Senna estava mais azeda do que nunca. Jamais foi uma flor de menina, mas naquela noite era patada para tudo quanto é lado e quem sofria eram suas empregadas como sempre. Não conseguia aceitar que a princesa entrou em sua escola na época que se tornaria uma lenda por lá. A mais popular por anos seguidos e agora isso, mas ela não deixaria que Rukia tirasse o seu reinado e faria alguma coisa para deixar a princesinha quietinha por lá. Estava brava e queria que o seu pai fizesse alguma coisa quando ficou pasma ao descobrir que foi o próprio que incentivou a entrada da princesa na escola. Isso era imperdoável. Como ele podia fazer isso com a sua própria filha? Geralmente conseguia tudo do seu pai, mas desta vez, sem motivo aparente, estava irredutível em sua decisão. Tinha alguma coisa ali e ela iria descobrir o quê.

Depois de terem selados os cavalos seguiam para o seus aposentos.

–Conseguimos um trabalho molhe não é não, Shiba?

–Mas devemos ter cuidado, Hisage. Afinal estamos cuidando da herdeira do reino.

–se qualquer um pensar em se meter o engraçadinho com a gente está fritos.

-Pois é. Só não acho legal a princesa dar carona para pessoas que mal conhece.

–Tá falando do moleque de mais cedo? Qual foi? Tá com ciúmes?

–Mas o que você está falando? Nosso trabalho é protegê-la. E só.

–Sei, Kaein.. Sei...

Rukia já havia tomado o seu banho e descido para o jantar. Falou sobre os novos amigos e de como estava contente com a escola. Byakuya mostrava que a ouvia com algumas poucas palavras, mas a morena já estava acostumada com esse seu jeito. Pensou se deveria comentar que havia alguém morando na casa do antigo vigia, mas pensou melhor não falar nada. Seu irmão era muito protetor e talvez arrumasse alguma confusão em saber que havia desconhecidos morando tão perto do castelo. Sim... Perto do castelo. A nova casa dos Kurosaki além de escondida da estrada principal ficava num caminho de um atalho para o castelo real. Era pequeno o que impedia que carruagens e um grande número de homens passagem por ali ao mesmo tempo, mas era útil no passado, quando a família real queria fugir sem ser notada. Há muito tempo que não era usada e praticamente mais ninguém sabe de sua existência e deste atalho ao palácio. Não seria necessário preocupar o rei com uma coisa dessas.

Ichigo, Karin, Yusu e Isshin também jantavam a essa hora. Bastante barulho por conta das piadas sem graça do chefe da família. Ichigo estava mais calado que o normal o que despertou a curiosidade do seu pai.

–Anda muito distraído. Por acaso está apaixonado?

–É só o primeiro dia no colégio. Como posso me apaixonar por alguém?

–Quem sabe o caminho do coração. Mas então o que te preocupas?

–Zangetsu. - Isshim fica em silêncio e disfarça a sua surpresa ao ouvir este nome.

–onii-san, o quem é Zangetsu?

–É o prêmio que receberão a dupla vencedora no festival de inverno. - Ichigo fala olhando seriamente o seu pai, que parece entender o que aquilo significava.

–Festival?

–É Yuzu. Eu ouvi  rumores que todos os anos há um festival de inverno onde os alunos do ginásio competem e ganham prêmios.

–Legal, Karin. Onii-san, você vai participar também?

–É Yuzu.

–Isso não faz muito a sua cara, Ichi-nii.

–E não faz mesmo, Karin. Só que somos obrigados. O aluno que não participa é reprovado automaticamente.

–Isso vai ser um problema... Todos sabem que você é Horrível com os patins... Vai ser engraçado de ver.

–Obrigado pela força Karin.

–De nada. Mas com quem você vai entrar na competição.

-Rukia Kuchiki.

Todos param de comer e o olharam incrédulos.

–Como? - em uníssono.

–Não comentei? A princesa também está na minha sala e foi sorteada a participar comigo.

–Claro que você não comentou.

–Como pode falar com tanta naturalidade isso? Um membro da família real na nossa escola participando com o nosso irmão num evento e você acha isso normal?

–Acho.

–Onii-san e como é a princesa?

–Não nos falamos muito. Mas ela não gosta de ser chamada pelo nome.

–Ela te disse isso?

–Sim. Coisa de gente esnobe.

–Quando ela te disse isso, Ichigo?

–Quando me trouxe para casa.

–Como? - Todos falaram juntos novamente.

–Ela estava vindo para cá e me deu uma carona.

–Mas. Mas então... Mas então como ela pode ser esnobe irmão?

–Sendo.

Inacreditável como ele tratava as coisas de um jeito tão simples. Para ela a princesa era só mais uma pessoa. A conversa seguiu normalmente. Várias perguntas das irmãs a respeito da princesa e o seu pai fazendo piadinhas. Embora Isshin não demonstrasse para as meninas, Ichigo sabia que a menção aquele nome faria com que ele fosse até seu quarto mais tarde para conversar. Não importava o que o pai tinha a lhe dizer. Ele tomou sua decisão e traria de volta Zangetsu para as mãos de sua família. Custe o que custar.

Embora fosse comum o silêncio no palácio na hora da janta, Rukia notou a mudez do seu irmão. Mas claro, a mesma o fez relembrar a data que se aproxima. Culpou-se por ter tocado no assunto do festival de inverno, isto fez seu irmão se fechar. Seu coração se acalmou ao perceber que não precisaria dizer nada, ele lembraria por si próprio.

Duas faces de alegria uma de tristeza...

Quando eles se conheceram era inverno. Logo no primeiro dia surgiu um sentimento muito forte ele não sabia ainda, mas ela se tornaria sua rainha. Ela encheu todo o espaço no seu coração e no dia do seu aniversário ficaram noivos, anos depois na mesma data casaram-se e anos depois, na mesma data, ela morreu. Foi o pior dos dias e a dor tomou o seu coração de tal forma que tudo ficou frio. Está e a características dos herdeiros de Karakura. De passar para o lugar o sentimento de seu coração. Antes existiam as estações, mas depois deste dia tudo ficou frio.

Há muitas gerações os Kuchikis pararam de gerar herdeiros com corações de fogo e para que houvesse um equilíbrio escolhiam seus cônjuges em outras famílias nobres. Hisana era uma nobre de coração de fogo. Foi escolhida para despojá-lo por isso. Não era necessário que nascesse amor, aliais nem deveria. É um sentimento instável e para aqueles que governam é uma arma perigosa. Pela a razão de sua morte a cidade quase foi destruída num inverno monstruoso. Graças à presença de Rukia ele pôde controlar seu coração, mas nunca mais voltou o verão, nunca mais voltou à primavera... E quando chega nesta época, o aniversário de morte dela, tudo fica mais frio...

Assim que terminou de jantar subiu aos seus aposentos e abriu a enorme persiana; Olhava sem rumo o nada. Era por isso que impedia a irmã de conviver com as pessoas, queria impedi-la de se apaixonar. Seu noivo já foi escolhido a muito tempo. Rukia também possuía coração de gelo e não era tão forte quanto Byakuya, se partissem seu coração sem dúvida destruiria todo o reino. Ela aceitava o seu destino, ela conhecia a dor do irmão. "lágrimas são para qualquer um, mas lembre-se você e a realeza" Seu irmão sempre lhe repetia essa frase e tomou-a para si como lema.

Byakuya fechou a persiana e foi perdido em pensamentos para a sua cama.

–Duas faces de alegria uma de tristeza... Hisana, eu sou um fraco. Tenho duas faces de alegria, mas deixo que a tristeza tome o meu coração. - Um vento frio começou a soprar violentamente de repente. Rukia ainda na sala de jantar já sabia o motivo. O coração do seu nii-sama começou a entrar no inverno.