POV TÂNYA

Limpei as malditas lágrimas que insistiam em cair. 

– Você não entende! – exclamei, entre soluços – Edward eu fiz isso porque eu te amo! Porque não vivo sem você, por que... – ele me interrompeu.

– Há uma grande diferença entre mim e o meu dinheiro, Tânya. Eu já te falei antes e volto a repetir – aproximou-se de mim, com os olhos escuros, tamanha era sua raiva. Puxou-me bruscamente pelo pulso e disse – Eu não te amo. Nunca te amei. Eu só fiquei com você por causa da aposta, está me entendendo? – e então sorriu frívolo. Maldito! – Não pense que esse seu teatrinho irá funcionar comigo outra vez!

Só vai ficar aí me assistindo queimar
Está tudo bem porque eu gosto da maneira que dói
Só vai ficar aí me ouvindo chorar
Está tudo bem, porque eu adoro o jeito que você mente
Eu adoro o jeito que você mente.

Não consegui reprimir o choro. Lembrar-me daquela maldita aposta mexeu comigo de tal maneira que não consegui nem sequer olhar para a cara de Edward.

– O que você queria que eu fizesse? – perguntei entre lágrimas – Você me humilhou! – sorri, em meio ao choro – Eu... Só retribui! 

– VOCÊ ESTRAGOU MINHA VIDA! – gritou, socando a parede. Meu corpo estremeceu diante de tal reação – Você e aquelas putas que chama de irmã, acabaram com a minha vida! – disse, ainda com a voz elevada. Os olhos estavam inundados de lágrimas, o que só serviu para me entristecer ainda mais.

– O que queria que eu fizesse? Que eu deixasse caminho aberto para aquela estúpida da Isabella? Entenda! Eu sou completamente louca por você, Edward. Eu não ia deixar que as coisas entre nós acabassem daquele jeito – disse, olhando-o diretamente nos olhos.

Tentei, inutilmente, manter a voz firme. Falar daquela noite sempre me dá náuseas. Tentei me aproximar de Edward, mas ele recuou.

– Por que estamos falando nisso? Sabe Ed...

– Para você, é Edward.

Revirei os olhos, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

– Certas lembranças tem que permanecer no passado. Enterradas. Não vale a pena reviver feridas daquela época, vale? – indaguei com um nó na garganta.

– Você diz como se isso fosse fácil! Não sabe o quanto eu sofri por sua causa, sua maldita! Você fez com que a única pessoa que eu amei de verdade fosse ir embora da cidade... – Ele havia explodido de ódio. Estava claro em seus olhos – Ela acha que aquela noite foi culpa minha. E tudo graças a você – cuspia as palavras em mim, sem dó nem piedade.

Estávamos sozinhos na minha casa. Meus pais haviam saído e as minhas irmãs estavam atrás dos irmãos dele, obviamente.

– Eu tive que fazer alguma coisa! – retruquei, colocando-as minhas mãos em seu rosto – Você não sabe o quanto dói ser humilhada pela pessoa que mais ama Edward. Você nunca soube o que é ser desprezado – argumentei em meio ao soluço – E no desespero, na magoa, acaba fazendo coisas terríveis... Coisa das quais você pode ou não se arrepender. E... – engoli em seco, sentindo mais lágrimas se aproximando – Eu não me arrependo. Porque, sei que no meu lugar, Isabella faria o mesmo.··.

Agora eu vou lhe dizer o que fiz por você
Eu chorei cinquenta mil lágrimas
Gritando, enganando e sangrando por você
E você ainda não vai me ouvir
Afundando.

– Não... Ela não faria não – retrucou ele – Porque ao contrário de você, Bella tem um coração!

Sorri desdenhosa, sentindo meus olhos doerem de tanto chorar.

– As coisas mudaram Edward. Isabella não é mais a mesma de antes e, se permite dizer, está mais madura. Mais inteligente – alarguei ainda mais o sorriso, ao vê-lo me olhar com nojo – No final das contas, eu ajudei ela a ser o que é agora...

Ele fechou os olhos, engoliu o choro e sussurrou:

– A culpa de ela ter se transformado num monstro foi sua.

– Eu sei – enxuguei as lágrimas, que aos poucos, iam se secando – E estou muito feliz com isso. Agora é a sua vez de ser machucado. Sua vez de ser massacrado e humilhado como se fosse um misero inseto! – gargalhei – Se não me machucasse tanto te ver assim, eu iria te propor um brinde – provoquei.

Você me faz querer morrer
Eu nunca serei boa o bastante
Você me faz querer morrer
E tudo o que você ama
Vai queimar na luz
E sempre que olho dentro de seus olhos
Você me faz querer morrer

Ele me empurrou contra a parede e, irado saiu pela a porta da frente, batendo-a ao sair. Fechei meus olhos, voltando á época em que tudo isso começou.

Eu não acredito no que eu estava ouvindo! A aposta de nada tinha haver com as Swans; a aposta tinha haver comigo e com minhas irmãs. Não consegui reprimir o turbilhão de lágrimas que começou a cair pelo meu rosto.

Só vai ficar aí me assistindo queimar
Tudo bem, porque eu gosto da maneira que dói
Só vai ficar aí me ouvindo chorar
Está tudo bem, porque eu adoro o jeito que você mente
Eu adoro o jeito que você mente
Eu adoro o jeito que você mente.

Assim que eles se afastaram, eu e minhas irmãs nos levantamos. Estávamos na rampa da escola, escutando a conversinha dos malditos.

– Cretinos! – gritou Irina, tentando acertar Jasper com seu estojo.

Limpei as lágrimas que caíam pelo meu rosto.

Isso decididamente não podia ficar assim! Quem aqueles imbecis pensavam que eram para tentar nos expor ao ridículo? Eles apostaram que conseguiriam ficar conosco e iriam exibir um filminho ridículo para toda a escola! Ah, sem sombra de dúvidas, não iria ficar assim.

Você já amou alguém tanto
que você mal consegue respirar
Quando você está com eles, vocês se encontram.

– O que nós vamos fazer Tan? – perguntou Lauren chorosa.

Fechei os olhos e sorri diabolicamente.

– Dar o troco. Devolver todo o sofrimento que nos causaram!

Ela e Irina franziram o cenho.

– E como faremos isso?

Deixei que meu corpo caísse no chão. Sim, certas coisas deveriam continuar enterradas no passado. A dor que as feridas, quase cicatrizadas, podem nos causar é inimaginável. Você não entende até que te acontece. É horrível. Mas independente disso, independente do meu sofrimento...

Se eu pudesse voltar atrás, não mudaria nada! Não teria feito nada de diferente. Talvez tivesse humilhado a Swan um pouco mais, eu não sei...Mas...decididamente, eu não mudaria nada. 

Você não me quer, não
Você não precisa de mim
Como eu quero você, oh
Como eu preciso de você

E eu quero você na minha vida
E eu preciso de você na minha vida.

Permiti-me chorar por alguns instantes, mas, somente para tomar uma decisão: Se ia ou não continuar com o plano, afinal, ele é “meio” diabólico. Ponderei durante uns cinco ou seis segundos e, por fim, resolvi dar continuação a ele.

Levantei-me. Fui em direção às escadas e, depois, em direção ao meu quarto. A história da hemorroida e da gonorreia não havia me descido pela a garganta e, se Edward e aquelas putas realmente querem guerra... É guerra que eles terão. ··.

Sou mal utilizada, mal interpretada
Eu não preciso ser salva
Senhorita desprezada, eu me importo
Estou presa na chuva.

Chutei a porta de meu quarto e, sem mais delongas, fui em direção à gaveta da minha cabeceira. Com um sorriso perverso e sem vida estampado nos lábios, e muito ódio levado no olhar, abri a mesma, retirando de lá um velho “conhecido” meu.

Eu estou indo para baixo
Todo o caminho abaixo

Ele estava bastante empoleirado e nem fico surpresa. Afinal, há quanto tempo o LDA está ali? Guardado, protegido, como se fosse à vida de uma de minhas irmãs?!

Sorri. Ah... Queridas Garotas Más, aqui começa o fim de sua breve jornada em Forks High School. E de brinde, eu ainda ficarei com Edward.

Fim do Capítulo.