A Lenda De Thommy escrita por NimoChan


Capítulo 3
Fraco como poring e veloz como...bafomé?!


Notas iniciais do capítulo

- Olha só, um capítulo de verdade!



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Ouvia-se o canto dos pássaros e os galhos agitados, chacoalhando suas madeixas levemente esverdeadas e largas. A tarde estava para chegar, mas a floresta continuava silenciosa. Os únicos sons que podiam ser captados nitidamente além dos pássaros e do vento eram dos porings e lunáticos saltitantes. Ambos monstros de baixo nível, de vez em quando algum deles cruzavam com os jovens aventureiros em sua caminhada incansável até algum destino que os traria honra e fama. Entre tantos outros aventureiros que deviam estar nos Arredores de Prontera, um grupo de transclasses seguia até a cidade.

Um galho fora quebrado.

E mais outro.

— Abra, faça silêncio — Um Mestre de olhos vendados parou e levantou sua voz ao Professor que acabara de pisar em um galho qualquer.

E por quê? Fica difícil andar numa floresta tentando não pisar em galhos! — retrucou ele.

— Aqui está mesmo quieto... — parei também e olhei ao redor. O vento passou abafando o som de um rugido e agitou nossos cabelos.

— Vocês ouviram isso?! — O Algoz de cabelo loiro procurava a origem do rugido, analisando a floresta.

O Mestre abaixou a cabeça e meditou por uns instantes. Calculou a intensidade do rugido e sua distância e enfim, nos informou. — Mais à direita, estamos perto. Não está longe da entrada principal de Prontera.

— Vocês ouviram, vamos! — Outro Algoz cujos cabelos eram castanhos claros nos deu a devida ordem. E nós acatamos.



* * *



Gotas de suor frequentemente chocavam-se com a grama. O recém Espadachim agora jogava o peso de seu corpo nos joelhos, apoiando suas mãos neles. A respiração do menino estava pesada e carregada de cansaço. Não era a toa, ele havia traçado uma longa corrida até os Arredores. Ele jogou seu corpo para trás, sentando na grama, pegando uma maçã roubada e levando-a até a boca.

— Thommy? — Uma linda Noviça de olhos arredondados e cabelo arroxeado segurava uma cesta de alimentos perto de alguma árvore e direcionava seu olhar inocente para o jovenzinho que estava prestes a abocanhar uma maçã.

— Catherine... — antes mesmo de morder a fruta, o menino deixou escapar um sorriso torto que denunciava sua felicidade por ve-la ali. — O que você faz aqui sozinha?

— Só estava dando uma volta. E o tiozinho me deu uma maçã verde, aí eu vim pegar um poring — disse ela, saltitando para perto dele com um sorriso pequeno e delicado no rosto.

Thommy se levantou e deu leves batidinhas na roupa para limpá-la. — E você conseguiu domesticar ele com a maçã verde?

— Não... O poring engoliu ela e saiu quicando.

Os dois ficaram quietos por uma fração de segundos e depois caíram na gargalhada juntos. Só o fato de estarem perto um do outro já era motivo para risadas. Depois de rirem sem um motivo realmente convincente, os dois jovens ficaram quietos se olhando.

Catherine era nova, devia estar por volta dos 10 anos de idade, sendo apenas 1 ano mais nova que Thommy. Os dois eram grandes amigos e sempre procuravam ficar juntos quando Sloan — o jovem Espadachim de 14 anos — não estava por perto.

— Cathy, fique longe desse ladrão!

A voz de Sloan surgiu atrás de Thommy, para sua surpresa.

— Fique longe da minha irmãzinha, seu pivete... — Sloan cerrou os olhos e assumiu uma posição de ataque, segurando o cabo da espada. Thommy virou-se para ele e levou a mão para trás do quadril, prestes a pegar sua espada.

— Por favor, não briguem! — Catherine, diante da rivalidade das duas pessoas que mais amava, sentiu um nó na garganta.

— Ei, Cathy... — Thommy olhou a noviça por trás dos ombros e deu um grande e largo sorriso. O mesmo que se repetira tantas vezes quando ele a salvou de lunáticos atrevidos, mesmo sem conseguir derrotá-los, ou quando a entregava uma linda flor. — Tá tudo bem!

Mesmo sendo o maior rival de seu irmão, Cathy sabia que Thommy não seria capaz de machucá-lo. Em vez disso, ele se aprofundava na sua pequena habilidade de se esconder e fugir.

Catherine se encheu de esperança com aquele sorriso. No fundo, ela ainda acreditava na trégua que um dia eles fariam.

— Tenho ordens para não deixá-lo fugir.

— Não vou ficar naquele orfanato... Eu não preciso disso! — Relutante, Thommy preparou a espada, posicionando-a em sua frente.

Sloan correu em direção ao menino, que desviou sem grandes esforços. Thommy não tinha chances contra ele, seu único refúgio era fugir e rezar para que Odin o protegesse. Desviando de seus ataques, algumas vezes as espadas se encostavam gerando um barulho estridente. A luta continuava e Cathy se afastava cada vez mais. De poucos em poucos passos, ela já se encontrava atrás de uma árvore, alvo perfeito para o bode gigante de olhos amarelados que se escondia na mata. Não demorou muito até que ela percebesse a presença do monstro e soltasse um grito ensurdecedor. Naquele momento, a briga cessou e os meninos correram até mais afundo da floresta.

Os dois encontraram a pequena Noviça sentada no chão com os olhos fixos no monstro que carregava uma foice tão grande quanto ele. Feridas abertas e arranhões se espalhavam pelo corpo do bode humanoide que andava sobre duas patas traseiras. Sua respiração intensa chegava a formar duas grandes correntes de ar que atingia os cabelos da Noviça, movendo-os.

— T-Thommy... — Apavorada, a Noviça tremia de olhos arregalados e lutava contra as próprias lágrimas.O famoso bafomé estava perto, muito perto da moça e, subitamente, ele levantou sua foice perfeitamente afiada. A lâmina cortou o vento num brusco movimento feito pelo monstro e abaixou, em direção à Cathy. Ela, que antes evitava fazer qualquer barulho, gritou aterrorizada.

Antes que a foice encostasse na menina, Sloan gritou mais alto, provocando o bafomé. Este parou sua foice e moveu seus olhos para ele, que empurrou Thommy para trás de uma árvore.

— Eu consigo segurá-lo, tire a Cathy daqui — Com essa última ordem, Sloan correu com o intuito de afastar o monstro de sua irmã mais nova.

Thommy ficou paralisado por uns segundos, surpreso com tamanha coragem do seu rival. A cena de Sloan olhando o monstro sem um pingo de arrependimento repetiu-se várias vezes na mente do jovem, antes que ele acordasse do seu estado de transe.

Quando Thommy se deu conta da ordem de Sloan, ele se levantou e correu até Catherine. Ela tremia e chorava com as mãos cobrindo seu rosto. Thommy abraçou-a apertado e ajudou-a a se levantar. Ele a guiava até a entrada principal de Prontera, mas eles nunca chegariam naquela velocidade.

— Meu irmão... Thommy, meu irmão...! — Essas eram as únicas palavras que Cathy suportaria pronunciar. Percebendo a situação deprimente de sua melhor amiga, o jovem tomou uma decisão: salvaria Sloan.

Thommy olhou ao redor. Eles estavam um tanto longe do bafomé, o suficiente para deixar Cathy sozinha.

— Seu irmão vai ficar bem. Confie em mim! Vá até Prontera pedir ajuda!

De início, a noviça se apavorou mais ainda e ameaçou voltar a chorar. Mas, novamente, Thommy abriu um sorriso confiante. Isso motivou-a a prosseguir para cidade sozinha.

Com um abraço, os amigos se despediram, e o jovem a deixou ali. Ele correu até o bafomé, decidido a salvar Sloan.


Um pouco distante dali, o Espadachim corria do bafomé. A raiz ruiva de seu cabelo estava molhada com o suor do mesmo. Era torturante para ele ter que competir corrida com um monstro de patas gigantescas. Sloan sabia que não conseguiria ganhar e quase desmaiou ali mesmo, encostado numa árvore, onde ele havia conseguido se esconder por alguns meros segundos.

O que o manteve acordado foi uma oportunidade que lhe apareceu: Thommy, atrás do bafomé, lançou com toda sua força uma pedra que atingiu o braço do monstro, fazendo-o rugir alto.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI, SEU IDIOTA?! — gritou Sloan.

— TE SALVANDO!

O ruivo viu o bafomé, com passos pesados e ligeiros, mudar de direção. A ideia de deixar o melhor amigo de sua irmã para trás latejava na sua cabeça, mas o jovem estava cansado demais. Ele se refugiou em pensamentos positivos que levavam em conta a boa esquiva e velocidade de Thommy. E aliás, a essa altura Cathy devia ter chegado em Prontera para alertar aos Lordes do monstro-chefe que aparecera nos Arredores.

Assim, os papéis se inverteram: o Espadachim moreno agora era o perseguido. Ao contrário de seu rival, Thommy não conseguiu olhar para o monstro. Qualquer troca de olhares fazia com que ele perdesse a pouca esperança de continuar vivo.

Ali, entre tantas árvores de folhas largas, ele viu sua vida ir embora. Todos os momentos ruins e felizes de sua vida tomaram conta de sua mente e até de seus ouvidos. O som desapareceu, dando espaço à voz de Cathy. Ele não captava nitidamente o que a menina dizia, mas sabia que era algo que ela havia falado a muito tempo. Thommy estava se lembrando dos tempos felizes que passou com sua melhor e única amiga. Em seguida, um apito esganiçado substituiu a voz de Catherine e o menino perdeu a noção de profundidade. Tudo estava ficando escuro, mas ele não parava de correr.

Ele mal acabara de fugir de cavaleiros e agora fugia de um dos monstros mais temidos em Rune-Midgard. A visão do jovem ficou turva, ele começou a suar frio e a perder o equilíbrio. Era questão de minutos — ou até mesmo de segundos — até que o jovem despencasse no chão. Foi nesse instante, aos pés da morte, que Thommy chamou por Odin. Com algumas palavras desordenadas, ele chamou por Deus inconscientemente e, quando a imagem das lindas árvores espalhadas pela floresta estava para sumir, Thommy viu uma luz.


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Notas finais do capítulo

- Bem, é isso aí... Não demorou muito pra escrever pq eu já tinha o começo todo na cabeça xD Mas perdoem-me se eu não conseguir postar o próximo capítulo rápido... Enfim, reviews, oi ? u_u



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