Mistaken escrita por Livia Herondale Lightwood


Capítulo 3
Renegados - O4.O2.17


Notas iniciais do capítulo

Agora finalmente mostrarei outros personagens importantes para a história! Espero que gostem desse capítulo e dos novos personagens!



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— Foi mais fácil do que eu imaginei.

Outra voz tinha dito isso e meu medo foi crescendo ainda mais. Pelas vozes pareciam ser jovens ainda, por volta de dezessete anos até vinte anos, e eram muito mais que dois, e uma adaga não seria suficiente.

Pior seria se eles estivessem armados.

Comecei a me levantar rapidamente ajudando meu irmão também, empunhando a adaga cegamente para todos os lados na expectativa de ver qualquer um deles e sem fraquejar, enfiar ela bem em seu coração. No olho, no pescoço, em qualquer lugar mortal que fizesse a pessoa ficar impotente e não vir me procurar de novo por um bom tempo ou quem sabe nunca, melhor.

Mas antes que eu pudesse correr para fora da floresta, pude ver subitamente vultos pulando das árvores que me rodeavam, estavam totalmente vestidos de preto.

Arfei alto e cambaleei para trás, me pondo em frente do meu irmão, protegendo-o.

Caçadores? Ah, que ótimo! Agora eles devem achar que eu sou uma rebelde, uma Renegada e eles estão prontos para me fuzilar ou quem sabe, me espancar até a morte.

Ou coisa pior.

Mas eles não estavam com capuzes pretos, o rosto deles eram visíveis... E eram jovens demais para serem Caçadores, apesar de nunca ter visto realmente um Caçador para saber a idade deles.

Não fazia diferença agora.

— Quem são vocês? – perguntei quebrando o silêncio ameaçador que se instalara há alguns minutos. – O que vocês querem? Eu não fiz nada de errado, nem meu irmão.

Eram doze. Eram doze jovens me rodeando e me sinto uma cega por não ter conseguido vê-los nas árvores, porque nem com roupas camufladas eles estão, ou então eles são bons mesmo.

Um garoto loiro de braços assustadoramente fortes, aparentando ter no máximo dezoito anos, riu ao ouvir minha pergunta e alguns deles também o acompanharam, fazendo-me sentir totalmente estúpida.

— Qual é a graça? – vociferei já farta deles e me irritando de verdade. – O que vocês querem de mim e do meu irmão?

— Realmente, não queremos nada. – disse uma garota de cabelos longos e castanhos. – Só viemos buscar você e seu irmão.

Dei um passo para trás.

— Buscar? – perguntei desconfiada.

Eles se entreolharam.

Continuei recuando para trás, segurando fortemente o braço de meu irmão, que continuava calado como sempre, mas agora com um olhar fissurado nos jovens à frente.

— Ele não contou para ela. – ouvi uma voz masculina falar, mas não reconheci ela em nenhum dos garotos que estavam a frente. – Eles não sabem de nada.

Depois, eu pude ver um garoto saindo do centro e caminhando até a minha direção. Por puro impulso apontei a adaga para ele, e vi que ele recuou apenas um passo, erguendo as mãos no ar e abaixando-as lentamente, como fazem para um cão raivoso não te atacar.

— Nós não vamos te fazer mal. – ele disse para mim, olhando nos meus olhos, persuasivo. – Nós viemos te proteger.

Meu mundo começou a girar.

Por um motivo estranho, eu o ouvia, mas não prestei atenção exatamente no que dizia, prestei atenção mesmo no garoto em si. Ele era mais alto que eu, tinha os cabelos negros e os olhos extremamente azuis. E eu o conhecia de algum lugar...

Franzi as sobrancelhas para ele.

— Quem são vocês? – retomei a minha antiga pergunta.

A garota dos cabelos castanhos revirou os olhos e suspirou longamente depois disso, mas o garoto continuava com a mesma expressão. Cauteloso seria a palavra certa? Eu não sei dizer.

Ele suspirou longamente, igual a garota.

— Renegados.

Pude sentir a inquietação de Peter aumentar. Olhei para ele, temendo que estivesse assustado demais, mas, muito pelo ao contrário, parecia até... feliz. Animado, excitado, maravilhado com tudo isso. Eu, porém, estava indignada, aliviada, triste e com medo.

Medo não, horrorizada.

— Eu não tenho nada com vocês! – comecei a gritar de repente, fazendo todos arregalarem os olhos e se surpreenderem. – Eu não quero a ajuda de vocês! Nem eu e meu irmão! E EU NÃO PRECISO DE...

Caí pesadamente do chão, cortando totalmente minha gritaria e meu ataque de nervos e não conseguia levantar de jeito nenhum. E nem falar.

O menino dos olhos azuis estava bem em cima, quase me matando pelo seu peso – e olha que ele nem é gordo –, tampando minha boca com uma de suas mãos.

— Cale a boca pelo menos um momento.

Comecei a fazer sons de indignação, mas só saía sons abafados e pouco entendíveis. Ninguém me manda calar a boca! Seu Renegado de merda, seu...

Ele começou a se levantar rapidamente e pude respirar aliviada, mas não pude falar nada, porque ele ainda tampava minha boca mais forte do que nunca. De repente, pude entender pelo repentino golpe do garoto me jogando ao chão, porque agora posso ouvir sons estranhos se aproximando cada vez mais e mais.

— Eileen! Peter! – ouvi Matt gritar ao longe. – Onde vocês estão?

— Ei! Peter! Eileen! – era a voz de Joshua.

Eu comecei a gritar, mas como esperado, só saía sons abafados e não muitos altos para Matt ouvir, eu acho. Mas foi o bastante para irritar o garoto dos olhos azuis.

— Não fala nada, merda! – ele sussurrou em meu ouvido, jogando ligeiramente minha cabeça para trás e forçando ainda mais sua mão na minha boca. – Se você fizer isso, nós não poderemos...

Mordi a mão dele com a maior força possível que pude fazer no momento.

Ele praguejou baixinho e em um momento de deslize, soltou a mão que segurava meu braço e a outra que tampava minha boca e aproveitando esse momento, comecei a correr seguindo a voz de Matthew e a gritar.

— MATTHEW! JOSHUA! – gritei com todo fôlego possível. – Eu estou aqui! Eu estou...

A menina dos cabelos castanhos me empurrou contra uma árvore e agora era a vez dela de me impedir de falar, colocando as duas mãos na minha boca. Ela parecia muito mais estressada que o garoto. Muito mais.

— Eileen? – eu ouvi Matthew gritar de volta. – Peter?

— Vem por aqui! – Joshua gritou para ele.

— Cara, é melhor a gente dar o fora daqui! – ouvi um dos Renegados falar. – Vamos antes que nos entreguem aos guardas! Porque aí já sabe, depois dos guardas vem os Caçadores...

Eu não ouvia mais nada. Agora o que me importava era Matthew e Joshua e tentar gritar o mais alto possível para eles me encontrarem, mas a garota não deixava de jeito nenhum, nem morder funcionava e para piorar, eu deixei minha adaga cair quando o garoto foi pra cima de mim.

— Seria ótimo! Se ela – o garoto do olho azul apontou com a cabeça para mim. – cooperasse.

— Eu tenho um jeito. – ela disse para os outros e tirando uma injeção do bolso da calça, mostrou para eles.

Comecei a espernear ainda mais, em sinal de que, eu realmente não iria cooperar com nenhum deles e de que não iria tomar uma injeção que poderia possivelmente me matar.

A menina revirou os olhos para mim e me apertou ainda mais contra a árvore.

— O quê? Você ficou louca...

Mas ela pareceu não responder e enfiou a injeção com toda força no meu braço.

Inicialmente, eu não senti nada, até que tudo começou a ficar estranho, tudo começou a girar. Finalmente a menina havia me soltado e podia andar livre agora, mas o que fiz foi simplesmente andar até o centro, sentindo todos os olhares concentrados em mim.

Caí de joelhos no chão, até ver o chão subindo e bater de cara com ele.

Em segundos já não estaria mais consciente, eu pude pensar apenas nisso e na dor absurda que enconstrava-se na minha cabeça agora. A última coisa que ouvi antes de desmaiar completamente, foi a voz de Matthew gritando mais uma vez pelo meu nome.

Mas dessa vez a voz estava muito mais perto.



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Notas finais do capítulo

E aí?? Gostaram?? Espero que sim e deixem reviews me contando o que acharam desse capítulo! Críticas, elogios, se eu devo melhorar ou não... :3