Please, Peace! escrita por Mieolchi


Capítulo 3
O primeiro susto


Notas iniciais do capítulo

Postei sem revisar, desculpem os erros! hehe



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A manhã havia passado tranquila, ainda mais com a cena que eu vira logo cedo. Andei até em casa e, lembrando que não tinha nada para comer, passei num mercadinho que ficava no caminho. Entrei e corri para os noodles, estava com preguiça de cozinhar hoje.

— SoYoung! – escutei uma voz atrás de mim me chamar. – Que bom te ver novamente! – virei-me para ver quem falava comigo.

— Ah, oppa! Como vai? – eu disse, observando o homem com sua roupa de caminhada, levemente suado, usando uma bermuda acima dos joelhos e uma regata justa branca. Não era raro eu ver ele vestido desse jeito, mas todas as vezes que eu o via assim me faltava o ar. Ele tinha o corpo muito bonito.

— Estou bem! Preciso ir agora. Vou tomar um banho, almoçar e te visitar, ok? Tenho novidades. – ele disse, acenando com a mão e saindo do mercado.

Finalmente meu ar tinha voltado e eu continuei com as compras. Aproveitei que estava ali e comprei algumas coisas para um café da tarde, eu não sabia quanto tempo o Oppa ficaria na minha casa. As visitas dele sempre são agradáveis quando ele não começa a ter um ataque de ciúmes sem sentido! Voltei para casa, almocei e fui tomar um banho. A campainha tocou antes de eu terminar de me vestir, então coloquei as roupas de qualquer jeito e fui atender a porta. Quando abri, o que vi não era nada agradável: JongHyun estava com um dos olhos roxo e uma ferida no canto da boca, estava esbaforido, certamente estava correndo de alguém.

— JongHyun! Entre! O que aconteceu? – eu disse, puxando o garoto para a sala e fazendo-o sentar no sofá. Tirei sua mochila e seu casaco, ele gemia de dor, mas não dizia nada. Fui até a cozinha e peguei um kit de primeiros socorros na caixa de remédios e uma pedra de gelo, e comecei a trata-lo do ferimento. Pressionei gentilmente o gelo no inchaço do olho esquerdo. – JongHyun, me conte o que aconteceu. – ele me olhou de baixo, com um olhar de culpa.

— Noona... Ai! Está doendo aí... bem aí onde você ‘tá apertando!

Limpei o ferimento da boca e coloquei um band-aid. “Onde mais está doendo?” – eu disse.

— Só no rosto... desculpe por aparecer assim. Eu não tinha para onde ir, e a sua casa foi o único lugar que consegui pensar.

— Ok, agora me explique quem fez isso com você. – eu disse, enquanto guardava o kit.

— Foram... uns garotos da escola...

— Você se meteu em encrencas? Desafiou alguém?

— Não, não. Eu só fui ajudar uma garota que tinha sido derrubada por um deles, aí vieram correndo atrás de mim. Só senti um soco no olho e outro na boca. Saí correndo de lá e cheguei aqui, eles eram uns 4 ou 5. – ele apontou para a janela. – Veja, eles ainda me procuram! Estão ali.

Avistei a janela e reconheci os garotos. Eles estudavam na escola em que eu dava aulas e um deles era bem familiar, mas não lembrava muito bem de onde eu o conhecia. Fechei as cortinas para que eles não pudessem enxergar dentro do apartamento e sentei-me ao lado de JongHyun, colocando mais gelo no seu olho inchado.

— Acho que sei uma maneira de eles não te perturbarem tanto, pelo menos na entrada e na saída das aulas. Eu posso te acompanhar, não é problema para mim, afinal eu sou professora lá também, né.

— Mas e se eles tentarem fazer algo contra você, noona? É melhor não...

— Não te preocupa, guri. Meu Taekwondo ainda não está enferrujado. – eu disse, sorrindo e bagunçando o cabelo do menino, que ria junto.

Não sei se, de alguma forma, eu conseguiria ajuda-lo, mas eu queria tentar. Continuei afagando seus cabelos e cuidando de seu olho inchado, até que sua mãe ligou preocupada. Ele inventou uma desculpa qualquer, dizendo que queria estudar inglês e veio me perturbar um pouco. Nesse momento, a campainha toca. Levantei-me calmamente e atendi a porta.

— Ah! Oppa! Você veio! – esqueci-me completamente da visita do oppa.

— Claro que vim! – entrando, ele se deparou com o menino sentado no sofá. – Ah, estou atrapalhando alguma coisa?

— Não, não, oppa. JongHyun teve alguns problemas e precisou ficar aqui hoje.

— Noona, eu já estava de saída! – disse JongHyun, cumprimentando o oppa e indo em direção da porta. Segurei-o antes que pudesse sair.

— JongHyun! Não seja inconsequente, e se os garotos estiverem por aqui ainda? Fica, não tem problema. Vamos comer alguma coisa! – falei, puxando-o de volta para o sofá. – Oppa, este é JongHyun, ele é irmão da minha aluna particular. Estava com alguns problemas na rua, mas não é nada grave.

— Ah, sim. Aqueles garotos que estavam pela rua? Acho que não precisa se preocupar com eles, garoto. Um deles é o meu sobrinho, acho que você conheceu ele, SoYoung! Vou ter uma conversa com meu irmão para corrigir isso. – agora ele me entregava a sacola que tinha em mãos. – Como o tempo esquentou rápido, eu trouxe sorvete! Espero que seja do seu agrado, SoYoung.

— Sim, oppa! Muito obrigada! A propósito, disse-me que tinha novidades?

— Pois é... – oppa disse, olhando para JongHyun. – Mas acho que não tem problema falar disso com o menino aqui. Ele é seu amigo, não é?

— É sim, oppa. Espero que não se incomode. – eu disse, enquanto JongHyun fazia menção de sair novamente. Fui até ele e o empurrei contra o sofá, fazendo-o cair sentado. – E não ouse levantar daí até eu deixar, garoto! – JongHyun me olhou assustado, mas dessa vez não desobedeceu.

Servi três potes com sorvete de flocos, distribuí-os e sentamos no sofá para conversar. Eu sentei na poltrona e o oppa sentou ao lado de JongHyun no sofá maior.

— Então, SoYoung... Essa é a minha última semana aqui na Coreia. Vou viajar a trabalho e só volto no ano que vem. – disse o mais velho.

— Ah, oppa! Não acredito que vou ficar todo esse tempo sem te ver! – eu disse, enquanto JongHyun apenas observava comendo seu sorvete e deixando cair no queixo e no uniforme da escola. – JongHyun, garoto desastrado! Venha comigo, vou te emprestar uma camiseta. – puxei-o pela mão e levei até meu quarto.

— Ah, noona, não precisa! Eu acho que consigo limpar! – ele disse, reclamando.

Olhei para ele e vi que estava sujo até no nariz. Aproximei-me dele e limpei seu rosto com o dedo. Ele me olhava um pouco assustado e corado, mas sorria. Ele segurou minha mão que estava no seu queixo e deu um beijo nela, aproximou-se de mim e me abraçou, mas desta vez o abraço era mais quente, e eu pude sentir seu coração bater mais rápido, assim como o meu. Não entendia bem o que estava acontecendo, apenas aproveitava o momento. Enquanto ele apertava mais o meu corpo contra o dele, sentia a sua respiração ofegante no meu pescoço. Aquilo me fazia arrepiar. Passei os braços em volta de seu pescoço e afastamos nossos rostos, de modo que agora conseguíamos nos olhar. Vi seus olhos se fechando lentamente enquanto seus lábios se aproximavam dos meus. Quando me dei conta do que estava fazendo, desviei o rosto e voltei a afundá-lo em seu ombro. Desvencilhei-me de seus braços e, ainda corada e aturdida, peguei uma camiseta e entreguei-lhe, não olhando-o nos olhos. Ele pegou e eu saí do quarto.

Escorei-me na parede do corredor e fiquei pensando naquilo, em como aquilo podia ter – quase – acontecido. Não sabia quais pensamentos ter. Eu havia gostado? Eu queria aquilo? Ele é só um garoto do ensino médio! Não, não. Coloquei as ideias em ordem e voltei para a sala, como se nada tivesse acontecido. Encontrei o oppa sentado no mesmo lugar onde estava antes de eu sair.

— Conseguiu fazer o menino teimoso trocar de roupa?

— Consegui sim, oppa. Agora me conte, vai mesmo viajar? – eu disse, enquanto sentava-me ao lado dele, no lugar onde JongHyun estava antes.

— Sim, isso é inevitável. Mas eu queria lhe fazer uma proposta. – o homem aproximou-se mais de mim, segurando minhas mãos que estavam suadas por causa de um garoto bonito sujo de sorvete. – Sabe... faz muito tempo que tenho nutrido um carinho muito forte por você, SoYoung.

— Ah... oppa... sobre isso... – soltei minhas mãos das dele e me afastei um pouco. – Acho que já conversamos, não?

— Sim, sim, conversamos. Mas agora a minha proposta é outra. Viaje comigo. Venha comigo para os Estados Unidos, voltar para o seu ocidente. Se tudo der certo podemos ficar por lá, rever sua família e seus amigos que ficaram lá. Vai ser muito bom! Podemos nos casar lá e... – oppa falava com animação, mas o interrompi.

— Acho que você não entendeu muito bem, oppa. – eu disse, quando um barulho no corredor nos chamou atenção. Era JongHyun que nos olhava e tinha deixado cair seu pote de sorvete. – Ah! Jonggie! Desastrado é o seu apelido, né? – Levantei-me do sofá com a intenção de ajudar o menino com a sujeira, mas oppa me puxou de volta e me beijou. Por dentro eu gritava, mas apenas consegui empurrá-lo e olhá-lo assustada. – Oppa! Você não entendeu ainda? Depois de tanto tempo... não achei que pudesse chegar a esse ponto.

Levantei-me do sofá e fui ajudar JongHyun com a sujeira. Eu estava com raiva, eu não gostava do oppa, ele era grudento e meloso. Na realidade ele não tinha grandes defeitos, eu apenas não gostava dele. JongHyun ignorou a minha presença ali e limpava como se estivesse sozinho. Ele estava bravo comigo.

— SoYoung, posso ir pra casa agora? – o garoto perguntou, enquanto terminava de limpar.

— Absolutamente não.

— Então posso ficar um pouco no seu quarto? Estou cansado. Você aproveita e termina a conversa com seu namorado. – ele falou ironicamente.

— JongHyun! – respirei fundo. – Ok, esqueça. Pode descansar lá.

Ele saiu na direção do quarto e fechou a porta. Fui para a sala, onde o Oppa ainda estava com a expressão de quem não entendia nada. Sentei-me novamente ao lado dele, só que dessa vez com uma certa distância.

— Oppa, vamos falar sério agora. – eu disse.

— Você acha que eu não estou falando sério até agora? Eu realmente te amo e quero que você fique comigo. Quero que vá na viagem. Trouxe isso para você. – tirou do bolso uma pequena caixinha e abriu-a na minha frente. Havia um anel dourado com uma grande pedra branca em cima. – É um pedido de casamento. Você aceita? – oppa sorria de forma encantadora.

— Oppa... não quero ser grosseira, mas... já conversamos sobre isso... não quero me casar agora, sou muito nova. E não pretendo entrar em relacionamentos sérios nesse momento. Gosto muito daqui, sabe. – eu disse, fechando a caixinha que estava em sua mão. – Não quero sair. Não quero me mudar. Não quero voltar pra lá. Espero que entenda...

— SoYoung! Isso é por quê? É por causa daquele garotinho? Você sabe que isso é proibido, né! Se envolver com crianças! – ele agora levantava a voz para mim, irritado. – Você não sabe o que está fazendo, SoYoung! Vou deixar este anel aqui para que se lembre da proposta. Quando pensar melhor, ligue-me. – disse, enquanto dirigia-se à porta e saia, fechando-a com força.

Atirei-me no sofá, deitando de bruços com a cara nas almofadas. Pensei um pouco nas coisas que o oppa disse. Não era por causa do JongHyun que eu não queria ir com ele – talvez em parte fosse –, eu tinha muitos motivos. Minha casa era aqui agora e eu não queria voltar para o ocidente. Estava só há 2 anos, não podia largar meus planos aqui. Além do mais, eu não gostava do oppa a ponto de casar com ele, e gostava demais dele a ponto de enganá-lo, fingindo gostar, e depois voltar para cá.

Levantei-me e fui comer alguma coisa, já era 3 horas da tarde e eu estava com fome. Lembrei-me de JongHyun no meu quarto e fiz um lanche para ele também, com sanduíche, suco e biscoitos. Desenhei um rosto sorrindo no sanduíche dele com queijo e presunto. Fiquei satisfeita com a minha obra de arte. Coloquei tudo numa bandeja e fui para o meu quarto.

Encontrei-o deitado na cama, dormindo. Entrei devagar, coloquei a bandeja na cômoda ao lado da cama e sentei-me ao lado dele. Assisti o menino adormecido durante um tempo até tomar coragem para tocá-lo. Acariciei seus cabelos e seu rosto. Ele era realmente lindo. O queixo quadrado dava sinais de que já era quase um homem, mas os olhos pequenos e redondos denunciavam sua adolescência. Assustei-me quando ele começou a acordar e afastei minha mão, voltando a pegar a bandeja e a colocando no colo.

— Acorde, menino dorminhoco. Tem lanchinho na cama para você! – eu disse docemente, enquanto ele esfregava os olhos e sentava-se na cama.

— Uhm... eu dormi muito? Que horas são? – falou, ainda manhoso de sono.

— Não muito. Já são 3 horas, é hora do lanchinho. Coma!

Ele sorriu para mim, tímido, e comeu junto comigo. Enquanto comíamos, ele perguntava como eu tinha feito aquele sorriso no sanduíche e que ele não teria essa criatividade. Terminou o sanduíche e me olhou sério.

— Noona, você vai com ele?

— Não vou deixar um menino desastrado e teimoso sozinho por aí, não se preocupe. Eu fico. – eu disse, dando um cascudinho na cabeça dele, fazendo-o rir.

— Mas, é uma boa oportunidade, não é? E ele é um cara legal. Já é mais velho, tem a vida feita. Isso não é uma coisa boa?

— Não, Jonggie. Eu não quero ir e não gosto do oppa. Concordo com você em tudo isso, mas não é o que eu quero, entende?

— Sim... o anel era bonito, pelo menos?

— Sim, era... Ei! Você ficou escutando nossa conversa? – eu disse, largando a bandeja na cômoda novamente e ameaçando fazer cócegas nele.

— Não! Não, noona! Eu fiz sem querer! Eu juro! – ele falava ao mesmo tempo em que se protegia das cócegas com as mãos.

Ele parou de rir repentinamente e me olhou nos olhos, puxou minhas mãos para perto, quase me fazendo cair por cima dele, e me beijou. Dessa vez não pude desviar. Ele soltou uma das minhas mãos e passou a segurar meu rosto, acariciando meus cabelos, até acomodar sua mão na minha nuca. No início não passava de um tocar de lábios, mas depois começou a ficar intenso, as línguas se entrelaçavam num beijo úmido e quente.

Soltou minha outra mão e tratou de segurar minha cintura, deixando-me mais perto dele. Nossos corpos agora estavam colados, ainda sentados na cama. Minhas mãos, antes soltas, passaram a acomodar-se em seu pescoço, acariciando-o levemente. Eu sabia que não deveria continuar com isso, muito menos ter começado, mas algo não me deixava parar: eu não queria parar.

Ele parou de me beijar por um instante apenas para recuperar o fôlego, e logo voltou, mas dessa vez ele estava mais agressivo, seu beijo era mais quente e ele me apertava mais forte contra seu peito. Quando percebi, ele tinha me puxado para mais perto ainda e eu estava quase deitada em cima dele.

 


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Notas finais do capítulo



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