11:11 escrita por Rita3011


Capítulo 2
02. The Wish (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:
Deixem reviews ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/248065/chapter/2


(2) O Desejo

Segunda-feira, outra vez. Uma semana de tortura, outra vez. Não, eu não gosto da escola. Não gosto de estudar, não gosto das aulas nem dos professores, e principalmente, não gosto da Amber. Eu não gosto de muita coisa. Eu não gosto da minha vida. Nem gosto do meu despertador irritante que está a tocar neste momento.

Estendi a mão para o desligar e com apenas um olho aberto, espreitei para confirmar as horas.

Oh meu Deus… Deve ser do sono. Deve ser de estar cansada, eu não posso estar a ver bem! São onze horas da manhã! Eu entro às oito (ou entrava…)! O despertador devia ter tocado às sete, não às onze! Já perdi uma aula, e estou quase a perder outra, que acaba às onze e meia!

– Não, não, não, isto não me está a acontecer... É um sonho! É isso! Um sonho! – Belisquei-me – Au! – Respirei fundo – calma… Não é assim tão mau…

Pois não, não é mau. É péssimo!

Corri para a casa de banho, e não conseguia acreditar na lástima que estava o meu cabelo.

– Ai mãezinha…

Não tenho tempo para tomar um duche… “O que é que eu faço?”, perguntei-me.

Corri para o quarto para pegar numa roupa qualquer. Abri o mesmo armário de sempre, no mesmo sítio de sempre, que continha a mesma roupa de sempre. Nem pensei muito, simplesmente peguei na t-shirt às riscas vermelhas e brancas, e nas primeiras skinny jeans que vieram à mão, e em três minutos já estava vestida e com as converse pretas nos pés.

Corri para a casa de banho, penteei o cabelo (que continuava horrível, devo referir), e lavei os dentes. É possível que o meu cabelo nunca tenha estado tão mau?

Tentei de tudo: molhei-o, penteei-o, amarrei-o… Nada parecia funcionar. Acabei por fazer uma trança para o lado esquerdo, que não ficou lá muito bem. Gastei mais dois minutos a aplicar um pouco de maquilhagem para disfarçar, no mínimo, as olheiras.

No fim, olhei-me ao espelho. Comecei por dizer em voz alta:


“Porque é que estas coisas só me acontecem a mim? Porque é que não posso ser linda, rica e popular como a Amber? Só por uma vez… Queria tanto sentir-me amada. Amada pelo Jake. Amada pelos milhões de amigos. Amada até pelas pessoas que não conheço. Queria tanto uma casa de sonho, e as roupas da moda. Mas porque é que a vida é tão injusta? Eu só desejo que a minha vida mude completamente…”

Enquanto sentia pena de mim mesma, lembrei-me que ainda tinha de ir para a escola. Suspirei, voltei ao quarto e olhei o relógio. Eram 11:11. Espera, acabou de mudar para as 11:12. A próxima camioneta vem às 11:15 e daqui até à escola demora cerca de dez minutos, por isso, não vou chegar à aula a tempo, de qualquer das formas.

Peguei na mochila, e pu-la às costas. Passei na cozinha e peguei num pequeno pacote de bolachas, para comer pelo caminho. Saí de casa, e dirige-me à paragem mais próxima. Estive à espera, no máximo, um minuto até a camioneta chegar. Sentei-me e encostei a cabeça no vidro, e pensei na minha infeliz vida, enquanto ia comento as bolachas.

Quando cheguei entrei no recinto escolar a campainha tocou. A esta hora à vária gente a sair e já estava a imaginar o filme: Toda a gente a fazer que não me vê, e a jogar ao “vamos todos contra a Melanie”.

Quando a “multidão” se começou a aproximar, tudo o que fiz foi ficar quietinha e fechar os olhos com força à espera do “tsunami”. Ouvia as pessoas a passar por mim, mas não senti um único encontrão. Estranho. Abri os olhos e vi o Mike a dirigir-se no mesmo sentido das outras pessoas. O Mike é o melhor amigo de infância do Jake. O seu nome é Michael. Apenas os amiguinhos nojentos têm “permissão” para chamá-lo de Mike. Ao passar por mim, parou ao meu lado.

– Então, tudo bem? – Perguntou o loiro, giro e bem constituído.

Espera, o quê? Olhei para todos os lados para garantir que se dirigia a mim.

– Estás bem? – Perguntou ele, provavelmente estranhando eu olhar para todo o sítio que é sitio.

– Eu… estou… estou ótima. E… E tu, Mike? Quer dizer, Michael! – Corrigi rapidamente.

– Michael? – Perguntou com ar de confuso – Desde quando é que me chamas Michael?

Pergunta antes, desde quando é que eu te chamo alguma coisa…

– Ahh… Pois, eu tenho que ir ali… Xau…- Disse eu, saindo dali a passo apressado.

Sim, eu estava a desperdiçar a minha grande oportunidade de falar com alguém interessante. Mas bloqueei, ia fazer o quê?

Dirigi-me rapidamente ao meu cacifo, mas a combinação não esta a funcionar.

– Então? – murmurei para mim mesma, já um pouco furiosa – sete… cinquenta e quatro… vinte e três… oito… quarenta e seis. – Não abria.

Dei-lhe um pontapé já, obviamente, furiosa.

– Desculpa, não quero ser indelicada, mas podes parar de bater no meu cacifo…? – virei-me e vi um miúda loira, a sorrir timidamente, e claramente com medo estampado na cara.

– Teu quê?

– Cacifo número oito. É o meu… - disse-me ela nervosamente.

– Desde quando? – Perguntei-lhe super confusa - O cacifo oito é meu desde o quinto ano!

– Hum… - começou ela novamente nervosa – o teu é o setenta e sete…

– O quê? Do sessenta ao noventa são os dos populares… E para além disso, sei bem que o setenta e sete é o da Amber, com duas portas. – Sim, a Amber tem um cacifo com duas portas e não uma como toda a gente… Deve-se achar muito importante…

– Deves estar confusa… O da Amber é o setenta e oito, mesmo ao lado – a rapariga não pôde terminar a frase, pois nesse exato momento alguém puxou o meu braço para fora dali.

Não consegui ver quem era no momento, mas bastou-me olhar para aquela mala Chanel horrorosamente linda, que percebi logo. Eu tinha acabado de ser arrastada para a casa de banho das raparigas, mas propriamente no cubículo das populares. Mas que raio… O que é que se passa com ela??

– O que é que se passa contigo?? – Perguntou a Amber

O quê?

– O quê? Tu é que me arrastaste para casa de banho sem nenhum aviso prévio e perguntas-me isso a mim? – Franzi uma sobrancelha

– Porque é que estavas a falar com aquela miúda? E que roupas são essas? Espera lá, isso é uma mochila? E isso nos teus pés são sapatilhas? Mas o que é que te aconteceu? – Pergunta-me ela aterrorizada. Após um longo suspiro da parte dela, continuou. – Estás com sorte, porque eu trago sempre mudas de roupa na mala do carro. Para teu próprio bem, não saias daqui até eu chegar, a não ser que queiras sofrer uma humilhação total, sim?

Sem eu poder dizer mais nada, ela saiu, fazendo soar, a alto e bom som, os seus tacões agulha. Mas que raio é que acabou de acontecer aqui…?

Eu não sabia bem o que fazer. Desobedecer à Amber poderia ter as suas consequências. Mas eu não estava preocupada com aquilo naquele momento. Eu estava mais era a pensar no porquê dela sequer me ter dirigido uma palavra. Olhei em volta e apercebi-me de onde estava. Num cubículo cor-de-rosa, e não branco como os outros seis. E era bem maior que os outros. Eu estava no cubículo das populares. Eu, Melanie Parker, estava no cubículo das populares.

O meu telemóvel vibrou no bolso. Era uma chamada, e não aparecia o número. A única coisa que aparecia era “11:11”.

– Estou…? – Perguntei após premir o botão para atender.

Aproveita a vida que sempre desejaste. Beep… beep… beep… beep… – Sim, desligaram-me o telefone na cara.

Não percebi esta. A vida que sempre desejei? Fiquei algum tempo a olhar para o telemóvel a tentar “encaixar as peças do puzzle”. Não, eu não sou boa em metáforas.

Voltei a ouvir aqueles tacões agulha e guardei rapidamente o telemóvel, mesmo sem saber bem porquê, talvez uma reacção de momento. A porta abriu-se e a Amber entrou com uma saca na mão.

– Pega. – Disse-me ela esticando o braço com a saca na mão e sorrindo. Sim, sorrindo. Para mim…

– Ok…

Sim, eu devia ter agradecido. Não, por acaso não devia. Isto não está a fazer sentido nenhum. Porque é que ela está a ser assim comigo? E que raio de chamada foi aquela?

É isso! Como é que eu não percebi antes? Era tudo uma partida! Foi por isso que o Mike falou comigo hoje! Foi por isso que aquela miúda disse que o cacifo era dela. Eles devem tê-la ameaçado ou alguma coisa do género! Só pode!

– Eu já percebi tudo… Estão a ver se me apanham não é?

– O quê? – Uau, ela era mesmo boa atriz. Se não soubesse, diria que estava mesmo confusa…

– Tu sabes bem do que é que eu estou a falar… Isto de estares a ser simpática comigo… O que é que ganhas com isso?

– Eu não estou a perceber… Porque é que não haveria de ser? Somos melhores amigas desde o quinto ano…

– Hã? Tu bateste com a cabeça ou algo assim? Nós nunca fomos amigas! Sempre me fizeste a vida negra!

– Então e esse colar é o quê? – Disse ela após ficar um longo momento sem proferir uma palavra.

– Que col… - Levei a mão ao pescoço e tinha um colar. Um colar que eu nunca tinha visto na minha vida. Era metade de um coração e tinha um ‘A’. – Mas o que…

– É igual ao meu. O meu tem um ‘M’. Temos isto desde o sétimo ano. Mel, tu estás bem…? – Questionou ela vendo a minha cara de horror.

Ok, talvez não fosse uma partida… Mas então, o que se estava a passar?

– Apanhei-te! – Disse eu, rindo muito nervosamente. Após ficar um pouco sem expressão, provavelmente a raciocinar o que se tinha passado, ela finalmente reagiu.

– Ah! Apanhaste mesmo! – Riu-se – veste-te isso – disse entregando-me o saco -quando estiveres diz. Eu vou ali retocar a maquilhagem – sorriu e saiu.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Críticas construtivas?
Love, x.