-NOSSA....Que Violência! - Os meus olhos quase me saltaram das órbitas conforme o avião aterrava no aeroporto de Seoul.
Eu odiava aviões, mas sempre era mais rápido apanhar um avião do que andar de barco ou de comboio.

Engoli em seco e evitei demonstrar qualquer sinal de tristeza.

A minha mãe tinha falecido no mês passado no avião de regresso para casa. Tinha ido numa viajem de negócios ao Japão, mas infelizmente houve problemas mecânicos no motor do avião e ele despenhou-se no mar....

Claro que fico um pouco afectada em andar de avião... Não pensem que só porque a nossa relação não era assim tão boa que eu a iria odiar, quero dizer....
É óbvio que não, porque foi ela que me deu os meus traços orientais (mais para o Japonês do que para o chinês) e me obrigou em criança a estudar Mandarim, Japonês e Coreano.

Ela não foi a melhor mãe do mundo, mas mesmo não o sendo... Foi minha mãe.

Estava eu no meu diálogo interior que nem reparei nos olhares acusadores dos passageiros. Todos eles eram Coreanos ou Japoneses, com excepção da minha pessoa, que sou uma ''Nova-iorquina'' de coração.
Com certeza que ficaram surpreendidos... Porque não é todos os dias que se vê uma 'americana' a aventurar-se na Coreia.

Quando deram sinal para tirar o cinto, mal o desapertei já estava a correr para fora do avião em busca de ar puro.

Estava muita gente no Aeroporto, por isso o meu primeiro pensamento foi pegar nas minhas malas e ir embora.

E assim o fiz.

Peguei nas minhas malas gigantescas com padrão de chita e de zebra e fui hospedar-me num Hotel.
A minha boca caiu ate ao chão quando vi que era o mais famoso (caro) da cidade.

A verdade é que a família do meu pai é dona desse hotel, e eles por piedade, decidiram dar-me um quarto para eu morar. Sim. Completamente Grátis.

Eu nunca conheci o meu pai e a minha mãe nunca me falou nele. Mas penso que deverá ter falecido... Um dia ainda irei descobrir.
Sorri para mim mesma quando acabei de desfazer as malas.

Decidi tomar um banho para me refrescar um pouco, porque estava muitíssimo calor.

Saí de Nova York vestida como um e.t. (pelo menos é o que as pessoas normais pensam.)
Nunca fui do tipo de usar vestidos de marca ou tacões de 12 centímetros.
Mas se disser que sou uma pessoa discreta, estarei a mentir, porque o meu estilo não é propriamente discreto.

Adoro usar calças com padrões de animais ou umas calças largas para dançar mais á vontade. Adoro casacos e de usar sapatilhas com cores vibrantes e alegres.

Quando eu via musicas K-Pop na internet, ficava totalmente apaixonada pelas letras, pelas danças, mas especialmente a forma de vestir...

Mas fiquei um pouco surpreendida quando sai do aeroporto:
As pessoas não olhavam para mim como se tivesse saido dum filme do Jackie Chan... Nem como se eu fosse uma maluca...
Era como se passassem por mim e me aceitassem...
É uma sensação muito boa, mesmo...

Quando sai do banho o tempo em Seoul tinha mudado radicalmente.... O céu estava azul, mas fazia muito vento....

Mesmo assim, mentalizei-me que devia ir ao parque treinar um pouco, porque faltavam apenas dois dias para ir a YG tentar fazer um contrato.

Abri o meu armário e escolhi algo discreto (o mais possível, claro). Pensei muito e decidi levar um gorro de lã vermelho a combinar com as minhas sapatilhas vermelhas da Adidas. Vesti umas jeans largas, mas justas a perna para não parecer muito mal e levei um casaco que diz ''Música'' nas costas, em Japonês.

Suspirei e certifiquei-me que tinha o telemóvel e as chaves do meu quarto no bolso das calças. Peguei nos meus óculos de Sol para tentar cobrir as olheiras (Já que eu odeio maquilhagem).

Apaguei as luzes do quarto, tranquei a porta e saí a descoberta do meu novo mundo.