Megan Strong e a Vingança De Sangue escrita por Lorena Martins


Capítulo 5
Colina Meio-Sangue


Notas iniciais do capítulo

Ai vai o capítulo mais longo. >
Não desanimem! Esse aqui é ótimo!



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Certo. Peguei o material com o braço bom e abri. Quando olhei tudo aquilo, percebi que não sabia fazer curativos.

– Ah...O que eu faço?!

Sim, eu estava desesperada.

– Calma, Meg. Eu posso fazer isso. É simples. - disse James pegando minha mão. Podia ver a dor em seus olhos mesmo quando ele tentava parecer calmo.

Pela primeira vez percebi que estava preocupada com eles e não comigo. Talvez fosse ruim me desesperar. Kevin e James mereciam um pouco de sossego. Eu faria de tudo por eles agora. Mesmo pelo cleptomaníaco que estava dirigindo o carro. Mesmo assim não podia fingir que não tinha medo de sangue. Sim, eu tenho.

– Meg? Você está aí? Câmbio. -disse minha mãe. Peguei o Walk Talk como se minha vida dependesse disso.

–Sim, sim! Mãe, vamos para Long Island. Daqui a pouco o sinal vai ficar fraco. Por que temos que ir para lá? Câmbio! - falei desesperada.

–Megan Strong! Pensei que você não estivesse mais aí! Deuses! -respondeu minha mãe. - Meg, querida. Você e seus amigos não são normais. Vocês vão entender o que quero dizer quando chegarem ao acampamento, mas por enquanto só posso dizer que vocês são meio-sangues, semideuses... Filhos de seres humanos comuns com... Deuses. Ah, Meg. Está com a caixa?

Ela esqueceu de falar câmbio. Tudo bem, estávamos ambas nervosas. Que se dane o "câmbio"!

– Sim, ela está aqui. Mãe, como assim deuses?

– Filha, não posso te dizer mais nada. Tem haver com os deuses da mitologia grega. Eu te amo. Por favor, sobreviva! Você foi um presente para mim. - a voz dela começou a falhar. Não de emoção. O sinal estava ficando fraco. - Boa sorte em sua jornada. Câmbio desligo.

Deixei o Walk Talk cair. Meu braço doia, mas o que doia mais era meu coração. Sobreviva? Eu ia morrer? Os meus amigos iam morrer? Nunca mais veria minha mãe? E a Becky? Até do sem-graça do Theo sentiria falta.

James colocou a mão em minha cabeça e fez carinho. Só então percebi que estava chorando. Com o braço não machucado, sequei a lágrima e então eu vi ele de novo.

Sangue.

Aquilo que eu mais odiava estava agora espalhado por toda a minha jaqueta. E, não, aquele sangue não era só meu. Meu braço estava com um ferimento enorme e eu provavelmente levaria alguns pontos, mas a perna de James estava bem pior. Resultado das investidas de Equidna, a vendedora do Starbucks. Ele estava limpando o meu braço com um pouco de gaze e água da garrafa que Kevin roubou da mulher que estava na nossa frente na fila. Nunca pensei que agradeceria a Kevin por sua mania de roubar coisas, mas agora eu o fazia. Mentalmente, claro. Se não fosse por ele não teríamos água... Nem o carro no qual estávamos agora. Que ele estava dirigindo.

Mesmo com uma hora e meia sem ataques da suposta vendedora da Starbucks, temia que ela voltasse. De uma coisa eu estava certa: tomar um frappuccino depois do último dia de aula deixaria de ser uma tradição para James e Kevin.

Nós precisávamos chegar o mais rápido possível no endereço que minha mãe escreveu em um dos meus cadernos. Sem eu saber.


Acampamento Meio-sangue Colina Meio-Sangue. Long Island, Nova York


–Mas que diabos a sua mãe quis dizer com esse endereço bizarro?- disse Kevin no banco da frente. -Sério, sua família é estranha. Tudo bem, minha mãe não me deixa ter um celular também, mas falar com você por Walk Talk? Isso já é demais! E porque a gente tem que ir para esse lugar mesmo?

–Ela disse que é o único lugar seguro para... -Pensei um pouco até lembrar o termo que ela usou para se referir a mim, James e Kevin. - Meio-sangues.

– Sei lá, Meg... Talvez ela esteja um pouco cansada... -Kevin bufou e riu um pouco. -Ok... Muito cansada já que ela sempre está trabalhando. Acho que está na hora de ela ir ver um médico ou quem sabe...

– Kevin!- retruquei com raiva. -Você não percebe que tem uma atendente da Starbucks com corpo de cobra seguindo a gente? O mundo já não faz mais sentido! Talvez eu esteja enlouquecendo, mas o que minha mãe disse no Walk Talk faz sim um pouco de sentido!

Kevin ficou em silêncio. Acho que isso era sinal de que ele concordava comigo. Depois de alguns minutos, o GPS (também roubado por Kevin) falou que faltavam menos de meia hora para chegarmos ao nosso destino. Tudo estava calmo, James estava limpando sua perna quando ouvirmos um grito atrás de nós.

Todos dentro do carro, incluindo Kevin que estava dirigindo, viraram para trás no mesmo instante.

– Caramba! Ela está vindo! - disse James com uma voz rouca. Ele pegou no meu braço. -Meg, a sua mãe disse que você deveria abrir o seu presente de aniversário na hora certa. Será que não é agora?

Olhei para a caixinha vermelha que segurava na mão. Confesso que estava com medo do que teria lá dentro. A voz de minha mãe soava séria quando ela disse que só poderia abrir aquilo numa hora de extrema necessidade.

– Não. -tentei dizer aquilo com um tom confiante, mas minha voz falhou. Tentei mais uma vez. -Não, James. Ainda não acho que seja a hora.

James estreitou os olhos e me encarou. Ele nunca fazia isso, só olhava assim para Kevin quando ele aparecia com mais um objeto "emprestado". Aquilo me fez congelar. Me senti a pior pessoa do mundo. Será que estava sendo egoísta?

– Vamos, Meg! -disse James em um tom severo. -Pior que tá não fica. O que está aí dentro deve nos ajudar!

O impulso de abrir o presente era forte, mas quando meus dedos estavam prontos para abri-lo, ouvimos o som da cauda de serpente de Equidna bater no porta-malas do carro.

Kevin acelerou, fazendo com que o velocímetro disparasse. Olhei para o GPS. Mais 15 minutos e estaríamos lá.

– Quem diria? Três semideuses de uma vez? Querem ir ao Acampamento não é? - A voz aguda da Equidna me irritava. Ela soltou uma gargalhada e apareceu na janela de James. -Ingênuos! Vocês vão ter de sair do carro uma hora e quando essa hora chegar... Finalmente vou fazer um banquete!

Podia ver que ela ainda usava o avental da Starbucks o que fazia ela parecer ainda mais assustadora e de algum jeito... Engraçada.

– Ok... -disse em pânico. Virei me para James que não parecia mais tão bravo comigo. - Talvez seja a hora certa.

Abri a caixa. Uma nuvem negra saiu dela e pude ouvir um suspiro... Parecia ser o último suspiro de alguém. A morte. Não conseguia ver nada, James tossia e tentava dissipar o nevoeiro que se formava dentro do carro.

– Porcaria, vocês querem que eu bata o carro e mate todos aqui dentro?!- disse Kevin irritado.

Quando ele apertou o botão, sabia que estávamos ferrados.

–Não, Kevin! Fecha a janela!- gritamos James e eu em unissonoro.

A cabeça do monstro apareceu na minha janela. Arregalei meus olhos. Equidna seria bonita, se não fosse sua calda de serpente...

–Vamos ver, uma filha de Hades! Ah, sim. Venha comigo, lanchinho. -disse ela enquanto me agarrava pela jaqueta e me puxava para fora do carro.

Ignorei o que ela disse. Lanchinho? Filha de Hades? Mas que diabos? Quando me dei conta, estava em cima da van com a chamada mãe dos monstros (sim, eu me lembrava dela das aulas extras sobre mitologia grega que minha mãe me obrigou a assistir). Finalmente conseguia ver bem o que tinha dentro da caixa, uma pulseira prata cheia de pingentes negros.

Fiquei brava. Tudo isso por causa de uma pulseira?! Isso não ia me ajudar muito, ia? Bem, não tive muito tempo para pensar. O carro parou abruptamente e fomos as duas lançadas para a estrada. Para a minha sorte, minha oponente usou sua calda para agarrar uma das árvores da estrada. Enquanto parávamos, eu em "segurança" nos braços de Equidna, coloquei a pulseira e peguei um papel que estava embaixo dela.

A queda foi pior que pensava, Equidna soltou minha jaqueta e acabei rolando pela estrada. Levantei, minha perna tinha sido ferida por conta do atrito com o asfalto. Mesmo assim, me apoiei na outra, que mesmo estando machucada, ainda me dava um apoio melhor que minha direita. Peguei o papel e li o bilhete escrito a mão com uma letra caprichada.

Coloque, gire aquilo que for necessário na batalha. Boa sorte, filha.

Não pude disfarçar meu espanto. Aquela letra não era de minha mãe e com certeza Theo não me chamaria de filha. Eu nunca tinha visto aquela letra. Isso só podia significar uma coisa... Aquele presente era de meu pai.

O barulho da porta porta do carro batendo me ajudou voltar a realidade. Precisava me concentrar. Sentia que ainda podia morrer naquela noite.

Quando olhei em direção ao carro, vi que Equidna estava de pé, olhava em minha direção. James tinha saído do carro e corria agora para o lado oposto ao de Equidna junto com Kevin. Ele pegou James que parecia não estar em condições de correr e disse alguma coisa que não consegui ouvir. Depois se virou para mim.

–Meg! Temos que ir para a floresta, leve o James com você! Eu dou um jeito nisso. -gritou ele.

De algum jeito, não conseguia pensar em deixar ele alí, não podia perder ele. Quando James soltou Kevin e mancou por uma trilha que perto da estrada, meus dedos foram em direção da pulseira. Olhei a mais uma vez. Os pingentes dela tinham formato de armas. Uma lança, uma adaga, arco e flecha, uma espada... Várias armas. Peguei na pequena espada e girei a.

De repente uma longa espada em tamanho real surgiu na minha mão direita. Ergui-a e sorri.

–Obrigada, pai. -sussurrei.

Quando olhei para Kevin, ele estava a menos de três metros do monstro. Corri. Tinha que tentar. Ergui a espada e investi contra a calda de Equidna. Quando a lâmina afundou sobre sua pele, ela soltou um grito agoniante. Kevin virou a cabeça para mim, seus cabelos castanhos estavam bagunçados e seus olhos brilhavam.

– Onde é que você arranjou isso? -ele riu e sorriu de maneira maliciosa. -Parece que não sou o único ladrão por aqui.

Eu sorri e troquei a espada de mão. Com a direita girei outro pingente de espada e ela apareceu em minha mão novamente.

– Pega! -disse enquanto jogava a espada em direção a Kevin. Ele correu abaixado e pegou a espada depois que ela caiu no chão.

Ele ergueu a espada e fez uma careta. Ele olhou para mim e ergueu a espada com desconforto. Não entendi muito bem o porquê. A espada era ótima, muito fácil de manusear.

–Para você...- disse uma voz masculina em minha cabeça. -Kevin é não é uma criança do submundo, Megan. Não é tão fácil para ele.

Me espantei com isso, mas fiquei ainda mais surpresa quando Equidna se virou para mim.

– Maldita criança! Você será a primeira a morrer. -grunhiu a criatura enquanto me atacava.

Ergui a espada e senti o peso dela. Quando olhei, tinha atingido o braço dela. Kevin deu um golpe de espada nas costas do monstro e então senti o outro braço dela envolvendo minha cintura e me levantando, deixando meus pés a oito metros do solo, sem apoio nenhum. Quando vi sua boca, enfiei a espada com força e senti seus dentes afiados baterem na minha empunhadura. Então ela começou a se transformar em uma areia dourada e seu braço que antes me segurava firma agora deixava de existir. Comecei a cair e fechei os olhos. Gritei.

Então, quando achei que atingiria o solo duro, senti Kevin me segurar, ou melhor, tentar me segurar. Caímos ambos no chão, mas devo agradecer. Se não fosse por ele, teria batido com tudo no asfalto.

Olhei para ele. Tinha o lábio inferior cortado, mas mesmo assim, ele sorria. Então eu comecei a rir. E logo ele apareceu, um homem alto e musculoso... Cheio de olhos por seu corpo. Argos? Interessante. Ele tinha matado Equidna de acordo com os gregos. Mas o que Equidna fazia viva a alguns segundos atrás?

Kevin se levantou e fiz o mesmo. Argos ergueu o braço apontando para a trilha que James tinha percorrido. Logo entendi. Aquele era o caminho para o Acampamento Meio-Sangue.




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Notas finais do capítulo

Tive que editar umas coisinhas. Comentem! Digam o que posso melhorar. Ok?
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