O Santo De Aquário escrita por athena no seinto


Capítulo 4
Polypus


Notas iniciais do capítulo

A primeira batalha da fic! O clima na Sibéria esquenta!



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Acordou cedo no dia seguinte e encontrou Natássia em casa. Ela rezava triste, segurando com a mão enfaixada um terço da Cruz do Norte. Uma ombreira âmbar jazia sobre a mesa, ao lado de três pratos vazios. Albert fazia o café da manhã:

                - Bom dia - tendo o cumprimento retribuído instantaneamente - O que houve?

                - Nada, Camus - respondeu Natássia - Apenas chegamos mais cedo que o costume e eu aproveitei para orar.

                - A fé move montanhas - disse ele.

                A menina levantou a cabeça, agachou-se e deu um forte abraço nele, o fazendo corar. Percebeu que a jovem possuía um coração quente e sentiu um calor parecido com o da noite passada.

                Durante a refeição, notou algo estranho no local - uma urna coberta por um pano areia. Este não era o único fato curioso. Notou que todas as vezes que retornaram de alguma viagem de última hora, estavam carregados de equipamentos. Com certeza eles não trabalhavam em outras cidades cortando lenha, como dissera Natássia. Resolveu ser ofensivo:

                - Posso treinar com vocês? - Kok-i-Noor engasgou-se com o leite.

                - Trei ... cof, cof... treinar?

                - Eu sei que treinam - disse esperto - Qual outra explicação para as feridas e essas coisas - apontou para as ombreiras.

                - São apenas exercícios... - tentou a garota, mas Camus queria saber a verdade.

                - Vocês usam o cosmo não é? - Natássia derrubou sua caneca. Albert não contara para ela sobre o ‘tipo’ de fogueira que ensinara para o menino.

                - Eu ensinei a ele, ontem - revelou.

                - Camus - começou ela, recompondo-se - Só estas cicatrizes não indicam que usamos o cosmo.

                - Quando você me abraçou, eu senti um ardor como quando eu alcancei a cosmoenergia. Não adianta mentir.

                Chegara aonde queria - o silêncio denunciou que as atividades suspeitas eram as mesmas que o garoto desconfiara. Não tardou a refazer seu pedido:

                - Posso treinar com vocês hoje?

                - Hoje não dá - Albert seguiu para a janela - O tempo está para Pó de Diamante.

                - O que é isso? - perguntou curioso como sempre.

                - Nesta região da Sibéria existe um tipo diferente de neve, mais fina e branca, muito bonita - narrou ele, virando-se para Camus - No entanto, é uma beleza traiçoeira, pois ela se acumula sobre tudo, formando um casulo glacial.

                Voltou para o quarto e tentou recordar-se de alguma citação da neve no livro de Kok-i-Noor. Nada veio em sua mente. Nem mesmo os nomes de golpes escritos por Kardia remetiam ao Pó de Diamante. “Será que ele podia criar golpes com seu cosmo?”, pensou. E passou o resto da manhã elevando sua força interior, no gelado chão de seu recinto.

                Um pouco mais tarde, uma barulheira atrapalhou bruscamente a leitura de Camus. Correu para a sala e não encontrou ninguém em casa. Abriu a porta e foi beijado pela brisa gélida do ártico. Era a primeira vez que saía de casa desde que foi salvo por Albert. Deparou com a floresta de pinheiros bem afastada. O casebre localizava atrás da serra perto da cidade. Era uma região repleta de montanhas inteiras esculpidas no gelo. Um lago congelado à esquerda tomava conta do horizonte. Porém, o que mais chamou atenção foram algumas figuras sobre o gelo - duas delas eram conhecidas.

                Aproximou até uma distância onde poderia ouvir o tumulto sem ser notado. Albert e Natássia pareciam discutir com seis homens fortemente armados e um líder, de capa negra e cabelos pardo-acinzentados bem arrumados. Na frente dele, um homem e uma mulher foram encapuzados com sacos escuros e tiveram os punhos presos. Permaneciam agachados à beira de um buraco aberto sobre a lagoa congelada:

                - Só vou dizer mais uma vez, solte-os! - brandiu seu mestre, coma a urna nas costas, apontando para os reféns.

                - Com todo prazer - respondeu o chefe, dando um chute e derrubando as duas vítimas nas águas frias - Eles terão um fim justo como todos os outros invasores de cruzeiros.

                - ONDE PODE HAVER JUSTIÇA NISSO??? - berrou Natássia, correndo na direção dos mal feitores.

                Nunca tinha visto a ira da garota. “Correndo sem proteção contra os caras maus de armas, ela é maluca?”, matutou o raciocínio do garoto. Três dos bandidos começaram a atirar e ele se abaixou com os sons de tiros. Mesmo assim, pode ver Natássia desviando das balas com grande destreza. Sobre as costas da jovem, a aura de uma imensa cruz soprava contra seus inimigos. Camus pode sentir a cosmoenergia dela aumentando cada vez mais. Dando um salto elevado, os dedos de Natássia brilharam num intenso carmesim:

                - Agulha Austral! - e o golpe se realizou.

                Quinze fios escarlates atingiram os agressores. Cinco pontos em cada, sendo quatro nos membros e o último no coração. O formato dos ataques e a imagem sobre a moça clareou a mente do menino. Não era nada menos que uma constelação - a de Cruzeiro do Sul.

                O pânico tomou conta dos larápios restantes. Os semblantes horrorizados se intensificaram aos movimentos de Albert. Ele arqueou os dois braços e mostrou seu cosmo:

                - Pó de Diamante! - um intenso deslocamento de ar frio soterrou apenas três dos inimigos.

                Foi o suficiente para Camus descobrir que o termo tratava-se também de um poderosíssimo golpe gelado. Fitou a cena carismático, querendo muito aprende-lo em um futuro próximo. No entanto, a voz grave do líder do bando abafou qualquer ser vivo do local. Não apenas a voz, mas a visão. Uma espécie de armadura fulva resplandecia com o reflexo solar. Era o que o homem escondia sobre sua capa:

                - Há tempos estava à sua procura, cavaleiro de bronze cuja força iguala os de ouro!

                O mundo pareceu parar por um instante. O espanto foi geral. Pela presença repentina de um cavaleiro maligno, mas também pela revelação que fez a alma de Camus contente - seu mestre era um cavaleiro do zodíaco.

                Não hesitou em abrir sua urna, e uma armadura branca recobriu seu corpo:

                - Pensas mesmo que sua armadura de Cisne resistirá tanto quanto a minha escama? - desdenhou de Krest.

                - Sabia que não era um cavaleiro de Atena, você serve Poseidon, certo? - concluiu corretamente.

                - Isso mesmo, preste bem atenção no nome da pessoa que irá mandá-lo para o outro mundo - aumentando a voz progressivamente - POLYPUS DE KRAKEN!!!

                O atacante ergue suas mãos ao alto, uma a frente da outra. Um cosmo forte emanou dele, formando um aglomerado de líquidos frios:

                - Tufão da besta lendária!

                O ciclone avança e atinge seus alvos. Embora Natássia e Camus fossem impelidos alguns metros, Albert manteve-se imóvel, como se o ataque não tivesse surtido efeito:

                - Isso é impossível - espantou-se Polypus - Sua armadura deveria ter perecido ao meu poder!

                - Sabe por que ela está intacta? - indagou, não obtendo resposta - Já faz dois anos que ela deixou de ser uma simples proteção. Foi revivida com o sangue do próprio Mestre do Santuário após a batalha contra os guerreiros de Graad Azul.

                O brilho dourado do Cisne finalmente ressuscitou, por ter sua reconstrução feita por um antigo cavaleiro de ouro. Todavia, não amedrontou o agressor, que no instante mergulhava em altas gargalhadas sem sentido:

                - Hahahaha! Que peculiar. Quer dizer que foram os cavaleiros do zodíaco que facilitaram nosso trabalho de resgatar Poseidon?

                - O que isso significa? - a situação invertera. A insegurança agora nascia sobre o lado de Camus, Natássia e Kok-i-Noor.

                - Desde sua última Guerra Santa contra Hades, Atena selou Poseidon no território de Graad Azul, mas ocorreram alguns conflitos entre vocês - a frescor da tarde repentina não dificultara sua descrição - Me juntei ao cavaleiro de Sirene para resgatá-lo. E com os poucos adversários, facilmente recuperamos o objeto que Atena selara.

                A perturbação atingira Krest. Os jovens pupilos não conseguiam imaginar o que representara a informação de Kraken. Suou frio e proferiu as malditas palavras de seus piores pesadelos:

                - Poseidon, voltou?

                O silêncio foi aterrador. Longo como a noite no polo norte. Corpos imóveis e atentos ao menor deslize de personalidade. Um sorriso indiscreto denunciou a afirmação de sua pergunta:

                - Não ressurgiu completamente, mas seu hospedeiro vive e dorme tranquilamente como qualquer garoto de dois anos.

                Algo do solo subiu como rasante. A aprendiza do cavaleiro de Atena entrara de vez para a luta mortal. Camus notou de relance alguns movimentos rápidos de seu mestre. Polypus teve sua atenção voltada para Natássia, que tentou arrasá-lo com um poder superior do que seus parceiros receberam. Mesmo com o pôr do sol, a aurora boreal nasceu e fundiu-se com o cosmo dela:

                - Turbilhão da Estrela Guia! - vibrou, arremessando-o contra o servo de Poseidon. Esgueirou-se sem esquivar, pois não teve chance para tal. Ao mesmo instante, Albert aproveitara a distração para usar a maior amplitude do Pó de Diamante.

                - Kholodinyi Smerch!

                Polypus foi projetado muitos metros acima do chão. Caiu arrasado, cambaleando sobre a borda do buraco aberto no gelo:

                - Vamos tentar salvá-los! - preocupou-se Natássia, correndo em direção ao derrotado cavaleiro.

                A armadura de Kraken deixou o corpo do homem e seguiu para as profundezas do lago. Erguendo com esforço o rosto, Polypus finalizou sua vida com uma predição macabra:

                - Não adianta mais menina, eles já se foram - o sangue escorreu de seus lábios, e a morte ficou mais próxima - Eu amaldiçoo a terra onde este sangue toca. Meu sucessor irá treinar e fortalecer-se aqui, e buscará v-vingança contra os traidores do... nosso d-deus... Poseidon.

                Tombou. Não foi o único a paralisar-se. Realmente não havia mais nada a ser feito. Apenas o lamento daquelas pessoas que tanto sofreram nas mãos do malvado. Abaixaram seu espírito e se abraçaram. Camus retornou escondido. "Talvez, se eu fosse forte o suficiente, poderia ter salvo eles". O desejo de se tornar cavaleiro ficou mais claro em seu coração. Não queria mais sentir o pesar de um falecimento. Era a pior sensação que já sentira.


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