Eram onze horas da manhã quando levantei. Collins dormiu sentado no chão com a mão em meus cabelos. Kat roncava feito um porco. Peguei umas roupas e fui tomei um banho. Desci e preparei a mesa para o café da manhã. Legal, minha mãe comeu todo o presunto. Mãe, mãe, mãe... Escutei uma movimentação lá em cima. Quando vi o Peter estava em casa. Acho que meu pai não foi o único que esqueceu ele. Minha mãe não havia levado-o para a escola. Perguntei se ele já havia tomado banho antes de sentar a mesa. Como sempre, o preguiçoso, não tomou. Peguei a toalha dele e o mandei pro banho.

– Ann, eu bati na porta e uma voz de homem respondeu. Será que é o papai? - Arregalei os olhos. Peter não sabia que o John estava lá.

– Amorzinho, toma banho aqui em baixo tá? Eu vou lá em cima. - Ele sorriu e foi tomar banho.

Subi as escadas e fui ver o que o Collins fazia no MEU banheiro. Meu irmão não gostava do banheiro dele e tomava banho no meu quarto. Mas não me importava. Quando ele fizer 10 anos, vai tomar banho no banheiro dele.

– Collins!

– Oi Ann. - Gritou ele dentro de dentro do banheiro.

– Você ta tomando banho?

– Não. Na verdade, já acabei. Mas não tem toalha. E nem uma cueca. - Bati a mão na cabeça

– Por isso era pra você tomar banho na sua casa. Você vai acabar com as roupas do meu pai. Vou pegar uma toalha e uma cueca. Você lavou a cabeça? - Falei assustada, lembrando dos pontos.

– Não. Eu vi os pontos e preferi não lavar. Sangra né? Quem fez os pontos e quando? Eu não me lembro.

– Foi um vizinho. Ele é médico. Aqui a toalha e uma cueca que eu ia dar pro meu pai no aniversário dele. Vou ter que comprar outra. - Falei rindo.

Desci e fui na padaria. Quando voltei, Kat estava igual a uma zumbi sentada na mesa.

– Ain, vai tomar um banho sua porca.

– Toalha?

– No quarto, linda.

Ela subiu. Será que tenho que ficar mandando todo mundo tomar banho nessa casa? Acho que sou a única madura aqui. Arrumei a mesa direitinho como mamãe me ensinava quando eu era pequena. Ficou tão bonitinho. Mas faltava alguma coisa.

– Ann, o leite. Ta fervendo já. - Disse John. Era isso que faltava...

– Obrigada.

– Senta ai. Deixa que eu termino. - Falou ele puxando a cadeira e sorrindo.

– Eu fiz você apanhar tanto que levou oito pontos na cabeça. Por que está assim comigo? Eu ainda te odeio.

– Você cuidou de mim ontem. E bom saber, porque eu também te odeio. - Falou pondo o leite sobre a mesa.

– Mas você ainda tem algumas coisas para me explicar.

– Tipo o quê?

– Como você sabia o caminho daquele lugar, o que aqueles caras queriam contigo, o que seu pai fazia lá e por que a Katharinne falou que sabia que você voltaria.

– Isso não é da sua conta. Não te devo satisfações nenhuma. Mas você tem que me falar duas coisas. Por que você disse que eu era tua namorada no bar e por que me chamou de princesa.

– Ah. Sei lá.

– Sei lá o que? - Falei olhando nos olhos dele.

– Se você não vai me falar nada, também não vou. - Falou ele parecendo meu irmão.

Revirei os olhos. Meu irmão e Kat finalmente chegaram na mesa para tomar café. Kat sentou. Meu irmão sussurou no meu ouvido: "Ele é seu namorado?"

– NÃO, PETER! Ta amarrado! - Rimos enquanto Kat e Collins nos olhavam assustados.

– Senta aqui do lado da maninha.

– Qual das duas? - Ele perguntou.

– Awwwwwwwwwwwwwwn, que fofo! - Falou a retardada da Kat, enquanto o restante ria.

Estava sendo uma manhã bem agradável e bem divertida. Fiquei abismada pois os pais do Collins ainda não haviam dado falta dele, mas ele tinha que se preocupar com isso. John estava realmente divertindo o Peter. Desde o acidente do meu pai eu nunca o vi gargalhar tanto quanto hoje. Na verdade, desde o acidente ele não dava gargalhadas. Até o meu irmão engasgar.

– Ai Collins. Olha o que você fez. - Falava.

O telefone tocou. Kat foi atender enquanto o "desentupia" meu irmão. Kat parou de sorrir. Ela havia ficado séria. Desligou o telefone e me chamou num canto.

– John, olha meu irmão e não o faço engasgar de novo. - Falei saindo da cozinha.

– Pode deixar, irmãzona! - Falou ele fazendo Peter rir.

– O que foi, Kat?

– Era da polícia. Seu pai se meteu numa briga bêbado. Está ele e o cara em quem ele bateu na delegacia.

– Ah meu Deus. Tava tudo tão bom. - Olhei pra cozinha. - Por que agora!? - Falei quase chorando.

– Ann, você gosta do John?

– CLARO QUE NÃO. EU O ODEIO! Vou pra delegacia. - Voltei pra cozinha.

– Peter, eu vou ter que sair. A Kat vai ficar com você. John, pode me levar num lugar?

– Vamos. - disse ele sem questionar.