Eles já estavam ali há algumas horas. E de forma inexplicável estavam cada vez mais apaixonados um pelo o outro. Edward curvou os lábios em um de seus típicos sorrisos de canto e Bella teve a sensação – a odiosa sensação – de ser tomada por um sentimento esmagador. Um sentimento que a apossava dos pés a cabeça e que a deixavam enlouquecida. Mordeu o lábio, sentindo suas bochechas corarem. Eles estavam tão pertos um do outro... E ainda sim, aparentavam estar a quilômetros de distância. 

– Por que você e Stefan terminaram Swan? – perguntou sem rodeios, deitando-se no gramado. Com as mãos na cabeça. Olhou de soslaio para Bella que tinha uma sobrancelha arqueada e fitava-o fixamente.

– Não é da sua conta, Cullen – retrucou um pouco incomodada com o rumo da conversa. A razão verdadeira para ela ter rompido seu relacionamento com o Salvatore mais velho foi Edward sim, ela admitia. Mas não queria dar esse gostinho a ele. Não depois de tudo o que viveram. Ficaram mais alguns minutos em silêncio até Bella pigarrear e indagar – Por que nunca disse o que sentia na noite do baile? Por que... Nunca tentou me falar a verdade? – indagou, enquanto pegava uma fruta da cesta do piquenique.

Edward pareceu pensar por um momento. Fechou os olhos devido à claridade irritante do sol. E então, segundos depois, respondeu. Abrindo os olhos para fitá-la diretamente.

Eu deveria? Eu poderia?
Ter falado as coisas erradas certas mil vezes
Se eu pudesse rebobinar eu veria em minha mente
Se eu pudesse voltar no tempo, você ainda seria minha
Você chorou, eu morri
Eu deveria ter fechado minha boca, as coisas pioraram
Como se as palavras escorregassem pela minha língua, soaram estúpidas
Se esse velho coração pudesse falar, diria que você é a única
Estou desperdiçando tempo quando penso sobre isso

– Com sinceridade – disse, apoiando a cabeça em seu braço – Mudaria alguma coisa? – perguntou enquanto pegava um dos morangos da cesta – Faria alguma diferença? Não – ele suspirou – Você estava magoada demais. E com razão. Nada do que eu dissesse faria você e suas irmãs mudarem de ideia! – exclamou, enquanto voltava o lago de onde eles tinham voltado segundos atrás.

Bella pareceu pensar um pouco na resposta dele. Assim que terminou de comer os morangos, pusera a se deitar ao lado de Edward. O dia estava terrivelmente abafado e a claridade do sol incomodava muito os olhos. Ela fechara os olhos também e suspirosa disse.

– Realmente, eu estava magoada demais. E a magoa não foi diminuindo com o passar dos tempos – exclamou – Ainda sim – pigarreou – Você poderia ter, ao menos, tentado. Assim eu não ia te odiar tanto quanto ainda odeio – disse por fim. Podia sentir os olhos do Cullen sob si, mas, não se importou. Pela primeira vez na vida eles estavam conversando normalmente, sem um fazer o outro chorar. Sem terem que bater de frente.

Eu deveria ter dirigido a noite toda
Eu teria ultrapassado todos os sinais
Eu fui incompreendido
Eu tropecei como minhas palavras
Fiz o melhor que eu pude
Droga! Incompreendido

Edward suspirou. Bella tinha razão: Ele poderia ter tentado. Se tivesse o feito, as coisas entre os dois seriam completamente diferentes e eles, talvez, ainda estivessem juntos. Ficaram quietos, um ao lado do outro, de olhos fechados. Até que ele dissera:

– Ei – chamou a Swan, que abriu os olhos. Edward sorria maliciosamente – Que tal apostar uma corrida até o lago? – exclamou, levantando-se. Antes que a morena pudesse responder, Edward começou a se despir e a sair correndo. Deixando ela e suas roupas para trás.

Bella riu.

– Não vale! – gritou, levantando-se apressada – Está roubando! – exclamou enquanto tirava o short e a blusa regata. Estava com um biquíni preto tomara que caia, cuja parte debaixo era um fio dental. Saiu correndo em direção ao Cullen, que já estava um pouco à frente dela.

– Você é muito lerda! – pôde escutá-lo gritar. Rira sem qualquer o humor e então, antes que ele chegasse ao lago, ela pulou nas costas dele – E é pesada como uma pena – comentou o Cullen rindo.

– Olha quem fala! – exclamava Bella em gargalhadas. Chegaram ao lago depois de uma correria e Edward fizer o favor de jogar a morena na parte mais funda do lago. Assim que voltou a superfície, Bella disse com a respiração ofegante – Volta aqui seu viado! – gritava correndo atrás de Edward que ria perante a cena.

– Vem cá, para eu te mostrar o viado! – o Cullen retrucou, indo em direção a morena.

[...]

Como ela pode estar tão calma?perguntava Jasper, perplexo. Alice estava toda arreganhada na cama, enquanto a médica fazia alguns exames para checar se estava tudo bem com o bebê Eu vou acabar vomitando aqui!pensava, sentindo suas mãos começarem a suar. Ele queria sair dali. Fugir, correr. Se jogar pela janela... O que fosse! Ele preferia estar morto e enterrado a ter que presenciar aquela cena repugnante. O nariz estava torcido e pequenas gotas de suor escorriam de sua testa incrivelmente pálida.

– Sr – a médica chamou-o, aflita – Você está bem? Quer tomar um pouco de ar fresco? 

Antes que ele tivesse a chance de responder a pergunta, Alice interrompe, revirando os olhos.

– Ele quer a minha mão na cara dele. Isso sim! – suspirou fundo. Às vezes tinha a sensação de que o namorado era bem mais mulherzinha que ela. E isso a incomodava profundamente – Pare de frescura Jasper, ela está vendo a dilatação. Nada mais...

Eu preferia estar escolhendo os sutiãs e absorventes da Claire do que aqui! pensava indignado. De agora em diante, ele iria usar camisinha toda vez que se deitasse com a morena. Agora entendia o porquê do dramalhão de seu pai. Coitadinho!

– Até parece que não gosta da coisa! – acrescentou à morena.

– Eu gosto da coisa –respondeu com a voz tremula – Só não gosto de...de.. – sentiu seu estomago embrulhar. Para evitar uma loucura eminente, ele saiu correndo da sala o mais rápido que pode e assim que chegou ao corredor, deixou seu corpo cair para então vomitar até as ultimas tripas de seu corpo.

Eu não vou aguentar ver o parto! Jesus me chicoteia! Eu vou estar morto quando meu filho nascer choramingava, sentindo lágrimas escorrerem pelo seu rosto de forma continua. Alice ia arrebentar a cara dele e isso era óbvio. Mas, não importava. Jasper estava pálido o bastante para ser confundido com um vampiro. Ou um zumbi.

Quando a médica terminou de examinar Alice. Perguntou se a mesma queria saber o sexo do bebê e hesitante, a mesma respondera um “sim”.

– Muito bem – a Médica tinha um sorriso nos lábios – Está preparada mamãe? – perguntou alegre. Alice assentiu. Não conseguia acreditar que Jasper havia ido vomitar. Para outras coisas ele não vomita, pensou suspirosa.

Só queria ver a cara dele assistindo há algum parto. Saiu de seus devaneios pela porta do quarto que fora abruptamente aberta por Jasper. Que continuava com sua cara pálida de zumbi.

– O que... – o Cullen interrompeu-a. Com um enorme e estranho sorriso nos lábios perguntou:

– Qual é o sexo do bebê. Dr? – perguntou enquanto aproximava-se da Alice. Tudo bem, ele estava tremendo de nojo do que presenciou um segundo antes. Mas, ainda sim estava curioso para saber o sexo da sua criança.

A Dra sorriu marota. E então respondeu:

[...]

 Os dois gargalhavam como há anos não faziam; e ficavam a jogar água um no outro. Frustrado pela distância entre eles, Edward se aproximou sorrateiramente de Bella. Pegando-a no colo. Os olhos dele estavam enfeitiçados pelos dela, que foram obrigados a não desviar o olhar.

É, acabei de ouvir as notícias de hoje

Parece que minha vida vai mudar
Fechei meus olhos, comecei a orar
E lágrimas de felicidade desceram rosto abaixo

Eles pararam de sorrir. E roçaram os lábios um no outro devagar, apreciando-a sensação que os invadia de forma marota. Aproveitando cada segundo. Mas, então, a Swan finalmente perdeu a paciência e deu inicio a um dos beijos mais apaixonados de toda sua vida. Toda a emoção contida ali, toda a paixão, toda a saudade... Só serviu para enlouquecê-los ainda mais. Edward acariciou a cintura dela, pressionando-a aos poucos.

É incrível como depois de todos esses anos, depois de todos esses meses de magoa ódio e decepção foram rapidamente esquecidos por eles. Naquele momento nada mais importava, além do sentimento que ambos nutriam e que agora acreditavam ser recíproco. Aquela vingança, no final das contas, serviu para abrir os olhos dos dois e fazê-los perceber a coisa mais importante da vida: O amor. Ah sim! Eles se amavam. E como se amavam...

O beijo a cada segundo que se passava ficava mais intenso, mais apaixonado, mais cheio de tesão, mais doce e violento ao mesmo tempo. Eles nunca haviam sentido algo assim por outro alguém. Tampouco sentiriam. Porque aquele sentimento, eles sabiam; era único e inigualável.

Eu não quero outro rosto bonito
Eu não quero apenas alguém para abraçar
Eu não quero desperdiçar o meu amor
Eu quero você e sua bela alma

A cada investida de Edward, Bella descobria novas sensações. E se apaixonava perdidamente por cada uma delas. Era simplesmente incrível a capacidade de Edward derretê-la daquele jeito. Mesmo com tantas reviravoltas acontecendo. Mesmo com o mundo que estava desabando em suas costas...

[...]

Alice chorava de tanto alegria. Jasper correspondia à felicidade da morena. Aquilo era tudo o que havia pedido a Deus! Ela sempre quis aquilo. E não podia conter a emoção.
Jasper, por outro lado, estava feliz porque agora teria alguém para fazer de cobaia e enfiar nas mais loucas confusões. Obviamente esse seu plano “perverso” era desconhecido por Alice. E ele deixaria as coisas assim, até o bebe nascer.

– Oh Meu Deus! – Alice sorria, enquanto limpava as lágrimas – Nós vamos ter um bebê. Jasper! – dizia emocionada, abraçando-o amado o mais forte que conseguia – Nós vamos ter um... – foi interrompida pela médica.

– Um? – indagou confusa. Será que a mãe era cega ou o que? – Não, minha querida. São dois bebês! – disse, ainda aparentando confusão. Os bebes estavam se mexendo tanto que era difícil ver quantos haviam ali; podiam ser quíntuplos!

Jasper sentiu suas pernas tremerem. Não era um? Como assim não era um?

– Dois? – os olhos se arregalaram. E a boca quase foi ao chão. Então a médica, rindo sem jeito retrucou:

– Três – disse por fim. Fazendo os dois ficarem boquiabertos. Não! Não! – Desculpem, houve um engano. São trigêmeos! – disse, fazendo-os dois se entreolharem assustados.

Alice desfez o sorriso que tinha nos lábios. Estava muito feliz por ser mãe sim, e isso não podia negar. Mas, não estava psicologicamente preparada para três bebês. 

Ao contrário dela, Jasper só faltava explodir fogos de artifício. Havia passado a perna em Emmett e Edward! Marcou um belíssimo gol e não pode conter sua alegria. Colocou um dedo na boca e começou a remexer os quadris, descendo até o chão. Ficava toda hora sussurrando “Eu sou demais. Aham, aham. Sou foda. Aham, aham. Te esculacho..”

Alice e a Médica olharam para ele, sem acreditar naquilo. “WTF”? Era a pergunta que não parava de ecoar na cabeça da Swan. Já a Médica depois daquele dia tão estressante e cheio de emoções, achou que ele tinha que ser internado. 

– Querem saber os sexos? – perguntou ela, ignorando a dança insana do Cullen.

Sem desviar os olhos do namorado e pai dos filhos dela, Alice assentiu. Ainda em choque. Ele estava cantando Macho Man, ou sua mente estava lhe pregando peças?

[...]

 Os olhos verdes estavam fixos nos castanhos. E por alguma razão, Rosalie não conseguiu desviar o olhar. Seu peito doía. Seus olhos estavam cheios de lágrimas o que não é muito comum, se considerado a pessoa de quem estamos falando. Era uma injustiça, não só com ela como também com Claire. Mas as coisas tinham que ser assim. Porque era assim que as coisas terminariam. 

Um destes dias o chão vai cair debaixo de seus pés

Um destes dias o seu coração vai parar e dar a batida final

Um destes dias, os relógios irão parar e o tempo não vai significar nada
Um destes dias as suas bombas vai cair silenciar todas as coisas

– Eu não queria que as coisas acabassem desse jeito – começou Emmett.

Em meio às lágrimas, ela sorriu friamente.

– Eu não queria que elas tivessem começado!– retrucou suspirosa. Seu coração estava despedaçado, sua mente um caco. Droga! Ela odiava se sentir daquela maneira em relação ao Cullen mais velho. Principalmente porque apesar das aparências, ela o amava. Ah sim! Amava.

Da forma mais dolorosa e intensa que é possível se amar alguém. Ela fazia as coisas por seu orgulho ferido. Mas ao mesmo tempo porque gostava daqueles joguinhos. E agora, tudo estava acabado. Não sabia se ria, comemorava ou se acabava de tanto chorar.

Fácil para você dizer
Seu coração nunca foi partido
Seu orgulho nunca foi roubado
Ainda não, ainda não

Um destes dias
Eu aposto que seu coração será partido
Eu aposto que seu orgulho será roubado
Eu aposto, eu aposto, eu aposto, eu aposto

– Vai me afastar da Claire? – perguntava Emmett, sentindo sua garganta se fechar. Ele estava cansado. Depois de tantos dias, depois de tantos meses, de tantos anos...Tentando concertar os erros do passado, ele viera cometer novos e se arrepende amargamente disso. Mas, agora já era tarde demais. Por mais que sentisse muito, por mais que quisesse ter Rosalie ao seu lado. Sabia que isso agora nada mais era do que um sonho distante. Um sonho impossível. Mas, tragicamente, ele ainda tinha esperanças. É patético e ridículo sim. Mas, ele acreditava na possibilidade de...

Rosalie engoliu o choro. E sorriu daquela forma sombria que o Cullen tanto odiava. 

– Não. Eu vou fazer pior que isso. Porque Emmett, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar! – riu – E você vai para a cadeia. Junto daquelas putas! Vai perder tudo... tudo – exclamava cada palavra, saboreando-a – E não tente se aproximar de mim outra vez. Porque eu estou numa ressaca de amor. E desconfio de que isso seja o fim definitivo para nós dois!

A cada passo que você dá

A cada suspiro seu
Seu coração
Sua alma
Comandados por controle remoto

Esta vida é tão doentia
Você é automática para mim...
 Não há amor real em você

Dito isso, saíra do quarto. Precisava ligar para a policia, precisava ligar para a Imprensa... Precisava... Sentiu mãos puxarem seus cabelos de forma agressiva e então, uma boca beijar a sua.

FIM DO CAPÍTULO.