_Então foi isso que aconteceu… -Lilly suspirando.

O loiro de olhos amarelos virou o rosto com vergonha. Eles eram conhecidos, mas Rin praticamente tinha ocupado Lilly e a loira baixinha não gostava de Nero nem um pouco agora.

_Eu fui grosso mesmo. Lilly, a Rin é muito possessiva, não é certo isso que ela faz com o Len. –Nero batendo impacientemente o pé no chão.

A loira era meio agitada também e estava nervosa com a bronca que Rin provavelmente estaria levando. Nero resolveu acompanhar Lilly até em casa enquanto discutiam o que deviam fazer.

_Bem, eu ainda sou namorado do Len, vou ter que ir lá, ou ligar, alguma coisa. Ele deve estar irritado, eu o conheço. –Nero.

_Hun, acha que conhece. –Lilly soltando a frase com um tom estranho.

Nero a olhou de esguela. Ela estava vermelha.

_Ei, o que foi? Tá com raiva de mim é? –Nero.

_Não, idiota! Meu irmão vai voltar só às 7 horas…meus pais estão viajando. –Lilly.

_Ahn? Ah, é…você ia trazer a Rin, mas ela acabou…estragando tudo. –Nero rindo.

Lilly lhe deu um soco no braço fingindo estar muito brava.

_Seu tonto, foi você que começou! –Lilly.

Nero massageou o local com um bico e riu de novo. Ele lembrava que Lilly era uma menina de gênio meio solto, atirada, vestia roupas curtas mais parecidas com lingeries…ele gostava disso, mas eles se afastaram.

_Não quer ficar aqui? A Rin me ligou dizendo que o Len não queria falar com ninguém. –Lilly.

_Ele será que vai ficar bravo se eu não ligar? –Nero.

_Você pode tentar. Vem, usa o telefone da minha casa. –Lilly o puxando.

Ao chegar, ela entregou um copo de água para ele. Estava meio cansado mesmo.

O garoto se jogou no sofá já bem conhecido pra ele e discou. Esperou um pouco e ouviu uma voz pesada.

_A Rin tá no quarto ao lado. –Len falando com rispidez.

_Oi, Len. –Nero.

_N-Nero? É você… -Len melhorando o tom.

Nero comentou se ele estava bem e tudo o mais, que não queria ter sido rude, que devia desculpas a todo mundo, até pra descarada da irmã dele.

_Você fez bem, Nero…me fez entender que eu tenho que fazer minhas escolhas. Eu só espero que o Kyte-san não esteja tão frustrado quanto eu. –Len.

_Porque? –Nero se interessando.

_Ora, ele acha que sou novo…foi isso que te disse, lembra? –Len.

_Lembro. Mas fala pra ele o que te disse, que não é novo nada, é uma boa idéia, que estamos…florescendo. –Nero.

Nero encontrou o olhar de Lilly dizendo o quanto aquilo era cafona. Nero balançou a mão pra ela se calar e continuou.

_Onde você está? –Len com uma voz melosa.

_Na casa da Lilly, esqueceu? Tanto que achou que era ela que tinha ligado. –Nero rindo.

_Porque você tá aí? Ela é a melhor amiga da Rin, a minha irmã não vai gostar de saber disso. –Len.

_Mas você não vai contar pra ela, vai? –Nero com um tom sensual na voz que fez o loiro do outro lado se tremer.

_N-Nãoo…tenho que desligar, beijo. –Len.

Nero sentiu seu corpo formigar por um momento, estava sentindo um leve desmaiar de seus sentidos e sentia-se muito bem. Não fazia idéia do porquê.

_Te amo… -Nero falou repentinamente.

Ouviu Len suspirar e falar “Boa noite, te amo”. Nero deixou de qualquer jeito o telefone e continuou esparramado, agora inclinando sua cabeça para deitar na extensão do sofá, só percebendo que Lilly estava sentada do seu lado quando colocou a cabeça nas pernas dela.

_Ah, você tá aí. –Nero sorrindo com a voz melosa.

A loira ficou vermelha entre um sorriso e um carinho na cabeça loira-opaca de Nero. Ele fechou os olhos…normalmente era ele que fazia isso com ela, e não o contrário.

_Que bom. –Nero corando com a boa sensação da pele macia descoberta pela saia e pelas mãos quentes e dedos relaxantes.

Ela se inclinou, aproveitando que ele estava distraído, e juntou seus lábios, assustando-o.

_Lilly! –Nero se afastando ofegante.

Era uma traição, não podia deixar. Ela sabia que eles namoravam, agora todo mundo sabia né?

_Fala sério, Nero! Vai mesmo ficar com o Len? Eu gosto de você há muito mais tempo… -Lilly falava com cara de choro.

Sim, Lilly conhecia mesmo e era apaixonada pelo loiro há muito, muito tempo. Ele a considerava uma boa amiga, mas ela era provocante demais e isso causava ciúmes da parte dele, porque sempre a considerou quase como uma irmã. A Neru não era a mesma coisa de Lilly, ela era muito viciada no celular, em ligar, mandar mensagem, facebook, joguinho, mas não tirava a cara daquele aparelho amarelo nem para responder uma pergunta adequadamente.

_Não posso fazer nada, eu gosto dele, Lilly… -Nero.

A menina abraçou Nero e voltou beijá-lo. Ele se separou novamente, mas ela continuou as investidas, até um ponto que ele não resistiu mais, estava se sentindo tão entorpecido que era impossível aguentar aquela pressão.

_P-Pare… -Nero.

_Eu te amo. –Lilly falou entre um beijo.

Nero não disse nada.

…

O celular se fechou e foi deixado em cima do criado-mudo. Não sabia se chorava, se corria até o quarto da irmã. A segunda decepção da sua vida…ser traído daquela forma, após admitir que o amava.

_Que ingênuo eu sou… -sussurrou baixo com os olhos cheios.

Len lutava para as lágrimas não caírem. Mas como aguentar isso? Ele se voltou contra o próprio Kyte, seu irmão, uma das pessoas que os salvaram, que as amavam mesmo sendo apenas dois adultos independentes que perderam muito tempo cuidando deles.

_Kyte… -ele saiu correndo de sua cama, do jeito que estava, e empurrou a porta do quarto do azulado, entrando sem pedir licença.

O azulado acordou com a porta se escancarando, no fim, continuava sendo uma mansão muito antiga. Estava se virando para ver, mas assim que fez, sentiu o garoto deitar-se afobado em baixo das cobetas ao seu lado e abraçá-lo com muita força.

_Kyte, desculpe! –Len.

O azulado arregalou os olhos. Estava com a luz do abajur acesa…podia ver o choro de Len e o quanto ele parecia abalado.

_Gomen…gomen… -chorava abraçando o peito de Kyte.

Kyte abraçou o menor, já se arrependendo de ter lhe falado aquelas coisas, apenas sussurrou que só queria o bem dele.

_P-Posso dormir com você? –Len sussurrando muito baixo mesmo.

Kyte acariciou os fios loiros e se deitou melhor, deixando Len em seu peito. O maior sentia seu coração explodir e queria que o menor o ouvisse, que ele percebesse seus sentimentos.

_Pode. Não precisa se desculpar, Len…boa noite. –disse beijando a têmpora do loiro que corou, mas sorriu, tentando dormir tranquilo.

Continua