A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 17
Décimo quarto dia - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

OI, gente!!!! Dei aquela atrasadinha básica de um dia mas ninguém notou né? hehe
Motivos pelos quais atrasei e dividi o capítulo vão nas notas do fim.
Espero que gostem, não era bem isso que eu queria, não queria dividir, maaaaaaaaaaas...
enfim, estou contando com que o próximo capítulo valha a pena a espera de vocês



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—Fique. - O deus disse, se grudando na cintura da deusa enquanto ela tentava se levantar da cama king size.

—Não, falei que iria cedo.

—Tu é bem... aff. - Ele bufou enquanto soltava ela e voltava para sua posição de dormir.

—Não começa com ataque, vamos dormir juntos de novo hoje...

—Eu sei. - Ares bufou.

—E eu vou estar bem arrumadinha, em um vestido lindo que eu mandei fazer pro casamento. - Afrodite disse enquanto se vestia.

—Posso ficar te esperando em casa? - Ele iria fazer cara de cachorro sem dono mas não era a hora. Não tinha muitas chances de ganhar essa discussão, não ia gastar munição.

—Pode.

—Hum?

—Pode, eu vou sozinha, não me importo. - Ares se sentou e olhou pra ela.

—Sério?

—Uhum.

“É uma cilada, Ares. Pense. Pense.” O deus da guerra aproveitou que Afrodite havia ido ao banheiro fazer sua higiene matinal e deu um 360 graus no quarto. “Que vestido ela vai? Foda-se, pergunta logo.”

—Quem vai estar lá?

—Não muitas pessoas. Por quê?

—Tânatos vai estar lá?

—Provavelmente.

Ares ficou quieto por um momento. Tânatos era um deus bonito (não por opinião dele) e Afrodite ia ficar chateada por ele não ir... ela já o traíra por menos.

Quer dizer, amantes podem ser traídos?

—Eu vou junto. As crianças vão?

—Ótimo, meu bem. Adoro quando você perde para si mesmo sem eu precisar fazer objeções. - Ela voltou ao quarto sorrindo e o beijou na bochecha. Ares prendeu-a pela cintura com seus braços. Beijos na bochecha são pouca coisa pra ele. - Vão sim, Harmonia queria ir somente com Hefesto, mas ele vai ficar trabalhando então ela aceitou vir conosco. Eros vai levá-la e Fobos e Deimos vêm para cá para irem contigo.

—Hum, certo, combinado então. Que horas?

—Pôr do sol. Deixei o convite na cômoda, é só seguir as instruções do local... Posso ir? - Afrodite perguntou, tentando afrouxar os braços de Ares. O deus se limitou a negar com a cabeça e olhá-la firme. A deusa ergueu uma sobrancelha e sorriu. Inclinou-se e lhe deu o beijo que ele queria antes de ir encontrar-se com Perséfone.

 

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Era muito cedo. Cedo demais. Zeus odiava acordar cedo. Porém, ou era isso, ou teria de falar com Hermes na presença de Deméter. Fazer o quê.

Lá estava ele, tomando um copo de água apenas (era muito cedo até mesmo para seu estômago), esperando Hermes terminar de mastigar para respondê-lo.

—Okay, então eu chego lá, entrego essa carta – Hermes acenou-a com a mão antes de guardá-la na mochila – e vou ter permissão pra pegá-la?

—Sinceramente, filho, é o Hades. Ele vai liberá-la para você quando ele quiser, não vá atrás das coisas que seu pai está tentando te assegurar. - Hera apareceu de robe na porta e sentou-se com os dois deuses. - Você vai chegar, apresentar a carta e esperar o que vai acontecer. Certamente vão te enrolar por um tempo, até porque ele vai querer se despedir dela, mas no fim você vai conseguir voltar com ela sã e salvo sem precisar lutar com ninguém.

O Mensageiro parou por um tempo e absorveu as palavras da Rainha. Nem lembrava mais o que seu pai havia dito, na verdade, então fora bom que ela o instruísse. Seu cérebro só começava a funcionar depois de uma boa fatia de pão com geleia e um café preto forte. Concordou com a cabeça e se levantou.

—Certo, obrigada, mãe.

Para sorte deles, Hermes saiu pela porta no momento em que uma serva veio avisar ao casal que Deméter estava a caminho. Zeus bufou e foi para o banho enquanto Hera voltava para cochilar na cama. Pelo menos já estava tudo encaminhado.

 

XxxxX

 

Ela achou que ia estranhar como havia estranhado acordar em um outro quarto depois de éos dormindo no mesmo lugar. Mas não. Era como se morasse nos braços de Hades há séculos. Acordou tranquilo e reconheceu a situação sem esforço. Inclusive não fez menção alguma de sair dali. Hades estava acordado, deitado virado para o teto, segurando um pergaminho com uma mão enquanto acariciava as costas de Pérsefone com a outra. A deusa estava deitada com a cabeça no peito dele e ergueu a cabeça para que seus olhares se encontrassem.

—Bom dia. - Ele disse, sorrindo. Perséfone murmurou uma resposta e escondeu seu rosto no pescoço dele, sorrindo de volta. Hades largou o pergaminho no criado-mudo e virou-se para abraçá-la. Ficaram um tempo daquele modo até a deusa resolver acordar.

—Bom dia pra você também. - Ela conseguiu dizer quando eles deitaram-se lado a lado, fitando-se. Ele se inclinou e beijo-lhe a testa. Se olharam por mais uns minutos até ser a vez dela se inclinar.

Aproximou-se lentamente e beijou-lhe os lábios, passando uma mão nos cabelos dele. Fora um beijo curto, bem “bom-dia” mesmo. Ele correspondeu e puxou-a pela cintura para mais perto dele. Ficaram respirando em compasso e sentindo seus perfumes por um tempo.

—É hoje, Hades.

—Uhum. - Ambos sorriram. - Sei bem. Estou esperando faz um tempinho, sabe?

Riram e aproveitaram para se beijar mais um pouco antes da hora do trabalho chegar. Hades iria para o escritório terminar de preparar uns julgamentos rapidamente para depois focar na arrumação do casamento e ela teria ser dia-de-noiva com as meninas.

As coisas esquentaram novamente. Beijos no pescoço e mãos que voavam pelos corpos estiveram presentes. Pararam antes que algo saísse do controle e se levantaram. Perséfone colocou seu robe enquanto Hades despia sua camisa para ir para o banho.

Ela se aproximou para despedir-se, se veriam apenas no altar. Passou as mãos no peito dele e acariciou os músculos dos seus braços enquanto ele acariciava sua cintura. Abraçaram-se ternamente. Ele realmente estava apaixonado. Ela não negaria a recíproca.

Deixou-o a sós com seus pensamentos e foi para o seu quarto, se surpreendendo ao encontrar Afrodite de pernas cruzadas esperando-a na sua cama com um sorriso maroto no rosto. Riram e foram para a banheiro para Perséfone começar seu banho relaxante enquanto contava à deusa do amor as novidades.

 

XxxxX

“Flores, ok. Tronos, ok. Sacerdotisa, quem me dera fosse ok. Decoração das mesas, ok. Banquete, ok.”

Hades suspirou. Não estava esquecendo de nada. Tudo daria certo. Estava parado na frente do espelho. Vestia sua melhor túnica, o preto contrastando com branco de sua pele e fechando bem com os seus cabelos negros. Fitava-se fixamente quando uma voz o interrompeu.

—Sabe que se olhar muito no espelho não vai fazer você ficar bonito, não é? - Hades suspirou, revirou os olhos e segurou um sorriso. - Pra ter esse porte – O deus passou as duas mãos dos seus ombros até o fim do abdome – tem que nascer assim, maninho.

—Achei que não viria, Poseidon. - Os deuses se aproximaram e se abraçaram em cumprimento.

—Como eu iria perder o dia mais feliz da vida do meu irmão mais velho? Nunca! - Poseidon respondeu, debochado. - Por mais que a dama que eu quero cortejar não venha, vim te dar um apoio.

—E beber de graça.

—E beber de graça, óbvio. - Sorriram.

—Nem convidei sua... dama. Achei desaforo demais.

—Deveria ter convidado por mim.

—Atena não viria, especialmente se fosse por você.

—Ouch... calúnia. Vamos nos casar um dia, você vai ver.

—Você já é casado, Poseidon.

—Shiu, vá que ela te ouça e queira vir aqui.

—Anfitrite não veio? - Hades serviu dois copos de uísque e entregou um a Poseidon.

—Nem convidei, credo. Não aguento mais, só para em casa pra me incomodar, de resto vive viajando.

—Você achou que só você teria amantes, Popozinho? - Afrodite interrompeu ao passar pela porta.

—Ora, minha flor, não me incomodo com isso. Ela pode ter quantos amantes quiser desde que não me incomode mais. - Afrodite beijou o rosto de ambos os deuses e fez Hades parar na sua frente para ela arrumar sua túnica. - E não me chame de Popozinho.

—Prefere Popozão? - A deusa se virou para perguntar com um sorriso radiante.

—Assim os outros vão achar que ele é qualquer coisa de 'ão', Afro. Não os engane.

Haha, disse o poderozinho.

—Não tente negar, maninho, pra ter o porte de “ão” - agora Hades foi quem passou suas mãos pelo seu corpo até suas coxas – tem que nascer assim. - Afrodite riu e provocou Poseidon com um levante de sobrancelhas.

—Uhum, sei. Enfim, - Poseidon revirou os olhos – tudo certo? Você sabe que Hermes está vindo. - Hades apenas acenou com a cabeça e foi guardar uns pergaminhos enquanto Afrodite pegava um pente e corria atrás do cabelo do deus.

—Inclusive, a cerimônia começa daqui a pequenos quarenta minutos.

—Pequenos.

—Pra quem esperou a eternidade pra encontrar alguém, irmão, passa voando.

 

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—Quarenta minutos.

—Eu sei, querida.

Perséfone estava sentada na ponta de sua cama, atônita. Passou o dia como uma verdadeira rainha-noiva. Massagem, bolhas, sais, unhas, cabelo. Tudo. Milhões de coisinhas que ajudaram a distraí-la da verdade: iria se casar.

Da parte cruel da verdade. Dos éons vivendo no mesmo castelo. De responsabilidades antes inexistentes. De provavelmente não poder ver sua mãe. De noites mal dormidas e dias sem sol. Dos gritos dos Campos de Punição. De viver, acordar e dormir com um homem de verdade. E provavelmente ter de dormir com ele.

Estaria ela pronta? Talvez tivesse subestimado sua infantilidade, ignorado sua imaturidade. Seu lado mais racional já havia pesado os prós e contras e decidido que mergulhar de cabeça e escutar seu coração eram as decisões certas a serem tomadas, mas o nervosismo sempre a fazia muito mal.

Ele deixaria ela desistir se desejasse?

—Você pode sempre ir embora. - Delta disse a ela, sentando ao seu lado, como se ouvisse os pensamentos da deusa.

—Mentira.

—Não, querida. Bem, se você até agora não percebeu, eu lhe digo: Hades não quer prendê-la aqui, quer que fique por vontade própria.

Só o silêncio respondeu a serva. A deusa suspirou e caminhou até a janela. Já estava em seu vestido, o penteado já estava pronto, suas joias já estavam colocadas. Tudo o que restara foi andar até Hades e dizer “sim”. Suspirou novamente.

Perséfone só notou que Delta havia deixado o quarto e sido substituída por uma deusa quando esta pigarreou de um modo bem familiar. Quando a jovem se virou, a deusa sorria para ela com empatia.

—Olá, minha pequena.

A surpresa tomou conta da noiva, calando-a. Perséfone conseguiu apenas cruzar a distância entre elas e se enterrar nos braços da deusa. Achou que choraria, mas não chorou. O nervosismo parecia ter diminuído só de ter a deusa consigo.

—Nunca imaginei que você viria.

—Alguém tinha de abençoar vocês dois, não é mesmo? E eu sou ou não a deusa do casamento? - Hera sorriu e sentou-se na cama com Perséfone, que assentiu e sorriu em retorno. A rainha se inclinou e limpou as tímidas lágrimas que haviam umedecido os olhos da noiva. - Eu não perderia esse dia por nada, minha filha.

—Mas e Zeus? E minha mãe?

—Zeus finge não saber e Deméter nem sonha! - Hera continuou enquanto ajustava um pouco o penteado da deusa. - Vão pretender me xingar em conjunto mas não sou obrigada a ouvir nenhum dos dois.

—Sei bem como é. - Perséfone riu. Zeus podia ser o rei mas era Hera quem mandava no Olimpo durante 90% do tempo.

—Agora, não foi somente para isso que eu vim. - A noiva apenas ergueu uma sobrancelha. Hera tomou as duas mãos da jovem nas suas. - Vim porque Afrodite pode achar que é a rainha da purpurina e tudo mais mas você precisa mesmo é de conselhos de rainha para rainha.

Perséfone sorriu e assentiu com a cabeça, o nervosismo se alimentando novamente da ideia de se transformar em uma rainha.

—Bom, então, primeiro fico feliz que seja Hades, que já está acostumado a fazer as coisas com as próprias mãos, não ficará largando tarefas nas suas mãos sem que você esteja segura que quer cumpri-las, pode ter certeza. Além disso você tem que entender que ter súditos dá um trabalho...

 

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—Por favor, me explique de novo o que você fez e o porquê.

—Pai, pelo amor de Caos, você sabe que alguém precisava fazer isso.

—Apolo, não teste minha paciência. Você sabe que ela podia estar incomodando agora mas vai ser bem piorar quando ela acordar.

—Sei, sei, mas aí não vou estar perto para ouvir. - Apolo deu de ombros.

—O que foi que aconteceu por aqui? - Ares parou de braços cruzados do lado do corpo imóvel de Deméter.

—Apolo dopou sua tia...

—Para ela parar um pouco de falar, credo. - O deus do sol explicou novamente. Zeus apenas revirou os olhos, pegou a deusa no colo e a colocou em cima de seu divã de pedra.

Ares ergueu a mão e Apolo cumprimentou-o sorrindo enquanto Zeus não se virava novamente para eles.

—Eu ouvi isso. - O deus reclamou. - Não acho graça e não quero que achem que foi certo.

—Pai, perdão, mas pelo pouco que convivi com Deméter consigo dar razão ao Apolo.

—Você não tem que dar razão a ninguém. E onde é que você vai arrumado assim? - Apolo ergueu uma sobrancelha mas teve de sair do cômodo antes de ouvir a resposta, arrastado por duas de suas musas.

—Eu tenho um casamento para comparecer. Falando nisso, já está na minha hora, com licença.

Zeus não se deu o trabalho de repreender, apenas avisou.

—Não ache que esse casamento vai chegar ao fim, Hermes já deve estar chegando no Mundo Inferior.

—Uhum... - Ares se limitou a murmurar enquanto mandava uma ninfa achar Fobos e Deimos.

Zeus revirou os olhos e foi se sentar em um dos bancos de fora de seu templo. Achou que ficaria sozinho quando a figura feminina deslizou para o seu lado.

—O senhor sabe o quanto eu odeio concordar com Ares, mas você sabe que ele tem razão.

—Até você, Atena? Não que eu tenha achado uma péssima ideia apagar Deméter, mas não foi certo.

—Não isso, pai. Sobre o casamento. Até Poseidon já te avisou.

—Eu sei. Hades não é idiota.

—Uhum. O casamento vai acontecer se ele quiser e não tem nada que você possa fazer pra impedir. - Zeus suspirou e descansou a cabeça na cabeça da filha.

—Você foi convidada?

—Não, mas entendo o porquê.

—É mesmo?

—Sim, sim. E sei também que se eu quisesse aparecer por lá, Hades permitiria.

—Então vá e garanta que Perséfone volte para casa?

Atena ficou em silêncio, franziu o cenho e considerou as alternativas de desfecho. Deu de ombros, se ergueu e foi para seus aposentos. Se fosse, não seria para vigiar Perséfone. Talvez fosse até bom para a deusa se casar com Hades. De mais a mais, saíra correndo pois certamente a cerimônia já estava para começar.


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Notas finais do capítulo

Amorecos, assim, eu deixei pra terminar a parte mais difícil do capítulo antes do fim das férias. Porém, com o fim das férias veio a mudança pra cidade da minha facul linda, então eu acabei ficando enlouquecida com as coisas.
Daí agora eu estou morando sozinha e teoricamente terei tempo pra continuar a escrever, mas to fazendo medicina né, to estudando há 4 horas no meu terceiro dia de aula, eu tô é ferrada
mas vou tentar ao máximo dos máximos honrar meu compromisso e postar daqui a dois meses.
Qualquer dúvida podem mandar mensagem.
Inclusive se alguém quiser me explicar porque poucas pessoas comentaram no capítulo anterior eu agradeceria. Ficou tão ruim assim? :/
Aos que comentaram, brigada