Overpass escrita por itsmeclarag


Capítulo 4
Silence




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- O que está acontecendo aqui? – perguntei assim que saí do carro observando a multidão que se aglomerava e olhava para cima. Acompanhei os olhares me voltei completamente revoltado para todos. – Por causa disso? Por causa de uma garota mimada? Vocês não têm mais nada pra fazer?

- Justin! – Ralph me repreendeu parando do meu lado e em seguida pôs a mão na cintura e começou a observar a grande imbecil sentada no viaduto.

- Isso só pode ser brincadeira. – esbravejei. – Eu vou lá saber qual é a dela. – conclui começando a andar até que Ralph me puxou.

- Está louco? Você ouviu bem o nosso superior. Nada de aproximação, ela pode tomar uma atitude drástica.

- Que tome! – falei puxando meu braço de sua mão e voltando a andar.

- Justin! – sua voz ao longe não criou importância alguma.

Comecei a desviar das pessoas que ali estavam e sentia meu sangue pulsar cada vez mais forte enquanto colocava uma touca verde musgo. Estava frio e mesmo com a temperatura tão baixa as pessoas estavam ali aos montes. Era impossível por na minha cabeça que eu estava ali apenas por causa de uma adolescente mimada que deveria ter brigado com os pais e estava prestes a se matar. Queria mais é que se jogasse mesmo e acabasse com aquele papelão. As pessoas olhavam, analisavam, cochichavam dando uma importância àquilo que já me dava dor de cabeça. Não sou do tipo de homem que carrega consigo uma sacola de paciência e alguém deveria avisar a aquela garota que ela estava atrapalhando o transito. Subi o viaduto quase esmagando os dedos em minha mão. Um vento gelado batia em meu rosto cada vez que me encontrava mais alto. A noite escura me deixava apenas ver sua sombra e eu estava cada vez mais perto. Alguns gardas estavam ali controlando o trânsito em cima do viaduto para que os carros não passassem mais. Eu não sabia se alguma ajuda havia sido chamada além dos policiais, mas eu não estava com tempo nem com paciência para esperar. Estava ofegante e a uns 15 metros da garota. Minhas pernas pararam de se mover e apenas a observei. Minha raiva estava completamente dominante em meu corpo. O vento forte fazia com que o cabelo dela se mexesse rapidamente. Suas duas mãos estavam repousadas sobre suas coxas e ela olhava o horizonte como se estivesse completamente desconectada do mundo. Mas infelizmente, pelo grande número de câmeras e repórteres, a esse momento o mundo já devia estar completamente conectado a ela. Limpei minha garganta, por um segundo senti pena. Por qual motivo ela estaria ali. Tudo bem, não importa. Eu tinha apenas que terminar meu plantão e ir para casa.

- O que você está fazendo aqui? – falei alto para que ela me ouvisse e sentia o vento gelado corando minhas bochechas. Apenas tive um eterno silêncio de volta, mas continuei esperando alguma reação.

- Estou falando com você. – dei um passo devagar parar sempre mantendo a voz firme até que a garota virou o rosto me mostrando seus olhos vermelhos marejados e sua fisionomia de dor.

Seu cabelo negro balançava com o vento e seu rosto estava completamente descoberto e livre para que eu enxergasse quem ela era. Não a reconhecia, procurei em minha memória aonde eu havia visto aquele rosto, mas ela não passava de uma desconhecida. Seus olhos estavam presos ao meu e o barulho da noite se silenciou. Apenas ouvia o vento que batia em seu cabelo e podia escutar as batidas altas e fortes do meu coração. Um nervosismo havia eletrizado minhas veias.

- Estou aqui para te ajudar. – falei começando a estranhamente me preocupar com aquela situação, mas seu silêncio ainda imperava. – Qual o seu nome? – insisti percebendo que toda minha raiva passava devagar.

Ela nada respondia. Seu silencio cortava a noite. Queria ouvir sua voz e queria saber porque ela estava ali. Não era exatamente uma preocupação, mas houve uma urgência em entendê-la. Seus olhos me mostravam uma dor forte que apertou meu coração. Não sou o melhor com as mulheres, não sou o melhor observador, mas aqueles olhos estavam me mostrando que algo não estava bem.

- Tudo bem. – dei de ombros fingindo não me importar e me apoiei no mármore que ela estava sentada mantendo os 15 metros distantes. Sua expressão ficou confusa e eu cruzei os braços relaxadamente. – Posso ficar aqui a noite toda até você me dizer o seu nome.


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