Capítulo 49

-Bom dia – murmurei ao seu ouvido e ele acordou.

-Bom dia. Preparada para a nossa lua-de-mel?

Sorri.

-Desde que não seja para NY, outra vez…

-Sweetheart, eu sou mais original que isso.

Enruguei a testa, divertida.

-Percebeste o duplo sentido dessa frase, certo?

-Sem dúvida – afirmou e sorriu divertido. – Tenho que ir tratar ainda de uns assuntos de manhã. Vemo-nos mais logo?

-Claro – ele levantou-se da cama e pude ver o seu bumbum.

Gargalhei alto e voltei a deitar a cabeça na cama.

-Achamos muito divertido a minha nudez, Mrs. Mikaelson?

Fiquei atenta, absorvendo a última parte do que ele tinha dito.

-Ainda nem acredito que passei de Miss Blackwell a Mrs. Mikaelson.

-Mas acredita porque é verdade – ele voltou do roupeiro todo vestido e beijou-me a testa, olhando-me divertido. – E vou querer que uses o teu apelido de casada.

-Terei todo o gosto nisso.

Ele alargou o seu sorriso e foi caminhando pelo quarto até à porta.

-Até logo, my lover.

-Até logo, my lover – respondi e ele saiu do quarto com o maior sorriso do mundo.

Decidi também levantar-me, tomar um banho e vestir uma roupa de casa: jeans e uma blusa azul clara com um casaco de malha azul-escuro. Calcei os meus botins favoritos e desci as escadas para tomar o pequeno-almoço, que seria o resto do bolo de casamento.

Vi uma cabeça loira e baixa na cozinha.

-Cassie? O que estás aqui a fazer?

Ela virou-se para mim com cara de má. Uma enxaqueca assolou a minha cabeça e apaguei.

***
 

Acordei desorientada. Cassie estava de costas para mim e eu levantei-me devagar, preparada para fugir. Ela tinha sido mesmo invadida pela magia negra, só podia.

Dei dois passos para trás e depois virei-me, mas uma barreira invisível parou-me, acendendo-se com fogo e deu caí para trás.

-Oh, já acordaste – afirmou ela, olhando-me com aquela cara de má.

-Cassie, o que estás a fazer? Deixa-me sair daqui – pedi.

-Não – disse ela sem insegurança na voz. – Tu és uma praga neste Mundo e mereces o que te vou fazer.

-Cassie, do que estás a falar?

A minha garganta apertou-se e eu engasguei.

-Cassie, o que estás a fazer?

Tossi, mas o ar não entrava ou saía.

-Cassie, para – pedi. – O que estás a fazer?

-Estou a matar-te – falou e o aperto na minha garganta aumentou. O coração bombeava depressa, á busca de sangue com oxigénio e os pulmões pediam por ar que não conseguiam buscar.

-Não! – gritou John e Cassie foi atirada para o lado oposto ao que estávamos.

John apareceu por trás de mim, conjuntamente com Klaus e Stefan.

-Sam – disse Klaus, ajoelhando-se perto de mim e abraçando-me com força.

Tossi com força, procurando por ar. O coração ainda batia forte e ainda estava ofegante, mas já sabia que não ia morrer, porque ele estava ali.

-Vai ficar tudo bem, meu amor – prometeu ele, encostando-me ao seu peito.

Stefan agachou-se perto de nós e pegou numa das minhas mãos.

-Estás bem?

Neguei com a cabeça mas sorri.

-Não. Mas vou ficar.

Ele retribuiu o sorriso e depois ficou sério.

-Leva-a para casa – mandou Klaus a Stefan. – Há assuntos que são necessários tratar aqui.

Stefan acenou e eu peguei no ombro de Klaus, cravando as minhas unhas nele.

-Klaus, por favor, ela está possuída por Magia Negra, não é culpa dela.

Stefan pegou em mim, forçando-me a levantar.

-Lamento, Samantha, mas vou cumprir a minha promessa – ele ficou com um olhar triste e foi tudo o que vi, porque de seguida senti uma picada na base das minhas costas e voltei a apagar.

***

Tossi assim que acordei.

-Onde estou? – perguntei em voz alta.

-Na casa da Elena – respondeu Stefan e acendeu o candeeiro ao seu lado. – Como estás?

-Com sede. E não é de água.

Ele acenou.

-Klaus já está a caminho para te vir buscar.

Arregalei os olhos.

-O que ele fez com Cassie?

Stefan suspirou.

-Ela estava possuída, Sam. Ela ia matar-te e também tentou matar John no processo.

-Ele está bem? – perguntei, preocupada.

-Sim, está – assegurou Stef.

Tocaram à campainha e descemos os dois. Era Klaus.

-Vim buscar-te – afirmou ele, sorrindo e fitando Stefan com mistério. Alguma coisa mais se passava, mas Stefan estava de alguma forma envolvido, então resolvi não perguntar nada no momento.

Abracei Klaus com força e ele retribuiu.

-Obrigado pela tua ajuda, Stefan.

-Samantha é minha amiga. Nunca a iria deixar morrer às mãos de uma bruxa – afirmou, ao que eu sorri e voltei atrás para o abraçar com igual força.

-Obrigada, Stef.

Desfiz o abraço e ele sorriu para mim, sincero.

-De nada, Sam.

-Agora devemos ir. Temos um avião para apanhar – disse Klaus, com pressa e pegando na minha mão.

-Sim – concordei e sorri mais uma vez para Stefan, entrando de seguida no SUV de Klaus.

Ele guiou tenso até à nossa casa.

-Sam, quero que subas logo para o teu quarto – mandou ele. – Temos uma visita inesperada na sala e não quero que saibas quem é.

-Agora é que me deixaste definitivamente mais curiosa – afirmei. – Klaus, pensei que os segredos iam ficar de fora do nosso casamento.

-Samantha, apenas faz o que eu digo, por favor.

Suspirei, magoada.

-Está bem.

Saí do carro e subi logo as escadas, não passando pela sala de estar, agora zangada com Klaus. Porque seria que os segredos nunca nos largavam?

Comecei a arrumar a minha mala, furiosa. Quero dizer, eu quase tinha morrido e ele ainda estava preocupado em esconder-me coisas? E para onde tinha ido John? Ele era da minha família e Cassie tinha morrido. Ela era filha dele, como é que ele estaria? Tinha que ir ter com ele, mas a raiva que tinha de Klaus naquele momento era a única coisa que a minha mente conseguia focar.

Ouvi barulhos na sala de estar, seguido de um grito. O grito de Klaus. Corri até lá e vi Elena caída no chão, Tyler a segurar Klaus, enquanto Damon tinha uma mão no seu coração.

-Não! – gritei e corri até ele, mas Stefan prendeu-me no seu abraço de ferro. Eu ainda estava fraca por causa da verbena que ele me tinha injetado e não conseguia lutar contra ele. – Não! Não!

Aos poucos, Klaus ia dissecando e o seu ritmo cardíaco ia diminuindo, mas nem por isso eu tentava livrar-me de Stefan.

-Não! Klaus! Não!

Klaus fechou os olhos e o seu coração deu a sua última batida. As lágrimas toldaram-me a visão e as minhas pernas cederam. Stefan deixou-me cair no chão e eu forcei-a a rastejar até ao corpo dele, mas Damon empurrou-me para trás com certa violência. Enrolei-me numa bola junto a uma parede, vendo-os levarem o corpo de Klaus.

-Lamento, Samantha – disse Stefan, pegando numa Elena que tinha acabado de acordar de um desmaio por causa de uma queda violenta.

Olhei-o, com raiva.

-Vai para o Inferno – mandei e ele saiu de lá.

©AnaTheresaC