ninguém sabia. Len era compreensível com todo mundo, ficava quieto e deixava passar, nunca ele viu o loiro bater em alguém.

_Você está furioso. Comigo, com o Meito-san e com o Nero, eu sei. –Mikuo andando ao lado do loiro.

_Se for, o que você vai fazer? –Len.

Os olhos grandes azuis estavam irritados, mas ele era gêmeo de Rin, que constantemente estava brava, então ele era kawaii, em tudo o que fizesse.

_Vou te acompanhar até em casa e vamos conversar. –Mikuo.

_Eu vou conversar com o Kyte-nii. Não preciso que você vá. –Len apressando passo.

As pessoas passavam e olhavam para o garoto de vestido. Claro, elas deviam confundi-lo com uma garota.

“Que garota linda.”

“Com essas cinta-ligas ela devia tomar cuidado...”

Len franziu a testa enquanto pega o celular de algum lugar dentro do vestido, um bolso escondido.

_Vou pedir pro Gack-san vir me buscar. Você não devia ir, Mikuo-san, mas... Eu não vou te impedir. –Len acalmando-se um pouco.

Mikuo sorriu.

_Tudo bem. Eu vou mesmo assim.

Len sorriu meio de lado. Mikuo era a pessoa que ele chegou mais próximo de confiar. Sabia dos sentimentos dele, mas na época a Rin gostava demais dele.

_ “Mas agora ela está com o Kuro, o que é estranho, mas ele parece gostar mesmo dela”.

Len se viu andando com Mikuo em direção de casa e os nomes dos contatos passavam inúmeras vezes, mas ele não ligou. Deixou o celular no bolso e continuou o caminho.

A presença de Mikuo o fazia se sentir tranquilizado.

_Len-kun?

_H-HM? –Len se assustando.

_Bem, não sei se isso vai te irritar mais, mas... Você está muito bonito. –Mikuo sorrindo largamente.

Len fez um barulho com o salto quando parou de andar. Que vergonhoso... Ele já devia estar passando dos limites dos escrúpulos, porque até então já havia sido agarrado por Mikuo, por Meito, havia namorado Nero, Gumo ficava o olhando de canto, o diretor Ted o secava toda vez que passava por perto no colégio, Roro Yumma, o ídolo, esta dando muita bola pra ele e Kuro tinha uma tara por “protegê-lo”.

_ “Não que eu seja gay, ou coisa assim... Só que eu, sai lá, só atraio homens.” E-Eu não quero que as coisas continuem assim. –Len continuando a andar.

Mikuo pareceu interessado.

_Como assim?

Len suspirou forte, segurando a barra do vestido de forma tímida.

_Eu não quero mais chamar a atenção de outros homens. O Kyte-nii tinha razão, sou muito novo, não sei dos meus sentimentos. –Len.

_Len-kun, não diga isso! –Mikuo.

Len já avistava a mansão. É... Uma  mansão. Ele de morador de rua, foi adotado por um rapaz de 18 anos dono de uma mansão e aparentemente herdeiro de uma fortuna, que ainda não tinha conseguido por as mãos.

Kamui Venomania Gackpo. Ele descobriu o último sobrenome há alguns anos e resolveu pegar a mansão e morar com seu melhor amigo, Kyte. Só que por um imprevisto, ele adotou um casal de gêmeos que deram muito trabalho.

Len suspirou novamente. Ele tinha muito que viver, tinha que estudar esquecer namoros e visar um futuro onde ele poderia fazer seus “irmãos” se orgulharem.

A carreira de Idol era promissora, Yumma mesmo tinha dito que ele era indicado. E Len não poderia viver para sempre grudado em Rin.

Tudo um dia muda e os caminhos a se seguir são diferentes.

A porta foi aberta e Len entrou, seguido de Mikuo. Gackpo estava no sofá, folheando um maço de papéis enquanto Megurine Luka ao seu lado lhe explicava algo.

_Oi meninos! –Gackpo se levantando e abraçando Len.

Mikuo foi bem recebido e subiu junto com o loiro. Ele iria se trocar.

_Hm, esse garoto, Len. Ele fica bem demais em roupas femininas e pelo visto não liga de se vestir com elas não é? –Luka comentando impressionada.

A cortina da sacada se mexeu um pouco e um rapaz mal-humorado entrou se jogando no sofá.

_O Len? É um coitado. –Luki se sentando entre os dois descaradamente e estendendo o braço por trás de Luka.

A moça franziu a testa irritada com tamanha ousadia. Gackpo parecia não entender e se levantou.

_Gack...?

_Hm, eu vou pegar o chá. Está lá há algum tempo. Vai querer uma xícara Luki-kun? –Gackpo sorrindo.

Os rosados sentiram a raiva iminente crescer. Ele era insuportavelmente sorridente.

_Gack! –Kyte entrando no aposento.

_Ahn, Kyte, o que? –Gack.

O roxeado usava um kimono marrom simples e estava incrivelmente relaxado. Diferente dos dias comuns.

_Len-kun já subiu. O Mikuo veio também. –Gackpo dirigindo-se para a cozinha.

Luki observou o rosto do azulado, ele pareceu ficar em choque.

E a Rin? E porque motivo do destino, malefício, praga e desgraça que o MIKUO estava ali?! Justo aquele que tinha se declarado abertamente para o loiro, que ele sabia!

_Ano...Etto... eu vou lá chamar eles para um café. Vocês esperam aqui? –Kyte suando para não perder o tom de voz.

Luka e o irmão assentiram. A rosada voltou a revisar os trabalhos e o rapaz aproveitou-se da distração para seguir o azulado.

Kyte bateu na porta e surpreendentemente ouviu um barulho de algo caindo.

_Len? Você está bem ai?! –Kyte.

_Ahn, to! Eu to legal Kyte-nii! –Len.

Kyte abriu a porta, quebrando a promessa que tinha feito há um dia com muito esforço e sacrifício: “Não espiar mais o Len”.

_O que hou-... –Kyte paralisado.

Não soube o que lhe ocorreu, mas tinha certeza que era raiva, mas sua cara estava decepcionada. Essa era sua cara de raiva e por isso ficava bravo consigo mesmo! Porque ele, um adulto, não conseguia controlar seus tão patéticos sentimentos e fazer a expressão correta?! Seu namoro com a Miku terminou por causa disso!

_Kyte-nii,isso, é... –Len tentando vestir as roupas o mais rápido possível.

Kyte pegou o loiro se trocando, e Mikuo estava sentado na cama. WHAT THE HELL!

_Ahn, claro, claro. Mikuo, você estava aqui? Não sabia. Bem, d-de qualquer forma, vamos tomar café, ok? Não demore Len-kun. –Kyte sorrindo o mais falsamente possível.

Mikuo sorriu.

_Ah, Mikuo-san, não quer descer já? –Kyte o encarando profundamente.

Sua vontade era congelar aquele serzinho com cara inocente até a alma. Isso ia deixar a Miku furiosa, mas ia deixa-lo bem mais calmo (e vingado).

_Ah, tudo bem, não se incomode. –Mikuo negando com a mão.

_Tem certeza? –Kyte o pressionando o quanto possível.

Uma sombra de medo apareceu no garoto. Ele estava com medo.

_N-N-Não, é sério! Eu espero o Len. –Mikuo.

Kyte desistiu. Len ia se ver com ele. Ia só esperar todo mundo cair fora da casa, e ele ia se garantir de que ninguém estivesse nela!

Continua