POV CLAIRE

Eu sinceramente, nunca gostei muito de mentir. De esconder coisas das minhas tias mas, foi preciso. Eu sei que o que estou fazendo é errado e talvez, imperdoável. Mas, se minha mãe quis assim... O que há para se fazer? Papai ficaria descontente com a mentira, e a tia Elena é uma ótima atriz! O fato é que a história é um pouco bem mais complexa do que se possa imaginar e eu não consigo guardar tamanha mentira apenas para mim.

Elena Gilbert Pierce, irmã gêmea da tia Katherine, vem se passado por ela de uns dias para cá. Ela é amiguinha das Denali e a maior vadia que eu já pude conhecer. O fato é que tia Katherine não está mais morando aqui desde o dia em que me levou ao shopping para conhecer Jasper. Elena tem se passado por ela e provocado muitas discórdias aqui em casa, sem que ninguém saiba ou desconfie. O fato é que, ela juntamente das Denalis tentaram incendiar a casa com o intuito de assassinar a tia Alice, não minha mãe.

Só que elas foram burras em confiar no Stefan e em Jacob – ou Jake, como tia Bells chama – porque eles dois gostam muito das minhas tias e de mim para deixar algo tão terrível quanto isso, acontecesse de verdade. E quanto ao incêndio no internato... bem, eu tive de mentir pois naquela noite em que contei a verdade para a suposta Katherine eu já tinha certeza de que não era ela, e sim a Elena.

A parte que mais dói é saber que minha mãe está viva e não poder contar para as minhas tias. Ou até mesmo para meu pai que tem se mostrado um maravilhoso homem! Desconfio de que tio Edward saiba dessas coisas também, porque ele e minha mãe são como irmãos.

Agora, eu realmente quero muiiiiiiiiito ver a cara das Denalis quando elas descobrirem que, mais uma vez, o planinho delas falhou. Também quero ver a cara do meu pai quando ele descobrir que eu sou uma ÓTIMA atriz e que minha mãe continua viva e linda.

O único problema nisso tudo é eu ter de fingir que to chorando, quando na verdade to usando um tipo de colírio extremamente irritante.

Passaram-se algumas semanas desde a falsa morte da minha mãe e, apesar de ter visto-a algumas vezes depois do colégio, não posso deixar de sentir a falta dela aqui em casa.

– Claire? – chamou a vadia da Elena. Há outra cena que eu não quero perder; tia Katherine surrando-a por ter se passado por ela – Onde você está indo, pestinha? – disse com um sorriso cínico. Jesus, eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas no papel de madrinha vadia eu prefiro inúmeras vezes a Katherine!

– Dar uma volta – respondi, fazendo biquinho. Eu deveria ganhar o Oscar pela minha atuação, sério.

Mas eu posso dizer que você me assistindo
E provavelmente vai escrever o que não está vendo
Bem, você pode me dar um pequeno espaço para respirar?
Você pode, por favor, respeitar minha privacidade?

– Posso saber a onde? – perguntou, curiosa. Certamente ela ia correndo contar para as malditas das Denalis.

– Pode sim – respondi sarcástica – Na rua. Onde mais eu iria andar? – arqueei a sobrancelha.

Ela imperceptivelmente cerrou os punhos. Eu já disse que AMO parecer com minha mãe? Antes que a bruxa pudesse responder, fingi secar algumas lágrimas de meu olho, peguei minha bolsinha e saí.

Eles não sabem
Eles não vêem
Quem nós somos
O medo é o inimigo
Segure-se firme
Me abrace
Porque esta noite...

Enquanto eu pedalava na minha humilde e adorável bicicleta rosa, cruzei com meu pai. Ele estava cabisbaixo como o de costume e tinha os olhos marejados. Devo dizer que me sinto triste por fazer isso com ele, mas, mamãe disse-me que isso iria acabar dentro de algumas semanas.

E o placar está: Swans 10 X Vadias 0. Tive de reprimir a risada.

– Hey, Claire – ele sorriu fracamente – Posso saber onde a senhorita vai? – perguntou, arqueando a sobrancelha.

Mentiras e mais mentiras. Quando isso terá fim? Digo um fim definitivo? Eu adoro atuar e fingir para outras pessoas, mas, isso está cansando a minha beleza, sabe.

– Vou dar pro meu namorado papai – ele franziu a testa e me olhou de um jeito demoníaco, percebendo a confusão que eu fiz tratei logo de reformular a frase – Quero dizer, vou dar uma receita pra ele – nós dois franzimos o cenho. Realmente, estou perdendo a manhã.

– Uma receita, hm? – ele perguntou. Obviamente confuso.

Assenti, sentindo minhas bochechas arderem furiosamente e, em seguida, tratei de acelerar. Pelo amor de Deus, Claire! Não tinha desculpa melhor não hein? “Vou dar pro meu namorado” ele acha que eu vou perder meu lacre, coitado!

Suspirei fundo. Balançando a cabeça. Vou ter de pedir umas aulas extras para minha mãe, de como me tornar uma mentirosa profissional porque a convivência com o tio Jasper está me desarmando. Nunca mais vou tomar leite com limão na vida, acho que isso é que está afetando o lado mentiroso do meu cérebro.

[...]

Adoro a esperteza do tio Stefan, trazer minha mãe para se refugiar bem atrás da nossa rua? O cara tem que ser um gênio, porque, sinceramente ninguém jamais irá desconfiar disso. Quando cheguei no esconderijo, minha mãe estava com a peruca castanha e um hobby preto. Nas mãos um cigarro e, no rosto, uma cara de mafiosa. Só pra variar.

Até parece que ela é a verdadeira dona do Bataclã!

– Mamãe! – exclamei, atirando-me nos braços dela. Ela sorriu docilmente e me abraçou o mais forte que pode – Eu odeio a Elena. Sinceramente, vou incendiar aquela casa – disse eu, fazendo-a rir.

– Não faça isso, Claire. Ela pode morrer de verdade e... – se interrompeu no meio da frase. Nós duas rimos – Até que não seria tãao ruim assim – comentou, acariciando-me a face.

Se
Eles
Machucarem
Você
Eles
Machucarão
A mim
Também

– Mas, então... – ela me pegou no colo com uma certa dificuldade e me colocou no sofá, logo sentou-se bem perto de mim – E as coisas? Como andam? – perguntou, enquanto tragava o cigarro. Tive de prender a respiração, já que o cheiro era realmente incomodo.

– Tia Bells terminou com o Stefan porque acredita que foi ele e, Elena está fazendo a cabeça do tio Edward também! Todos estão desconfiando do Salvatore, mamãe – disse, fazendo uma careta.

Minha mãe revirou os olhos e bufou.

– Essa Lauren é realmente uma anta – comentou, divagando – e a Katherine. Soube noticias dela? – perguntou curiosa.

Assenti.

– Ela está com o Damon, em algum lugar na China – respondi rindo e abraçando-a – A barriga da tia Alice está crescendo. O papai ainda anda meio desnorteado e acho que está fumando maconha porque os olhos dele estão muito vermelhos! – nós duas rimos – E, ah, tio Edward está fazendo de tudo para a Bells voltar pra ele e já substituíram o diretor lá da Forks High School, mamãe.

Ela jogou o cigarro em um canto qualquer e voltou sua atenção para mim.

– Realmente, estou perdendo muitas coisas! – comentou com um ar tristonho – Quando veio para cá, se precaveu? – perguntou como quem já sabe a resposta.

Sorri.

– Obviamente! – exclamei, num tom ríspido – Eu sou profissional mamãe. Por favor! – ela riu.

– Claro né, é minha filha – disse acariciando meu rosto – Isso logo logo vai acabar pequena. Você não vai mais ter de mentir para ninguém, ok? – disse séria. Eu assenti – O circo daquelas putas já está se fechando e depois do ataque histérico da Katherine pelo telefone, desconfio que em poucas semanas ela e a vadia da Elena já estejam em seus devidos lugares – sorriu sombriamente.

Cocei a nuca.

– No Inferno, né? – minha mãe assentiu e segundos depois explodiu numa gargalhada épica e que o mundo ainda vai escutar muitas vezes.

Ficamos um bom tempo abraçadas, assistindo a vários filmes e planejando, os passos da ultima etapa da vingança. E eu realmente estou adorando fazer parte! Sempre soube que minhas aulas de teatro, uma hora ou outra, serviriam para alguma coisa de útil.

Infelizmente, eu e minha mãe tivemos de nos separar e segundo ela agora realmente seria por pouco tempo. Voltei para casa com a melhor cara de sonsa que eu podia fazer e, convenci minhas tias de que estava terrivelmente mal. Na fase terminal da depressão.

Fui para meu quarto, assistir Death Note. Um anime recomendando pelo meu tio Edward, sabe? Estou começando a ter certeza de que esse cara é um homossexual não assumido ou, na melhor das hipóteses, um emo.

[...]

– Claire? – era tio Jasper. Apenas assenti com a cabeça, convidando-o a entrar. Sem sequer desviar os olhos da tela do computador – Precisamos conversar.

Olhei de soslaio para ele e esperei que continuasse.

– Sei que está sendo difícil viver com a dor de perder sua mãe mas... – ele suspirou, passou as mãos pelos cabelos de um jeito nervoso e sentou-se ao meu lado – Saiba que eu sempre vou estar aqui por você, ok? Não quero que pense que sou apenas seu tio ou coisa do tipo – disse, abraçando-me. Senti lágrimas acumulando-se em meus olhos, eu realmente odiava mentir para ele – Antes de qualquer laço sanguíneo. Eu sou seu amigo, está bem? Pode contar comigo sempre que precisar – beijou o topo de minha cabeça. A essa altura do campeonato eu já estava desabando em lágrimas – Não fique triste, princesa. Eu sei que dói. Mas, uma hora ou outra essa dor vai embora...

Sim. Eu não gosto de mentir para o tio Jasper. Para, o meu melhor amigo. Guardar segredos dele é tão difícil! Mas, dessa vez, eu realmente preciso fazer isso. Para o bem da minha mãe, para a segurança dele e das minhas tias. Para poder pegar aquelas malditas e finalizar essa vingança de uma vez!

Eu estou numa séria encrenca, Eu me sinto totalmente perdida
Se estou pedindo ajuda, é apenas porque
Estar com você abriu meus olhos
Eu poderia acreditar em uma surpresa tão perfeita?

Enquanto ele ficava a me abraçar de uma forma tão protetora, de uma forma tão única e cheia de significados. Eu não conseguia fazer outra coisa senão chorar e chorar. Eu só quero que esse pesadelo acabe de uma vez para poder assim, terminar com toda a mentirada e sujeira que essas Denalis provocaram. Que, aliás, minha família inteira provocou.

Só quero que a tia Katherine volte logo da China.

FIM DO CAPÍTULO.