Paixão Pós-morte escrita por RoBerTA


Capítulo 5
Obrigado pela companhia, até mais


Notas iniciais do capítulo

Obrigado por todos o reviews que eu recebi, vocês nem sabem como me deixam feliz >.<. Agora estou até com medo de decepcionar vocês... Boa leitura!



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–Ok, me deixa ver se entendi. Então a sua ideia é me fazer bater de porta em porta, e pedir se alguém tem uma pendencia contigo?

–Não é bem assim...

Olho para ela com vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Eu e minha boca grande. Se não tivesse oferecido ajuda em primeiro lugar, não estaria nessa situação. Mas agora é tarde demais para pensar no ‘e se’.

–Então é como?

Ela olha nervosa para o quarto, evitando meus olhos.

–Você tem que ir para a escola, né? –Meu Deus, que garota esperta. Limito-me a acenar com a cabeça. —Pois bem, eu também ia para a escola, e a maioria das pessoas que conhecia eram meus colegas. Acho que você pode começar por lá. Em que ano você está?

–No primeiro, mas repeti um ano, --Vendo seu olhar inquisidor, dou de ombros—outra hora te conto.

–Eu também, mas nunca repeti.

Ela parecia ao mesmo tempo orgulhosa e desafiadora. Como se isso a fizesse melhor que eu. Essa garota estava começando a me irritar. Nem seu sorriso podia recompensar suas atitudes irritantes.

–Sim, sim, grande coisa.

Ela me fulmina com o olhar. Começa a andar pelo quarto despreocupadamente, então para em frente ao guarda-roupa. Fico boquiaberto quando a vejo abrir as portas, sem nenhuma resistência. Se ela também está surpresa, não demonstra. Fica remexendo nos vestidos até se dar por satisfeita. Fecha os olhos assume uma expressão de concentração. Seus cabelos começam a se mexer, mesmo sem nenhuma corrente de ar. Mas o que realmente prende a minha atenção é seu vestido. Ele começa a reluzir, e mudar de forma. Tecidos se contorcem, sumindo e reaparecendo em suas dobras. O branco começa a ser manchado por um vermelho escarlate, os botões caem desaparecendo sobre o chão. A gola arredondada fica cavada, o tecido parece encolher diminuindo seu tamanho, e como num passe de mágica, ela está vestindo outro vestido completamente diferente.

–Fecha a boca e para de me encarar.

Doce como sempre. Sem comentários.

–Tudo bem, agora que você já brincou de se vestir, será que pode sair do meu quarto e ir fazer alguma coisa que os fantasmas fazem? Sabe, eu tenho uma vida também.

Ela ergue uma sobrancelha, claramente sem acreditar no que eu disse. Que a verdade seja dita, eu não tinha uma vida social muito movimentada, nem estava com vontade de mudar a situação. Eu só queria que Manuela sumisse dali com seus superpoderes telesportativos.

–A, qual é, eu sei que você não tem nada de mais interessante para fazer. Além do mais, se quiser ir recuperar seu almoço perdido, pode descer. Seus pais pararam de discutir.

–Não estou com fome.

–Nem vem, você parece uma lombriga de tão magro. Vai ingerir calorias e praticar algum esporte pra ficar saradão.

Não creio que ela falou isso. Pra começar, sou magro sim, mas uma lombriga? Isso é esculacho. Minha magreza é invejada por muitos, se ela quer saber. Além do mais, eu não preciso ficar “saradão” para ser feliz.

–Tudo bem, eu tentei ser sútil, mas parece que você não entendeu o recado. Cai fora, agora.

Sua resposta foi sentar ao meu lado na cama, cruzar os braços e as pernas e encarar o teto.

–Quem vai me tirar daqui? Você?

Eu bem que queria, mas ela tinha razão. Eu não podia. Então resolvi usar uma jogada que não me declararia o perdedor da discussão.

–Ok, só porque sou uma boa pessoa, e muito gentil também, vou deixar você ficar aqui enquanto eu vou para a cozinha.

–Eu vou com você.

Que Deus me ajude.

 ***

 –Então, você é um completo fracassado ou um fracassado intermediário?

Aqui estava eu, sentado numa banqueta, saboreando meu sanduiche de geleia de morango –a única coisa que sei fazer, é pão mais alguma coisa-- e ela estava me bombardeando com perguntas sobre mim. Aliás, como ela deduziu que eu era um fracassado? Eu podia muito bem ser uma cara bacana, mas na minha. Não que ela esteja muito longe da verdade.

–Eu não sou um fracassado. Apenas uma pessoa que aprecia a solidão.

–Isso é o que todos os fracassados dizem –me explica rolando os olhos para a minha aparente estupidez.

Garota irritante.

–Olha, se eu preciso, eu me arranjo com as pessoas, ok? Isso é tudo o que você precisa saber.

–Claro que sim, assim como se alguém colocasse uma arma na sua cabeça e dissesse: corre, você ia virar um foguete.

–Qual é o sentido dessa comparação horrível?

Manuela bate o pé de forma indignada, me fuzilando com os olhos.

–Não é horrível, tá. É muito original, aliás, você não teria capacidade de fazer melhor ou igual.

–Sorte a minha. –sorri debochado para ela, causando um suspiro de raiva em alguém. Nem liguei, já estava me acostumando. Até que era divertida a companhia dela. Mas isso, é algo que jamais admitirei. Coloquei-me de pé, enquanto ela se escorava na parede e me observava. Limpei a sujeira que havia feito, e guardei o que precisava ser guardado. Não sabia onde meu pai havia ido, mas Manuela me garantiu que minha mãe estava trancada no quarto. Pelo visto, a discussão havia sido feia. –Então, vamos lá para a sala conversar sobre meu fracasso.

Ambos andamos até o sofá turquesa –eu disse que ela combinava com a mobília—e nos sentamos, mantendo uma distância entre nós. Ainda não conseguia compreender o fato dela não atravessar objetos, mas a mim sim.

–Então, o que eu preciso saber?

Ela fica remexendo na bainha do vestido vermelho, o que percebi ser um hábito quando está nervosa ou ansiosa.

–Bom, acho que você precisa saber quem é quem e como são. Mas não vou falar de todos, só dos mais importantes. Tem os professores, que acho que você pode conhecê-los por si mesmo. Aliás, nunca irrite a professora Mandy. Ela pode ter nome de alguém doce, mas é uma megera. E terrível. –ela faz uma pausa para eu assimilar o que disse- O diretor é um cara bacana, mas é um demônio quando está brabo. Acho que você vai estudar na minha turma, pois estamos na metade do ano e deve ter uma vaga sobrando agora que eu... Passei daquela pra essa. –me surpreendo como não parece abalada por estar falando de sua própria morte—Nunca se meta com o Jonas. Ele é o típico garoto marrento e rebelde. Não o queira como inimigo. A Lauren é mimada e egocêntrica, pensa que é melhor que todos. Também não a queira como inimiga, apesar de eu não ter seguido meu próprio conselho. Gabriela é minha melhor amiga, um pouco brabinha, mas uma ótima pessoa para fazer amizade, isso é, se você conseguir. E tem o Peter –seus olhos brilham e ela cora, espera, ela corou?! Fantasmas coram? E por causa de um garoto? Hnm...—ele e eu...hnm, eramos er..., amigos.

Amigos, sei. Conheço esse tipo de amizade.

–Você parece ser uma pessoa de muitos “amigos”.

Ela me encara furiosa, de verdade. Ai, onde foi que me meti.

–Mais que você, com certeza –meu estomago se embrulha com seu sorrisinho diabólico—vá dormir, amiguinho, pois amanhã você tem aula, e pode apostar, eu estrei lá para tornar seu primeiro dia o mais agradável possível.

Com isso ela sumiu, de novo. Acho que não aprecio mais tanto assim sua companhia.


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Notas finais do capítulo

P.S. Me desculpem se as frases sairem cortadas,e irem na linha de baixo. Eu revisei tudo, mas pode ser que tenha passado alguma coisa.