-Por que você me bateu? –Beck pergunta, colocando a mão sobre a marca vermelha que deixei em seu rosto.

-Por que você me beijou! –Grito em resposta.

-Mas... –Ele indaga.

-Mas o que? –Grito.

-Eu pensei que você também quisesse... –Ele fala essa frase em um tom mais baixo do que o normal.

Eu queria dizer pra ele que eu queria esse beijo. Eu queria dizer pra ele que tem algo nascendo dentro de mim, que me faz gostar e admirá-lo cada vez mais. Mas eu não sou boba. Por meio do mais terrível jeito, eu descobri o que o amor nos faz. Eu descobri o quanto o amor pode ser cruel. Eu não vou ficar aqui, correndo o risco de falar tudo o que estou sentindo pra ele... Não mesmo.

Ando até a parte de fora do restaurante e pego meu celular. Eu preciso ligar para um táxi logo.

-Jadeee! –Escuto uma voz masculina gritar, de dentro do restaurante. Provavelmente é Beck.

-O que é? –Viro-me e faço mascaro meu rosto com uma expressão entediada.

-Deixa eu pelo menos te levar pra casa? –Ele pergunta de um modo simples. –É o mínimo que posso fazer depois de tudo isso.

-É, é o mínimo! –Passo a mão pelo rosto, me arrependendo da próxima frase. –Tudo bem, me leve logo pra casa.

Andamos em silêncio até o carro de Beck. Entro e coloco o sinto de segurança. Beck me parece tenso... Será que ele só fica assim, quando está comigo? Ele está olhando fixamente pra frente, posso reparar nisso enquanto o observo pelo canto do olho.

-Olha Jade, me descu... –Beck tenta se desculpar.

-Para Beck! Para de tentar se desculpar! Você fez aquilo e ponto. Não se arrependa... –Dou uma lição de moral nele.

-Então isso quer dizer que você também não se arrependeu, né? –Ele pergunta.

Respiro fundo. –ARGH! Tanto faz... –Falo, desviando a minha atenção pra janela a minha direita.

Posso ouvi-lo tentando abafar ou esconder o riso. Ele é muito babaca, aposto que estava esperando essa resposta mesmo. No carro, toca a música One and Only –Adele. Uma das minha preferidas... Talvez porque eu a tenha escutado todos os dias durante os últimos dois meses....

-

Agora eu e Beck estamos saindo do seu carro. Eu não sei porque, mas ele faz questão de me levar até a porta da minha casa. Eu estou um pouco irritada com ele, não me pergunte o porque.  Ao chegar na porta, não acho minhas chaves. DROGA! Eu as esqueci na bolsa que levei pra escola... Então vou ter que tocar a campainha e esperar a boa vontade da minha mãe, pra poder vir me atender.

-Ei... –Beck fala, segurando meu rosto entre as mãos e fazendo-me olhar pra ele. –Está brava comigo?

-Talvez sim, talvez não. Quem é que sabe? –Respondo.

Ele vai se aproximando, até ficar numa distância perigosa de mim. Será que ele ta pretendendo me beijar de novo? Mas que garoto abusado! Mas se ele vier me beijar mesmo, não vou ter como resistir. Ele me beija de um jeito que me faz querer mais. Fecho os olhos e esperando o momento em que nossas bocas irão se encontrar. Mas antes que isso aconteça, os borrifadores de água que ficam no jardim, entram em ação. Eles começam a jorrar água pra todos os lados.

Eu estou ficando cada vez mais encharcada e não estou gostando nada disso. Olho para Beck... Ele está olhando de um lado para o outro tentando entender o que está acontecendo. Aproximo-me dele rapidamente e colo meus lábios nos dele. Sim, com isso, ele vai ter muito no que pensar a noite. Corro para a porta e por sorte minha mãe a destranca na hora exata. Fecho a porta atrás de mim com a sensação de dever cumprido. Beck Oliver vai ser meu, Ah se vai...