Você Pode Ser Meu. escrita por Maria Vinagre


Capítulo 33
Capítulo 33 - Noite no hospital.


Notas iniciais do capítulo

Narrado pela Madison. Tá ai um capitulo grande do jeito que pediram. Boa leitura!



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Fui andando aquele corredor me sentindo horrível por ter deixado o Jessie naquele quarto de hospital. Eu estava tendo um mal pressentimento sobre o que iria acontecer. Eu andava com a Brooke no meu colo chorando um pouco, ela cansou de chorar alto chamando o Jessie, então ela deitou a cabeça no meu ombro e ainda dizendo "Jessie.. Jessie.." ela estava tão mal que eu queria fazer alguma coisa quanto á aquilo. Eu dei um beijo nela, e dei pro meu pai carregá-la. "Dona Bertha, preciso falar com você." E puxei ela pra um canto. Contei o que estava acontecendo, e ela ficou muito mal. Tentei consolá-la, mas eu não tinha condições pra isso. Apenas nos abraçamos e choramos juntas. "Querida, obrigada por estar aqui." Ela me agradecia como se estivesse fazendo um favor. Mas eu estava alí pela minha vida, ele era a minha metade, sem ele, a minha vida era fútil, sem vida. Me sentei em uma das cadeiras e meu pai disse que tinha que ir embora. Deu Brooke pra D. Bertha, me deu um beijo no rosto, e foi embora. Eu, claro, mesmo se ele perguntasse eu iria querer ficar aqui. Eu não estava me preocupando com a escola, com os preparativos da festa que iria ter, eu nem lembrava disso. Mensagens lotavam minha inbox do celular perguntando sobre a decoração, a grande faixa escrito "Vote in Bully Academy's Prom Queen" que eu não tinha nem começado a fazer. D. Bertha conversava com a Brooke, tentando fazê-la ficar melhor e tentando explicar o que acontecia com ele. Veio um médico até a mim com uma caixa de papelão média, eu olhei pras mãos dele, e ele me entregou.

Médico: São os pertences do Jessie.

Na caixa tinha uma legenda escrito “Jessie Hughes”  e ele acrescentou dizendo – São os pertences dele que achamos na rua, e dentro do carro, que está no guincho São Emílio. –

Eu: Os estragos foram grandes?

Mádico: Não, é reparável, mas, digamos que seu namorado teve muita sorte.

Enquanto ele ia embora, eu abrí a caixa e dei uma boa olhada nas coisas que tinham lá. Eu ví os óculos dele, não tinha uma das lentes e a outra estava trincada. A armação estava toda arranhada. Eu lembrei dos momentos que estávamos juntos e ele me olhava com esses óculos enormes de nerd, lembrei do dia em que ele me disse "Seja bem vinda" quando peguei o armário perto do dele, e de como ele limpava as lentes toda vez que tinha de se sentar no concurso de soletração. Veio uma tristeza enorme no meu coração. Tinha na caixa também a correntinha dourada dele, as chaves e o alarme do carro, um chaveiro que ele andava sempre com a chave de casa, seu celular e um pendrive. Era seu pendrive de músicas, que estava dentro do carro. Eu fechei a caixa e recostei minha cabeça no encosto da poltrona e coloquei um dos meus braços em cima, cobrindo a minha visão. Eu abrí os olhos, e só via escuridão. Então fiquei pensando no quanto é ruim pra alguém não enchergar, e o meu Jessie está passando por isso. Ele está sofrendo, e eu não posso fazer nada. Eu tenho medo dele não poder mais ser o mesmo. Eu comecei lembrar do dia em que ele me levou pro prédio do pai dele e dormimos juntinhos, e ele não tirou o óculos nem pra dormir. A visão dele é realmente muito fraca. 

Eu estava alí com meus pensamentos, e Dona Bertha levantou com a Brooke, e foi falar com um alguém. Depois de uns minutos, ela veio me chamar. 

D Bertha: Vamos pra casa querida, o Jessie vai passar por uma cirurgia, talvez só poderemos ver ele amanhã.

Eu: Não posso ir embora e deixar o Jessie aqui. E se não precisar de cirurgia?

D. Bertha: Querida, já assinei os papeis de responsabilidade, ele tem que passar pela cirurgia. Vamos embora, você precisa dormir. 

Eu: A Brooke precisa dormir, a senhora precisa dormir. Eu preciso ficar aqui com o Jessie.

D. Bertha: Não vou insistir, se quiser ficar, fique, mas saiba que não é preciso.

Eu: Boa noite.

D. Bertha: Está com fome?

Eu: Um pouco.

D. Bertha: Antes de eu ir, vou até a lanchonete do outro lado da rua, ví pela janela que fica aberto 24 horas. 

Eu: Ótimo, muito obrigada.

D. Betha: O que vai querer?

Eu: Pode ser um misto quente.

D. Bertha: A Brooke já dormiu, vou deixá-la no carro e já volto.

Eu: Tudo bem.

Minha barriga roncava, e minha cabeça doia. E não demorou muito até a Dona Bertha chegar com o meu misto quente e uma lata de refrigerante. Seria o meu "kit de sobrevivencia" daquela noite. Mas sei que ficaria pior se eu voltasse pra casa, eu não iria dormir, não iria comer. Estava me sentindo responsável por ele. Acabei de comer e joguei as coisas no lixo. Voltei pra minha cadeira, e fiquei respondendo minhas sms. 

Quando era 5 e meia da manhã, eu não tinha dormido, nem cochilado. Então uma enfermeira disse que eu já podia ver o Jessie. Ela pediu pra eu fazer o máximo de silêncio o possível porque ele estava dormindo. Quando ela abriu a porta, ví o Jessie em uma cama de ponta cabeça. Era uma maca, que fazia com que a cama ficasse daquele jeito. Ele estava dormindo mesmo, e olhei pra enfermeira, e ela me chamou pra fora e fechou a porta. 

Enfermeira: Queria que você entedesse. Ele vai ficar em coma, durante 10 dias daquele jeito, se alimentando na veia, e respirando por aqueles aparelhos. No acidente, deu descolamento de retina, por isso ele não conseguia ver quando acordou. Ele nos disse que conseguiu ver depois que acordou do acidente, e logo escureceu a vista. Então concluimos que não era tão sério, e tem 99% de chance de ele melhorar. Só se interromper esse processo antes de 10 dias. 

Eu: Dez dias? 

Enfermeira: Sim.

Eu: Dez dias é muito tempo, eu... Estou muito triste.

Enfermeira: E muito cansada. Precisa dormir, vá pra casa, vai poder vê-lo de novo só daqui dez dias. 

Eu olhei pelo vidro da porta, e ví meu Jessie naquela situação, me deu um nó na garganta, e uma dor de cabeça por vê-lo daquele jeito. 

Enfermeira: Você vai a escola?

Eu: Vou, e preciso ir pra casa, hoje eu vou á aula.

Enfermeira: São 5:27 agora, acha que dá tempo? - Disse a enfermeira com pena de eu estar naquela situação - Não acha melhor faltar á aula hoje?

Eu: Não é isso o que o Jessie iria querer. 

Então eu saí daquele corredor e liguei pra Dona Bertha, porque alguém deveria ficar alí com o Jessie, por mais que ela tivesse assinado um termo de responsabilidade. Não demorou muito, veio a vó do Jessie e falou pra eu entrar no carro.

Eu: Obrigada por vir ficar com ele - disse descendo as escadas - Depois da aula eu venho pra cá.

D. Bertha: Não vim ficar com ele, vim te levar pra escola. E não se preocupe com nada, trouxe uma de suas roupas e seus livros que estavam em casa.

Eu: E quem fica aqui com o Jessie?

D. Bertha: Tudo bem, o médico ligou dizendo o que aconteceu com a visão do Jessie. Querida, ele está em boas mãos. Vem, vamos tomar um café da manhã, e eu te levo pra escola. 

Então eu entrei no carro da vó dele, e por um segundo decidi confiar em alguém.


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Notas finais do capítulo

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