Save Me From The Nothing Ive Become escrita por KáAndrade
Notas iniciais do capítulo
AEEEE. MAIS UM CAPÍTULO FRESQUINHO...
Fazia tanto tempo que ela não ia àquele lugar. Ana nem sabia se ia se lembrar de onde exatamente ficava. Só que era o único lugar que ela podia ficar sozinha, com seus pensamentos. Talvez não tão sozinha. Ela levava dois maços de cigarro, e algum dinheiro com ela. Só precisava ficar ali por alguns dias.
— Pra onde ela foi, John? — Daniel perguntou, seu olhar transbordava preocupação.
— Se você não sabe, eu vou lá saber? Você sabe que a culpa é sua, não sabe, Daniel? Se você não tivesse feito aquilo com ela, ela não teria feito tudo isso!
— Ok, eu sei. Eu sou um idiota. Realmente um merda, como ela disse. — suspirou. — Ok, não precisamos entrar em pânico... Ela só desapareceu. Ela deve ter ido para a casa de alguém...
— Pra casa de quem, Daniel? Ninguém gosta dela!
— Ela deve ter alguém, cara. Alguém que não seja da faculdade, não é? — ele procurou o apoio de Stuckey.
— É verdade... — ele disse. Daniel suspirou aliviado — Ela deve ter um namorado por aí.
— Cala a boca, John. — rosnou. — O que vamos fazer? Nós temos de procurar por ela!
— Hey, Ana — Felipe gritou. — Trouxe uma pizza fresquinha meio calabresa, meio catupiry pra gente... Sei que gosta! — disse, colocando a pizza em cima da mesa junto com a garrafa de coca-cola. — Ana, não vai descer? Esse cheiro está delicioso. — depois de um minuto de completo silêncio, ele subiu as escadas para o quarto dela. — Vamos lá Ana, não fique assim... — abriu a porta do quarto e estava totalmente escuro. Tateou pelo interruptor e ascendeu a luz. Ela não estava lá.
— Droga. — murmurou ele, descendo rápidamente escada abaixo.
Já era o terceiro cigarro que ela fumava em uma hora. Precisava parar. Geralmente, ficar naquele lugar lhe deixava calma, mas hoje, não estava ajudando. Ela ainda sentia vontade de fugir, e de matar Daniel.
— Se você existe, por favor, me ajude, eu lhe imploro — gritou, olhando para o céu, e depois dando uma gargalhada. Ela era mesmo idiota, gritando para o nada. Ela olhou para aquela paisagem. A cachoeira era tão linda. Resistiu por alguns segundos, mas logo estava jogando as roupas em uma pedra e ficando só de calcinha e sutiã para mergulhar.
Assim que a água invadiu todo seu ser, ela se sentiu melhor. Mais viva. Queria poder ficar ali para sempre. Ouviu Wonderwall tocando em algum lugar por ali.
— O que...? — Ela então percebeu que vinha do seu monte de roupa. Era seu celular. Ana não queria atender. Deixou o celular tocar até cair na caixa postal.
— Ela não atende. — Felipe disse, olhando preocupado para os garotos. — Eu achei que não teria que lhe dar uma surra, mas estava errado, não é? — falou para Daniel. Seu celular tocou de novo, ele olhou para o visor, surpreso. — Ah não... — respirou fundo e atendeu. — E aí pai? Como está a viajem?
— Oi filho. Nós estamos com saudades. Acabamos de chegar em Paris. Sua mãe quer ficar alguns dias na capital da moda, e depois nós vamos voltar — ele riu. — daqui a uns 3 dias, mais ou menos. — Felipe desesperou-se.
— Hum... ok. Aproveitem então.
— E como estão as coisas? Como está a faculdade?
— Está... está ótima!
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, percebendo o tom de voz urgente do filho. — A Ana aprontou mais alguma?
— A Ana? — Felipe riu, encomodado. — Claro que não. Ela está bem, pai. Ela tá no quarto dela agora, quer...
— Não! — O pai respondeu. — deixe a garota. Estamos com saudade de você, meu filho.
— Também estou de vocês. Mande um beijo para mamãe. Tchau. — disse, desligando o celular e olhando de Stuckey para Daniel. — Estamos ferrados.
Ana nem tinha percebido que era tão tarde, até que o céu escureceu. Saiu da água e se secou com sua toalha e colocou suas roupas. Precisava comer alguma coisa. Andou por uma hora e encontrou um grupo de garotos numa clareira.
— Hum, com licença...? — Ana parou na frente do grupo. — Alguém sabe onde... onde tem uma barraca de comida por aqui? — perguntou. Depois olhou para o rosto dos garotos e para o que estavam segurando. Aquilo ali era... maconha?
— Bom, tem uma barraca de lanche a alguns minutos daqui — disse um garoto de cabelo crespo e sardas pelo rosto.
— Hum... Ok. Obrigado. — disse. Andou alguns passos e virou-se de novo para o grupo. — Vocês estão fumando...
— Maconha. — o mesmo garoto respondeu. — Quer um pouco?
— Hum... eu... — deu de ombros. — Pode ser. — o garoto lhe deu uma folha, enrolou e acendeu. Ana já tinha fumado maconha á um tempo atrás, o gosto não era nenhuma novidade para ela. Sentou-se com eles.
— Você está aqui a muito tempo? — uma garota com cara carrancuda e cabelos curtos em uma touca perguntou.
— Estou aqui desde cedo — Ana respondeu, hesitante. — E vocês, sempre vem pra cá?
— É claro. Esse é nosso ponto de encontro quando... quando estamos cansados de nossas vidas — a garota disse, fumando.
— Entendo. E como vocês se conheceram? — ela olhou para uma garota encolhida entre a carrancuda e um loiro de olhos azuis. Ela parecia bem mais nova do que todos eles. A garota carrancuda percebeu que Ana estava olhando para a menina.
— Ah, essa é minha irmã, Mary. — disse, apontando para a garota ao seu lado. — Nossa mãe é solteira e vive na balada, então eu cuido dela.
— E ela...?
— Não! — A garota cortou. — Não deixo Mary fumar maconha. Ela só tem 12 anos. Ela só vem pra cá porque... Bom, porque ela não poderia ficar sozinha em casa, não é?
— E qual é sua história? Porque aceitou fumar maconha? Achei que era uma daquelas certinhas. — o de sardas riu.
— Bem... não. Eu já tinha fumado maconha a muito tempo atrás. — sussurrou, como se fosse alguma coisa horrivel de se falar — bem, eu parei, mas aí vocês apareceram e a minha vida não está tão bem, então... — o garoto a olhava, inquisidor, junto com todo o grupo que formavam umas 20 pessoas. — Eu... foi um garoto.
— Isso não é novidade — o crespo balançou a cabeça. — Quando conheci Alice — ele apontou para a garota carrancuda — ela havia acabado de terminar um namoro de 3 anos, e estava arrasada. — Ana olhou para ela, surpresa. Mas a garota olhava para a fumaça da maconha, entediada.
— E também não é novidade Ian contar para todos os novatos do grupo o que aconteceu comigo — disse, olhando para ele.
— Me desculpe, Lice. — respondeu ele. — Meus pais, eles... Eu não conheci meus pais, na verdade. Fui deixado na casa de um pastor, e era tratado como um lixo. Então, com 10 anos de idade eu fugi.
Todos eles lhe falaram suas histórias, menos o loiro de olhos azuis, que estava olhando fixamente para ela, e isso estava assustando. Perto de tudo que acontecera com os outros, sua vida era boa demais. E dai que seus pais não ligam para ela? E dai que um idiota não lhe deu valor? Era muito pior não ter conhecido os pais, não era?
— E você? — perguntou, olhando para o garoto de olhos azuis, que fez uma cara de surpresa.
— Hum... Eu... — gaguejou. — Meus pais estavam indo para Orlando. Eu ia logo atrás, em outro voo com o meu avô. Era meu aniversário de cinco anos de idade. — suspirou, apertando os olhos. — No meio do nosso voo, ligaram pro meu avô. Ele me disse para ficar na cadeira, enquanto ele ia ao banheiro atender o telefone. Quando ele voltou, ele estava chorando. Eu não entendi o porquê. Então, ele me disse que meus pais tinham sofrido um acidente no voo. Que ele tinha perdido o controle. Que eles estavam mortos. — disse, ainda com os olhos fechados.
A garota estava sem fala. Queria abraçar o garoto e dizer que tudo ficaria bem. Mas isso não era verdade. Os pais dele não iam voltar mais, aquilo não ia ficar bem.
— Eu... eu não sei o que dizer. — ela sussurrou. — me desculpe por fazer você falar.
— Ah, o que é isso — Ian disse, olhando para o garoto. — Arthur tem de aprender que só se consegue viver o presente, enfrentando os fantasmas do passado. Você tem que superar isso, cara. — Arthur levantou de súbito, andando para a barraca armada atrás deles.
— Parabéns, Ian — Alice bateu palmas, irônica. — Você não devia ter feito isso.
— Ele que é um bebezão. — O garoto respondeu. Virou-se para a Ana. — Então...?
— Ana — disse.
— Então, Ana. Tem lugar para passar a noite?
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