Os dias foram se passando... Se passaram 2 meses e meio, muitas revelações e boatos rolaram nesse tempo, fizemos várias amizades, muitas notas boas vieram, Lewis acabou confessando que tinha uma queda por mim, mas nada de exageros, estava rolando boatos de que Petroky estava apaixonado por uma garota, mas que ainda era total segredo e ele tinha se afastado cada vez mais do grupo da Lyvia e ficado mais próximo de nós.

Hoje é dia 16 de novembro, temos dois dias de testes, aquele povo super preparado que lê os livros nos últimos 10 minutos procurando uma salvação... Sempre tem desses. Por sorte de uns, azar de outros, os testes começariam apenas na terceira aula, então eu e as garotas decidimos ir procurar os meninos no campo de futebol. Mas acabamos ganhando um pouco mais que uma visita.

— Petroky, eu te amo você não entende isso? Eu tenho que repetir isso quantas vezes pra você entender? — Era Lyvia no vestiário com Petroky.

— Eu já entendi, mas eu não te amo, você que tem que entender.

— O que eu te fiz pra você estar assim comigo? É a tal garota misteriosa?

— E se for? O que você tem a ver com esse assunto?

— Eu sou sua namorada, quero que a gente se resolva.

— Nunca namoramos e nunca vamos namorar, entenda. — Ouvimos ele respirar fundo. — Você não é minha namorada Lyvia, nunca nem chegamos a ficar, você saí por aí inventando essas coisas e eu nunca tinha dito nada por dó de você... Mas vamos encarar os fatos, você não é nem um pouco atraente pra mim e sabe disso, então me esquece e esquece essa fantasia que você criou nessa sua cabecinha de que já ficamos juntos. — Lyvia saiu furiosa e com lagrimas nos olhos.

— Vocês ouviram o mesmo que eu? — Suzy falou. Estávamos perplexas.

— E como, e aposto que ela não vai deixar barato. – Paulah disse.

— Não vai mesmo. — Concordei. Ficamos um tempinho em silêncio. — De quem será que ele gosta?

— Adoraria descobrir. — Suzy começou a me encarar.

— Porque ta olhando assim pra mim?

— Porque é você que virou amiguinha dele nesses últimos dois meses. — Fiquei de boca aberta.

— Isso ainda não é um bom motivo, não vou lá perguntar sobre quem ele gosta.

— Vaai Jay, por favor, você é a única aqui de nós que tem contato com ele, única que senta quase todo dia perto dele, você é a única pra quem ele se abre. — Paulah pediu.

— Vai aonde? — Ewan chegou perguntando.

— Falar com Petroky, queremos descobrir de quem ele gosta. — Suzy disse.

— Só isso? — Ewan olhou meio desprezível. — Isso eu posso saber em minutos.

— Mas não queremos que você saiba, queremos que a Jay descubra. — Paulah me empurrou. — Agora vai.

Eu estava totalmente nervosa com aquilo, não sabia como ia descobrir e não sabia como ele iria reagir comigo, por mais que fossemos amigos, eu nunca tinha tocado nesse assunto com ele e chegar assim do nada poderia soar estranho.

— Oi Pet. — Ele se virou pra mim e estava sem camisa.

— Oi Jay, o que ta fazendo aqui? isso é um vestiário masculino. — Ele continuava sem camisa e eu estava fazendo muito esforço pra não olhar.

— E...e...eu sei, eu to procurando o Lewis. - Sorri meio nervosa.

— AH! ele não ta aqui. — Ele pareceu meio decepcionado e pegou a camiseta ao seu lado pra vestir.

— Ah que pena, queria tanto falar com ele.

— Você pode falar pra mim, eu dou o recado pra ele. - Ele sorriu.

— Mesmo que poderia fazer isso?

— Claro. — Lewis entrou no vestiário bem na hora. — Olha, ele acabou de chegar.

— Jay? O que ta fazendo aqui? — Olhei pra Lewis mais nervosa ainda, não queria estragar tudo.

— Eu quero conversar com o Petroky em particular.

— Mesmo? — Petroky ficou com uma voz de surpreso.

— Sim. — Então olhei pra Lewis, mandando ele embora, ele entendeu meu olhar e saiu.

— O que quer falar comigo Jay? — Petroky ficou curioso e se encostou no murinho que tinha no meio do vestiário.

— Assim, vou ser bem direta. — Fiz uma pausa e ele concordou. — Queria saber sobre a garota que você ta gostando.

— Ah, isso. – Ele respirou fundo e riu. — Se era isso que queria saber, podia perguntar ué, somos amigos.

— Eu sei, mas é que eu nunca toquei nesse assunto, sabe? Achei que ia ser bem estranho eu chegar aqui do nada perguntando sobre isso.

— As meninas estão aqui querendo saber também né?

— Sim. - Fiquei meio envergonhada. - Você sabe como elas são.

— Sei sim. - Ele riu. - Fica tranquila, não vou achar que você é uma maluca, apesar de ser. - Rimos.

— Ufa. 

— Você ta muito nervosa Jay, relaxa. - Ele chegou perto tocando nos meus ombros. - Olha como esses ombros estão tensos. - Ele fez uma massagem leve que fez eu quase desmanchar no chão. - Melhor?

— Bem melhor, obrigada. - Sorri mais aliviada.

— Então, voltando sobre o assunto inicial né.

— É, pois é, você pode me contar quem é? — Ele deu um sorrisinho.

— Posso dar uma dica, você conhece.

— Conheço?

— Conhece. — Ele fez uma pausa e eu comecei a ficar nervosa de novo, passou todas as garotas que eu e ele conhecíamos. — Sabe, comecei a gostar dela assim que começou o ano letivo, a gente acabou se encontrando por acaso... eu fiquei pensando nela... e no dia seguinte fui chamar ela pra tomar um suco comigo... e já faz dois meses e meio que somos amigos, que saímos várias vezes juntos e que não consigo de parar de pensar nela... — Meu coração disparou, por que Petroky tinha me chamado pra ir tomar suco no segundo dia de aula, por que nós dois viramos amigos nesses últimos dois meses.

— Pet, não brinca com isso.

— Não estou brincando com nada, estou dizendo a verdade. — Ele foi chegando pertinho... colocou a mão no meu pescoço e a outra na cintura me puxando levemente pra perto de seu corpo... dava pra sentir a sua respiração, nossos olhares oscilando dos olhos pra boca... nossos lábios estavam quase se tocando, quando empurrei levemente seu peito pra trás. — O que foi?

— Isso não é verdade.

— Por que eu estaria mentindo pra você?

— Não é possível que seja eu, você jamais se apaixonaria por mim, Pet.

— Pois é, você está enganada, por que eu me apaixonei.

— Porque? Qual seu problema? - Ele riu.

— Nenhum, muito pelo contrário, acho que demorei muito pra me tornar seu amigo e ver como você é maravilhosa.

— Pet, já disse, não brinca com isso, se estiver mentin...

— Eu já menti pra você Jay?

— Não, mas...

— Então Jay, eu gosto de você. - Ele sorriu. - Você querendo ou não.

— Posso assemelhar toda essa loucura antes de te beijar? — Ele chegou perto de novo e beijou minha bochecha.

— Claro que pode.

Saí do vestiário totalmente atordoada sem acreditar no que eu tinha ouvido e sentido naquele momento com Petroky, as meninas tentaram falar comigo, mas eu saí muito rápido do vestiário indo pra dentro do colégio, fui no banheiro jogar uma água no rosto.

Quando Lyvia entrou no banheiro e se encostou na porta.

— Você por aqui? — Ela disse.

— Que eu saiba eu tenho o direito de ir onde eu quiser. — Ela soltou um riso sarcástico.

— Eu vi você lá no campo enquanto eu conversava com Petroky.

— E?

— E você deve ter ouvido nossa conversa.

— Ou talvez não. — Lyvia chegou um pouco mais perto se encostando em umas das pias.

— Eu sei que sim e tudo bem, quer espalhar pra todo mundo que eu e ele somos uma farsa? Fica à vontade.

— Não vou fazer isso, até porque isso não é da minha conta.

— Sabe... Eu gosto do seu jeito. — Lyvia começou a me olhar de cima a baixo. — Na verdade gosto de você por inteira.

— Hãn... ta me estranhando, garota? — Ela começou a vir na minha direção, eu estava ficando nervosa.

— Tolinha. — Ela passou a mão nas pontas do meu cabelo e eu comecei a andar pra trás até ela me encurralar na parede. — Você é tão linda. — Eu estava ficando irritada.

— Lyvia... Se afasta.

— Por que? — Ela sorriu. — Só aproveita. — Ela pegou no meu pescoço e começou a chegar perto, então empurrei ela com muita força no chão.

— SE AFASTA, SUA LOUCA! — Saí correndo do banheiro e esbarrei com Joshua.

— Jay? Ta tudo bem? — Ele segurava meus braços e eu estava quase soltando fogo pelos olhos e atordoada ao mesmo tempo, meu nervos estavam a flor da pele, então comecei a andar pra longe dali, ele me seguiu e fomos pra um lugar mais afastado. — Aqui, toma essa água.

— Obrigada. — Minha mão tremia.

— Ta, agora me conta tudo com calma. — Ficamos de frente um pro outro.

— Ok, foi bem estranho... — Respirei fundo. — Primeiro Pet disse que a garota misteriosa que ele gosta sou eu e quase nos beijamos...

— E o que tem de ruim nisso?

— Nada... O ruim vem depois...

— Conte. — Respirei fundo novamente.

— Eu fui até o banheiro pra jogar uma água no rosto, porque essa notícia do Pet foi um tanto impactante, eu não esperava por isso... Então Lyvia entrou no banheiro e começou a falar comigo e chegar perto... — Respirei fundo e coloquei meu rosto entre as mãos.

— Calma Jay, calma. — Joshua colocou a mão no meu joelho.

— Enfim... — Levantei meu rosto e olhei pra ele. — Ela me encurralou na parede e começou a dizer que eu era linda, e tentou me beijar.

— Pera... A Lyvia tentou te beijar? — Joshua estava chocado.

— Sim, ela tentou e eu acabei empurrando ela no chão... Foi a situação mais estranha que eu já passei nessa escola, em tantos anos.

— Ok... Já passou, você ta aqui comigo agora. — Ele sentou do meu lado e ficamos ali até dar o horário dos testes.

Apesar de todo o nervosismo que eu tinha passado por conta dessas situações estranhas, eu consegui me acalmar de alguma forma e me concentrar nos testes. Eu já estava na sala quando os jogadores chegaram e Petroky veio sentar atrás de mim e tentou falar comigo, mas eu ainda não estava muito boa pra isso.

Dois dias depois...

Cheguei no colégio e assim que as pessoas começaram a me ver, umas riam, outras olhavam com malicia e outras até diziam “liga pra mim?” “vamos conversar mais tarde” e eu sinceramente não estava entendendo nada daquilo... Até que Joshua me encontrou no meio do corredor e me puxou pra uma sala vazia.

— O que ta acontecendo, Joshua?

— Jay, fica calma, eu preciso que você fique calma.

— Eu to calma, mas vou começar a ficar nervosa se não me contar o que ta acontecendo e por que as pessoas estão me tratando assim.

— Jay, colocaram fotos suas pela escola.

— QUE FOTOS? — Fui tentar sair da sala, mas Joshua entrou na frente.

— Deixa eu terminar... Não sabemos ainda quem foi exatamente, mas foi a Lyvia ou alguém do grupo dela e eu, os meninos e as meninas estamos fazendo de tudo pra tirar essas fotos da escola, até o Petroky se intrometeu na história pra te ajudar.

— Saí da frente.

Quando comecei a olhar pela escola, fotos minhas e da Lyvia juntas estavam espalhadas, da gente no banheiro e montagens com falas, como se tivesse rolando mesmo um clima entre a gente. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, comecei a ficar atordoada de raiva e todo mundo zombando de mim, então fui direito pro pátio, onde tinha o povo da Lyvia discutindo com meus amigos, quando me viram, todos ficaram em silêncio.

— Oi minha linda. — Lyvia chegou por trás. — Gostou das nossas fotos? Eu não aguentei de ansiedade e quis mostrar pra todo mundo nosso amor.

Fiquei em silêncio, qualquer coisa que eu dissesse poderia ser usada contra mim.

— Verdade? — Disse e ela olhou pra mim com um sorriso falso e todos estavam perplexos olhando pra nós duas e em um total silêncio.

— Sim, você gostou?

— Adorei. — Lyvia ficou meio chocada, mas ainda continuava com seu teatrinho. — Já que você quis demonstrar o seu amor por mim, agora é minha vez.

— Mas o qu... — Antes que Lyvia pudesse tomar qualquer atitude, eu beijei ela... Foi completamente insano o que eu fiz e eu não tinha a mínima ideia. Todos ficaram mais chocados ainda. Então Lyvia me empurrou. — SUA LOUCA, PORQUE VOCÊ FEZ...

— Ajoelha, vadia. — E novamente, antes que ela pudesse tomar qualquer atitude, agarrei o cabelo dela e a fiz ajoelhar no chão. — Gostou do seu teatrinho? Ou quer mais?

— O que você...

— Cala a boca! — E puxei o cabelo dela. — Vamos lá amor, você adora quando faço isso com você... Agora faz do jeito que eu gosto, beija meu pé.

— Mas o que?

— Vamos! — E puxei o cabelo dela de novo. — Ou será que vou ter que contar que o Petroky te chutou... você como uma boa cachorra, voltou atrás dele e ele te chutou de novo só que com a verdade, de que você inventou tudo sobre vocês dois, mas ele nem ao menos sente atração por você?.... Ops, escapou.

Então Lyvia começou a chorar de raiva.

— Aonde você quer chegar com isso? — Seus olhos fulminavam raiva, e seu rosto estava todo molhado por lágrimas. Abaixei, chegando bem perto do seu rosto.

— Na sua humilhação, ALGUÉM ME TRÁS UM COPO COM SUCO? — Ela olhava com raiva pra mim e todos ainda continuavam em silêncio. — VAMOS! - Entregaram o copo e joguei o suco na cara dela.

— Porqu... - Ela começou a chorar.

— Beija meu pé, ridicula. - Ela foi abaixar. - Espera, abaixa devagar enquanto eu gravo.

Então ela abaixou e beijou a ponta do meu tênis. Puxei seus cabelos novamente, pra que ela olhasse pra mim.

— Fez muito bem, docinho. — Joguei ela pra trás, fazendo que caísse sentada no chão, totalmente horrível e aproveitei pra tirar uma foto. — Da próxima vez, não deixo tão fácil assim e isso aqui? Só de lembrança do dia do nosso amor.

E saí andando em direção a saída da escola.