Apaixonada Por Você escrita por lovemyway


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelos erros, pessoal, mas não tive tempo de revisar. Se alguém ler isso (e também for leitor de MR, saibam que eu já comecei a escrever o próximo capítulo), por favor, não se acanhem! Sintam-se confortáveis para me dizer se detestaram ou se amaram :)
Boa leitura!



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Capítulo Único.


Eu não podia impedir as lágrimas de saltarem de meus olhos. Eu não podia impedir meu coração de se apertar dolorosamente no meu peito, e eu não podia impedir meu corpo de tremer enquanto eu me balançava para frente e para trás, embalando-me de uma forma estranha, mas que me trazia uma certa sensação de paz. Porque quando eu era pequena e meus pais me seguravam em seus braços, eu me sentia segura; naquele momento, imaginei que meus braços pertencessem aos meus pais. E pela primeira vez em vários minutos, eu finalmente fui capaz de respirar direito.

O chão do banheiro feminino nunca esteve tão frio. Eu sei disso, porque ele é meu companheiro há uma longa data. Foi lá que eu sentei e chorei por horas à fio quando levei o primeiro banho de raspadinhas. Foi lá que eu sentei e chorei quando fui jogada na lixeira pela primeira vez, ou quando fui atacada por uma chuva de ovos no estacionamento, ou quando escutei o primeiro apelido ofensivo, ou quando tive meu primeiro coração partido. Podia-se dizer que tínhamos uma história, acho, se você levar em consideração as vezes em que o azulejo frio era o meu único consolo; o único "amigo" que eu teria naquele colégio que não se importaria em ser molhado com as minhas lágrimas, ou escutar os soluços que eu tanto tentava prender dentro do peito. 

Finn Hudson era um idiota. Um idiota que me teve comendo em suas mãos por tempo demais, e um idiota que eu estava decidida a esquecer. Trair-me com Santana Lopez? Mentir para mim? Fingir que me amava quando, na verdade, queria apenas avançar o próximo passo? Eu não sabia quem era mais desprezível: ele, ou Jesse St. James, que quebrou meu coração em pedaços tão pequenos que quase não fui capaz de reagrupá-los. É uma sorte que eu seja tão forte. Ou talvez seja um azar, porque quanto mais forte as pessoas pensam que você é, então mais elas pisam em você para ver até onde você aguenta. Só que eu estava cansada de ser pisada. Eu estava cansada de garotos; eu estava cansada dos insultos de Santana Lopez; eu estava cansada de carregar o clube do coral nas minhas costas; eu estava cansada de Quinn Fabray. 

Respirei fundo e me levantei, ficando de frente para o espelho e mirando o meu reflexo. As olheiras agora eram evidentes, e eu nunca me senti tão cansada em toda a minha vida. Eu definitivamente precisava de paz, de descanço. Liguei a torneira, molhei minhas mãos e joguei um pouco de água no rosto. E como se minha vida já não fosse um inferno, eu ainda precisava me preocupar com as minhas malditas notas. Muitas vezes eu era obrigada a perder noites e noites de sono estudando para as provas e fazendo trabalhos. Eu precisava manter minha média perfeita, porque senão eu não seria aceita em NYU, a Faculdade que eu pretendia cursar assim que terminasse o Ensino Médio.

"Mas ainda falta um ano", pensei derrotada.

E seria mais um longo ano pela frente aturando mais pressão do que eu já estava sofrendo. Se eu pensava em desistir? Porra, eu pensava nisso o tempo todo! Mas eu sou Rachel Berry, e se tem alguém que pode lidar com tudo isso, então esse alguém sou eu. Além disso, será um ótimo treino para o futuro, e eu tenho certeza que vai ser apenas uma página sombria em minha biografia, que fará meus fãs me admirarem ainda mais. Eles vão dizer "Rachel, eu era igualzinho a você!", e vão me agradecer por ser um exemplo melhor do que essas artistas meia tigela de hoje em dia. Não é à toa que existam tantas pessoas desajustadas na América. Se elas se espelham em seus artistas, e se seus artistas não batem bem da cabeça, então naturalmente coisa boa não vai sair. Como aquela Lindsey Lohan, cujo número de vezes que entrou na reabilitação é maior que o número de vitórias que o time de futebol do McKinley teve nos últimos dois anos. Não que isso signifique alguma coisa, afinal de contas. O McKinley era uma verdadeira porcaria em quase tudo.

E eu juro que se não fosse o clube do coral, então eu já teria desistido. O clube do coral, que no ano passado foi invadido por uma massa de jogadores de futebol e líderes de torcida que costumavam –– e ainda o fazem –– nos humilhar com tanta frequência e com tanto afinco que deixava até mesmo Sue Sylvester emocionada. Sue era a treinadora das líderes de torcida, e sua atividade favorita era maltratar o que passasse pelo seu caminho –– pessoas, bichos, objetivos... qualquer coisa que ela pudesse xingar e empurrar para o mais longe dela possível ––, tornando-a uma das pessoas mais sem noção que existiam naquele hospício, e só perdendo para o diretor Figgins, que certa vez acusara Tina Cohen-Chang, uma garota do clube do coral que só abre a boca para respirar, de ser uma vampira. Esse homem certamente não bate bem da cabeça, mas como ninguém em Lima, Ohio, é normal, então não muito do que reclamar.

Desligo a torneira e enxugo minhas mãos no papel toalha. Talvez eu devesse ir para casa. Minha paciência para enfrentar aquela reunião do clube do coral tinha desaparecido, e eu definitivamente não queria dar de cara com o Finn. Se eu o visse, provavelmente esmurraria aquela cara de feto, e eu não estava animada para levar uma suspensão. O diretor era idiota, mas nem tanto assim. Passei a mão pela minha nuca e ajeitei minha saia. E quando eu me virei para a porta do banheiro, preparada para ir à secretaria inventar qualquer desculpa para ir embora –– e aproveitar para treinar minhas habilidades artísticas ––, deparei-me com uma garota alta, loira, usando o uniforme das líderes de torcida e com os braços cruzados sobre o peito olhando-me com uma sobrancelha arqueada. Suspirei.

–– Veio rir de mim? –– perguntei cansada.

–– Por que eu faria isso? –– perguntou Quinn Fabray.

–– Porque é o que você sempre faz –– respondi simplesmente.

Quinn lançou um olhar culpado para mim, descruzou os braços e deu alguns passos vacilantes em minha direção. Fechei os olhos por alguns segundos. O que ela queria de mim, afinal de contas? Será que ela já não me humilhava o suficiente? O que, agora? Pisar em quem já estava no chão? Aquele era um golpe baixo, até mesmo para Quinn Fabray.

"Bem", pensei, soltando um longo suspiro. "Ela é chamada de Ice Queen por algum motivo".

Porque a verdade é que Quinn Fabray não se importa com os sentimentos de ninguém. De fato, boatos circulavam pelo colégio que ela nascera com o 666 na parte de trás da cabeça e que ela era, literalmente, a filha do capeta. E conhecendo seu pai, Russel Fabray, eu não tinha dificuldades em acreditar nisso. Entretanto, aquilo não era algo que eu iria descobrir ao menos que passasse a mão pela sua cabeça. E como ela namorou Finn, e como Finn praticamente arrancava seus cabelos por causa de sua mão grande e pesada, e como ele não conseguia guardar nada para si mesmo, então Quinn definitivamente não era filha do capeta. Talvez sobrinha, prima, irmã, ou qualquer coisa assim.

–– Eu não vim rir de você –– disse Quinn.

–– Por que não? –– perguntei desconfiada.

Mas ela não respondeu. Quinn mordeu o lábio inferior com força e franziu o cenho. Estranhei a atitude, porque nunca a vi fazendo nada do tipo. Para mim, a marca registrada de Quinn Fabray era apenas o arquear de sobrancelha. Foi a minha vez de cruzar os braços sobre o peito e bufar. Eu estava sem paciência, e não tinha a menor vontade de ficar ali tendo uma conversa amigável com Quinn Fabray. E foi aí que eu me toquei que estava tendo uma conversa amigável com Quinn Fabray. Meus olhos se arregalaram e meu queixo caiu por alguns instantes, mas logo a fechei e tentei colocar uma máscara indiferente no rosto.

–– O Finn foi atrás de você? –– perguntei, sem conseguir me conter. –– Veio me contar que agora estão juntos?

–– Não seja boba, Rachel –– disse Quinn, revirando os olhos. –– Vocês acabaram de terminar.

–– Você tem razão –– comentei. –– Talvez daqui há uns dois dias ele te procure.

E então, Quinn e eu começamos a rir. Ela abriu os braços para mim, e antes mesmo que eu pudesse entender o que estava fazendo, dirigi-me em sua direção e me aninhei em seus braços, descansando a cabeça na curvatura do seu pescoço e envolvendo meus braços ao redor da sua cintura. Quinn passou as mãos lentamente pelas minhas costas, e aquilo me acalmou. Eu não sabia porquê, mas eu me sentia segura em seus braços.

–– Por quê? –– perguntei baixinho, sentindo o cheiro da pele de Quinn e a abraçando com mais força.

–– Finn é um idiota –– disse Quinn. –– Ele não merece alguém como você.

–– Eu não estava falando do Finn. Eu sei que ele é um idiota.

–– Então o que? –– perguntou Quinn.

–– Porque você se afastou de mim? –– perguntei, minha voz saindo tão alta quanto um sussurro.

Quinn me afastou um pouco pelos ombros, apenas para seus olhos avelãs encontrarem os meus. Eu podia ver a culpa e o arrependimento por trás deles. Quinn beijou minha testa e e abraçou com força.

–– Eu não sei, Rach. Você sabe como o meu pai é. Você sabe em que eu me tornei... Eu acho que só queria a aprovação dele, eu só queria ser perfeita.

–– Mas você é perfeita, Quinn –– disse-lhe, observando cada traço do seu rosto. –– Você é linda, a garota mais linda que já vi. Você é forte, inteligente, e a Quinn que eu conheço se importa demais com os amigos. E eu sei que você não mudou, Quinn, porque eu ainda vejo o quanto você se importa com Brittany e Santana.

–– Não é só com elas que eu me importo –– resmungou Quinn.

–– Como assim? –– perguntei, franzindo o cenho.

Quinn se afastou de mim e se encostou na pia, soltando um pequeno suspiro. 

–– Rach, eu sempre me importei com você. Há muito tempo que eu não expresso isso, porque há muito tempo que... Bem, tem certas coisas que eu tenho tentado esconder, e... Eu não sei, Rachel, eu só estava com medo.

–– Medo de que, Quinn?

–– Eu me deixei levar pela popularidade, e eu tive medo que se me aproximasse de você, então tudo o que eu tinha construído fosse desmoronar. E, droga, você não sabe o quanto foi difícil... O quanto é difícil fazer todas aquelas coisas com você. Eu me sinto um lixo por causa disso, Rachel. Eu me sinto um lixo por te fazer sofrer. Jogar raspadinhas na sua cara? Insultar você com aqueles apelidos... Meu Deus, aqueles apelidos ridículos que a Santana inventou? Eu... Eu estava me sentindo péssima, Rachel. E eu pensei que você estivesse bem com tudo isso. Por isso, eu te odiei ainda mais. Todas as vezes que você se aproximava para tentar me ajudar, eu me convencia de que você só queria rir de mim, assim como eu ria de você. Eu estava cega, Rache. Eu estava completamente cega.

Quinn se aproximou de mim novamente, e suas mãos seguraram as minhas. Seus olhos nunca me encararam com tanta intensidade, e eu senti meu estômago embrulhar e minhas mãos tremerem ligeiramente. Por que diabos Quinn precisava ser tão linda? Por que diabos ela precisava ser tão perfeita, até mesmo na hora de se abrir?

–– Eu não guardo rancor, você sabe –– disse.

–– Eu sei –– concordou Quinn. –– Mas isso é algo que eu preciso fazer.

E então, ela disse aquelas três palavras que eu esperei tanto tempo para ouvir.

–– Eu sinto muito –– sussurrou Quinn, seus olhos cor de avelã presos aos meus.

E assim que as palavras saíram de sua boca, eu soube que não era aquilo que eu gostaria de ouvir. Por que eu iria querer que Quinn se desculpasse se eu não guardava mágoas? Eu ainda lembrava da antiga Quinn Fabray, e meu peito se enchia de felicidade ao ver que depois de tanto tempo ela finalmente estava ali, conversando comigo, tratando-me como ela sempre costumava me tratar quando era apenas Lucy, a pessoa mais maravilhosa que já conheci. Apertei as mãos de Quinn e as beijei, para logo em seguida acariciá-las com o polegar.

–– Eu também sinto.

–– Pelo que?

–– Por não ter ido atrás de você como eu deveria.

–– Mas você foi –– disse Quinn, franzindo o cenho e me encarando confusa.

–– Mas não da maneira que eu deveria.

–– Você tentou ser minha amiga  –– disse Quinn, arqueando sua sobrancelha. E quando um sorriso ameaçou aparecer em seu rosto, eu não pude deixar de revirar os olhos. Ela sabia.

–– Eu não quero ser sua amiga –– disse com a voz firme.

–– E o que você quer ser, Rachel? –– perguntou Quinn, e sua voz saiu muito mais rouca que de costume.

Foi a minha vez de me aproximar dela. Seus lábios estavam entreabertos e seu peito subia e descia rapidamente, e ela estava ofegante. Só então percebi que estava do mesmo jeito. As borboletas dançavam de felicidade em meu estômago, porque eu finalmente as liberei depois de tanto tempo. Tanto tempo que passei escondendo a verdade de mim mesma... Balancei a cabeça e abri o maior sorriso que consegui, sentindo meu coração dar saltos mortais no peito. Porque agora eu finalmente podia admitir o verdadeiro motivo pelo qual fiz tudo. O verdadeiro motivo pelo qual quis tirar Finn de Quinn. O verdadeiro motivo pelo qual ameacei Noah Puckermann –– embora ninguém além do mesmo saiba disso –– para tratar Quinn bem. O verdadeiro motivo pelo qual sempre tentei me reaproximar.

–– Eu quero ser sua garota, Quinn, porque eu estou perdidamente apaixonada por você.

Quinn sabia dos meus sentimentos sem que eu precisasse dizê-los. E quando ela se inclinou em minha direção, e seus lábios quentes e macios tocaram os meus novamente, eu também não precisei que ela usasse palavras para dizer o que ela sentia. Porque a língua dela invadindo minha boca foi um bom sinal. Porque seu braço rodeando minha cintura e sua mão acariciando meu rosto foram um grande indicativo.

E assim que nos separamos, abracei Quinn com a maior força que consegui arrumar.

Porque ela também estava apaixonada por mim, e aquilo era tudo o que realmente importava. 


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Notas finais do capítulo

E então, mereço reviews?