Save Me From The Nothing Ive Become escrita por KáAndrade


Capítulo 8
Paradise.


Notas iniciais do capítulo

AEEEE. MAIS UM CAPÍTULO FRESQUINHO...



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Fazia tanto tempo que ela não ia àquele lugar. Ana nem sabia se ia se lembrar de onde exatamente ficava. Só que era o único lugar que ela podia ficar sozinha, com seus pensamentos. Talvez não tão sozinha. Ela levava dois maços de cigarro, e algum dinheiro com ela. Só precisava ficar ali por alguns dias.










— Pra onde ela foi, John? — Daniel perguntou, seu olhar transbordava preocupação.

— Se você não sabe, eu vou lá saber? Você sabe que a culpa é sua, não sabe, Daniel? Se você não tivesse feito aquilo com ela, ela não teria feito tudo isso!

— Ok, eu sei. Eu sou um idiota. Realmente um merda, como ela disse. — suspirou. — Ok, não precisamos entrar em pânico... Ela só desapareceu. Ela deve ter ido para a casa de alguém...

— Pra casa de quem, Daniel? Ninguém gosta dela!

— Ela deve ter alguém, cara. Alguém que não seja da faculdade, não é? — ele procurou o apoio de Stuckey.

— É verdade... — ele disse. Daniel suspirou aliviado — Ela deve ter um namorado por aí.

— Cala a boca, John. — rosnou. — O que vamos fazer? Nós temos de procurar por ela!









— Hey, Ana — Felipe gritou. — Trouxe uma pizza fresquinha meio calabresa, meio catupiry pra gente... Sei que gosta! — disse, colocando a pizza em cima da mesa junto com a garrafa de coca-cola. — Ana, não vai descer? Esse cheiro está delicioso. — depois de um minuto de completo silêncio, ele subiu as escadas para o quarto dela. — Vamos lá Ana, não fique assim... — abriu a porta do quarto e estava totalmente escuro. Tateou pelo interruptor e ascendeu a luz. Ela não estava lá.

— Droga. — murmurou ele, descendo rápidamente escada abaixo.










Já era o terceiro cigarro que ela fumava em uma hora. Precisava parar. Geralmente, ficar naquele lugar lhe deixava calma, mas hoje, não estava ajudando. Ela ainda sentia vontade de fugir, e de matar Daniel.

— Se você existe, por favor, me ajude, eu lhe imploro — gritou, olhando para o céu, e depois dando uma gargalhada. Ela era mesmo idiota, gritando para o nada. Ela olhou para aquela paisagem. A cachoeira era tão linda. Resistiu por alguns segundos, mas logo estava jogando as roupas em uma pedra e ficando só de calcinha e sutiã para mergulhar.

Assim que a água invadiu todo seu ser, ela se sentiu melhor. Mais viva. Queria poder ficar ali para sempre. Ouviu Wonderwall tocando em algum lugar por ali.

— O que...? — Ela então percebeu que vinha do seu monte de roupa. Era seu celular. Ana não queria atender. Deixou o celular tocar até cair na caixa postal.










— Ela não atende. — Felipe disse, olhando preocupado para os garotos. — Eu achei que não teria que lhe dar uma surra, mas estava errado, não é? — falou para Daniel. Seu celular tocou de novo, ele olhou para o visor, surpreso. — Ah não... — respirou fundo e atendeu. — E aí pai? Como está a viajem?

— Oi filho. Nós estamos com saudades. Acabamos de chegar em Paris. Sua mãe quer ficar alguns dias na capital da moda, e depois nós vamos voltar — ele riu. — daqui a uns 3 dias, mais ou menos. — Felipe desesperou-se.

Hum... ok. Aproveitem então.

— E como estão as coisas? Como está a faculdade?

— Está... está ótima!

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, percebendo o tom de voz urgente do filho. — A Ana aprontou mais alguma?

— A Ana? — Felipe riu, encomodado. — Claro que não. Ela está bem, pai. Ela tá no quarto dela agora, quer...

— Não! — O pai respondeu. — deixe a garota. Estamos com saudade de você, meu filho.

— Também estou de vocês. Mande um beijo para mamãe. Tchau. — disse, desligando o celular e olhando de Stuckey para Daniel. — Estamos ferrados.












Ana nem tinha percebido que era tão tarde, até que o céu escureceu. Saiu da água e se secou com sua toalha e colocou suas roupas. Precisava comer alguma coisa. Andou por uma hora e encontrou um grupo de garotos numa clareira.

— Hum, com licença...? — Ana parou na frente do grupo. — Alguém sabe onde... onde tem uma barraca de comida por aqui? — perguntou. Depois olhou para o rosto dos garotos e para o que estavam segurando. Aquilo ali era... maconha?

Bom, tem uma barraca de lanche a alguns minutos daqui — disse um garoto de cabelo crespo e sardas pelo rosto.

— Hum... Ok. Obrigado. — disse. Andou alguns passos e virou-se de novo para o grupo. — Vocês estão fumando...

— Maconha. — o mesmo garoto respondeu. — Quer um pouco?

— Hum... eu... — deu de ombros. — Pode ser. — o garoto lhe deu uma folha, enrolou e acendeu. Ana já tinha fumado maconha á um tempo atrás, o gosto não era nenhuma novidade para ela. Sentou-se com eles.

— Você está aqui a muito tempo? — uma garota com cara carrancuda e cabelos curtos em uma touca perguntou.

— Estou aqui desde cedo — Ana respondeu, hesitante. — E vocês, sempre vem pra cá?

— É claro. Esse é nosso ponto de encontro quando... quando estamos cansados de nossas vidas — a garota disse, fumando.

— Entendo. E como vocês se conheceram? — ela olhou para uma garota encolhida entre a carrancuda e um loiro de olhos azuis. Ela parecia bem mais nova do que todos eles. A garota carrancuda percebeu que Ana estava olhando para a menina.

Ah, essa é minha irmã, Mary. — disse, apontando para a garota ao seu lado. — Nossa mãe é solteira e vive na balada, então eu cuido dela.

— E ela...?

— Não! — A garota cortou. — Não deixo Mary fumar maconha. Ela só tem 12 anos. Ela só vem pra cá porque... Bom, porque ela não poderia ficar sozinha em casa, não é?

— E qual é sua história? Porque aceitou fumar maconha? Achei que era uma daquelas certinhas. — o de sardas riu.

— Bem... não. Eu já tinha fumado maconha a muito tempo atrás. — sussurrou, como se fosse alguma coisa horrivel de se falar — bem, eu parei, mas aí vocês apareceram e a minha vida não está tão bem, então... — o garoto a olhava, inquisidor, junto com todo o grupo que formavam umas 20 pessoas. — Eu... foi um garoto.

— Isso não é novidade — o crespo balançou a cabeça. — Quando conheci Alice — ele apontou para a garota carrancuda — ela havia acabado de terminar um namoro de 3 anos, e estava arrasada. — Ana olhou para ela, surpresa. Mas a garota olhava para a fumaça da maconha, entediada.

— E também não é novidade Ian contar para todos os novatos do grupo o que aconteceu comigo — disse, olhando para ele.

— Me desculpe, Lice. — respondeu ele. — Meus pais, eles... Eu não conheci meus pais, na verdade. Fui deixado na casa de um pastor, e era tratado como um lixo. Então, com 10 anos de idade eu fugi.

Todos eles lhe falaram suas histórias, menos o loiro de olhos azuis, que estava olhando fixamente para ela, e isso estava assustando. Perto de tudo que acontecera com os outros, sua vida era boa demais. E dai que seus pais não ligam para ela? E dai que um idiota não lhe deu valor? Era muito pior não ter conhecido os pais, não era?

— E você? — perguntou, olhando para o garoto de olhos azuis, que fez uma cara de surpresa.

— Hum... Eu... — gaguejou. — Meus pais estavam indo para Orlando. Eu ia logo atrás, em outro voo com o meu avô. Era meu aniversário de cinco anos de idade. — suspirou, apertando os olhos. — No meio do nosso voo, ligaram pro meu avô. Ele me disse para ficar na cadeira, enquanto ele ia ao banheiro atender o telefone. Quando ele voltou, ele estava chorando. Eu não entendi o porquê. Então, ele me disse que meus pais tinham sofrido um acidente no voo. Que ele tinha perdido o controle. Que eles estavam mortos. — disse, ainda com os olhos fechados.

A garota estava sem fala. Queria abraçar o garoto e dizer que tudo ficaria bem. Mas isso não era verdade. Os pais dele não iam voltar mais, aquilo não ia ficar bem.

— Eu... eu não sei o que dizer. — ela sussurrou. — me desculpe por fazer você falar.

— Ah, o que é isso — Ian disse, olhando para o garoto. — Arthur tem de aprender que só se consegue viver o presente, enfrentando os fantasmas do passado. Você tem que superar isso, cara. — Arthur levantou de súbito, andando para a barraca armada atrás deles.

— Parabéns, Ian — Alice bateu palmas, irônica. — Você não devia ter feito isso.

— Ele que é um bebezão. — O garoto respondeu. Virou-se para a Ana. — Então...?

— Ana — disse.

— Então, Ana. Tem lugar para passar a noite?



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Notas finais do capítulo

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