Entrou no quarto com passos leves, embora parecesse desajeitado sempre teve muita agilidade. Pensara no assunto desde o jantar quando ele mencionou Zangetsu. Parece que desta vez não teria como escapar daquilo. Seu primogênito estava deitado, mas mantinha os olhos bem abertos.


–Sabia que você viria falar comigo.
–Não tem jeito, Ichigo, o que você pretende com tudo isso?
–Restaurar a ordens das coisas.
–Sabe muito bem que isso só trará confusão.
–Nos escondermos também não deu em nada.


Ficaram em silêncio por um bom tempo. Isshin notou a determinação nos olhos do filho. Sabia que era em vão sua tentativa de deixá-lo longe de tudo isso. Levantou-se, mas antes de passar pela porta continuou:
–Ela não gostaria disso. Era o desejo dela proteger vocês.


Ichigo abaixa a cabeça a procura das palavras certas.


–Isso também é por ela. Não é justo com nenhum de nós. Trarei a nossa honra de volta. E me diga pai, qual o problema de tomar de volta o que é por direito nosso?
–Você é um idealista e...
–Sai-me a você. - Isshim se assusta com a afirmativa do filho - Se realmente fosse contra o que eu desejo tentaria com mais vontade me impedir. Velho, sei que está cansado disso e que quer vingá-la tanto quanto eu.
–Mas não se trata só de nós não é mesmo? E as suas irmãs como ficam? Ainda são muito jovens para enfrentar o que há por vir se continuar neste caminho.
–Temos braços e pernas para protege-las e enquanto o meu coração estiver batendo eu farei de tudo para que elas fiquem bem. Isso é mais importante do que eu possa perder. É mais importante que a minha própria vida. Morrerei pelo certo se for o caso.


Isshin não teve argumentos depois disso. Seu filho estava certo. Ele já não aguenta mais esta situação e seu peito há muito tempo clama pela justiça. Deixou-o no quarto e saiu em pensamentos.
–Masaki, ele disse que saiu a mim, mas a vontade do fogo... Ele herdou isso de você.


(...)
ANOS ATRÁS
MISTIGAM - CIDADE NATAL DE MASAKI


Cinco homens encapuzados estavam reunidos em uma sala subterrânea de uma pequena pousada afastada da cidade.
–Então a pequena Masaki está gravida?
–Pequena? Ela já esta casada.
–Sempre pequena aos meus olhos.
–Entendam que isso não é nada apropriado para nós.
–Mestre, quando você chegou a...
–Como eu cheguei aqui? Esqueceu que eu sou o Sombra, Noite?
–Sombra, é que só há sombras no dia, então o Noite não sabe dessas coisas.
–Cobra, engana-se. A noite é onde há mais sombras.
–Você é tão ingênuo, Noite.
–Só eu acho que esse negócio de codinome ridículo?
–Eu também não estou satisfeito com isso e
–Calados! Devem saber que as paredes têm ouvidos. Os nomes falsos são necessários Diablo.
–Chega dessa conversa estupida. Nosso objetivo é outro afinal.
–Sim, não podemos deixar os herdeiros do fogo vivos não é? Temos que dar um fim neles.
–Pobre Masaki, mas ela quem escolheu esse caminho. Podia ter ficado só no primeiro filho, mas não... Ela tinha que dar uma de coelho e ter mais dois.
–Dois?
–Sim. Ela carrega dois no ventre. Isso aumenta as chances não acha?
–Tudo estava indo tão bem... Foi tão bom saber que o primogênito dos Kurosaki não era um herdeiro do fogo. Mas com certeza uma das crianças que ela espera é herdeira legítima. Não podemos deixar isso.
–As coisas estão arranjadas.
–Excelente. E você, Sombra, O que vai fazer agora?
–Vou mudar-me para Karakura. Ótimo potencial para os meus planos.
–Ainda quer resolver pendências antigas?
–A honra é uma coisa pela qual vale a pena lutar.
–Mesmo? Trapaceando? Quanta honra...
–Cobra, mais respeito com o mestre!
–O bichinho de estimação decidiu falar é. Fica na tua Rex.
–Rex, não se enfureça. Vamos deixar isso para outra hora...
–Mas que eu estou falando a verdade eu estou. – Cobra olha envolta surpreso - Mas cadê ele?
–Nossa ele fez de novo!
Cobra desaparece sem deixar pistas
"enquanto houver a luz eu poderei fazer o que quiser" ouvem como um sussurro ecoando pela sala.


(...)


CASA DOS KUROSAKI – MISTIGAM


–Por que toda essa agitação aqui?
–Senhor, a senhora está dando a luz.
–Quê? Mas ela só está com sete meses.
–As crianças que escolhem a hora de sair.
–Mas o que eu faço agora? Cadê as coisas dela? Cadê ela? Já chamaram um médico? Droga eu tenho que
–Papai. É só subir as escadas e dar a sua mão para ela. Depois disso tudo ficará bem.
–Moranguinho... Nem vi você ai.
–NÃO ME CHAME DE MORANGUNHO! VELHO
–MAS RESPEITO COM O SEU PAI.
–ENTÃO NÃO COMECE
–AI!!! - Ouvem um grito de dor.
–Deixem isso para depois. Vá lá ver a sua senhora.
–Claro.
–Ichigo, está feliz por ter irmãzinhas?
–Claro. Agora o velho não irá mais me perturbar...
–Muito engraçado, jovem mestre.
–Você pode me chamar pelo nome, Yoruichi-sam.
–Muito bem então, Moranguinho-kun... - ela rir debochadamente quando o pequeno menino a encara de maneira muito séria.
–Yourichi-sam, com elas aqui a vontade do fogo poderá prevalecer.
–hum?
–Eu não sou o herdeiro, mas eu prometo... Prometo que as protegerei de qualquer coisa. É o meu dever como irmão mais velho.
–Sabe Ichigo-kun, pode não ser o herdeiro, mas o seu coração carrega a verdadeira essência do fogo. Preserve o seu coração está bem? Agora, não quer ir até lá ver o que acontece?
–N-não, obrigado. Já me falaram que será parto normal... Não quero ver a mamãe assim. - fica ruborizado.


Depois de algumas horas tensas a casa cai em um silêncio incomum. Ichigo olhava nervosamente para o velho cuco em cima da lareira.
–Está nervoso, Moranguinho?
–NÃO ME CHAME ASSIM! ... Sabe, está muito quieto lá em cima.
–Não se preocupe. Tudo acabará bem... – De repente ouve-se choros ecoando pela casa. Ichigo não espera e sai em velocidade pelas escadas até o quarto dos seus pais. Chega esbaforido no lugar e fica estático quando ver aquelas duas criaturinhas tão pequenas e frágeis a sua frente.
–Meu moranguinho, venha aqui conhecer as suas irmãs.
E assim ele o fez. Masaki era a única que o chamava daquele jeito sem que o mesmo fechasse a cara. Na verdade, fora sua mãe quem o apelidou assim e ele nunca ousara brigar com ela por conta disto.
–São lindas.
–Sim. Tão bonitas quanto o irmão.
–Nossa família é abençoada, Masaki. Que crianças lindas – Isshim falava cheio lágrimas nos olhos.
–Então Ichigo, como devemos chamá-las?
–Eu posso por o nome?
–Eu sei que você já havia escolhido. Yoruichi já me contou.
–Aquela fofoqueira – falava pra si mesmo.
–Pessoalmente eu achei os nomes lindos. – O menino arregala os olhos e deixa transparecer sua felicidade com o comentário da mãe.
–Karin. É o nome da de cabelos negros. E Yuzu a de cabelos castanhos.
–Então assim seja.


Estavam de fato muitos felizes porque, embora as meninas tenham nascido prematuras não aparentavam nenhum problema físico. Eram saudáveis e isso o que importava. Ichigo tentava segurar desajeitado uma das irmãs quando ouviram uma forte explosão. Um dos empregados entrou desesperado ao quarto, aparentava está ferido.
–Senhor, estamos sendo atacados!
–Numa hora dessas? – Isshim olha seriamente para Masaki e para o filho que parecia está assustado. Vamos resolver isso agora mesmo.
–Isshim... Por favor, tome cuidado.
–Claro meu amor. Ichigo, cuide das nossas mulheres está bem?
E o chefe da família pegou uma espada dentro de um baú e desceu as escadas. Seus olhos estavam vermelhos de raiva, da sua mulher, vermelhos de preocupação e do jovem ruivinho, vermelhos de medo.


Continua....