O Primeiro Dia Do Resto Da Minha Vida escrita por Mimia R


Capítulo 3
Caminhar na chuva é coisa de filme


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Estou bem feliz que tem gente gostando da estória. Espero continuar agradando a todos. Estou adorando escrever. Então, espero que gostem desse :DD



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Tudo bem, isso era mesmo loucura. Felipe estava rodando pelas ruas tentando encontrar Tuana. Ela tinha saído fazia meia hora, e tinha ido á pé, então não poderia estar tão longe. A casa dela nem era perto da de Brenda. Mas estava escuro, ele podia ter passado por ela e nem ter percebido. Estava para desistir quando avistou ao longe uma garota andando bem lentamente. Tinha certeza que era ela. Era impossível não reconhecer aqueles longos cabelos negros e ondulados. Mas aí, ele não sabia o que ia fazer. Continuou a andar com o carro, mas bem devagar. Tinha que pensar no que dizer. Mas ele nem entendia o que tinha acontecido ainda. Não era uma situação muito fácil. Que merda! Ele pensou, Eu não me reconheço mais. Se ele continuasse a segui-la assim, ela ia ficar assustada. Tinha que tomar uma atitude. Mesmo que não soubesse qual. Foda-se! Ele acelerou e parou ao lado dela.


Tuana caminhava bem lentamente. As ruas estavam escuras, só com a iluminação dos postes fracos. Podia ser assaltada a qualquer momento. Mas não ligava. A cabeça dela estava em outro lugar. Ainda naquele esconderijo. Tentava profundamente entender o que tinha acontecido ali. Mas nada adiantava.


Ela caminhava distraidamente, até que percebeu um carro andando lentamente na mesma rua. E ela teve certeza que ele a seguia. Começou a ficar com um pouco de medo. Fala sério, só faltava um tarado me raptar agora, pensou. Quem sabe eu não desabafo com ele também... Mas ela estava realmente assustada. Avistou algumas pessoas um pouco a frente dela. Resolveu acelerar o passo. E foi quando o carro parou bem ao seu lado. E ela congelou. Não mais por medo, mas sim por choque ao reconhecer a voz.


– Ei, entra aí, eu te dou uma carona até sua casa. – Felipe disse quando parou ao lado de Tuana e abaixou o vidro.


Tuana foi virando a cabeça bem devagar até olhar pra ele. Como ele era lindo, pensou distraída. Como eu nunca notei antes? Na verdade ela tinha notado sim. Mas não tinha realmente visto essa beleza. Estava tão distraída que nem entendeu o que ele falou em seguida.


– O que? – Foi a primeira coisa que ela conseguiu dizer.


– Entra no carro. Eu não mordo, sabe. – Ele disse com um meio sorriso. – Sem contar que se você não entrar, vai ficar toda molhada.


Tuana percebeu que tinha começado a chover. Seus cabelos já estavam grudando em seu rosto. Mas ela não podia entrar naquele carro. Não sabia o que poderia acontecer.


– Não, obrigada! – Ela disse. – Eu prefiro ir andando mesmo. – E continuou seu caminho, forçando suas pernas a andar.


Felipe não ia desistir assim tão fácil. Agora que estava ali, iria levá-la pra casa.


– Sabe, esse negócio de andar na chuva é bem legal nos filmes, mas na vida real só vai deixar você doente. – Ele falou.


– Quando eu chegar em casa, tomo um remédio. – Ela disse sem parar de caminhar.


– Vamos logo! Entra no carro, Tuana. – Ele precisava gritar pra poder ser ouvido na chuva forte.


– Felipe, você pode seguir seu caminho. Está só perdendo o seu tempo. – Ela gritou também.


– Você não vai entrar mesmo? Depois não diz que eu sou grosso. – Ele falou.


Tuana só deu uma olhadinha de lado e o ignorou. As dúvidas rodavam dentro de sua cabeça. Estava achando que iria ficar louca assim. A chuva já estava bem forte. E fazia muito barulho. Ela estava morrendo de frio, mas não iria entrar naquele carro. Podia ser perigoso. E tentador, ela pensou.


– Anda! – Felipe apareceu ao lado dela e agarrou o seu braço. Tuana foi pega de surpresa. Olhou pra ele. Os seus cabelos estavam molhados, e sua roupa também. Ele estava com uma camisa branca que já estava ficando transparente, mostrando o corpo, perfeito, dele. Ela se deixou levar.


Os dois entraram no carro. Tuana ficou sentada bem encolhida e não sabia que reação ter. Felipe ligou o aquecedor e deu partida no carro. A casa dela não era mais tão longe dali, mas os dois sentiam que ia ser um caminho longo.


O silêncio reinou ali. Só se ouvia o som do ar quente saindo. Tuana queria se jogar pela janela e ao mesmo tempo queria ficar e perguntar o que tinha sido aquilo no esconderijo. Mas seus lábios estavam grudados.


Felipe dirigia, mas nem prestava atenção a estrada. A cada segundo ele olhava de canto para Tuana. Ela estava bem encolhida, meio que afastada dele, encostada na porta do carro. Que situação mais louca era aquela. Ele nunca precisou passar por isso com uma garota. Elas sempre vinham cheias de papinhos com ele, sempre querendo algo mais. Mas ali estava ele com uma garota que parecia ignorá-lo com muito prazer. E ele percebeu que não gostava disso. Iria brincar com ela. Não sabia mais o que fazer.


– Você pode parar ali. – Ele a ouviu dizer pela primeira vez em vários minutos. Ele olhou pra onde ela apontava. Ficou um pouco chateado porque já tinham chegado a casa dela.


Felipe parou o carro onde Tuana pediu. Ela ficou lá parada durante um minuto, os dois sem dizer nenhuma palavra. Quando ela foi abrir a porta, ele a trancou. Ela virou e o encarou com expressão de dúvida e surpresa.


– O que você ta fazendo? – Ela perguntou.


– Preciso perguntar uma coisa pra você antes de ir. – Ele disse.


Tuana ficou olhando. Ai meu Deus, ele vai perguntar sobre o esconderijo.


– Sabe... – Felipe começou a falar. – Isso é bem estranho.


Tuana não tinha entendido.


– Estranho? – Ela falou. – Sim, é bem estranho você me trancar em seu carro. Eu preciso ir agora. – Ela tentou abrir a porta novamente, mas ele não deixou.


– Isso não é estranho pra mim. Sempre faço isso. – Ele deu um sorrisinho idiota. Tuana teve vontade de bater nele e ao mesmo tempo sorrir também.


– Você pode falar logo, porque eu quero sair daqui. – Tuana disse, tentando se fazer de irritada.


– É que eu geralmente não deixo as coisas incompletas. – Ele falou. Tuana percebeu que ele estava chegando mais perto dela. Perto demais. – Eu gosto de fazer tudo perfeito.


– Eu não entendo aonde você quer chegar. – Ela disse. Sua voz já começava a perder volume.


– Lá no esconderijo. Alguma coisa ia acontecer ali antes de Brenda chegar. E isso está gerando milhares de dúvidas em minha cabeça. E eu não gosto de não ter minhas perguntas respondidas. – Felipe falou. – Mas você sabe do que estou falando.


Tuana estava chocada. Ele também estava confuso. A cabeça dele também estava cheia de dúvidas. Ela não sabia se era bom ou ruim. Definitivamente ruim, ela pensou. Eu espero que seja ruim.


– Eu... – Ela tentou falar, mas não sabia o que dizer. Respirou fundo e resolveu ser bem direta. Foda-se. Vou entrar nesse joguinho. Isso tem que acabar logo. – Você se refere ao nosso quase beijo, certo?


Felipe não esperava isso. Definitivamente não. Ele ficou surpreso e por um momento só conseguiu ficar olhando. Mas percebeu que ela estava começando a jogar com ele. Gostou de conhecer essa parte determinada dela. Ele iria até o fim agora.


– Sim, o nosso quase beijo. – Ele disse com um sorrisinho de canto. – E como eu ia dizendo, não gosto de deixar coisas inacabadas. E esse ‘quase’ aí no meio frase não combina comigo.


– É mesmo? – Tuana começou a ser irônica. – Não vejo como você poderia refazer essa frase. – Ela estava entrando em zona de perigo, e sabia muito bem disso. Mas estava gostando dessa parte corajosa dela. Queria ver até onde isso ia dar.


– Você é tão bobinha, não é?


– Se fazer de boba às vezes salva as pessoas de certas situações.


– Às vezes... – Felipe agora estava bem perto de Tuana. Novamente ela podia sentir a respiração dele se juntando com a sua. Algo gritava em sua cabeça. Duas coisas ao mesmo tempo. Perigo! Recomeço! Perigo! Recomeço! Mas só uma delas poderia vencer. E a mais sensata, provavelmente, venceu. Perigo!


Nesse momento quase tão íntimo dos dois, Tuana acordou para a realidade, e como ele estava distraído, ela conseguiu abrir a porta e saiu do carro. Ouviu a porta do motorista abrir também. Ela começou a correr, mas naquela chuva era bem difícil. Ele agarrou o braço dela.


– Que coisa feia Tuana. – Ele a repreendeu, de brincadeira, no meio rua, gritando para ser ouvido. Os dois ficaram se olhando por um tempo. Piscavam sem parar por causa das gotas de chuva que caim em seus olhos. Mas com atenção sempre fixa um no outro.


– Eu não sou uma qualquer. Não sou sua ex. – Tuana disse. Não tinha certeza porque tinha dito aquilo, mas é que já tinha ouvido falar que a tal de Bárbara era uma piriguete. Uma garota fácil.


Felipe só olhou pra ela com um brilho nos olhos. Ela não sabia dizer se era raiva ou se eram as gotas de água em seus cílios. Mas foi rápido, e depois ele estava sorrindo.


– Sabe, amanhã tem a inauguração de uma boate, de um amigo meu. Tenho convites pra levar quem eu quiser. E eu quero levar você.


– De jeito nenhum. – Tuana falou. A mão dele ainda segurava o seu braço.


– Te pego aqui às 20h em ponto. – Ele falou sorrindo.


– Você ta surdo? Eu não vou sair com você. – Tuana gritou mais alto do que precisava realmente.


– Amanhã, Tuana. – Felipe disse. Aproximou o rosto do ouvido dela. – Amanhã. – Ele sussurrou.


Tuana sentiu um arrepio ao ouvir a voz dele tão perto. Ele foi afastando o rosto de seu ouvido bem lentamente. Parou perto o bastante pra seus narizes tocarem um ao outro. Tuana sentiu seu corpo arrepiar. Ele deu um beijo na bochecha dela, só que baixo o bastante pra tocar o canto de sua boca. O coração dela disparou.


– Vou avisar ao pessoal. – Ela disse aquilo logo que percebeu que não conseguiria recusar o convite. Felipe olhou um pouco decepcionado para ela. Mas era melhor do que nada. Pelo menos ela iria. – E eu vou com Camila, não precisa me buscar. - Felipe deu um sorrisinho e assentiu de leve com a cabeça.


Ele soltou o braço dela tão rápido quanto correu de volta para o carro. Teve que se segurar para não calar a boca daquela garota com um beijo. Mas ele sabia, que como ela tinha dito, ela não era uma qualquer. Ela não é a Bárbara, ele pensou. Sem comparação. Ele ligou o carro, deu uma última olhada na garota caminhando até desaparecer dentro de um condomínio, e seguiu o seu caminho. Caminho esse que parecia bem incerto agora.


Tuana entrou em casa com a cabeça longe. Não acreditava ainda que tinha aceitado aquele convite. O que as meninas iriam dizer? No momento ela só queria tomar um banho e deitar em sua cama. Mas lembrou que precisava comer antes. Não tinha fome, mas ia fazer um esforço pra agradar sua mãe.


Tuana sorriu ao perceber que era a primeira vez em dois meses que tinha passado mais de uma hora sem pensar NELE. E ainda conseguia sentir o calor da mão de Felipe em seu braço.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Reviews? A Tuana tá enrolando não é?! A cabeça dela está confusa. Mas essa boate promete... xD
Algum review? Podem dizer o que acharam, vou ficar mega feliz. Agradecida desde já :DD



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