A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 16
Décimo terceiro dia


Notas iniciais do capítulo

OI LINDOS, SURPRESA!
Resolvi postar dois diazinhos antes de presente pra vocês pra esse fim de ano
e também porque não sei se vou conseguir postar no dia primeiro odiandiofna
mas enfim, tá aí pra vocês, se deliciem e comecem a rezar pra que eu consiga escrever alguma coisa essas férias, se n vocês tão fodidos



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Zeus acordou, pelo que parecia ser o centésimo dia seguido, com Deméter o incomodando. Não conseguira dormir bem nenhum dia desde o desaparecimento de Perséfone, e só ficara pior quando os outros descobriram onde ela estava. Estava tão irritado já que queria gritar na cara da irmã que a culpa era dele, que fizera um acordo com Hades em troca de ajuda bélica e que não tinha como resgatá-la.

Mas já havia preparado Hermes. Quebrara seu acordo com Hades e não tinha mais volta. Queria que fosse porque era um pai dedicado, que visava apenas o bem de seus filhos e não queria que a pobre menina vivesse no Mundo Inferior, mas na verdade era para tentar parar de se incomodar. Iria ser perturbado pelo resto dos seus dias se não fizesse nada, então na verdade nem tivera escolha. Era ou isso ou sofrer eternamente.

Hera o incomodara também, mas bem menos e não pelos mesmos motivos. Ela sabia do acordo e sabia que ele estava errado. Deveria ter deixado Perséfone com o irmão e ter contado para Deméter o que acontecera. Seria terrível, mas pelo menos poderia argumentar com Hades alguns dias de visita, um meio de comunicação entre as duas, qualquer coisa. Assim, corriam o risco de perder um poderoso aliado em futuros casos de guerra. O problema maior nem era não ter Hades em seu lado, já que ele raramente interferia em batalhas, e sim caso ele quisesse ir contra eles, para o outro lado.

Levantou da cama e colocou um robe por cima de suas vestes de dormir. Deméter já o esperava, bufando, na mesa de café da manhã. Hera nem tentava mais argumentar com ela, apenas comia e saía para trabalhar, deixando Zeus sozinho com seus problemas. Se livrou da irmã mais rapidamente, já que Hermes iria buscar Perséfone no outro dia. Deméter apenas o ameaçou – novamente – caso o plano não desse certo e foi embora para seu templo.

O rei dos deuses quase sorriu ao se ver sozinho no silêncio logo de manhã quando sua felicidade fora atrapalhada por um puxar de cadeira do outro lado de sua mesa. Zeus bufou e o deus sorriu.

–Você fez merda, não fez? - Poseidon sorria de orelha a orelha e se servia de bolo de cereais. Balançou a cabeça e continuou. - Eu sei que você ter algo a ver com isso, Hades não é dessas coisas e as defesas do Olimpo estavam mais baixas desde a última visita dele aqui.

–Ora, senhor detetive, onde foi que ouviste isso? - Zeus revirou os olhos e continuou comendo.

–Você não é o único que conhece bem as ninfas por aqui. Tenho minhas fontes. - O deus sorriu novamente e Zeus foi obrigado a sorrir também. Parou para pensar durante uns minutos em quem é que poderia ter ouvido o acordo com Hades ou sua conversa com os guardas, mas o Olimpo era cheio de outros deuses e ninfas que poderiam dedurá-lo, iria passar a manhã ali. - Pois então, o que foi que você fez?

–Um acordo. - “Azar, já estou me incomodando mesmo.

–Com Hades, Zeus?

–Sim.

–Sabia que ele não te daria um exército de graça.

–Incrível você ser o único a nota.

–Ele não foi. - “Hum, péssima ideia.” Zeus ergueu os olhos e sorriu para a deusa. - Mas eu não quis perguntar, você não me contaria.

–Ai você decidiu me seguir e ouvir escondida a nossa conversa até que ele me contasse?

–Uhum. - Atena deu um sorriso falso para o deus do mar e se sentou na mesa para comer também. - Só não me diga que você fez o que eu acho que você fez. - Ela se virou para Zeus.

–Historicamente, você está sempre certa, então me diga o que você acha que eu fiz. - O deus acariciou a mão da filha e continuou comendo. Ficaram em silêncio enquanto comiam até Atena responder.

–Você vendeu Perséfone para Hades em troca de ajuda. - Zeus baixou os olhos e Poseidon riu.

–Ela realmente sempre acerta, não sei nem porque você esconde as coisas dela. - Poseidon se apoiou na cadeira e cruzou os braços, fitando os deuses.

–Pai, isso foi horrível.

–Foi necessário.

–Não, não foi. Tínhamos outros meios, não precisava ter feito isso com ela.

–Ai, nem foi tão ruim. Hades é um belo partido. - Poseidon sorriu, a boca cheia de bolo. Atena revirou os olhos e o ignorou. Ia continuar quando Poseidon a interrompeu. - É sério. Ele gosta mesmo dela, eu já notei. Ele não vai fazer nada de mal para ela.

–Ela é a deusa da primavera morando em uma caverna sem luz.

–Ela é uma deusa menor que vive presa em casa que vai se tornar uma rainha. - Poseidon respondeu, sério. Se dava melhor com Hades do que com Zeus, e entendia muito bem os desejos do irmão.

–Rainha? Eles vão mesmo se casar?

–Não. - Zeus interrompeu, terminando de comer e servindo-se de chá. - Hermes vai buscá-la amanhã.

–Não garante que eles não vão se casar. - Atena respondeu. - Você já falou com Hera?

–Por quê?

–Porque se eles vão casar, ela vai ficar sabendo.

–Asneira, Hera não os deixaria casar e eles não a contariam.

–Irmão, Hera é bem próxima de Perséfone.

–Afrodite também, e ela nem se preocupou com o desaparecimento da menina.

O silêncio da realização preencheu a sala.

–Ela sabia. - Poseidon disse. Atena esbravejou. Odiava Afrodite por muitos motivos, e a fé cega que ela possuía no amor era um deles. Era possível que o rapto fosse até ideia dela. Quando a deusa fitou Poseidon, ele estava sorrindo. - Óbvio que ela sabia.

–Qual a graça? - Poseidon apenas ergueu suas mãos em rendição e fixou seu olhar nos olhos de Atena.

–Então a culpa não é minha. - Zeus os interrompeu. - Ele já tinha tudo planejado.

–Você apenas fez com que ele tivesse razão. É claro que a culpa é sua. - Atena repreendeu o pai. Poseidon assentiu.

–Concordo com a Biblioteca aqui. Se você não tivesse acordo, ele teria de passar por suas defesas e você poderia ir buscá-la sem quebrar nenhum pacto.

–Nós não juramos pelo Estige. - Foi só o que Zeus disse. Poseidon exalou em deboche.

–Você é muito ingênuo mesmo. - O deus começou a se levantar. - Pode até ser que Hermes traga ela de lá, mas será só porque ele permitiu. Hades sempre foi o mais esperto de nós. Se ele tem um plano, as coisas vão ir do jeito que ele quer. Bom dia.

O deus saiu e deixou pai e filha sozinhos.

–Ele tem razão. - Atena se forçou a dizer. Odiava concordar com Poseidon, mas ele tinha mesmo razão. - Hades é meticuloso e seu reino é fechado. Se ela sair de lá é porque ele quis assim. Não se iluda achando que está resolvendo o problema.

Por sorte, foi assim que o assunto morreu. Zeus não a respondeu até terminar de tomar seu café e depois eles foram para sua varanda e conversaram sobre outras questões importantes. Atena era que nem Hera, não precisava julgá-lo por muito tempo. Suas palavras ficavam cravadas na mente dele de qualquer maneira.

Perto do almoço a deusa foi embora e ele voltou para o seu quarto. Sua intenção era se trocar e sair para resolver algumas intrigas, mas encontrou Hera tomando banho. Sorriu sozinho no quarto enquanto se despia. Ele precisava mesmo de um banho.

XxxxX

Sua manhã passara voando. Ele terminou todo o trabalho burocrático que estava pendente para poder tirar o dia seguinte de folga. Durante a tarde iria fazer sua revisão dos Campos e mais tarde antes de deitar leria os julgamentos que ainda precisava fazer.

Encontrou-a apenas durante o almoço, já que tomara seu café no escritório. Ela parecia cansada, havia acordado cedo e passara a manhã revendo os últimos detalhes. Seus vestidos chegaram e ela deixou para os experimentar durante a tarde.

O almoço foi calmo, somente eles dois. Perséfone o avisou sobre as mudanças que ela fizera e ele a pediu para que as terminasse até o fim da tarde e entregasse o livro a Caronte.

Terminaram de almoçar e levantaram juntos. Hades pegou na mão dela quando saíram para o corredor, fazendo-a fixar seus olhos nos dele.

–Você tem um minuto?

–Claro. Onde vamos? - Hades começou a andar com ela o seguindo. A respondeu apenas com um sorriso. Não foram longe, pararam na frente da porta da Sala de Tronos. Quando entraram, Perséfone achou iam apenas passar por ela e sair do castelo, foi apenas quando Hades parou que ela se virou e o viu.

Seu trono.

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–Você deve estar dando pulos de alegria. - Nix disse, se encostando na porta do quarto.

–Não entendi, querida. - Hécate respondeu, um sorriso falso estampado no rosto.

–Com o casamento. Sei como você preza pela felicidade de Hades. - A deusa da noite devolveu o sorriso.

–Ah, claro. Estou felicíssima. Nunca estive melhor. - A deusa respondeu, se voltando novamente para suas poções em sua cabeceira.

–Olha, eu sei que você se interessa por ele. Soube da sua última façanha. - Hécate bufou e ia a interromper mas Nix foi mais rápida. - Mas o casamento é sério e vai acontecer. Eu só espero que você não tente fazer nenhuma besteira. De preferência que nem vá, se for para fazer fiasco. - A deusa se sentou na cama e ficou esperando a outra se virar para fitá-la.

–Eu fui convidada, eu vou. Meu comportamento não lhe diz respeito. Com licença. - Hécate apontou para a porta. Nix apenas suspirou e saiu, indo esperar Perséfone junto com Delta para a prova dos vestidos.

XxxxX

–Presente. - Hades sorriu. Perséfone levou as mãos à boca. Era lindo. Era de prata pura com flores esculpidas em toda a sua volta. No lugar do meio das flores estava uma pedra preciosa, dando um pouco mais de cor, contrastando com o prata. Seu encosto era alto, do mesmo tamanho do de Hades. Formava uma curva dos braços do trono até o fim do encosto, onde os dois lados se uniam em uma ponta afiada. Ela andou até ele e o tocou. Queria sentar-se, mas não sabia se já podia. Virou-se para Hades. - E então?

– Adorei! - Ele sorriu e caminhou para mais perto dela. Perséfone aproveitou e cobriu com alguns passos a distância entre eles e se jogou em seus braços. - É lindo!

Hades enterrou sua face nos cabelos dela e respirou fundo, sentindo seu cheiro. Abraçaram-se por apenas alguns segundos, até ela o soltar novamente e agradecê-lo.

–Você pode se sentar para ver se é confortável... - Ele disse, como se soubesse o que ela queria. Ela sorriu e fez o que ele disse. Sentou-se e automaticamente se esparramou pelo trono. Ele era, sim, confortável. Um pouco mais alto do que ela estava acostumada, seus pés ficaram no chão por apenas alguns centímetros. Ele sorriu à visão dela sentada ali, a cabeça erguida, o fitando.

–Ele é sim.

–Você vai ser uma rainha maravilhosa. - Ele foi forçado por si mesmo a dizer. Ela corou instantaneamente e sorriu.

–Obrigada. - Hades foi até ela, se inclinou, beijou-lhe o rosto e foi sentar-se no seu trono.

–Não precisa ficar vermelha.

Conversaram ali por um tempo, até cada um voltar às suas tarefas.

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–Você está radiante! - Delta disse e Nix, ao seu lado, concordou.

–Obrigada! - Perséfone disse, indo até o banheiro tirar o vestido branco, longo e simples que havia experimentado. - Porém, vocês disseram isso sobre todos os vestidos que eu experimentei até agora. - Ela complementou, rindo.

–É que você é linda, meu bem. Nada vai ficar ruim nesse seu corpo jovem. - A deusa da noite respondeu, sorrindo.

–Obrigada, novamente. - Perséfone voltou vestindo um robe. - Agora, qual deles?

–Esse aqui. - A deusa disse abrindo a porta e entrando com um vestido longo, de corpete branco, com mangas que deixam o busto livre, flores pretas bordadas em quase toda sua extensão e um decote notável. Da cintura vinha uma saia de organza branco e faixas pretas de tule a cobrindo. Era perfeito. Mas o que mais animou Perséfone não foi o vestido, e sim quem o trouxera.

–Afrodite?!

–Olá, meu bem! - Nix levantou-se para pegar o vestido enquanto a jovem se jogava nos braços da deusa do amor. - Você vai ser uma noiva tão linda!

–O que você está fazendo aqui? - Perséfone conseguiu perguntar depois de soltá-la.

–Ora, eu vim para o casamento, é claro! Agora vá, experimente ele que você vai ver, vai ficar lindo em você.

Perséfone pegou o vestido e foi para o banheiro. Delta foi atrás para ajudá-la e deixou as duas deusas mais velhas conversando.

–Nix, faz tanto tempo que não nos vemos. - Afrodite sentou ao seu lado na cama.

–É verdade. Eu não subo muito e sinceramente nunca esperei vê-la por aqui.

–Confesso que não fui fã da ideia de vir, mas eu não podia perder a celebração.

–O casamento é só amanhã, querida, e nem vai ser aqui embaixo.

–Eu sei, eu sei, mas você vai ver, eu vim por uma ótima causa. Mandei fazer o vestido assim que conversei com Hades. - Nix ergueu uma sobrancelha. - Ah, você é esperta, sabia que ele não iria fazer nenhuma loucura dessas sem me perguntar se haveria chance de dar certo.

–Vou adivinhar que a ideia foi sua.

–Não, não! Eu queria algo mais pacífico, algumas jantas comigo no Olimpo até eles se conhecerem melhor, mas ele achou melhor assim. No mais, eu estava certa. Eles vão ser um ótimo casal. - Nix sorriu e concordou.

–Só não sei como tens tanta certeza.

–Ah, minha querida, o amor está no ar, e não estou falando de mim. Consegui... - Afrodite foi interrompida por Perséfone, que voltara ao quarto. A deusa do amor ergueu a mão até a boca e exclamou: - Meus deuses, eu vou chorar. - Nix sorriu e se levantou, indo até a pequena deusa.

–Você está maravilhosa, meu bem. E agora é sério. - Ambas riram e Perséfone virou para se olhar no espelho. - É o mais bonito de todos, realmente. Não havia de se esperar nada menos que isso daquela cabeça maldosa ali. - Nix apontou para Afrodite, que se levantou também e ficou do outro lado da deusa.

–Ficou perfeito, não?

Perséfone somente concordou com a cabeça. Estava atônita demais para falar. Ela realmente estava linda. O vestido, principalmente por ser feito sob medida, se encaixara perfeitamente às suas curvas. Delta foi até sua penteadeira e lhe alcançou um discreto par de brincos de ouro, com duas filetas que sustentavam uma pérola branca. Perséfone os colocou. Calçaria uma sandália preta de salto fino com cordas que eram amarradas até a metade da sua panturrilha. Se sentou na cama e respirou fundo.

–Eu vou me casar. - Foi tudo que ela conseguiu dizer. Parou de se olhar no espelho e enterrou a cabeça nas mãos. - E se eu não estiver preparada? - Ergueu os olhos para as mulheres mais velhas a sua frente. Delta se sentou ao seu lado e a envolveu com um de seus braços. Perséfone descansou sua cabeça no ombro da serva e suspirou. Afrodite sorriu e puxou uma cadeira para sentar na frente da menina, enquanto Nix se sentava no outro lado dela.

–Você ainda pode desistir, querida. Ele não quer forçar você a nada. - Delta disse, fazendo Perséfone se endireitar, balançando a cabeça em negação, fazendo lágrimas voarem para os lados.

–Eu não quero desistir. Eu quero me casar, mas eu estou com medo. Vivi sempre a mesma vida, não sei como mudar isso.

–Meu bem, - A deusa do amor começou, pegando as duas mãos de Perséfone nas suas. - vai dar tudo certo. Eu sei que é assustador, você é pequena ainda, mas é forte. Você está há duas semanas aqui e, se você não está me implorando para te levar para o Olimpo comigo, é porque você gostou. Mudar de hábitos nunca é fácil, mas uma hora você teria que sair de perto de sua mãe de um jeito ou de outro.

A menção de sua mãe fez Perséfone erguer a cabeça rapidamente.

–Como ela está?

–Eu vou te contar tudo mais tarde, não te preocupes. Agora, você está bem?

Perséfone assentiu.

–Tem certeza que vai querer se casar? - Nix perguntou. Perséfone a respondeu com um firme “sim” que fez as mulheres sorrirem. - Ótimo, porque eu odiaria ver Hades ficar a esperando no altar. - Riram juntas e Perséfone foi se trocar para não estragar o vestido.

Quando voltara, ficaram conversando. Perto do fim da tarde Delta foi entregar o livro da decoração para Caronte e Nix voltou para o trabalho, deixando Afrodite e Perséfone sozinhas, deitadas na cama da deusa.

–Então, por onde eu começo... ah, sim. Quando você sumiu...

Seria uma conversa longa para ambas as partes.

XxxxX

A janta fora animada. Depois de algumas horas conversando a sós sobre a situação em que Perséfone deixara o Olimpo, sobraram apenas assuntos felizes para a hora do jantar.

Todos estavam lá. Hades e Perséfone, como sempre, nas pontas. Hécate e Caronte nos lados de Hades, Afrodite e Nix nos lados de Perséfone e Hipnos e Tânatos entre Afrodite e Caronte e Nix e Hécate. A deusa do amor e a deusa da magia sentaram-se o mais longe possível uma da outra. Afrodite, que já inclusive havia comentado com Perséfone mais cedo, já tivera desavenças com Hécate por causa de suas poções fajutas de paixão e achara muito provável que Hades tivesse realmente falado a verdade. As duas deusas se odiavam, mais ainda quando Hécate soube que a deusa veio visitar Perséfone.

Mas a tensão entre elas não estragou o jantar. Todos trocavam histórias e taças de vinho ativamente até o final da refeição. Após a sobremesa, todos se retiraram, menos Hades, Perséfone e Afrodite.

–Você vai passar a noite aqui, Afro?

–Não, querida. - A deusa respondeu, pegando a mão da pequena e acariciando-a.

–Mas e o casamento amanhã?

–Eu volto, meu bem. - Perséfone sorriu e se animou. - Não perderia essa ocasião por nada. - A deusa respondeu, desviando seu olhar para Hades, que sorriu de volta. - Eu posso até vir mais cedo para te ajudar a se arrumar, se quiseres.

–Eu quero!

–Combinado, então! Venho perto do almoço para te acompanhar e já trago minhas loções para você passar a tarde relaxando!

Perséfone logo foi para o quarto, estava exausta, e Afrodite e Hades ficaram sozinhos. Levantaram e foram se sentar na sacada, taças de vinho nas mãos.

–Obrigado por vir. - Ele começou, virando-se para ela. - Obrigado por tudo, na verdade.

–Capaz, não precisa agradecer. Vocês dois são muito importantes para mim e eu estou muito feliz que você vão ficar juntos. - Hades sorriu e suspirou.

–No início, temi que não fosse dar certo. Ela começou muito revoltada, fui ganhando-a aos poucos. Mas funcionou.

–Claro que funcionou, eu lhe dei minha benção, disse que ia dar tudo certo.

–Você também tem sua bênção a Poseidon e lá está ele, longe de conseguir o que quer. - Hades provocou. Ambos riram.

–Poseidon é um caso diferente. Mas você vai ver, eu nunca erro. É só porque quebrar um voto de castidade é mais difícil que aguentar Deméter berrando.

–Esse é um casamento que eu não quero perder.

–Ah, querido, ninguém vai querer, só Zeus.

–Mas enfim, como anda minha amada irmã.

–Enlouquecida. Acho que te mata apenas com cereais se te ver. Parou de chorar só para começar a berrar ordem nos ouvidos dos outros. - Hades riu. Nunca gostou de Deméter mesmo. - E vocês dois?

–Estamos bem, eu acho.

–Você acha. - Afrodite o olhou com desdém. - Eu sou a deusa do amor, Hades. E ele está estampado em toda a sua cara. - Ele sorriu e revirou os olhos.

–Não seja exagerada. Estou apaixonado, sim, se é isso que você quer saber, mas por ela eu não posso responder.

–Não precisa. - Afrodite sorriu, se levantando. - Vou te deixar descansar para amanhã. Tenho que voltar ainda.

–Quer dormir por aqui? - Ele se levantou também e acompanhou ela até a porta do castelo.

–Obrigada, mas não, hoje é noite de Ares. - A deusa disse, piscando um olho para Hades e saindo pela porta. Ela usou suas pombas para se transportar rapidamente até seu quarto. Ele já estava esperando-a.

XxxxX

Hades havia decidido ler seus julgamentos perto da janela. Se deitasse, iria acabar se distraindo ou dormindo. Se ele soubesse que já iria se distrair de qualquer maneira, nem teria começado a leitura.

Ele ouviu as batidas perto da meia noite. Deu permissão de entrada mas ninguém abriu a porta, então foi até a porta e a abriu. Que sorte. Ela sorriu para ele um pouco envergonhada. Estava de camisola e com seu robe fechado por cima, apenas seus braços, uma pequena parte de seu busto e suas coxas aparecendo. Ele sorriu de volta.

–Posso entrar? - Ela perguntou quase em um sussurro. Ele assentiu e saiu da frente para ela passar, fechando a porta atrás dela. Ela parou no meio do quarto e ficou olhando-o.

–Alguma coisa errada? - Ele foi até onde estava sentado e acenou para que ela sentasse no sofá do lado de sua poltrona. Ela o fez e concordou com a cabeça. - O que houve? - Ele se virou, preocupado.

–Nervosismo. - Ele não conseguiu segurar seu sorriso.

–Não precisa ficar nervosa. - Ele levantou e sentou-se do lado dela, passando um de seus braços pela cintura dela. Ela respondeu se inclinando para perto dele e descansando a cabeça em seu pescoço. - Tem alguma coisa que eu possa fazer?

–Fica comigo. - Ele sorriu, beijou a testa da deusa e a abraçou mais forte contra ele.

–Pode deixar.

Ficaram daquele jeito por uns minutos, até ela se endireitar e sentar de frente para ele.

–Eu não entendo como ficamos assim. Há duas semanas eu te odiava com todas as minhas forças.

–Com todas as forças? - Ele perguntou, sorrindo.

–Tudo bem, talvez não todas, mas eu nunca imaginei que me sentiria assim.

–Eu entendi. Há coisas que não foram feitas para ser explicadas.

–Você ficou muito tempo com a Afro. - Ela sorriu também.

–Ela tem razão.

–Eu sei. - Os olhos da deusa se fixaram nos dele. Afrodite realmente tinha razão, ela sabia sim o que estava sentindo, mas não via por quê, não via como chegara ali. Porém, o que importava naquela hora não eram os porquês, os meios, os fins, e sim eles dois.

Ela se inclinou e beijou-o. Suavemente, no começo, até que o beijo se tornou mais intenso. Ele tinha medo de se exceder, então tentou se manter no ritmo dela. Perséfone envolveu o pescoço de Hades com seus braços e o puxou mais para perto. Ele obedeceu.

Quando pararam a segunda vez para recuperar o fôlego, ela já estava sentada no colo dele com suas pernas envolvendo a cintura do deus. Hades aproveitou para levantar-se, segurando-a, e se sentar com ela na cama.

Continuaram por alguns minutos, até se deitarem. Se beijaram novamente, ela por cima dele. Quando as coisas se esquentaram ainda mais, Perséfone esperou a pausa para recuperar o fôlego e rolou para o lado, parando de frente para ele mas um pouco afastada.

Ela estava vermelha – ele só não sabia se era do calor dos beijos ou de vergonha – e não o olhou nos olhos. Sentiu o impulso de pedir desculpas, mas não o fez. Se tivesse forçado, teria algo para se desculpar.

Ainda assim, ela não o olhou e passou um braço por baixo do travesseiro, apoiando sua cabeça nele. Ele acariciou seu rosto e beijou-lhe o canto da boca, sorrindo. Ela tomou coragem e o olhou, sorrindo também. Não estava acostumada a isso, era nova e sua mãe não a deixava namorar. Porém, agora não havia nada de externo impedindo-a, apenas si própria. Quis parar porque não estava pronta, não queria provocá-lo e depois ir embora.

Ficaram em silêncio por um tempo. Hades se aproximou um pouco dela e a envolveu em um abraço, puxando-a para si. Ela aceitou, enterrando seu rosto no peito dele. Depois de alguns minutos a temperatura corporal deles voltou ao normal e ele puxou as cobertas para cobri-los, a pedido da deusa. Ela abraçou a cintura dele e respirou fundo, sorrindo para si própria.

Para não adormecer ali mesmo, ela começou a se levantar. Hades segurou sua mão e ela se virou para ele. Ele não a pediu verbalmente para ficar, mas ela entendeu. Se sentou na beira da cama e tirou seu robe, ficando apenas de camisola. Enrubesceu novamente, mas dispensou seus pensamentos. Eles estavam noivos, oras. Ele iria vê-la uma hora ou outra. Ele levantou-se também e foi ao banheiro se trocar, colocando vestes de dormir.

Quando voltou ela já estava deitada e havia pego um dos livros de ilustrações dos antigos titãs. Ele se deitou ao seu lado e se aproximou dela delicadamente. Ela largou o livro quando ele fez menção de apagar as luzes. Hades a abraçou por trás e ela se aconchegou para dormir em seus braços. Fora a melhor noite de sono de Hades até aquele momento.


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Notas finais do capítulo

PS.: não sei descrever vestido, então se fiz algum erro, me corrijam
Pra referências visuais vide http://bypatriciacamargo.com/wp-content/uploads/2015/05/vestidos-de-noiva-10_mini.jpg

Beijocas, lindos, amo vocês, feliz natal atrasado e feliz ano novo



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