Em Perigo escrita por bianoronha


Capítulo 5
Capítulo 5 - O baile


Notas iniciais do capítulo

Tenho novidades para vocês no final, não esqueça de ler as notas do capítulo!



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Emmet nos levou por todo o castelo até chegarmos na ala central. Olhei para sala do Cullen, que estava completamente vazia e com as luzes apagadas, não havia uma alma viva no local.


"A festa vai ser aqui?" Jenny perguntou tão surpresa quanto eu, Emmet apenas sorriu.


"Vocês são muito apressadinhas" Ele sorriu esperto, soltou nossos braços e se dirigiu para o enorme tapete que ficava no centro da sala, levantando-o.


Para nossa surpresa, havia uma passagem de madeira no solo. Uma longa escada se apresentava em meio a escuridão.


"Eu não entro ai nem morta" Jenny cruzou os braços contrariada.


O lugar parecia mesmo bizarro, não dava para ver nada além de escuridão, o que quer que estivesse no andar de baixo, não parecia nada com uma festa.


"Você são muito moles" Emmet colocou uma das pernas para dentro e desceu alguns degraus, fazendo com que apenas seu rosto ficasse para visível. "Vamos?" 


Ele estendeu a mão que logo peguei, descendo juntamente com ele, Jenny veio logo atrás, contrariada.


A longa escada terminava em uma pequena porta, também de madeira, iluminada por uma frouxa luz que brilhava na parede.


"Não está muito silencioso para uma festa?" A voz de Jenny trazia um tom de preocupação.


"Deixa eu contar um segredo" Emmet soltou um risinho. "Todas as entradas aqui em baixo são a prova de som"


Disse e logo em seguida abriu a pequena porta, fazendo com que um som ensurdecedor atingisse nossos canais auditivos. Nos abaixamos um pouco para adentrar a pequena porta, e logo o cheiro de cigarro e bebida alcoólica nos atingiu acompanhado de uma batida ritmada.


As pessoas pareciam ter se multiplicado, nunca havia visto tanta gente naquele Cartel, os corpos se misturavam e era difícil achar um lugar vago.


Passávamos pelo salão e vários olhares masculinos foram atraídos, agradeci mentalmente a minha mãe por ser tão bonita e ter me dado genes tão bons.



"Agora sim você está falando a minha língua" Jenny deu um tapa no braço de Emmet, que a olhou estranho. Alguns garçons passeavam com bebidas de todas as cores e sabores para todo lado, pessoas embriagadas se misturavam com as sóbrias, e as danças continuavam.


Olhei para todo o vasto salão estranhando não ver a presença do Cullen.


"Ele não vem aos bailes" Emmet respondeu parecendo ler meus pensamentos, me dando um leve susto.


"Quem?" Me fiz de desentendida.


"O mestre" Ele deu um sorriso sacana.


"Não estava procurando por ele" Dei uma risada, mostrando que a ideia era absurda, mas a verdade é que eu estava procurando pelo rosto dele, mas não com as intenções que Emmet imaginava, precisava urgentemente achar um ponto fraco no Cullen, afinal, era como diziam, os amigos por perto, os inimigos mais perto ainda.


"Sei, sei" Ele deu outro risinho, me fazendo sentir uma leve irritação pelo simples fato da possibilidade de ter algum tipo de afeição pelo Cullen o que era completamente inimaginável.



Não que o Cullen não fosse atraente, pelo contrário, os nítidos músculos e bela aparência provavam justamente o contrário, mas ele era simplesmente uma pedra, o que me fazia ter pena da mulher que um dia se atrevesse a se relacionar com ele, aliás, duvidava muito que tal mulher existisse.


Um garçom logo deixou algumas bebidas e após muito sufoco conseguimos nos sentar em uma bancada que ficou livre.


Parei por alguns segundos e observei o lindo salão de modelo medieval, as paredes eram as próprias estruturas do castelo, o piso e o teto eram de madeira, porém, o teto possuía alguns desenhos de anjos, dando ao amplo lugar um toque de luxo.


Apesar de antigo, o salão era bem sofisticado. As luzes coloridas voavam por todos os lados e a música alta não nos permitia raciocinar perfeitamente.



Jenny logo estava alegre, tentando puxar Emmet para dançar, que parecia um pouco desconfortável com a ideia, mas após algumas bebidas e muita insistência, ele acabou indo, me deixando sozinha.


Observei os corpos balançando, o ritmo agitado em que todos dançavam e alguns casais que dançavam colados na pista de dança.



Lembrei que Jasper afirmara ser proibido ter amizades, então provavelmente as pessoas casavam entre si. Um arrepio passou por meu corpo só de pensar em casar com um dos trogloditas que haviam no cartel, provavelmente eu ficaria solteira para o resto da vida.


"É proibido pensar em festas, não sabia?" Uma voz suave me deu um leve susto, e o corpo de Step logo estava sentado ao meu lado. "Você é a garota do péssimo tiro"


"E você é o cara da péssima cantada" Levantei irritada pela menção do tiro, eu ainda estava com raiva por ter perdido toda a tarde limpando o jardim. 


Levantei, com a intenção de procurar por Jasper, mas a mão dele segurou meu pulso.


"Ei, estou só brincando" Ele deu uma risada. "Ainda não sei seu nome"


"Isabella" Disse de nariz empinado. "Swan"


"Step Mason" Ele me puxou para sentar ao seu lado. "Ao seu dispor" Deu um sorriso galanteador.


Passei alguns minutos suportando a conversar de Step, que não tirava os olhos do meu decote e depois do que pareceu ser uma eternidade, inventei uma desculpa qualquer e fui procurar por Jaz.


Me espremi por entre os corpos, tentando passar no meio daquela multidão. Era praticamente impossível procurar por Jaz naquelas dezenas de rostos desconhecidos, depois de vários pisões e empurrões, acabei me deparando com Mabelle.


"Não sabia que a ralé da sociedade podia vir para os bailes" Me encarou arrogante, bebericando sua bebida, enquanto alguns de seus seguranças vinham logo atrás dela.


"Claro que pode" Disse esbanjando ironia. "Se deixaram você entrar, qualquer idiota entra" Virei-me para voltar a procurar por Jaz, quando senti algo escorrer por minha costa.


"Ops, caiu" O copo de Mabelle agora estava vazio, e sua bebida escorria por meu vestido. "Vou tomar mais cuidado da próxima vez" Zombou e logo sumiu entre as pessoas juntamente com seus seguranças.


Procurei por alguma lugar que anunciasse ser um banheiro, e após ser espremida entre a multidão, finalmente consegui achá-lo.


A tranca da porta estava enferrujada, então apenas a deixei encostada, com medo de ficar presa no banheiro assustador.


O cheiro de urina era insuportável, e a chance de fazer qualquer tipo de necessidades naquele lugar era inconcebível, fiquei conformada em apenas me olhar no espelho.


Tentando achar alguma forma de matar Mabelle de um jeito bem doloroso, avaliei meu vestido constatando uma enorme mancha amarela na parte de trás, eu teria que jogá-lo no lixo. Parei por um momento avaliando o meu rosto.


A imagem refletida no espelho era diferente de alguns dias anteriores, apesar de ainda possuir alguns arranhões pelo corpo, a Bella que eu via parecia bem mais forte.


Avaliei meu vestido novamente e só naquele momento percebi o quanto ele me caia bem, provavelmente o que atraíra tantos olhares. Os seios fartos, a cintura fina e as pernas grossas eram herança de minha mãe, que sempre possuíra um corpo escultural, apesar de afirmar que a gravidez o estragara.


Enquanto avaliava meu corpo, um ruído fez com que eu me distraísse.

Uma criatura se moveu e encostou-se na sola da porta.


Um grito estridente saiu de minha garganta ao perceber que a criatura era um enorme rato.


Assustado com o barulho, o rato passou a correr rapidamente por todo o piso, fazendo com que meu desespero aumentasse. Outra sessão de gritos saíram de minha boca, enquanto eu rapidamente subia no vaso sanitário, tentando evitar qualquer tipo de contato com o animal.


Fechei os olhos com força, e a última coisa que escutei foi o barulho da porta sendo aberta e logo depois o som de um tiro ecoando no pequeno banheiro. 


Abri os olhos e quase pulei de susto.


"Realmente precisa desse escândalo todo por um rato?" Contemplei surpresa o rosto impaciente do Cullen a alguns metros de mim. Ao contrário dos outros dias, ele não usava a jaqueta de couro, no lugar estava uma blusa social que possuía um azul parecido com a tonalidade de seus olhos e um terno preto por cima. Os olhos intensos estavam firmes em mim.


Desviei o olhar para o rato morto que ainda se debatia, derramando sangue por todo lugar. O tiro foi certeiro.


"Não acredito que você acertou" Impressionei-me por ele ter acertado um animal tão pequeno e em movimento.


"Ao contrário de você, eu possuo uma boa mira" Virou-se orgulhoso e preparou-se para sair do banheiro, mas ao tocar a maçaneta, ela caiu em sua mão. "Mais que merda de porta"


Ele tentou abri-la mais algumas vezes, mas devido ao seu enorme peso e tempo de uso, estava emperrada.


O desespero me alcançou novamente, a ideia de ficar presa em um lugar minúsculo com o Cullen armado não me agradava em nada, fora o fato de que eu era um pouco claustrofóbica.


O Cullen encostou-se tranquilamente na bancada de mármore e pegou um celular de seu bolso, discando alguns números.


Passei a disparar alguns chutes na porta, tentando abri-la, sem nenhum sucesso.


"Você provavelmente vai acabar perdendo a perna" Disse discando novamente alguns números. "Todas as portas do castelo são feitas de angelim vermelho, são praticamente indestrutíveis" Falou debochado.


Bufei irritada e encostei na parede, ficando de frente para o Cullen.


Alguém pareceu atender o telefone.


"Step?" Ele falava alto. "Quem está falando?" Perguntou. "Passe para o Step, porra" Uma risada alta saiu do telefone e desligaram. 


A esta altura do campeonato o Cullen já estava para salivar de raiva. 


"A gente paga a porra de um monte de dinheiro pros filhos da puta ficarem namorando, ao invés de trabalharem" Ele andava de um lado para o outro, discando outros números, fazendo o espaço ficar ainda mais apertado. 


"Você tem uma boca bem suja" Soltei enquanto imaginava minha mãe naquele local, ela ficaria horrorizada com a quantidade de palavrões que saiam da boca do Cullen. 


Ele me ignorou e continuou discando para seus capangas, mas ninguém parecia atendê-lo.


Olhei para minhas mãos e elas estavam cheias de poeira, por ter encostado na parede, fui em direção a pia para lavá-las, ainda me sentindo desconfortável com o pequeno espaço divido com o maldito Cullen.


"Que negócio é esse no seu vestido?" Olhou enojado para as minhas costas.


"Sua amiga Mabelle fez o favor de me dar esse presente" Revirei os olhos enquanto enxugava as mãos em papel toalha. 


O susto veio logo em seguida, ao sentir aos mãos quentes do Cullen tocarem a minha costa. "O que você está fazendo?" Gritei, me afastando. Era só o que faltava, além de orgulhoso, era tarado. "Você não vai tocar em mim"


"Para de besteira" Ele falou se aproximando de mim novamente. "Eu tive uma ideia"


"Não, não, não" Corri para o outro lado do banheiro. "Eu não vou fazer nada com você" Eu fiquei o mais longe possível do Cullen. "Você não faz o meu tipo e..." Ele não esperou eu terminar de falar e me interrompeu irritado.


"Você é louca?" Fez uma pequena pausa colocando as mãos no rosto. "Eu preciso do broxe do seu vestido para abrir a porta, será que você não consegue raciocinar nem por um segundo?" Terminou ainda mais estressado do que antes.


Olhei desconfiada, e virei para o espelho, tirando o pequeno broxe, que trazia um laço na parte de trás do vestido.


Estendi a mão e ele o puxou com violência.


Enfiou o metal do broxe na fechadura da porta, tentando girá-lo. 


Passou-se mais de meia hora e ele ainda tentava abrir a fechadura com o broxe, gotas de suor escorriam por seu rosto e ele já havia jogado o terno no chão. 

Eu permanecia calada, ainda envergonhada com o vexame, observando enquanto ele tentava puxar a porta.


"Mais que droga de porta dos infernos" Deu um chute na porta, que apenas rangeu, mas continuou intacta. "Isso tudo é culpa sua, que fez um escândalo por causa de um rato" 


Apontou irritado na minha direção. 


"Minha?" Continuei sentada na bancada. "Ninguém pediu a sua ajuda, aliás, até agora estou tentando entender o que você veio fazer aqui"


"Provavelmente você não sabe, mas já aconteceram muitos episódios indesejáveis no Cartel, se eu soubesse que o grito era seu não teria passado perto desse banheiro" Seu rosto estava vermelho e ele falava rapidamente. 

Eu ri em deboche.


"Não sabia que você gostava de dar uma de bom moço" Provoquei.


"Eu sou o dono disso tudo, tenho que manter a ordem por aqui" Ele puxou a arma da cintura e um arrepio passou pelo meu corpo. "Já gastei muito tempo com você" 


Fechei os olhos pensando rapidamente na minha vida e o quanto eu não tinha feito nada, certamente eu não queria morrer presa em um banheiro, assassinada por ter provocado o maior traficante do país.


Ouvi três tiros ecoarem e por algum motivo eu ainda estava viva. Abri os olhos e o Cullen voltou a atirar, mas ao contrário do que imaginei, ele direcionava os tiros para a tranca da porta.


Após várias tentativas a tranca finalmente despencou, o Cullen empurrou a porta e ela finalmente abriu, fazendo com que eu soltasse um grito de felicidade.


O Cullen não falou absolutamente nada, apenas saiu andando com seus passos duros, provavelmente para dar uma bronca em todos os seus capangas que não o socorreram, eu torcia para que Mabelle também levasse uma bela disciplina.


Também saí do banheiro procurando por Emmet e Jenny, queria voltar para o quarto o quanto antes, meu corpo protestava de dor e eu sentia que estava completamente mole.


"Caramba Bella, onde você estava?" O rosto de Jenny surgiu preocupado, com Emmet logo atrás. Ela falava com a língua um pouco enrolada, devido a bebida. "Que coisa é essa no seu vestido?" 

Perguntou dando uma enorme gargalhada, o que fez com que Emmet girasse os olhos, provavelmente cansado de cuidar da bêbada.


"Um pequeno acidente" Dei de ombros, estava tão cansada que não queria explicar toda a história para eles. "Eu fiquei presa no banheiro"


"Como assim?" Emmet disse preocupado.


"Já está tudo bem, estou indo para o quarto, não estou me sentindo muito bem" Emmet me perguntou se eu gostaria que ele me acompanhasse, mas eu recusei. Queria só chegar ao meu quarto e esquecer que aquela noite existiu.


Voltei pela enorme escada, passando pelo salão e finalmente chegando a porta do meu quarto. Tirei meu sapatos, vesti uma roupa confortável e me deitei.


Meu corpo pareceu agradecer pelo alívio. 


Lembrei do rosto irritado do Cullen, pensando se ele deveria ter algum amigo, conclui que não, ele não fazia o tipo de cara que tinha melhores amigos. O tal mestre era um bruto, isso sim.



Pensei por mais alguns segundos e minhas pálpebras pesadas logo se fecharam.






*





Era dia novamente e meus olhos pesados continuavam abertos, resultado da madrugada acordado, sempre sobravam poucas horas de sono, o dono do melhor cartel do país não poderia dormir por muito tempo. Enquanto meus inimigos dormiam, eu planejava a derrota deles.


Era dia vinte e cinco de maio, e mais uma vez olhei para a foto que ficava guardada em uma de minhas gavetas. Uma jovem mulher sorria com seus dois filhos ao seu lado, os dois eram pequenos, mas mesmo assim sorriam tanto quanto a mãe, estavam felizes por passarem as férias longe do cartel pela primeira vez na vida.


Guardei a foto irritado, evitando recordações. Aquele maldito dia era como qualquer outro, mas havia uma pequena diferença: esse era o dia em que eu lembrava.


Lembrava porque comandava aquele Cartel tão bem, lembrava porque deveria ser o homem mais respeitado do mundo, o que eu precisava fazer, para o que eu vivia.


Olhei para outra foto, essa cortada por minhas próprias mãos, ela continha um homem em seus quarenta anos, era a foto mais atual que eu possuía, tirada a seis anos atrás.


O ódio pulsando, preenchendo cada pedaço de meu corpo, amacei a foto, jogando longe. Ainda tinha muitas coisas para resolver, antes de encontrá-lo, mas eu o encontraria no momento certo.


Com certeza o encontraria, ele poderia se esconder até no inferno se quisesse, mas eu o encontraria.


"Senhor" Step entrou na sala, me tirando dos pensamentos. "Pablo já descobriu que roubamos a carga, ouvi dizer que ficou possuído de raiva" 


Um sorriso se formou em meu rosto, nada me dava mais satisfação do que roubar as cargas do desgraçado, ou estragar suas negociações.


"Ótimo" Falei satisfeito. "Step posso saber onde diabos você estava na noite passada?" Perguntei lembrando-me da noite anterior.


"Estava na festa, senhor" Disse submisso.


"E quem estava com seu celular?" Cruzei os braços com a raiva me atingindo aos poucos.


"Estava comigo, senhor" Eu sabia que o celular não estava com ele, a voz que eu havia ouvido era feminina, provavelmente ele estava dormindo com alguma vagabunda.


"Então deve ter sido você que desligou na minha cara ontem" Questionei.


"Não, senhor, eu jamais faria isso" Ele disse com um tom de desespero. "O senhor deve ter ligado para o número errado"


"Não liguei para número errado" Falei estressado. "Eu não te pago para ficar transando por ai, a próxima vez que eu precisar de você e você estiver de sacanagem, eu juro que mando matar você no outro dia"


"Sim, senhor" Falou nervoso. "Isso não irá se repetir"


"Ótimo" Falei relaxando sob a cadeira. "Pode ir"


Lembrei da noite anterior, da maldita garota com quem tive que ficar preso naquele banheiro. Iniciantes não eram importantes, eles eram completamente inúteis para o cartel no primeiro ano. 


Fazíamos acreditarem que iriam fazer alguma coisa importante, mas a verdade é que, no primeiro ano, a única coisa que eles faziam eram treinamentos.


Então apareceu a maldita garota, Jasper já havia me falado sobre ela logo que chegara no cartel, provavelmente deveria ter falado para todo mundo, o que fazia com que todos já a conhecessem.


Provavelmente morria amores por ela, apesar de ser um dos melhores atiradores que já havia conhecido o garoto era um tremendo babaca nesse aspecto.


Pessoas como Jasper precisavam de mulheres para dominá-lo, o que eu achava patético.


Ter me contrariado no primeiro dia no cartel foi um dos maiores erros da sua vida, se havia uma coisa que eu gostava era de desafios e eu faria de tudo para vê-la destruída. 


Todos que me desafiaram, não sobreviveram para contar como fora a experiência.


Mas com ela eu seria bem paciente, algo me dizia que ela seria útil para os meus planos futuros, e antes de destruí-la, ela teria que ser útil. E tinha que confessar que era até divertido vê-la dessa forma. Diversão era um coisa distante daquele cartel. Talvez fosse interessante tê-la por perto.


Lembrei novamente do desespero de Jasper ao vê-la machucada, era exatamente por coisas assim que eu odiava pessoas apaixonadas, elas tornavam-se absurdas.


Casais serviam para dar prazer um para o outro como uma troca de favores, que logo passava e procurava-se outra pessoa para satisfazê-lo, só o simples pensamento de passar o resto da vida com uma mesma pessoa me dava náuseas. 


Casamento era para pessoas como Jasper, até podia imaginá-lo, velho, carregando um bando de pirralhos para cima e para baixo com aquela garota enchendo o saco diariamente. Uma risada saiu inconsciente ao imaginar a cena.


"Senhor" Step voltou constrangido. "Esqueci de lembrá-lo dos treinamentos de hoje"


"Já estou indo" Levantei-me e fui em direção ao jardim onde os iniciantes já se alongavam, Step estava em meu encalço e logo Emmet veio em minha direção.


"Mestre" Fez a reverência. "Todos já estão em seus devidos lugares, podemos começar"


A cada dia o treinamento era intensificado, eles seriam treinados para matar e exterminar qualquer tipo de inimigo que aparecesse, o cartel não os transformava apenas em traficantes, o cartel os transformava em assassinos.


Olhei para cada rosto presente e algo pareceu errado, só estavam presentes quatorze iniciantes.


"Cadê a Bardini?" Perguntei para a colega de quarto dela.


"Acho que ele ficou no quarto senhor, não estava se sentindo bem essa manhã" Foi a gota d'água.


Virei para o dormitório e fui a passos duros até lá, com Emmet logo atrás de mim.


"Senhor, ela realmente está mal, estava com muita febre, eu já dei medicamentos, mas acho que ela não está bem o suficiente para fazer os treinamentos" O tom de preocupação era evidente em sua voz.


"E desde quando você acha alguma coisa nesse cartel?" Continuei a passos firmes, até encontrar sua porta. Abri sem cerimônia e a vi dormindo tranquilamente em sua cama.


Empurrei com os dois braços e logo ouvimos seu baque no chão.


"Que merda é essa?" Perguntou sonolenta enquanto tomava um leve susto ao olhar para mim.


"Está pensando que aqui é um hotel?" Disse com os braços cruzados. "Você tem três minutos para estar pronta para os treinamentos" Emmet fazia uma cara de piedade enquanto me acompanhava para fora do quarto.


Exatamente três minutos depois ela estava fora do quarto, batendo a porta com força, numa tentativa infantil de mostrar que estava com raiva, o que não me importava.


A garota possuía olheiras piores que as minhas e estava bem pálida, mas dane-se, ninguém nunca teve vantagens no cartel antes, ela com certeza não seria a primeira exceção.


Continuei andando a passos largos para o jardim e os dois vinham logo atrás.


Chegamos e logo comecei com os treinamentos. 


Realizamos provas para medir a força de cada um deles, cada mulher teve que carregar pesos de cinquenta quilos, em cada braço, e os homens o mesmo valor em dobro.


Avaliei Bardini e apesar de estar com muita dificuldade para fazer a prova, mantinha seu rosto fechado e foi até o final.


Os outros logo terminaram e passamos para outras atividades, também de força, até chegar a hora do almoço, onde ouve uma pequena pausa.


Todos foram para o refeitório, mas a garota apenas sentou-se grama, parecendo estar sem forças, logo Jasper estava ao seu lado, confirmando a minha tese de que era um fresco.


Voltei para nosso próprio refeitório, que ficava na parte leste do castelo, e almocei rapidamente, voltando logo depois para o mesmo jardim, onde todos estavam novamente.


As provas da parte da tarde eram de Step, eu apenas ficava supervisionando.


Ao mesmo tempo eu monitorava através do celular nossas transições, Mabelle estava cuidando de um enorme carregamento que precisava chegar no México, e eu precisava constantemente lhe dar instruções.


"Vocês terão que carregar uns aos outros" Step começou a explicar a prova. "Cada um deverá escolher um par e levá-lo na costa até atravessar a ala norte do castelo, quando chegarem, devem trocar e o parceiro o trará de volta, entendido?" 


Escolheram seus pares e a tarde passou, cheia de treinamentos. Os rostos cansados dos iniciantes mostravam que faltava pouco para que desmaiassem no chão e o objetivo era justamente esse, cansá-los, para que eles pudessem fazer a última prova.


A noite logo chegou e Step ainda ditava vários testes, entre alguns resmungos de fome e de cansaço dos iniciantes.


Era onze da noite quando Step deixou que sentassem seus corpos exaustos na grama, uma onda de assovios e comemorações surgiu, os iludidos acharam que iriam para a cama, doce engano.


"Para quem achou que iria dormir, um pequeno aviso" Todos pararam atentos à minha voz, menos Bardini, que tinha a cabeça entre as mãos, parecendo três vezes mais cansada que todos os outros. "A noite está só começando" Ela levantou o rosto com os olhos levemente arregalados já que parecia que estava nas últimas devido ao cansaço. "Nós teremos uma última prova, que particularmente é a minha favorita"


Alguns deles protestaram, mas foi apenas em uma fração de segundos, porque logo viram meu rosto fechado e se calaram.


"A prova será realizada na floresta" Passei a andar de um lado para o outro. "Será individual, ninguém deve receber ajuda" Todos ouviam atentos. "Na floresta há dez carregamentos de drogas escondidos, vocês terão que achá-los" A excitação passou por alguns deles que murmuraram que facilmente as encontraria. "Mas é claro que não será só isso" Eles logo se calaram novamente. "Haverá perseguidores os seguindo dentro da floresta, vocês não podem deixar que os peguem, quem for pego será automaticamente desclassificado"


"E quem são essas pessoas?" Um deles perguntou e um sorriso se formou em meus lábios.


"Nós" Chamei os outros. "Eu, Step, Emmet e Jasper seremos os perseguidores" Ver o susto passar pelos rostos foi extremamente gratificante.


Alguns com medo, outros excitados, mas logo passaram a se preparar para a prova, pegando cada um uma mochila, que possuíam alguns utensílios para os ajudarem.


"Senhor" Emmet resmungou. "Ainda acho que Bella não tem condições de fazer a prova, ela está péssima, por favor, peço que reconsidere"


Dei uma breve olhada na garota, que possuía movimentos lentos ao carregar sua mochila.


"Como já disse, você não tem que achar nada" Virei-me com o rosto impassível. "Ela participará assim como todos os outros, ninguém tem vantagens nesse cartel"


Ele concordou relutante e logo foi para o lado de Jasper, que também parecia preocupado. 


Eu não deixaria que ela faltasse a prova, eu iria capturá-la, era o momento exato para que ela fosse desclassificada por minhas próprias mãos.


Dei a partida e logo eles correram pela floresta. Nós daríamos um tempo de meia hora para então procurá-los. 


Emmet parecia nervoso e inquieto, enquanto Jasper parecia apenas pensativo.


O tempo passou rapidamente e nós quatro corremos para a floresta, cada um em uma área diferente. Fui pela parte norte, exatamente a que Bardini havia ido, ela seria a primeira que eu faria perder naquela noite.


Corri entre as árvores com destreza, conhecia cada pedaço daquela floresta como minhas próprias mãos, desde a infância corria por aqueles bosques.


A velocidade aumentava a cada passo percorrido, a adrenalina de achá-la consumindo em meu corpo quando algo me fez parar subitamente.


A parada brusca quase fez com que eu escorregasse.


Havia um corpo caído no chão.


Lembranças de anos atrás voaram por minha mente, sem permissão. O choque paralisado em meu rosto e minhas mãos pareciam tremer, eu já havia visto várias pessoas mortas e também já matara várias, mas de alguma forma aquele corpo jogado em meio a grama me remetia a seis anos atrás, aguçando meu extinto protetor.


Foquei uma pequena lanterna que trazia no bolso na pessoa e o susto só aumentou quando percebi que o corpo era exatamente da garota que eu queria destruir.


Isabella Swan.

 

 


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Notas finais do capítulo

Primeiro: Mil perdões pela demora, eu prometo que fiz de tudo para atualizar o mais rápido possível, mas como vocês sabem, as férias acabaram, e estou no convênio, o que faz com que eu passe quase o dia inteiro no colégio. Mas eu prometo que o próximo virá mais rápido!
Maaaas tenho uma novidade pra vocês, já como vocês são lindas, e já que eu queria conhecer mais sobre vocês, eu criei UM TWITTER PARA A FANFIC, nesse twitter vocês poderão saber um pouco mais sobre as atualizações, a gente vai poder conversar, enfim, vai ser muito bom. Então vocês estão intimadas a segui-lo hahaha Brincadeira, mas sério, será ótimo conhecer um pouquinho de vocês e o que estão achando da história. O link é esse: https://twitter.com/EmPerigo
Bem, não esqueçam de dizer sua opinião nos comentários, É MUITO IMPORTANTE para o andamento da fic. Um beijão meninas!
Bia.