POV Rebeca

Depois de 2 horas jogando, e das surras que uma levou da outra no game, Shyned foi embora, alegando já estar tarde. Fechei a porta depois que ela saiu e subi pro meu quarto, fechando a porta e me jogando na cama. E ainda teria que ir a escola no dia seguinte.

-x-

Acordei com meu celular despertando, avisando que já era hora de levantar e ir pra escola. 06:00hrs. Peguei o celular, e desliguei o alarme.

Fiz minha higiene pessoal, e escolhi uma calça jeans de lavagem escura, botas sem salto preta, a blusa da escola e um coletinho preto. Me vesti, peguei minha bolsa e desci pra comer algo antes de sair.

A essa hora da manhã, só eu estava acordada. Melhor, porque segunda feira de manhã, não é um bom dia, nem uma boa hora pra me irritarem. Peguei um danone de morango na geladeira, comi rapidinho, e saí.

Quando fechei a porta da frente, Shyned me esperava perto do carro.

- Posso ir com você hoje? Meu pai não vai poder me levar. – perguntou quando cheguei perto.

- Claro, entra aí. –

Entramos no carro, e ela já foi abrindo o porta luvas procurando um CD de músicas. Olhei pra ela como se dissesse, “mas logo cedo Shyned?”.

Ela me olhou com o cenho franzido.

- O que? Preciso de algo pra me animar numa segunda feira de manhã, ok? – pegou um CD da Demi Lovato e colocou o volume quase no ultimo.

Shyned era como eu. Não mexam com ela numa segunda de manhã, que o bicho pega.

Chegamos a escola ao som de Remember December, e cantando junto com a Demi linda Lovato, como diz minha amiga. Estacionei o carro, e entramos. Eu e Shyned não temos muitas amizades, na verdade, não temos nenhuma. É que as pessoas da escola, só estão interessadas na nossa popularidade, e nós não queremos isso.

O dia foi chato, e chato, e... chato. Como sempre. Shyned voltou comigo pra casa, e o dia passou lentamente. Me troquei e fui pra casa da Shyned.

Ficamos lá conversando o dia todo. Conversando e espiando o vizinho dela. Sei que não podia, mas era mais forte que nós duas juntas. Teve um momento que ele olhou pra gente e sorriu, quer dizer, pra mim, porque bem nessa hora, Shyned tinha ido ao banheiro. Morrendo de vergonha, sorri de volta e abaixei a cabeça. Não deu tempo da minha amiga me ver com o rosto todo vermelho, e fiquei feliz por isso. Eu seria motivo de risadas por muito tempo.

Era mais ou menos 19:30, e eu disse que teria que ir embora. Shyned me chamou pra dormir lá essa noite, já que o pai dela tinha ido viajar. Ela tem medo de ficar sozinha, e sempre que seu pai viaja, eu tenho que dormir lá.

- Tudo bem Shy, mas eu preciso tomar banho. –

- Toma aqui, ué. –

- Ok. Vai comigo pegar roupas? –

- Vou. – respondeu e seguimos pra minha casa.

Quando ia pegar na maçaneta da porta da frente, a porta se abre, e aparece um Dougie lindo, de calça skinny preta, t-shirt branca, jaqueta preta, e tênis. Deu um sorriso desanimado pra mim e pra Shyned e saiu sem dizer nada.

Deixei pra lá, e subi pro meu quarto com Shyned no meu encalço. Peguei algumas roupas, e coloquei dentro de uma bolsa com tudo o que eu iria precisar. Terminei de pegar as minhas coisas, desci passando pela cozinha e avisando minha mãe que eu iria dormir na casa da Shy.

Pra chegarmos na casa da Shyned, teríamos que passar em frente a casa do Alex, e pra minha sorte, ele estava sentado nas escadas com os amigos dele.

- Shyned, eu não acredito. Quando estávamos indo pra minha casa, ele não estava ali. Mas agora ele tinha que estar? – perguntei nervosa aos sussurros.

- Relaxa Berréca. O Alex tá afim de você. –

- Como você sabe disso? Como pode ter certeza? A primeira vez que ele falou comigo foi na minha festa. –

Terminei de falar e olhei pra ele. Seus olhos estavam fixos em mim, e quando percebeu que eu também o olhava, sorriu. Meu Deus! Morri, fui pro céu, e me perdi no caminho de volta? Foi isso? Porque não é possível, alguém ser tão lindo assim, e você não pirar.

Sorri de volta, e disse um ‘oi’ pra ele, só mexendo a boca, envergonhada. Ele respondeu o meu cumprimento da mesma forma.

Depois disso, Shyned não me aguentava, dizendo que eu tava falando demais em Alex Pettyfer, e que já tava “enchendo a porra do saco dela”, palavras da minha melhor amiga.

Enquanto eu tomava banho, Shy foi fazer algo pra gente comer. Ou pedir algo. Do jeito que ela é preguiçosa, tenho quase certeza que vai pedir algo por telefone. Saí do banho, me troquei e desci pra sala, e encontrei minha amiga toda jogada no sofá. Sentei-me ao lado dela, e ela nem se deu ao trabalho de me olhar.

- Pedi pizza. –

- Do que? – perguntei. Minha favorita é de frango.

- Frango. –

Meus olhos com certeza brilharam naquela hora. E ela sabia, porque me olhou e começou a rir. Ela sempre dizia que eu parecia uma criança assim.

A pizza chegou, Shyned se levantou pra pegar enquanto eu fui buscar refrigerante na cozinha. Colocamos um filme qualquer lá no DVD pra assistir enquanto comíamos. Depois, terminamos de ver o filme e subimos pra escovar os dentes e ficar espionando o Alex.

Shyned adorava fazer isso junto comigo, porque ela ficava falando de como ele era lindo, e gostoso, e que ele tava afim de mim, e blá blá blá. Já era tarde quando fomos dormir.

-x-

Acordei com o despertador do meu celular, e logo acordei a Shyned. Infelizmente, ainda teríamos que ir à escola. Até porque, hoje era terça feira. Levantei-me e fui ao banheiro fazer minha higiene, depois fui me trocar, enquanto a Shyned levantava tropeçando nos próprios pés, tentando chegar ao banheiro sem cair.

E não to exagerando. Ela tava com os olhos fechados, cheia de sono. Nem me preocupei, e desci pra ver o que tinha pro nosso café da manhã. Peguei suco de morango na geladeira, danone, cereal, fiz algumas torradas, e leite. Peguei uma salada de frutas que parecia deliciosa, dentro da geladeira.

Shyned desceu coçando os olhos, e tomou seu café da manhã agradecendo por eu estar lá e ela comer um café da manhã decente. Saímos e fomos no meu carro. Na noite anterior, tinha pegado meu carro, e deixado na frente da casa da Shyned, a pedido da mesma. Frescura dela, mas nem liguei. Quando passei em frente de casa, notei que tinha um carro a mais, além do carro do meu pai, da minha mãe, da minha irmã e do Dougie. Era uma Land Rover verde escura. Fiquei curiosa pra saber de quem era aquele carro, mas depois eu descobriria isso.

As aulas se arrastaram, como sempre. Nada de interessante...

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Shyned e eu passamos no shopping pra comprar umas coisas que ela tava querendo, e aproveitamos para almoçar por lá mesmo.

Estávamos conversando sobre banalidades, quando notamos uma aglomeração de garotas se aproximando da praça de alimentação.

- O que será aquilo? Porque aquelas meninas estão tão empolgadas? Quem será que é? –

- Ah Shy, eu nem sei. Elas parecem estar loucas. – respondi.

- Amiga... – chamou. – quero saber o que é. – Shyned virou-se na minha direção me olhando com uma carinha de criança sapeca.

- Ué, vai lá. Se enfia no meio daquela gente. – respondi como se fosse uma coisa muito simples. Que na verdade, nem era tão difícil... na teoria.

- Ah Rebeca, sabe que não vou fazer isso. – cruzou os braços, bufando.

- Não sei não. Do jeito que você é louca, não duvido nada. –

- Sou tão louca quanto você. – retrucou dando língua, rindo logo em seguida. Ri também.

Terminamos de comer, e saímos do shopping, deixando aquelas loucas pra trás. E acompanhando uma Shyned que estava quase roendo as unhas de tanta curiosidade. Ri com esse pensamento. Exagerei um pouco, mas ela estava bem curiosa, sim.

Minha amiga foi comigo pra casa. Só o carro do Dougie estava na garagem. Estranhei o silencio na casa, mas não me importei com isso. Subimos ao meu quarto para fazer uma pesquisa de biologia que o professor havia pedido hoje, logo depois do documentário que assistimos. Quando deu umas 15:30, Shyned reclamou de fome, então descemos até a cozinha pra comer alguma coisa.

Tinha gelatina de abacaxi e bolo de chocolate. Shyned pegou a gelatina, e eu o bolo. Não gosto de gelatina. Sentamos na bancada, de costas pra porta da cozinha, e nem percebemos quando a porta da sala foi aberta e eles entraram.

- Cara, que loucura foi aquela? – a primeira voz disse.

- Sei lá, mano. Elas são todas loucas. – a segunda voz respondeu.

- Ah, mas vocês curtiram que eu sei. Até pegaram uns telefones. –  Dougie comentou. “Dougie?”, pensei.

- Claro né dude. As brasileiras podem ser loucas, mas são gostosas. – a terceira voz respondeu a Dougie. – inclusive essas duas que estão aqui na cozinha. – completou, e nesse momento, virei assustada, encontrando quatro pares de olhos olhando pra Shyned e eu.

Shy estava do mesmo jeito que eu. Ela com certeza, não estava acreditando que o McFly estava parado ali, bem na frente dela.

“Puta que pariu. Esqueci que eles viriam pro Brasil.”, pensei.

Me recuperei, e Dougie tratou de nos apresentar.

- Tom, Danny e Harry... essas são Rebeca, minha prima, e Shyned, a melhor amiga dela. –

- Prazer em conhecer vocês meninos. – sorri.

- Oi gente. – Shyned disse sorrindo também.

Tom disse ‘oi’, e descobri que ele era a primeira voz que ouvi. Danny deu um sorriso torto e também disse ‘oi’, ele era a segunda voz. Portanto, Harry que se aproximou e depositou um beijo na minha mão direita, e fez o mesmo com a Shyned, murmurando ‘oi’, era a terceira voz. Shyned ficou corada com o gesto, e Dougie percebendo o desembaraço dela, chamou os meninos pra jogar Guitar Hero.

Quando eles saíram, Shyned virou-se pra mim, segurando no meu braço com as duas mãos.

- Como você não me diz que eles viriam pra cá menina? –

- Ih, nem vem Shyned. Nem eu me lembrava disso. –

- Mas você deveria ter me contado no momento que descobriu amiga desnaturada. –

- Qualé Shy. Eu só esqueci, poxa. –

- E quase me matou de vergonha também. Olha como eu to vestida? Que vergonha. – cobriu o rosto.

Olhei pra ela, dos pés a cabeça, e não vi nada de mais.

- O que tem em você estar vestindo um shortinho curto e camiseta da Minnie? – perguntei confusa.

- O que tem? O QUE TEM? – “sussurrou gritando” a segunda parte. Eu realmente não estava entendendo.

- É, o que tem? – respondi.

- Você definitivamente não tem noção de como é essas coisas. Uns caras que eu nem “conheço”, aparecem, e eu totalmente desarrumada aqui. Só um detalhe, eles são os caras da minha banda favorita, e você me pergunta, “o que tem”, Rebeca? – tá, ela surtou.

- Tá bem. Me desculpa? – perguntei na duvida. Fiquei com um pouquinho de medo desse surto dela.

- Ah, deixa pra lá. Vamos subir logo pro seu quarto, e terminar aquela pesquisa idiota. – sorriu.

Duas palavras: garota bipolar.

xx

Os garotos estavam na sala jogando Guitar Hero, e aproveitamos que estavam distraídos para passarmos despercebidas.

Shyned e eu terminamos a pesquisa bem tarde. Era umas 18:00. Hoje ela dormiria em casa, já que seu pai ainda estava viajando, e meus pais também foram viajar. Meu pai tinha um jantar de negócios, na quarta, e um outro evento de sei lá o que na quinta, então meus pais ficariam dois dias fora. Quer dizer, eles saíram na terça as 17:00 pra descansarem.

Dois dias na companhia daqueles caras lindos, e com meu primo. Ai ai ai, quero nem ver.

Shyned foi tomar banho, então eu desci até a sala, onde os meninos ainda jogavam Guitar Hero. Me joguei no sofá ao lado do Dougie. Danny e Harry estavam jogando super animados, e Tom jogado na poltrona, parecendo entediado.

Fiquei observando aqueles dois jogando. Gritando e pulando que nem loucos. Ri sozinha.

- O que foi? – ouvi a pergunta vindo do meu lado.

- Nada loirinho. Só to rindo de como esses dois estão animados. – olhei pra ele e sorri.

- Ah sim. Entendi. Queria falar com você Becca. –

- Pode falar. –

- Não aqui. É sobre... o que aconteceu. Mas depois. –

- Ah, tudo bem. – respondi.

Depois de um tempo, Shyned desceu, e ficamos todos lá, jogando e conversando. Os meninos eram bem legais, só Danny e Harry que eram doidos por mulher. Não podiam ver um rabo de saia que já corriam atrás, mas eram gente boa.

Subi pra tomar banho, e os meninos pediram umas pizzas. Sim, porque aqueles quatro comiam umas três pizzas tranquilo.

Nos distraímos tanto na companhia deles, que nem percebemos que já passavam das 23:00. Eu e Shyned teríamos que levantar cedo no outro dia ainda. Demos boa noite a eles e subimos pro meu quarto.

-x-

Quarta feira. Ainda. Enfrentar mais um dia que com certeza vai ser um saco. Pelo menos na escola né.

Shyned já havia se levantado, e não estava no quarto. Estranho. Tipo, muito estranho. Ela nunca levanta antes de mim, sempre sou eu a acordá-la. Levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal, depois pegar uma roupa. Peguei uma legging preta, blusa do uniforme do colégio, uma jaquetinha salmão, bota rasteira preta, e bolsa cor salmão.

Eu nunca ia de legging pra escola. Sei lá o que me deu. Ou sei. Talvez tenha sido porque a roupa estava em cima da cama arrumada da Shyned, e a tal, não estivesse lá pra eu reclamar. Como eu estava com preguiça e pressa, por estar quase atrasada, não pensei duas vezes.

Desci pra cozinha onde minha amiga já estava comendo, e pra variar, cereal. A única coisa que ela “sabia” fazer. Shyned sabia cozinhar muito bem, mas tinha preguiça de fazê-lo. Peguei uma maçã pra comer no caminho da escola. Não estava afim de tomar café da manhã.

Shyned se levantou me seguindo, e quando saímos lá fora, todos os quatro meninos estavam sentados na grama conversando, e pareciam estar esperando algo, ou alguém. Chegamos perto deles, e Dougie foi o primeiro que nos viu.

- O que estão fazendo acordados a essa hora gente? – perguntei.

- Ah, esses idiotas me acordaram, dizendo que não podem perder nada daqui. – Dougie reclamou.

- Essa cidade é uma droga, e vocês não querem perder nada? Posso saber do que, por exemplo? – Shyned perguntou.

- Por exemplo, que nós vamos levar vocês pra escola. E vamos buscar também. – Danny respondeu dando aquele sorriso torto.

- Isso? O que tem de legal nisso? – perguntei confusa.

- Queremos ver onde vocês estudam. Só isso, ué. Qual o problema, Becca? – Harry perguntou.

- Nenhum. – respondi. – Bom, então vamos logo, porque a gente tem horário, bando de desocupados. – sorri na ultima parte, e os meninos me zoaram.

Dougie já não parecia mais tão chateado quanto estava antes. Agora, no carro com os meninos da banda, ele parecia outra pessoa. Estava sorrindo e brincando. Eu sorri vendo Dougie assim, não gostava de vê-lo triste.

Observei Shyned o resto do caminho. Tinha um olhar e um sorriso bobo na direção do Dougie, enquanto ele conversava com Tom que estava no banco do passageiro. Dei uma cotovelada de leve nas costelas da minha amiga, e a filha da p*** fez questão de reclamar alto.

- Ai Rebeca, sua agressora de meia tigela. –

- Shyned, cala a boca? – sussurrei. – e agressora de meia tigela? – ri.

- O que foi? – Dougie perguntou olhando pelo retrovisor.

- Nada. – respondi.

Dougie me olhou desconfiado, e dirigiu seu olhar para Shyned, como que pra ter certeza de que não era nada, e minha amiga reforçou.

- Não Dougie, não foi nada. – sorriu. – só um soco que sua prima me deu por motivos desconhecidos. – sussurrou a ultima parte.

Dougie voltou seu olhar pra frente, e Danny e Harry nos olhavam curiosos. Dougie tinha acabado de virar na rua da escola, e Harry inventou de descer do carro.

- Eu vou descer. – Harry disse, olhando curioso para as pessoas lá fora, em frente ao colégio. Os vidros do carro tinham insulfilme, daqueles que só dava pra enxergar de dentro pra fora, então ninguém via quem estava dentro do carro. Até porque, começamos a discutir.

Olhei pra esse doido com os olhos arregalados.

- Não, você não vai. –

- Por que não? – Harry perguntou.

- Por que não? Ah, será porque você é baterista de uma banda de rock super famosa, e quase todo mundo nessa escola conhece vocês e são seus fãs Harold Judd? – perguntei de uma maneira um tanto quanto óbvia.

- Calma Rebeca. – Danny disse colocando a mão no meu ombro.

Senti um arrepio quando seus dedos tocaram suavemente meu pescoço. Danny afastou sua mão rapidamente, como se tivesse levado um choque, e olhava assustado da sua mão para os meus olhos.

Esse fato pareceu passar despercebido pelos outros, que estavam tentando convencer Harry a não descer do carro. Sabe-se lá o que aquele povo maluco da escola poderia fazer vendo que era Harry Judd ali.

- Eu estou calma, Danny. E não me chama de Rebeca, por favor. Pode me chamar de Becca. – sorri.

Olhei para Harry que insistia em querer descer.

- Eu vou descer gente. O que pode acontecer? Ah, vocês estão de paranoia. Coisa da cabeça de vocês.  –

Harry realmente NÃO sabia o que tava fazendo. Eu e os outros desistimos de tentar convencer aquele teimoso a não descer, mas antes que pudéssemos sequer falar um ‘a’, Harry abriu a porta e desceu da Land Rover.

De repente, o que eu esperava aconteceu. Gritos, e gritos, e muita gente correndo na direção do carro. Eu sabia que era umas coisas loucas assim, mas não imaginei que fosse tanto. Comecei a ficar com medo do tanto de gente que apareceu. Nem sei de onde vinha tanto. Harry parecia muito bem no meio daquele monte de adolescentes. O carro estava um silêncio, só se ouvia o som da respiração de todos lá dentro.

Harry parecia bem feliz com aquele monte de fã em volta dele. Pedindo autógrafos, tirando fotos e tal. Eu e Shyned teríamos que entrar na escola, ou seja, teríamos que sair daquele carro, que no momento era o ‘único’ lugar seguro, mas não tínhamos saída. Não podíamos perder aula.

- Shy... – chamei.

- O que? –

- A gente precisa sair daqui e entrar na aula. –

- Eu sei. Mas com esse monte de gente aí? – perguntou olhando a multidão.

- É o único jeito, se não, não saímos daqui, e aí vamos estar ferradas, porque não podemos perder aula. – respondi.

- Verdade. Oh tristeza! – reclamou. – Mato Harry quando chegar em casa. – completou olhando para Harry fora do carro.

Shyned e eu saímos pelo outro lado do carro (o lado que não tinha quase ninguém), e tentamos não sermos vistas. Entramos na escola, e fomos direto pra sala, com a Shyned “espumando” de raiva. Até eu estava com medo dela agora. Harry estava morto, literalmente. E eu vou estar lá pra ver.

“Será que eu aviso os meninos pra eles prepararem o funeral do amigo lá?”, pensei. Mas isso é demais. Shyned não é nenhuma assassina, pelo que eu sei. A não ser que ela seja e esteja escondendo isso de mim.

Comecei a rir das coisas que eu tava pensando. Não tinha nada a ver. Shyned me olhou confusa, mas não se importou com isso.

Chegamos na sala, e não tinha uma pessoinha lá. Deviam estar lá fora, por causa daquele idiota. Sentamos nos nossos lugares, e dez minutos depois, os alunos começaram a chegar, comentando do ocorrido, e reclamando que a diretora acabou com a “bagunça”, mandando todo mundo entrar pra sala de aula.

A quantidade de pessoas foi aumentando, até que todos os alunos já estavam sentados, e só faltava o professor chegar. O burburinho dentro da sala estava alto. As meninas faziam comentários como:

“Ai, não acredito que conheci Harry Judd”.

“O Harry é tão lindo”.

“O Harry é tão mais gostoso pessoalmente”.

E blá, blá, blá. Os meninos não estavam gostando nada do que as meninas comentavam, e estavam fervendo de raiva. Eu e a Shyned só riamos de tudo, quando uma garota do outro lado da sala, olhou pra gente e gritou:

- VOCÊS ESTAVAM NO CARRO DO HARRY! –

Meus olhos se arregalaram, e parei de rir na hora. Fiquei séria. “Ferrou”, foi o que pensei. E pela cara da Shyned, foi o que aconteceu com ela também.

Todos da sala, sem exceção olharam pra gente fixamente, e eu estava começando a me constranger. E tudo por causa de quem? Do filho da mãe do Harry. Ele tá morto. E vai morrer rápido.

Uma outra garota reforçou o que a primeira disse.

- É, eu vi vocês saindo do carro dele. O que estavam fazendo lá? Conhecem ele? Conhecem o McFly? De onde? – quando ela jogou esse monte de perguntas, as outras pessoas começaram a perguntar também, mas antes que eu ou a Shy pudéssemos dizer algo, o professor de física entrou na sala, mandando todos ficarem em silêncio. Respirei aliviada, e agradeci-o mentalmente.

Até chegar a hora do intervalo, tenho tempo pra pensar em como vou matar um certo músico, que decretou sua morte, no instante que provocou toda aquela bagunça.