Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 3
Capítulo 2 – Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! (se é que eles existem =x)
Espero que estejam gostando. Se puderem façam comentários nos capítulos para eu saber se estão gostando. Se tiverem sugestões ou duvidas também me mandem uma mensagem ok? Sempre é bom pra melhorar a história ;)



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Ele me fazia segui-lo por todas as partes pelo acampamento. Seu espírito de liderança havia inflado desde o último ano, e Percy parecia gostar desse novo posto que lhe foi dado da forma mais natural possível.  Ao passarmos pelos diversos lugares do acampamento, íamos acenando vez ou outra quando encontrávamos alguém conhecido. Costumávamos conhecer praticamente todos por ali, mas esse ano as coisas tinham mudado. Tudo por causa do acordo que Percy fez com os Deuses após salvarmos o Olimpo. Será que o chalé de Atena ia receber muitos novos membros? Quantos novos irmãos eu teria perdidos por ai? Com certeza precisaríamos de uma pequena expansão por lá.

Enfim encontramos o centauro, que agora era diretor do Acampamento Meio-sangue. Ele estava no ginásio de treinamento checando alguns equipamentos como espadas, arco e flecha e armaduras. Com certeza Quíron queria tudo em ordem para recomeçar as atividades o quanto antes. Não sei se era a figura paterna que ele sempre representou pra mim, mas me senti extremamente envergonhada quando ele nos olhou e eu estava de mãos dadas com Percy.  Soltei-me rapidamente dele e fui caminhando ao encontro de nosso velho amigo.

Conversamos sobre os assuntos de sempre. Deuses e suas excentricidades, Semideuses e seus problemas, Profecias e suas consequências. Quíron comentou conosco que os Deuses não estavam lá muito felizes com essa ideia de ter que reclamarem todos os seus filhos meio-sangues, muito menos de dar espaço aos Deuses menores no acampamento. Todos esperávamos que pelo menos dessa vez eles cumprissem a promessa que fizeram. Conversamos um pouco mais sobre como seriam as atividades nesse verão e sobre como íamos lidar com a superlotação do acampamento.

Nos despedimos dele e seguimos explorando outros cantos daquele lugar onde o tempo nunca era ruim. Demos uma olhada na grande área dos chalés, alguns ainda passavam por reformas e outros tantos novos eram construídos pra abrigar os novos semideuses que chegavam. Depois de muito andar acabamos chegando à praia, com certeza o lugar preferido do Percy, e um dos meus preferidos também. Ver seus olhos quando refletiam as ondas do mar era uma das coisas mais bonitas que eu já tinha vista em minha vida, mas claro que nunca contara isso a ele nem a ninguém.

- Agora vai me contar o que é essa tal surpresa que você tem pra mim? – Repeti a pergunta que tinha feito várias vezes enquanto estávamos passeando pelo acampamento, e ainda não tinha obtido uma resposta satisfatória. – Sabe que não gosto de não estar preparada pro que terei que “enfrentar”.

- Mas é essa a melhor parte da surpresa, te pegar desprevenida! – Disso ele rindo enquanto nos sentávamos na areia da praia. – E se eu contar não vai ter mais graça.

- Não posso saber nem quando você vai me mostrar o que é?

- Não.

- Você é, com certeza, o semideus mais insuportável que já existiu!

- Pode até ser que você esteja certa...

- Eu sempre estou certa!

- Mas nem por isso deixo de ser o semideus insuportável que você mais gosta.

- Paciência é umas das maiores virtudes de Atena.

- Sério? Nem imagino então porque sua mãe odeia tanto o meu pai...

Eu já ia começar a argumentar com Percy, mesmo que já tivéssemos superado há muito tempo essa desavença eterna que existia entre nossos pais, eu não podia deixar de defender meu lado. Ele, porém nem me deixou começar a falar, segurou meu queixo e me deu um beijo no rosto. Eu então perdi o fio da meada e fiquei quieta, enquanto ele, se deitava na areia e apoiava a cabeça no meu colo, virado na direção do mar.

Eu normalmente reclamaria por ele ser tão folgado, mas naquele momento eu sentia que aquilo não podia ser mais adequado. Quanto mais contato havia entre a gente melhor. Aquilo me trazia uma paz e alegria imensas! Então decidi não falar mais nada e apenas curtir aquele momento. Tudo bem, eu adorava discutir com Percy de vez em quando e não podia evitar fazer isso vez ou outra. Mas também não seria mal aproveitar aqueles momentos tranquilos e românticos enquanto ninguém estava olhando.

Percy me contou como estavam as coisas em sua casa, sua mãe e Paul estavam cada dia mais felizes juntos. Ele fazia com que ela não se preocupasse tanto com o filho. Contei-lhe também sobre a última vez que fui visitar meu pai em São Francisco, e pude rever meus meios-irmãos.

Conversamos sobre diversas outras coisas enquanto trocávamos singelas carícias. Enquanto ele ficou deitado em minhas pernas, meus dedos não saiam de seus cabelos que apesar de bagunçados eram macios e brilhantes. Ele constantemente procurava minha mão para segurá-la ou apenas ficar brincando com ela. Descobria que seus braços eram mais fortes e definidos do que já tinha conseguido reparar apenas com os olhos. Enquanto ele descobria que eu tinha cócegas no pescoço e perto das orelhas.

Somente nos demos conta do passar das horas quando o céu começou a escurecer. Corremos para nossos chalés para tentar ajudar na arrumação antes que chegasse a hora da inspeção. Nos separamos depois um longo abraço, mesmo sabendo que íamos nos ver de novo dali a apenas alguns minutos, na hora do jantar. Deixei minhas coisas sobre meu beliche no chalé de Atena. Como eu tinha acabado de chegar, não tinham tantas coisas pra arrumar. Ajudei na limpeza geral e aproveitei pra matar as saudades dos meus irmãos.

Passei na inspeção com um 4, só porque não tive tempo de desfazer por completo a minha mala. Tentei me conformar com isso enquanto caminhava para o refeitório. As mesas eram divididas por chalés. Então me sentei com meus irmãos enquanto Percy, como de costume se sentou sozinho à mesa correspondente ao chalé de Poseidon. Fizemos todo o ritual de jogar parte de nossa comida no fogo para oferecer aos Deuses, jantamos e depois todos se encaminharam para a fogueira.

Pela primeira vez em 5 anos, ninguém estava apreensivos para aquele momento, onde sempre eram discutidos os assuntos mais importantes entre todos os campistas. Dessa vez o clima era de tranquilidade, de missão cumprida. Não havia mais nenhuma guerra se aproximando, pelo menos não por enquanto. Eu então procurei um lugar mais afastado do centro da fogueira dessa vez. Me sentei em um dos troncos que havia perto de algumas ninfas. Me concentrei no fogo que ardia e pela primeira vez reparei em Héstia, a Deusa da lareira, que sempre estava presente quando as pessoas se reuniam junto ao fogo, mas que quase nunca era notada. Depois do que havíamos passado no ano anterior, eu nunca mais duvidaria de sua importância.

Estava tão submersa em meus pensamentos que não reparei que alguém se aproximava e sentava ao meu lado. Só me dei conta quando senti uma mão sobre a minha. Pisquei algumas vezes e olhei pra ele que sorria. Sorri de volta e apertei sua mão.

- Ela é bonita, não é?

- Quem?

- A fogueira. Não a vejo mais como antes... Agora ela parece bem mais acolhedora e imponente – Percy ria como se achasse tonto tudo o que estava falando. Mas ele sabia que eu não acharia. Afinal tínhamos passado por certas coisas juntos que fazem qualquer um ficar um tanto quanto ‘filosófico’ às vezes.

Esperamos pacientemente e muito bem comportados enquanto Quíron dava as boas vindas a todos e explicava como iam funcionar as coisas daqui pra frente no acampamento. Ele foi até que breve, encerrando seu pronunciamento minutos depois. Em seguida, todos começaram a se levantar e se dirigir aos chalés, eu também me levantei e já ia começar a andar quanto Percy colocou o braço em volta dos meus ombros e me impediu de prosseguir, fazendo-me dar a volta e seguir com ele para a direção oposta.

- Pra que tanta pressa? Ainda temos um tempinho antes do ‘toque de recolher’ vamos dar uma volta...

- Hmmm, o que esta tramando, cabeça de alga?

- Não posso querer passar um tempinho a sós com minha namorada?

Eu apenas ri, colocando meu braço em volta de sua cintura e seguindo em frente pra onde quer que ele estivesse me levando. A noite já estava bem escura, mas isso não impediu Percy de continuar nos levanto cada vez mais pra dentro da mata fechada. Enfim ele parou de andar, quando chegamos perto do lago. Ele se virou pra mim e disse:

- Tá, agora preciso que você feche os olhos.

- Não sei não, tô começando a ficar com medo dessa sua surpresa.

- Não confia em mim?

- Claro que confia, mas é que...

- Mas nada, agora fecha os olhos e seja uma boa menina.

- Já está abusando da sorte. Mas tudo bem, só porque eu quero muito mesmo saber o que é.

Fechei os olhos e cruzei os braços esperando. Percy se soltou de mim e ficou em silêncio. Continuei esperando. Mais silêncio. Ele estava fazendo aquilo de propósito, se queria me pregar alguma peça ia se arrepender. Cansei de esperar e abri os olhos. Ele não estava mais lá na minha frente. Olhei em volta. Nada. Estava sozinha no meio da mata naquela escuridão.

- Tá legal Perseu Jackson, já chega, acabou a brincadeira. – Falava enquanto girava em torno do meu próprio corpo tentando encontra-lo – Não tem a mínima graça ok...

- Não era minha intensão te assustar Annie, mas tenho que dizer que sua expressão de medo é bem engraçada sim – Em um sobressalto me virei na direção de sua voz e o vi saindo do lago, de forma sinistra, com as roupas, cabelo e pele totalmente secos. Ele trazia uma espécie de baú de madeira bem pequeno nas mãos. Aproximou-se com um sorriso que logo se desfez ao ver a minha cara de pura desaprovação.

- Precisava me dar um susto desses? Não achei nenhum pouco engraçado!

- Me desculpe! Eu juro que não tive essa intensão. É que não queria que você visse onde eu tinha escondido seu presente.

- Presente? E porque teve que esconder no fundo do lago?

- É um presente muito especial. Não queria perdê-lo e também não queria que ninguém o visse, não antes de eu te dar.

- Tá ok, eu espero que ele valha mesmo a pena, ou você estará muito encrencado!

- Tenho certeza que vai gostar – Ele abriu o baú que tinha uma espécie de segredo no fecho, alguns movimentos coordenados e pronto. Ele não disse nada, apenas virou o objeto para que eu pudesse ver o que tinha em seu interior. A princípio não reconheci o que era. Parecia apenas um broche simples, desses que as pessoas usam pendurados na roupa. Mas depois de analisar melhor eu percebi. Não era, nem de longe, um broche comum. Nele havia desenhado em alto relevo um avião militar idêntico ao que meu pai dirigiu na vez que nos ajudou em uma de nossas missões. Em baixo havia escrito o nome do modelo e ainda havia um brasão da aeronáutica que provava que aquele era um artifício original.

- Onde conseguiu isso? É... é lindo!

- Digamos que tenho meus contatos – ele então pegou o broche e sem pedir licença, colocou-o na minha camiseta – Fiquei dias pensando no presente que poderia te dar, achei que não fosse gostar de bijuterias nem de flores, muito menos de chocolates. Então pensei em algo que pudesse ter um significado mais profundo.

- Eu não sei nem o que dizer. Obrigada Percy! Não precisava se incomodar – eu passava minha mão sobre o meu presente indicando que na verdade, precisava sim! Eu tinha adorado de verdade!

- Mas é claro que precisava! Não poderia deixar passar em branco nosso aniversário de namoro

Fiquei paralisada e completamente sem fala. Como eu podia ter me esquecido? Como? Há exatamente um ano, naquele mesmo acampamento Percy e eu tínhamos começado a namorar. Era talvez a data mais importante de minha vida e eu simplesmente me esqueci. Não tinha lhe dado nem sequer os parabéns. Meu rosto foi mudando de cor conforme eu tentava falar alguma coisa, ficando cada vez mais vermelho, até que consegui dizer:

- Eu sou com certeza a pior namorada da face da terra! Meus Deuses, me desculpe Percy, tinha me esquecido completamente. E normalmente são as mulheres que devem lembrar esse tipo de coisa não é? Com certeza você estava esperando que eu também lhe desse alguma coisa, estou me sentindo péssima e...

- Shhhh! – Ele colocou o dedo sobre os meus lábios para que eu parasse de falar – Não eu não esperava que me desse nada. Alias, estar com você já é o meu maior presente! Não se preocupe, posso pensar em algumas formas de você compensar essa mancada.

- Pode pedir o que quiser, eu admito que mandei muito mal dessa vez!

- Não diga isso para um filho de Poseidon. Sabe que posso ser muito criativo!

- Mesmo você tendo me dado um baita susto ainda há pouco, eu confio em você! Então sim, pode pedir o que quiser.

- Ok, vou levar algum tempo pra pensar em algo realmente bom, então quem sabe amanha eu te digo.

- Já vi que gostou da ideia de me pegar desprevenida né?

- Na verdade a ideia de pegar você em si já é muito boa por si só. Aiiii, era brincadeira!

Não pude evitar dar-lhe um tapa no braço depois desse comentário. Mas depois eu não consegui me manter séria e acabei rindo também.

- Nem parece que estamos há um ano juntos já. Passou tão depressa!

- Tem razão. E tenho a impressão de que a partir de agora será sempre assim, desde que estejamos juntos – Disse ele me abraçando e erguendo a mão pra afastar uma mecha de cabelo do meu rosto – Por isso proponho que aproveitemos intensamente cada um destes segundos. Os que se opõem, por favor, que se manifestem agora ou calem-se para sempre! – Ele fez como se esperasse alguém dizer alguma coisa e colocou a mão sobre minha boca, pra me impedir de protestar - Ninguém? Ótimo!

- Como você consegue ser tão bobo?

- Não sei. Você não é filha da Deusa da inteligência, me responda você!

- Existem certas coisas que a razão não pode compreender nem explicar.

- Então acho que vamos ficar na dúvida pra sempre...

- Posso conviver com isso!

- Que bom! Mas mesmo se não pudesse, não teria escolha. Não vai se livrar de mim assim tão fácil Annie.

- Talvez eu não queira me livrar...

- Talvez eu não ligue de ser um bobo como Grover afinal. Não quando isso signifique que sou bobo por você!

Começamos com um, depois dois, três, quatro. E eu com certeza perdi as contas de quantos beijos ele me deu antes que eu pudesse convencê-lo de que já havia passado muito da hora de irmos dormir.


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