POV EMMETT

Eu não acreditava naquilo que meus olhos viam. Eu não queria acreditar. Eu simplesmente... Não podia acreditar! Era surreal demais. Doloroso demais. Terrível demais. E ainda sim, havia acontecido. Ela se foi. A razão do meu viver se foi. Eu podia sentir o desespero se apoderar do meu corpo aos poucos, eu podia sentir a crescente vontade de resgatá-la tomando-me por completo. Mas, era tarde demais para tomar qualquer atitude. Segundos antes de eu tentar adentrar a mansão; a mesma explode.

Este Romeu está sangrando
Mas você não pode ver seu sangue
São só sentimentos
Que este velho sujeito abandonou

As lágrimas viam de forma incontrolável. E meu coração estava apertado. Eu deveria ter ido atrás dela! Eu devia... Eu podia ter evitado tudo isso. De alguma forma, eu me sinto culpado. Merda! Eu podia ter evitado isso. Eu sabia que alguma coisa de ruim iria acontecer só... Não imaginava que fosse isso. Antes que eu pudesse ter a chance de me recompor por um misero segundo, me dou conta de que...

– Papai! Papai! – soluçava a mini-loira, agarrando-se a mim de forma desesperadora e de certa forma reconfortante. Não evitei os soluços que vieram; tampouco quisera evitá-los – Eu quero... Eu quero minha mãe! Não deixa ela morrer, não deixa! – gritava desesperada. Eu não consegui responder, não consegui dizer uma única palavra.

Naquele momento nada mais me importava. Claire havia me chamado de pai e, embora tenha sido numa circunstância desgraçada, aquilo me abriu os olhos para algo maior.

Entre soluços e frases desconexas, eu disse, abraçando-a o mais forte que consegui.

– Shh! Papai está aqui. Ta legal? – limpei-lhe algumas lágrimas que insistiam em cair de seus olhos – Eu nunca, nunca vou te abandonar meu tesouro. Nunca – sussurrei, fazendo-a chorar ainda mais.

Eu pegaria uma granada por você
Colocaria minha mão numa lâmina por você
Pularia na frente de um trem por você
Sabe que eu faria qualquer coisa por você

Peguei Claire no colo e fui em direção ao meu carro que, aparentemente fora a única coisa que sobreviveu a maldita explosão.

– Levarei Claire para a sua casa, Alice – exclamei. Vendo-a assentir enquanto agarrava-se a Jasper de uma forma perturbada.

Em meu colo, a loirinha não conseguia parar de chorar. Acho que ninguém conseguia parar de chorar. Os gritos de Rosalie ficavam a me atormentar a todo o momento e certa frustração também. Afinal, foi minha culpa. Não foi? Droga. Eu devia ter forçado-a a dormir comigo! Mordi meu lábio, contendo os soluços.

Claire olhou-me de um jeito que fora a segunda pior coisa que me acontecera no dia.

– Papai, o senhor... – ela tivera de engolir o soluço para prosseguir e, quando a coloquei no banco do carona, limitei-me a assentir – Por que pediu para minha mãe me abortar? – indagou, com os olhinhos cheios de lágrimas.

– É complicado, Claire – respondi. Sentindo-me um tremendo imbecil. Eu devia ter dito a verdade a Rosalie, antes de... Bem, talvez isso não tivesse acontecido – Eu fui ameaçado – dizia, enquanto dirigia apressadamente. Quando, finalmente nos afastamos da mansão tratei de parar o carro. Claire ainda esperava uma resposta.

Trouxe-a para mais perto de mim e beijei-lhe o topo da cabeça.

– Eu sei que você me odeia. Mas, há coisas que eu não contei para sua mãe e... – suspirei fundo, sentindo as lágrimas rolarem agora como uma enchente – Vou direto ao assunto – disse, secando algumas lágrimas de meu rosto – Irina Denali costumava ser minha ficante no colégio até o dia em que, troquei-a pela Rosalie. Cuja garota meus pais nunca aceitaram, por falar nisso – pigarreei – O fato é que ela iria obrigar a sua mãe te abortar pessoalmente se, eu não a dispensasse e humilhasse da pior forma possível. Aquela garota é uma doida! – soquei o volante do carro, envaidecido – Então eu tive de fazer sua mãe pensar coisas horríveis a meu respeito para que ela fosse embora do país, juntamente de suas tias. Meus pais e os Denalis planejavam algo terrível para ela e para as outras – solucei, baixando os olhos para o freio. Pude sentir os olhos de Claire sob mim o tempo todo – Eu não queria fazer nada daquilo, você entende? Mas foi preciso. Era isso ou você... – não consegui terminar. Era horrível demais. Voltei minha atenção para ela, que agora chorava desesperada – Eu nunca quis que sua mãe te abortasse, Claire. Pelo amor! – exclamei rouco – Eu sempre quis ter uma filha. Sempre – sorri fracamente, acariciando o rosto de boneca dela – E você conseguiu superar as minhas expectativas – acrescentei.

Eu não consigo mais cantar uma música de amor
Do jeito que ela deveria ser cantada
Bem, acho que não sou mais tão bom
Mas querida, sou apenas eu

– Ent... Então – ela soluçava da mesma forma desesperada que eu. Era de partir o coração – Você... Você não... – eu a interrompi.
E apesar de saber que era inútil e que viriam outras, tratei de limpar as lágrimas que rolavam livremente por meu rosto.

Eu senti meu coração se apertar. E meu corpo tremer da cabeça aos pés. Engoli o soluço e as lágrimas. Desviei os olhos dos dela por um momento e então, tentando ser o mais convincente possível, exclamei.

– O que está esperando? Saia já desse carro! – puxei-a pelos pulsos forçadamente, obrigando a mesma a me obedecer.

–Emmett... Emmett... Por... Por favor, não! – gritou se debatendo. Senti minhas mãos afrouxarem-se – Por que está fazendo isso comigo? Você disse que me amava! – e, novamente, desatou a chorar.

Fechei meus olhos. Porque se eu não fizer isso... Você e o nosso filho vão ficar nas mãos da vadia da Denali. E isso eu nunca, nunca vou deixar.

– Pai... Digo Emmett... – a pequena disse visivelmente confusa. Olhei de soslaio para ela, com os olhos ainda encharcados de lágrimas – Porque não disse isso para ela antes? Porque nunca tentou nos contar a verdade? – perguntou, fitando-me diretamente nos olhos e se encolhendo, tímida.

Suspirei fundo. Mordi meu lábio, pigarreando logo em seguida.

– Não é tão simples assim, Claire. Há muitas coisas nessa história que... – suspirei – É simplesmente complicado. Entenda por mim eu teria dito a verdade há muito tempo antes! Eu teria procurado você naquele internato... Teria evitado toda a magoa que sua mãe sentiu por mim e que, até mesmo agora no além, ela deve continuar sentindo – exclamei. Fazendo-a sorrir fracamente – A família Denali está passando por uma situação muito difícil agora, mas, apesar disso, continua tendo uma certa influência nos negócios de seus avós, entende? – arqueei a sobrancelha. Ela assentiu – Isso significa que apesar de estarem no fundo do poço, aquelas vadias conseguiriam arranjar alguém facilmente para...

–... Me matar? – sussurrou, arregalando os olhos assustada. Assenti tristemente e beijei-lhe a testa de forma carinhosa.

– Eu nunca quis machucar sua mãe. Apesar de que as vezes ela conseguia ser realmente odiosa – disse, lembrando-me de algumas das ciladas que aquela cretina me aprontou.

Mas, linda, eu ainda assim pegaria uma granada por você
Colocaria minha mão numa lâmina por você
Pularia na frente de um trem por você
Sabe que eu faria qualquer coisa por você.

Ela nada respondeu, apenas voltou a chorar compulsivamente. E eu nada fiz senão abraçar-lhe o mais forte que consegui. Finalmente, a verdade foi revelada! Eu já não aguentava mais esconder isso para mim. Sufocar isso estava me deixando completamente louco. Mas, ainda sim, tem uma pequena parte da história que eu não contei. Preferi não contar, até porque esse é o momento menos oportuno para se contar que...

– Foram elas, papai? – perguntou irritada – Elas mataram minha mãe? – disse, arqueando-a sobrancelha. Os olhos ainda cheios de lágrimas.

Suspirei.

– Não tenho certeza – confessei – Tem uma terceira pessoa envolvida nessa confusão toda e algo me diz que fora ela.

– Ela? – perguntou com a testa franzida – Então foi uma mulher?

– Não exatamente... – pigarreei – Não tenho certeza. Mas, de qualquer forma. A pessoa não saíra impune. Está bem? – acariciei-lhe o rosto – É uma promessa.

[...]

Quando por fim, consegui fazer Claire dormir. Levei-a até a casa das Swans e pedi para que a governanta a colocasse na cama. Precisava conversar com Katherine urgentemente.

– Já sabe o que aconteceu? – perguntei, passando a mão em meu rosto e mordendo o lábio. O rosto dela estava arroxeado; os olhos e o nariz avermelhados e sua voz estava tão ou mais rouca que a minha.

– Sim – disse, assentindo – Você sabe que não era para ela ter morrido. Não sabe? – dizia, enquanto sentava-se numa poltrona. Me sentei num sofá que ficava de frente para ela.

– Não – franzi a testa – Dessa vez não tiveram a intenção de prejudicar a Alice ou a Bella. Foi para a Rosalie mesmo...

Katherine revirou os olhos e olhou para cima, olhei para a mesma direção que ela.

– Para a cama, Claire. Já! – ordenou num tom ríspido. A pequena fez biquinho e eu tive de rir.

– Mas tia... – Katherine cortou-a com um sonoro “não” e a mesma virou-se de costas, tratando de sair o mais rápido possível.

Ela voltou sua atenção para mim.

– Ainda acho que foi para a Alice – dizia teimosa – Mas, de qualquer forma. Tânya e as Denalis não seriam capazes de uma loucura assim, quero dizer – pigarreou e cruzou as pernas, mexendo nos cabelos – Elas são umas vadias, mas para por aí. Se realmente atearam fogo na sua casa, com a intenção de matar a Rose... Quem... Teria a mente tão perversa para fazer uma coisa dessas? – perguntou visivelmente confusa.

Desviei os olhos dos dela por um instante, e olhei para a escada, querendo me certificar de que Claire não estava por perto para ouvir. A verdade é que desde o principio eu suspeitava dessa pessoa e agora eu tenho a absoluta certeza de que é ela. Ou, seria ele?

– O ou a responsável pela morte da Rosalie é...

O ciclo se repetiu
Enquanto explosões ocorriam no céu
Tudo que eu precisava
Era a única coisa que eu não podia encontrar

FIM DO CAPÍTULO.