Eu: Como é o nome do filme?

Jessie: Não sei, espera, vou pegar a capa do dvd.

Eu: Não precisa, senta ai. - Disse, colocando meus pés em cima da mesinha de centro. - 

Jessie: Tem certeza que não quer saber? 

Eu: Tenho... Tudo bem.

Jessie: Você é engraçada. 

Eu: Jessie, agente tem que conversar.

Jessie: Tudo bem, pode começar. - disse ele abaixando o volume da tv -

Eu: Sabe, eu sei que você tem problemas, e que, você não está nada bem ainda. Mas você não pode fingir pra mim que está tudo bem.

Jessie: O que quer que eu diga?

Eu: Não é bem isso, só queria saber se está realmente bem quando eu pergunto se está tudo bem e você diz "sim".

Jessie: Porque quer saber?

Eu: Porque me importo com você.

Jessie: Estlou bem, Mady.

Eu: Não, você não está. Eu sei que não. E, tudo bem, você tem todos os motivos do mundo para não estar.

Jessie: Mas, eu não te entendo. Você convive comigo. Eu estou ótimo. Estou perto da minha irmãzinha, minha avó cuida de de mim, e eu tenho minha melhor amiga todos os dias aqui, quando eu preciso. Estou bem.

Eu: Jessie, não minta pra mim.

Jessie: O QUE QUER QUE EU DIGA, MADY? - Disse ele em um tom bravo, mas logo se arrependendo de ter falado assim, completou - Não quero que você chegue aqui em casa e eu descarregue toda a tristeza que tem em mim em cima de você! Eu sempre achei que isso fosse acontecer, meu pai não era normal da cabeça! - eu percebi uma lágrima escorrendo nos seus olhos - Minha mãe tinha medo dele. 

Eu: O que.. Eu, é... Seu pai era o que?

Jessie: DOENTE, MADY. Aparentemente ele era normal, mas ele era doente de ciúmes da minha mãe. Ele a amava de mais, e por isso fez o que fez.

Eu: Sua mãe amava ele também?

Jessie: Amou muito já. Mas ele já a traiu. Então depois de meses ele viu que não vivia sem ela. E pediu pra voltar. Só que ela não quis.

Eu: Isso foi antes de você nascer? 

Jessie: Não... Eu era nascido, e eu via as brigas deles desde pequeno. Minha mãe não se importava comigo, ela só... Chorava.

Eu: Isso não quer dizer que ela não se importava com você.

Jessie: Ele ameaçou matá-la se ela não voltasse com ele.

Eu: Foi ai que ela voltou... 

Jessie: É. E depois de 5 anos veio a Brooke. A minha felicidade. A felicidade dele também.

Eu: Então sua mãe estava com seu pai... Pra proteger a vida dela?

Jessie: É, só que minha mãe sempre foi fiel a ele. E ele via traição onde não existia. - Disse ele desabando em choro - 

Eu: Jessie, não precisa falar mais nada, me desculpa... - Ele ia dizer alguma coisa, mais ao invés disso, ele deu um soluço de choro. Eu o abracei, e acariciando seus cabelos, dizia baixo em seu ouvido "vai passar" e ele ia parando de chorar aos poucos. -

O filme estava acabando. Agente não disse mais palavra alguma. Eu deitei a cabeça nas pernas dele pra quebrar o clima tenso que ficou. Jessie estava sendo forte o tempo todo, e eu toquei em sua ferida, mas isso precisava acontecer. Algo desse tipo precisava acontecer pra ele ganhar mais minha confiança e não se esconder mais atrás dos fatos. Jessie poderia ser meu, minha responsabilidade, eu sentia que mais ninguém podia estar com ele, e cuidando dele do mesmo jeito que eu cuidaria. 

Eu: Vou pra casa. 

Jessie: Eu te levo. E não aceito não como resposta. 

Eu: Tudo bem... Vou aceitar sua carona. - Disse levantando do sofá e indo em direção a porta. - 

Cheguei em casa, e depois de falar com meu pai, tomar um banho e comer alguma coisinha, deitei na minha cama e fiquei lembrando da minha vida como era sem o Jessie. Era simplesmente... O CONSELHO ESTUDANTIL! Tinha me esquecido totalmente disso. Eu fazia parte e a reunião já tinha passado. Eu não tinha planejado nada para o fim de semana, e estava totalmente despreparada pra próxima festa que teria. Mas, não era a culpa do Jessie. A culpa era minha por estar me preocupando de mais com isso. Virei de lado e dormi. Quem sabe não consigo resolver tudo no dia seguinte?