The 68th escrita por Luísa Carvalho


Capítulo 23
A Mensagem


Notas iniciais do capítulo

Hey! Desculpem a demora, fiquei sem internet durante um tempinho ): anyways, espero que gostem!



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Acordo involuntariamente com a mão segurando uma de minhas facas. Dormi logo depois da insígnia da Capital aparecer no céu. Descubro então que, além de Joy, a garota do 5 também morreu naquele dia.

Madeline ficou de guarda aquela noite, enquanto eu e Cameron descansávamos. Amelia não voltou mais para a Cornucópia; provavelmente sabia que, se voltasse, eu não pensaria duas vezes antes de tentar com todas as minhas forças matá-la.

– Bom dia - digo para Madeline, mas parece que ela caiu no sono enquanto "montava guarda" e, portanto, não me responde. Mas eu não posso culpá-la; estamos todos exaustos.

Checo o que temos e vejo que a comida está acabando. Aproveitando o início da manhã em que a arena parece relativamente quieta, resolvo sair para caçar e evitar que morramos de fome.

Pego algumas facas e acomodo-as no cinto, e sou interrompida na terceira pela voz de Cameron:

– Oi - ele diz.

– Como está seu braço? - pergunto, preocupada.

– Veja você mesma.

Então me aproximo e percebo o estado do ferimento. Apesar do remédio, ele não cicatrizou nem um pouco. Pelo contrário: está infeccionando e aumentando cada vez mais.

– Não sei se vou aguentar até o final dos Jogos com isso, June - Cameron confessa em voz baixa e vejo que é difícil para ele dizer uma coisa dessas.

Sento-me ao seu lado e passo a mão sobre seus cabelos, lembrando da conversa com Madeline e Joy em que concluímos que Cameron provavelmente não sobreviveria até a grande final. Minha vontade é de desabar logo ali em sua frente. Porém, assim como eu, Cameron é da Capital, sendo ainda ingênuo o suficiente para permitir dúvidas a respeito de seu fim na arena. Assim, resolvo conter o choro e encorajá-lo a continuar firme e forte. Dessa vez, quanto mais tarde tudo isso acabasse, melhor.

– Não se atreva a pensar numa coisa dessas, Cameron - eu afirmo convicta, tentando parecer positiva. - Nós vamos dar um jeito, eu sei disso.

Ele abre um sorriso e vejo que, de certa forma, acredita em mim. Também quero acreditar, mas olhar para seus ferimentos torna difícil afirmar que Cameron ficaria bem. De qualquer forma, acabo sorrindo de volta e me levantando em seguida.

– Acorde Madeline - sugiro. - Não quero deixá-los dormindo aqui sozinhos a esse ponto da competição. Se algo acontecer, por favor grite. O mais alto que puder.

Ele assente. Saio então da Cornucópia e vou em direção às coníferas. No caminho, encontro algumas frutas que identifico como comestíveis por ter visto coisa parecida na Capital, mas resolvo não arriscar. Por sorte, para compensar, vejo um esquilo subindo em uma das árvores. Sem pensar duas vezes, retiro três facas de meu cinto.

Obviamente minhas habilidades com as armas ainda deixam dúvidas. Atirar em esquilos é uma imensa dificuldade por serem muito rápidos e pequenos. Minha sorte se limita a alvos imóveis.

Atiro a primeira; passa longe, e não acerto o animal. No segundo lançamento, consigo acertar a ponta do rabo, de modo a prender o esquilo contra um tronco de árvore. Pego-o em minhas mãos e corto sua garganta, arrancando-lhe a cabeça. Tremo devido à cena horrenda. Guardo então a terceira faca de volta no cinto.

Ando mais alguns metros até encontrar algo que não havia visto até aquele momento: um alce. Com tanta carne assim, estaríamos garantidos até o fim dos Jogos. Preciso daquele animal. Tê-lo em mãos seria uma dádiva.

Escondo-me atrás de uma árvore e espero o momento em que ele se aproxime de onde eu estou. Vejo que continua no mesmo lugar, então resolvo chamar sua atenção.

Sem encontrar alternativa melhor, assovio. O alce então move a cabeça imensa à procura do som e é aí que consigo atirar uma faca bem em seu olho, já que estou relativamente perto do animal. Ele tenta fugir, mas acaba batendo em uma árvore e cai no chão. Não consigo conter uma felicidade por ter conseguido algo tão raro assim. Porém, essa logo é interrompida quando tenho a impressão de que alguém me observa, e decido abaixar-me ainda sem ter certeza de que de fato corro perigo. Em menos de dois segundos o machado do garoto do 7 passa tão perto de minha cabeça que imagino fios de meu cabelo sendo cortados ao meio.

Retiro uma faca de meu cinto e tento atirá-la, mas ele é mais rápido; arranca a arma de minha mão e a lança para longe. Sinto-me encurralada; não tenho tempo para tirar outra faca do cinto, e, se fugisse, provavelmente acabaria com um machado nas costas.

Subitamente, uma ideia brota em minha mente. Não tenho tempo para pensar se realmente viria a funcionar ou não, então resolvo descobrir na prática. Com as mãos imobilizadas pelo garoto, vejo meu pé em um ângulo perfeito e... pronto. Acerto seu ponto fraco, ou melhor, o ponto fraco de qualquer homem.

Consigo tempo suficiente para desembolsar uma faca cravá-la em seu coração -ou onde eu pelo menos penso que seu coração está -, e minha ação é seguida por um tiro de canhão.

Bom trabalho, June.

Junto as patas do alce e é assim que carrego-o até a Cornucópia. Passo por entre as árvores tentando continuar com o animal inteiro, por mais difícil que seja. Por sorte, não demora muito até que eu aviste o grande chifre de metal que é a Cornucópia.

– Cheguei! - grito para Cameron e Madeline, animada. - E trouxe comida para o resto de suas vidas!

Mas, em vez de ver o sorriso dos dois, vejo um Cameron desesperado:

– June! - ele grita enquanto tenta me abraçar sem tocar em mim com seu braço esquerdo. - Graças a Deus você está bem!

Sinto-me a pessoa mais confusa do universo naquele momento.

– O que aconteceu? Por que você está assim? - E é aí que olho para todos os cantos da Cornucópia tentando notar o que há de errado. Percebo quase que imediatamente. - Onde está Madeline?!

Cameron começa a se desesperar, correndo de um lado para outro enquanto coça a cabeça e chuta objetos aleatórios que estão no chão, mas lanço-lhe um olhar obrigando-o a realmente explicar o que está acontecendo.

– Eu saí para pegar água enquanto Madeline ficava de guarda. Mas, quando voltei, ela não estava mais aqui. Então eu ouvi o canhão e...

– Não - interrompo, e fico feliz por parte do problema ter sido apenas um mal entendido. - O canhão foi do garoto do 7 que me atacou agora pouco.

– Eu sei que não foi dela - ele continua, desfazendo minha quase felicidade momentânea. - O que eu quero dizer é que, quando cheguei, isso estava escrito na neve.

Ele me aponta um canto na Cornucópia onde algo havia marcado a neve branca de forma proposital, acredito que com um graveto ou algo do tipo. Confesso que não entendo no começo, mas assim que leio a mensagem sinto meu rosto ficar tão branco quanto o chão abaixo de mim.

"Quer sua amiga? Vem buscar."


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Notas finais do capítulo

De quem foi a mensagem? (Rescrito em 08/12/2014)



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