- Onde você estava até agora? – Meu pai perguntou assim que entrei em casa. Ele estava bravo.

- Desculpe, pai. É que entrei em uma lojinha e nem vi o tempo passar. – Inventei. Se eu falasse qualquer coisa sobre garotos ele virava uma fera.

- Sei. E por acaso essa loja era de roupas masculinas? – Arqueou as sobrancelhas, duvidando. Fiquei confusa.

- Não, por quê? – Perguntei, tentando entender o que ele tinha dito.

- De quem é essa roupa, Claire? – Se irritou. Droga, eu tinha esquecido completamente que ainda estava com o sobretudo de Zayn.

- Ahn... – Pensei um pouco. – É do James, pai. – Respondi. Ele adorava o babaca do James, não iria brigar.

- Certo. Vocês estavam juntos? – Perguntou, novamente. Sua expressão se suavizou.

- Pai, estou cansada. Posso subir? – Fugi do assunto.

Ele suspirou e assentiu.

- Boa noite, meu anjo. – Deu um beijo na minha testa.

- Boa noite, pai. – Respondi. Subi as escadas e fui pro meu quarto. Tranquei a porta e me despi.

Fui até o banheiro. Entrei no Box do chuveiro e liguei o registro. Senti a água quente tocar meu corpo, fazendo com que todos os meus músculos relaxassem automaticamente.

Terminei meu banho, escovei meus dentes e vesti um pijama. Desliguei as luzes e deitei na cama. Assim que fechei meus olhos pude ouvir meu celular tocando.

Olhei pra mesinha de cabeceira, procurando o celular, mas não achei. Levantei e liguei as luzes. Vi meu celular em cima da escrivaninha. Peguei-o. Tinha uma mensagem de um número novo. Abri.

                               “Boa noite, Claire.

                                              Xx Zayn.”

Sorri ao ler a mensagem. Respondi com outro “boa noite” e gravei o número dele no celular. Deixei o celular em cima da mesinha de cabeceira e fui desligar as luzes. Deitei na cama de novo, dessa vez dormi.

Acordei na manhã seguinte com meu pai batendo na porta do quarto, me chamando pra tomar café.

- Já estou indo. – Avisei, levantando da cama. Fiz minhas higienes e vesti um vestido simples. Desci.

- Bom dia, Claire. – Meu pai falou.

- Bom dia, Daniel. – Respondi. Ele me olhou com desaprovação. – Só estou brincando, pai. – Ele odiava quando eu o chamava pelo nome.

- Sente-se. – Pediu. Me sentei.

- Não vai trabalhar hoje? – Perguntei, estranhando a presença do meu pai em casa. Ele estava sempre trabalhando, era um advogado bastante famoso na cidade.

- Tirei uma folga pra ficar com a minha filha preferida. – Sorriu.

- Pai, eu sou sua única filha. – Ri.

- Verdade. Mas é a minha preferida, mesmo assim. – Dessa vez ele riu.

Revirei os olhos e terminei de comer.

- Vou subir. – Avisei antes de sair da mesa e voltar pro meu quarto. Chequei meu celular e tinha uma mensagem nova.

                               “Quer sair hoje?”

Era do Zayn. Respondi.

                               “Claro. Aonde vamos?”

Esperei um pouco e recebi a resposta. Iríamos ao cinema.

- Claire? – Meu pai bateu na porta. Abri.

- O que foi, pai? – Perguntei. Ele entrou no quarto.

- Eu vou precisar ir até o escritório agora, quer ir? – Meu pai falou, neguei com a cabeça. – Tem certeza? Podemos parar pra comer alguma coisa depois. – Disse.

- Vou ficar em casa mesmo. – Recusei.

- Tudo bem, tchau. – Ele me deu um abraço.

- Tchau. – Fechei a porta. Fui até o closet escolher uma roupa legal pra usar de noite.

Peguei uma calça jeans preta, uma blusa de mangas compridas listrada, nas cores azul e branca e o sobretudo cinza de Zayn, iria devolver pra ele. Escolhi um tênis branco.

O dia passou rápido, ajeitei meu cabelo, fiz minhas unhas e me maquiei.

Fui tomar banho logo, depois me vesti e coloquei meu cabelo todo pra um lado, fazendo uma trança.

                               “Já estou no cinema. Você ainda vem?”

Zayn mandou outra mensagem. Respondi.

                               “Estou indo :)”

Peguei uma bolsa e joguei lá dentro tudo o que eu ia precisar. Antes de descer me olhei no espelho, até que gostei do resultado. Eu estava quase saindo do quarto quando ouvi a porta da frente bater. Meu pai tinha chegado, droga!

- Claire, já estou em casa! – Meu pai gritou do andar de baixo. Pude ouvi-lo subir as escadas.

- Pai, posso sair com o James? – Perguntei, tentando enganá-lo.

- Claro, meu amor! Quer que eu te deixe lá ou ele vem aqui? – Perguntou, ele parecia feliz.

- Na verdade, pai, eu preferia ir de Táxi. – Falei, com medo que ele desconfiasse.

- Táxi? Mas por que? – Ele já parecia desconfiado.

- Não quero dar trabalho pra você, pai. – Respondi, tentando dizer uma desculpa que fosse ao menos convincente.

Ele ficou calado por algum tempo.

- Tá bom, mas volte cedo. – Deu um beijo na minha testa. Sorri e lhe dei um abraço em forma de agradecimento.

Saí de casa e andei um pouco, até achar um Táxi vago. Assim que entrei em um Táxi pedi que o motorista me levasse pro cinema.

No meio do caminho o motorista parou e desceu do carro. Perfeito, eu tinha que pegar um taxista maluco. Ele entrou em um bar e ficou lá por algum tempo, assim que voltou, trazia um monte de homens com ele. Com medo, desci do carro.

Saí andando, a procura de outro Táxi. Devíamos estar bem longe do cinema.

- Boa noite, gracinha. – Um garoto na rua me cumprimentou. Eu estava morrendo de medo. Estava tudo escuro, a rua estava pouco movimentada e um malandro me cumprimenta. Que ótimo.

Consegui achar um Táxi decente, entrei e disse pro taxista pra onde eu iria. Chegamos no cinema em cerca de vinte minutos.

- Pensei que você não vinha mais. – Zayn falou, assim que entrei. Ele estava do lado de fora, e estava mais bonito do que no dia anterior.

- Desculpe, é que aconteceram algumas coisas no meio do caminho. – Fiquei um tanto sem graça. – Que filme vamos ver?

- Bom, todos eles já começaram, então não vamos ver um filme. – Ele falou, sem jeito.

- Ah. Me desculpe.

- Não tem porque se desculpar, tá tudo bem. – Ele sorriu. Eu adorava esse jeito gentil dele, que queria me fazer sentir confortável.

- O que vamos fazer, então? – Perguntei. Ele parou pra pensar por um instante.

- Podemos jantar. O que acha? – Sugeriu.

- Tá bom, mas você escolhe o lugar. – Concordei. Ele sorriu. Pegou uma chave no bolso, destravou o carro e me levou até o mesmo.

- Desculpe por ter me atrasado. – Eu estava realmente sem graça.

- Você não precisa pedir desculpas tantas vezes. – Ele riu baixinho.

- Desculpe. – Falei, sem querer.

Ele riu novamente.

- Pra onde você vai me levar? – Perguntei, curiosa.

- Você verá quando chegarmos. – Disse, fazendo suspense.

- Surpresa? Ah, odeio isso. – Falei como uma criança desesperada pra saber qual é o seu presente de natal. Ele riu mais.

Fomos cantando as músicas que tocavam no rádio. De vez em quando as pessoas da rua nos olhavam estranho, já que estávamos cantando alto – gritando.

- Pronto. – Zayn falou e estacionou o carro. Descemos e entramos no restaurante. Era bem aconchegante. – Gostou? – Ele perguntou, arrancando um sorriso de mim.

- Eu acabei de entrar, mas, sim, adorei. – Respondi.

Escolhemos a mesa e Zayn puxou a cadeira pra mim.

- Obrigada. – Agradeci pelo gesto gentil da parte dele.

- Disponha. – Sorriu.

Fizemos nossos pedidos e enquanto esperávamos ficamos conversando.

- Você é de Londres? – Zayn perguntou. Assenti.

- E você? – Perguntei de volta.

- Bradford. – Falou.

- Nunca estive lá, mas, bom... Minha mãe já. – Comentei, relembrando de quando minha mãe foi.

- Ah, é? E o que ela achou? – Zayn parecia interessado.

- Bom, ao que parece ela adorou. Se casou com um homem de lá e me deixou com meu pai. Agora ela mora em Nova York. – Eu disse, sentindo o ódio que eu tinha pela minha mãe.

- Sinto muito. – Ele ficou um pouco constrangido por tocar no assunto.

- Não sinta, ela não ligava muito pra nós dois. – Dei de ombros.

Ele assentiu.

- Zayn! – Uns garotos adentraram o restaurante, gritando.

Olhei pra Zayn, confusa, e rindo.

Pude ouvir o mesmo praguejar em voz baixa.

- Ei, Z! Qual é a boa? – Um garoto puxou uma cadeira e sentou conosco. Atrás dele havia mais três garotos, pude sentir o olhar pesado de um deles em mim.

Os quatro eram bonitos. Bonitos não, lindos.

- Ahn... Claire, esses são Louis, Harry, Liam e Niall. – Zayn apontou pra cada um deles, acenei.

O que estava sentado conosco era Louis, o que olhava descaradamente pra mim era Harry, o loirinho fofo era Niall e o outro era Liam. Fácil de gravar.

- Ei, que tal juntarmos mais uma mesa aqui? Então vamos poder conhecer essa belezinha que está com o Zayn. – Louis sugeriu. Senti minhas bochechas corarem violentamente.

Zayn abriu a boca pra falar algo, mas foi impedido pelos outros meninos gritando “Boa ideia!” ou alguma coisa parecida.

Eles puxaram a mesa ao lado e todos se sentaram, chamaram o garçom e fizeram o pedido deles. Zayn estava olhando pra eles como se quisesse matar alguém.

- Oi, Claire. – Harry se sentou ao meu lado, sorrindo. Fiquei envergonhada.

- Oi. – Respondi, um tanto tímida.

- Harry, você poderia dar espaço pra ela respirar, por favor? – Zayn falou, um pouco irritado. Segurei o riso.

- Você tá conseguindo respirar, Claire? – Harry riu, e eu assenti. – Viu, Zayn? Relaxa, cara, ela está conseguindo respirar. – Zayn revirou os olhos.

- É, cara, relaxa. – Louis disse, apoiando Harry. Os outros dois só riam, enquanto Zayn ficava cada vez mais irritado.

- O que vocês vieram fazer aqui, mesmo? – Zayn ignorou os dois e perguntou pro moreno, Liam.

- O mesmo que vocês. Viemos jantar. – Niall respondeu pelo Liam.

- E por uma coincidência do destino, vocês estavam aqui. – Harry se intrometeu, fazendo os outros rirem enquanto Zayn ficava estressado de novo.

- Quantos anos você tem, Claire? – Liam puxou assunto, enquanto Harry e Zayn discutiam. As pessoas em outras mesas já nos olhavam feio, apesar de algumas pessoas rirem.

- Tenho 17. – Respondi, sorrindo.

- Opa, 17? Perfeito! – Harry falou. Zayn deu um tapa fraco na cabeça dele. Eu ri.

- Ignora eles, são sempre assim. – Niall falou, notei que éramos os três normais ali, já que Louis estava torcendo por Harry, na “briguinha”.

- Vocês fazem parte da banda do Zayn? – Perguntei, mudando de assunto.

- Sim, mas, você não nos conhecia? – Liam perguntou, pasmo.

Ri.

- Sou um pouco desligada. – Expliquei. Eles riram.

- Entendi. – Ele respondeu, sorrindo.

- O que vocês fazem? – Perguntei, curiosa.

- Todos cantamos. – Niall respondeu, me surpreendendo um pouco. Eles não tinham cara de cantores, só o Harry.

- Sério? Isso é bem legal. – Falei, dando um dos meus melhores sorrisos. Os meninos retribuíram o sorriso.

- Obrigado. – Agradeceram juntos.

- Com licença, bom apetite. – O garçom falou, colocando nossos pratos na mesa.

Agradecemos e todos voltaram a agir como pessoas normais. Ficamos conversando sobre a banda deles durante o tempo em que comíamos, de vez em quando Harry e Zayn se alfinetavam, fazendo todos rirem.

Os garotos eram hilários, nos divertimos muito, o único que parecia não estar muito feliz era o Zayn.

- O que foi? – Perguntei pra ele, enquanto os outros estavam conversando sobre outra coisa.

- Nada. – Negou, forçando um sorriso.

- Tudo bem. – Desisti, não gostava de ficar insistindo pra uma pessoa me contar sobre seus problemas pessoais.

- Tchau, garotos. Foi ótimo conhecer vocês. – Me despedi dos meninos, estávamos indo embora e Zayn ia me levar em casa.

- Eles são realmente muito legais, você tem sorte. – Falei pro Zayn, assim que entramos no carro. Ele ainda estava com uma cara de chateado. – O que foi, Zayn?

- Já disse, não foi nada. – Ele respondeu, sorrindo forçado de novo.

- Se acha que vai me convencer assim, não está funcionando. – Tentei mais uma vez. Ele riu.

- É besteira. – Ele falou.

- Então pode me contar? – Sorri, tentando convencê-lo.

- É que... Os meninos atrapalharam tudo. Sabe, isso era pra ser legal e acabou sendo um estrago. – Suspirou, frustrado.

- Tá tudo bem, eu adorei a noite de hoje. Tudo foi perfeito. – Sorri.

- Sério? – Seu rosto se iluminou, transformando sua expressão chateada em um sorriso.

- É sério. – Afirmei.

- Eu também gostei, apesar do idiota do Harry ter dado em cima de você. – Revirou os olhos. Eu ri.

- Afinal, por que deu tanta importância pra isso? – Perguntei, sorrindo.

- Sei lá. – Respondeu, dando de ombros.

Eu estava feliz, não sabia exatamente o motivo da felicidade, mas o sentimento tomou conta de mim de repente.

- Você tem sorte de ter amigos tão maravilhosos, e engraçados como eles. – Eu disse, lembrando que as pessoas ao meu redor nunca eram verdadeiras comigo.

- Eu sei. – Ele sorriu.

Ficamos falando sobre algumas coisas aleatórias durante o caminho pra minha casa, eu esperava que meu pai não estivesse acordado.

- Chegamos. – Disse, e Zayn parou o carro. – A noite foi muito legal, obrigada. – Agradeci, dando um beijo na bochecha de Zayn.

- Eu digo o mesmo. – Sorriu.

Saí do carro e antes de entrar em casa esperei Zayn ir embora.

- Oi, pai. – O cumprimentei, assim que entrei em casa e vi que ele estava na sala, provavelmente me esperando.

- Olá, Claire. Já passou da sua hora. – Ele olhou no relógio.

- Desculpe, pai. – Sorri fraco. – Boa noite.

- Boa noite. – Ele respondeu, me deu um beijo na testa, como de costume e eu subi.

Assim que entrei no quarto me joguei na cama, e então percebi que ainda não tinha devolvido o sobretudo de Zayn. Depois eu daria um jeito de entregar pra ele. Senti o cheiro dele, que estava impregnado no sobretudo. Era bom. Adormeci ali, sentindo o cheiro incrivelmente perfeito dele.