Eterno silêncio de alguem que te ama escrita por Miyuki Hara


Capítulo 7
Capítulo 7




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Pousei a rosa no mesmo sítio onde ela estava, tentando meter na cabeça que não era para mim ou que era apenas uma decoração ou algo do género.

Mas eu sabia, embora não quisesse aceitar, que tinha sido ele.
Não sabia o porque dele me ter convidado para sair ou o porque de me ter dado uma rosa, mas assustava-me as possibilidades de tal acto.
E se ele estivesse a brincar comigo?
Seria terrível se eu fosse usada numa fase tão instável da minha vida, onde não tinha família, melhores amigos e namorado.

Cai na realidade quando senti o meu telemóvel a vibrar.
Quando vi o nome da pessoa que me tinha enviado a mensagem, senti um milhão de emoções que pensei ter deixado na minha antiga casa.
Geralmente quando duas pessoas estão muito distantes uma da outra ou os sentimentos crescem ou diminuem. No meu caso diminuem embora saiba perfeitamente o quanto isso o magoa.

Digamos que as coisas já iam muito más antes de eu vir para aqui. Muito antes da morte da minha mãe eu sentia um certo desespero pelo facto do meu ex-namorado não me valorizar.

Tentei de tudo, desde momentos precisos que podia estar em casa com a minha mãe que eu passei nos braços dele.
Noites que poderiam ser gastas a ver filmes com amigas e festas pijama enquanto me entregava de corpo e alma com a possibilidade dele me dar valor.
Mas mesmo assim ele desvalorizava-me como pessoa, e isso era pior do que não ser correspondida. Era como se estivesse a ser usada como um acessório sem valor.

Quando acabamos e a minha mãe faleceu, seguir os meus sonhos foi a minha única esperança. Sem a dança ou a música, o meu coração estaria vazio e a minha alma gasta e cansada.

Por isso que eu levo a peito os avanços de outras pessoas.
Não me sinto confortável com o facto de por algo que pode acabar a frente de algo que me dá força e pode ser realizado com um pouco de dedicação.

Abri a mensagem tentando manter-me firme mas mal comecei a ler senti-me a morrer por dentro.
Ele dizia coisas desde ter saudades e que faria tudo por mim, mas isso parecia-me irreal.

Quando estava com ele sentia ter asas.
Sempre pensei que nunca seria capaz de abandonar o nosso ninho a procura doutra casa, mas desde o momento que o deixei que senti mais força para me descobrir a mim mesma e de ser tão dura e fria com as pessoas que me rodeavam.
Com ele tudo era perfeito aos olhos dos outros.

Mas do que valia ter asas se não podia voar?

Eliminei a mensagem e recompus-me. Fui tomar um banho rápido e sequei o cabelo, fazendo um penteado de baile.

Embora não fizesse bem o meu estilo, a minha mãe tinha tentado ao máximo tornar-me numa mulher feminina, mas em vão porque é difícil imaginar alguém como eu a dançar hip hop com saltas altos.

Enrolei uma toalha a volta do corpo e procurei entre o monte de roupa que estava no meu armário por algo que poderia levar para logo a noite.
Encontrei dezenas de calças e de casacos, e demorou uma eternidade para encontrar algo.

Escolhi um dos vestidos que a minha mãe usava para jantares importantes e vesti-o.

Muitas pessoas diziam a minha mãe que éramos parecidas. Mas claro que haviam diferenças. Embora ela fosse do mesmo estávamos que eu (1,56 metros), ela parecia uma pessoa extravagante a famosa a metros de distância. Desde a saia perfeitamente justa ao seu corpo sem parecer muito mal até a maquilhagem de profissional que ela sabia fazer por pura criatividade.
Ela marcava presença enquanto eu por mais que sorrisse e me esticasse para parecer mais alta, continuava a parecer antipática e difícil de abordar.

Mas eu cresci.

E isso se tornou óbvio quando senti o vestido roxo escuro a ajustar-se ao meu corpo como uma luva.
Sempre tivera alguns complexos com o meu corpo mas aquele vestido sobressaia os meus melhores dotes.
Coloquei risco preto nos meus olhos esverdeados e uma sombra azulada.
Por fim ajeitei o cabelo e finalmente entendi o porque de dizerem que era parecida com a minha mãe.
A única coisa que faltava era o cabelo loiro e a força no olhar, embora eu não fosse capaz de ser loira nem de ter força no olhar a não ser que dançasse.

Procurei algo para petiscar enquanto cantava uma musica dos BigBang que me tinha ficado no ouvido.

Quando o ponteiro marcou as 9 horas, senti o meu telemóvel a vibrar da minha carteira. Pulei do meu sofá e quase partia o chão com os meus saltos altos.

Era uma mensagem do Daesung a dizer para ir ter com ele que ele ia estacionar a frente do meu hotel.

Tentei não me assustar outra vez pelo facto dele saber onde vivo e tranquei a porta. Senti as recepcionistas a especularem-me de cima a baixo enquanto eu tentava não tropeçar ou cair.
Desta vez eu sabia que não me olhavam em choque mas sim em surpresa. E eu sentia-me bem por não pensarem mal de mim, embora continuassem a julgar-me pela minha aparência, o que me deixava aborrecida.

Reparei na lua enquanto descia as escadas, e dei-me conta que a noite era ideal para um casal se encontrar as escondidas.

Mas felizmente já não podia mais fazer isso, e tinha mais tempo para investir na minha carreira e nos meus amigos.
Procurei por um carro digno de uma estrela de Hollywood, como uma limusina ou um Ferrari, tudo menos uma carroça.
Mas depois lembrei-me que o Daesung era do tipo que não gostava de dar nas vistas e procurei por algum carro com vidros escuros.

Os meus olhos procuraram por um carro e encontraram um carro um carro moderno sem exagero com os piscas ligados e com os vidros escuros.

Mal olhei para os vidros senti o vidro do condutor e descer e um Daesung extremamente chocado olhar para mim como se fosse algo de outro planeta. Aproximo-me com a cara muito vermelha e com pernas bambas.

Quando chego perto dele e olho questionadoramente para ele a pensar no que fazer a seguir, ele fica corado e abre a porta para de seguida me levar ao outro lado do carro e para me abrir a porta como um cavalheiro.

- Podes entrar… - Ele rapidamente voltou ao lugar do condutor e demorou alguns minutos para finalmente dizer alguma coisa. – Hum… - Olho para ele surpreendida por ter quebrado o silêncio. – …Estás muito bonita. – disse mexendo no seu cabelo despenteado, impedindo-me de lhe ver a cara.

- Obrigada – respondi educadamente, tentando esconder a minha timidez.

Ele finalmente olha para mim e sorri um sorriso perfeito. – Eu eu? Achas que estou bem?

A pergunta pareceu-me um pouco estranha mas rapidamente observei o que ele trazia vestido.
Usava umas calças pretas que lhe ficavam bem e uma camisa ligeiramente desbotada dum rosa muito claro. Trazia também um casaco preto onde uma corrente dourada lhe sobressaia o cabelo loiro. - Sorri para ele e pensei em elogios que se podiam dar a rapazes.

– Estás todo giraço. – Acabei por dizer.

Ele dá-me um sorriso mais aberto que o normal. – Fico muito feliz por gostares, já que o meu objectivo era agradar-te.

Ri-me um pouco lisonjeada, e ele, ainda a sorrir, fez marcha atrás para dar a volta, e começamos o nosso caminho para o centro de Seoul.

Na viagem, falamos desde a cultura do meu país, até as minhas razões para vir para Seoul e ter entrado na YG Entertainment.
As vezes ele parava de falar para me dar a oportunidade de observar a cidade.
O Daesung também falou acerca de si e da sua família, e eu não consegui esconder a minha tristeza quando ele me falou da proximidade dos pais.
Quando ele investigou o meu silêncio com o seu olhar, perguntou-me discretamente acerca de outras possíveis razões para ter vindo para Seoul, e eu senti a necessidade de lhe contar acerca da minha distância da minha mãe até a sua morte. Também mencionei o quanto me sentia ofuscada pela sua existência e o quanto me arrependia por não ter aproveitado ter tido uma mãe. Tentei ao máximo encobrir ao máximo a minha antiga relação mas foi necessário mencionar para lhe mostrar o quanto sonhei entrar na YG Entertainment.
Ele parou o carro de prepositivo para me dar um abraço surpresa, e enquanto eu evitava chorar baba e ranho para a sua camisa, ele sussurrava palavras queridas e reconfortantes ao meu ouvido.

Quando chegamos ao restaurante, enquanto ele falava com um conhecido seu tive tempo o suficiente para compor a maquilhagem.
Quando ele me abriu a porta já estava outra vez com boa disposição e pronta a fazer-lhe perguntas em relação a YG, e possivelmente, acerca do Seungri.
Ele me entendeu a mão e tentei esconder o frio que sentia.
O Daesung, que me parecia entender completamente, pôs o seu braço a volta dos meus ombros e eu senti-me uma vez mais agradecida pela sua gentileza.

Um empregado simpático e alegre, levou-nos a uma sala cheia de gente bem vestida, e mais uma vez senti-me agradecida por não ter vindo de sapatilhas.
Quando entramos na sala toda a gente parecia acostumada com a presença do Daesung.
Atravessamos a sala e o empregado nos levou á parte detrás do restaurante, que estava completamente vazia, e onde se conseguia ver a lua. Mesmo estando fora do restaurante, não sentia frio, e havia uma mesa perfeitamente colocada no centro do sítio, que tinha tantas rosas que mais parecia um jardim.

Olho para ele, estupefacta. – Então foste tu que deixas-te aquela rosa no meu quarto?

Ele assentiu. Rapidamente assentiu quando notou que estava um pouco assustada. – Sim, pedi a uma das recepcionistas para te deixar lá, por isso não te preocupes, que eu não tenho a chave do teu quarto.

Eu suspirei e ele sussurrou alguma coisa, baixinho, que não consegui entender.

Antes de ter a oportunidade de lhe perguntar o que tinha dito ele perguntou-me se tinha dúvidas.
Curiosa, perguntei-lhe sobre outros artistas da YG, já que eu me cruzaria com eles um dia e ia parecer mal não saber quem eram.
Ele falou-me das 2NE1, do Psy e de outros artistas, mas sinceramente nenhum deles me fascinava tanto como os Bigbang fascinavam.

De seguida vieram os pratos, originários da Coreia, que sempre tive vontade de experimentar e uma bebida alcoólica qualquer

Eu estava habituada a beber desde os 15 anos, quando a minha mãe me levou a uma festa tinha-me dito que era falta de respeito rejeitar a generosidade dum homem.
Raramente ficava afectada, apenas um pouco animada, mas não o suficiente para cometer uma loucura. E o Daesung não disse nada, porque provavelmente nem sabia que eu tinha 17 anos.

Quando terminamos as nossas sobremesas chegaram, e enquanto eu comia o meu bolo de morango, ele ficou concentrado no seu bolo de baunilha.

Tentando parecer discreta e séria, perguntei-lhe se estava tudo bem com o grupo dele.

- Penso que sim, porque perguntas? – Disse ele sorrindo, enquanto metia na boca um pedaço enorme de bolo.

- É que o Seungri me parece um pouco triste. – Quando o sorriso dele se desvanece, arrependi-me logo de ter feito alguma pergunta.

Ele olha para mim com olhos vazios, algo que nunca esperei dele, mas rapidamente como tinha deixado de sorrir, ele se riu como se nada tivesse acontecido. – Vejo que tens bons olhos. – Ele olha para mim com o sorriso que não lhe chegava aos olhos, algo que me congelava até aos ossos.

- É que eu fico preocupada, sabes. Porque se algo se passa com um membro, a banda toda acabará por sofrer.

- É verdade, mas não há nada a fazer em relação a ele. Tal como tu, toda a gente tem problemas, e a única forma e maneira de eles não parecerem tão dolorosos é ao confortares as pessoas, especialmente os teus amigos, com um sorriso para nunca se irem abaixo. Mesmo que esse sorriso já esteja muito cansado.

Ele abaixou um pouco a cabeça evitando dizer mais alguma coisa. Com os olhos fixos no bolo, deixou o sorriso dele transformar-se numa linha.
Desta vez ele parecia triste e cansado, muitíssimo cansado.

Tão rápido como um batimento cardíaco, uma teoria formou-se na minha cabeça.

Embora seja fácil sorrir, difícil é sorrir de coração.
Mas o Daesung conseguia. Conseguia sorrir como se nunca tivesse se cruzado com algum obstáculo ou dificuldade.
Mas claro que ele tinha sofrido.
Afinal, quem é que tem a sorte de não sofrer?
Mas estar sempre a ver os seus amigos a sofrer, claro que acabaria por o magoar muito. Ninguém é de ferro.
Claro que ele estava extremamente preocupado com a situação do Seungri. Claro que ficou magoado quando chorei a frente dele.
Ele fica tão preocupado com o sofrimento dos outros ao seu redor que provavelmente não tinha tempo para chorar por causa dos seus próprios problemas.
Ele teria que ser um animal sem coração para não se deixar afectar pelo pessimismo do mundo, mas com certeza que nunca ninguém esperaria ver o Daesung neste estado, já que é fácil mentir quando se sabe que é pelo bem doutras pessoas.

Comecei a sentir um sentimento amargo preso na minha garganta.
Não era piedade, nem era bem culpa.
Era carinho e preocupação por ele.

Decidi anima-lo, tendo em base a minha teoria.

Chego-me perto dele, tentando chamar-lhe a atenção enquanto tentava copiar o sorriso dele.
Quando sinto ele a olhar em choque para mim, sinto palavras a formarem-se.

– Então sempre que tiveres problemas eu irei ouvir-te; sempre que sentires que não consegues mais, eu estarei lá para te abraçar e permitir que te esqueças das coisas más. E também, quando o teu sorriso estiver cansado, o meu estará presente para te confortar.

E depois disso, apenas tive oportunidade de ver lágrimas a formarem-se nos seus olhos, porque de seguida, ele cortou a distância que havia entre nós e beijou-me.


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