Meu pai soltou meu abraço e me disse pra eu levantar. Eu não estava prestando a atenção em nada no momento, eu engatinhei pra perto da parede, me encolhí, e me apoiei com as costas na parede, e com a cabeça entre os joelhos. Eu estava soluçando, e saia e entravam pessoas por aquela porta. Meu pai se sentou ao meu lado, e eu encarava meus all star preto surrado, enquanto sentia lágrimas incessáveis pelo meu rosto. Dona Bertha já havia chegado com a Brooke que gritava o nome do Jessie pelo imenso corredor. Eu não aguentei vê-la daquele jeito, então me levantei e peguei ela no colo. Ela encaixou as pernas na minha cintura, e eu coloquei a minha mão nas costas dela e batia de leve, e outra mão na cabeça dela. Eu encostei na parede e fui escorregando de vagar com ela no colo. Eu sequei minhas lágrimas com a manga da minha blusa, e forcei um sorriso pra ela, olhando ela nos olhos. Ela estava aflita, chamando o Jessie sem parar. Eu olhei pra cima e ví Dona Bertha discutindo com um médico sobre o Jessie e passando informações dele. Meu pai observava a cena. Eu voltei a olhar pra Brooke e forçando outro sorriso disse que o Jessie tava bem, e que ele iria sair daquela sala rapidinho. Ela confiava em mim. Ela ainda chorando, esticou os bracinhos e abraçou meu pescoço e deixou seu peso sobre mim. Ela ia parando de chorar aos poucos e eu beijava o pescocinho dela, com aquele cheirinho de boneca. A Dona Bertha estava chorando e eu fiz sinal pra ela disfarçar. Ela foi para o banheiro, e eu levantei com a Brooke no meu colo e fui sentar na sala de espera. Meu pai apareceu com um copo de água nas mãos. Eu bebí um gole e dei o resto pra Brooke, que segurou com as duas mãozinhas e a cada gole que ela dava, ela me perguntava se o Jessie estava bem. Eu dizia que sim. Mas estava com os olhos cheios de lágrimas. Uma delas escorreram, e ela limpava com seu dedinho e voltava a me perguntar, ou a dizer que queria ver o Jessie. Eu estava parecendo calma, e forte. Mas, a qualquer movimento eu poderia desabar. As mangas da minha blusa branca estavam molhadas e amassadas e tanto que eu passava pelo rosto, evitando minhas lágrimas. Eu nunca havia passado uma aflição daquelas. Eu estava com muito medo do que podia acontecer. Estava ansiosa, queria que alguém passasse por aquela porta e me desse notícias do meu Jessie, mas estava com medo das notícias não serem boas. Estava em uma situação controvérsia, e ter que se mostrar forte naquele momento tão horrível era tão difícil, mas estava fazendo isso por que eu amava aquela garotinha, ela era uma parte da minha família. A primeira garota com que me dei bem na vida. E meu pai estava sentado com Dona Bertha mais longe de nós, ela estava chorando e falando com meu pai. Ela estava preocupadíssima. Foi então que ouví passos andando de vagar no corredor. Eu sabia que era algo sobre o Jessie, porque geralmente eles andam rápido quando estão trabalhando. Quando vão dar alguma notícia, eles vem andando de vagar. Quando dei por mim, estava de pé com a pequena no colo. Ele veio andando em minha direção e disse: "Você é a namorada do Jessie Hughes?"