Capítulo 43

Saltei do carro.

-Klaus, não é o que estás a pensar.

-Porque não me disseste que tu e Bridget estavam zangadas? – perguntou ele, avançando para mim, ainda furioso.

Kol colocou-se à minha frente, impedindo Klaus de avançar para mais perto. Os dois trocaram um olhar tenso e quando Klaus voltou a fitar-me, o seu olhar não estava menos benevolente.

-Falei com Elijah. Ele convenceu Bridget a vir ao nosso casamento.

O peso que estava em mim desde a nossa discussão ao telemóvel foi-se embora e eu respirei fundo, sorrindo nervosa.

-Ela vem mesmo?

Klaus acenou com a cabeça.

-Sim.

Passei ao lado de Kol e abracei-o com força.

-Obrigada – sussurrei e senti as suas mãos apertarem-se nas minhas costas.

-Podias ter-me dito. As coisas podiam ter-se resolvido de uma maneira diferente. E agora explica-me como é que Kol e eu entramos nas vossas discussões.

-Eu não sei! – exclamei, exasperada, voltando a desfazer-me em lágrimas e afastando-me de Klaus. – Eu não sei!

Coloquei as mãos no rosto e passei-as pelos meus cabelos, frustrada. Não era suposto estar a chorar, não era suposto estar zangada com Bridget por causa de dois vampiros que estão nas nossas vidas há mil anos.

-Ei, vai ficar tudo bem – assegurou Klaus, tomando o meu rosto nas suas mãos. – Calma.

-Eu não estou nervosa! – gritei, dando um salto para trás. – Eu… eu… eu só quero…

Caí de joelhos no chão e Kol e Klaus colocaram-se cada um do meu lado.

-Kol, usa – mandou Klaus.

-Não – afirmou Kol.

-Usar o quê? – perguntei confusa.

-Kol, ela não vai aguentar. Bridget é tudo o que lhe resta da sua humanidade.

-Não – insistiu Kol.

-Mas…Mas... – queria falar, mas nada conseguia sair da minha garganta.

-Ela tem-te a ti. A mim. A sua família.

-Bridget é a peça fundamental deste puzzle. Kol, pensa: ela é a sua melhor amiga, foi através dela que ela nos conheceu. Sem essa ligação, é como se algo estivesse desconectado do resto.

-Precisamos de Bridget – argumentou Kol. – Eu não vou tirar-lhe o poder de escolha.

-Por favor, Kol – pediu Klaus e só então percebi que eles estavam a falar da ponte de ligação.

-Não! – explodi e afastei-me deles. Engoli as lágrimas e os soluços. Eu nem sabia o que se estava a passar comigo. Qual era o motivo de estar naquele pranto? Porque estava eu com aquela dor no meu coração? – Ninguém me vai tirar o poder de escolha!

Corri para casa e tranquei-me no meu quarto. Naquele momento precisava de Bridget, mas ela já não era minha amiga. Estávamos zangadas. Ao fim de mil anos, tínhamos tido uma verdadeira zanga.

Tratei de me recompor. Se ela estava zangada comigo, tudo bem, mas naquele momento quem importava era eu. Eu, Samantha Blackwell, iria passar a ser Mrs. Mikaelson dentro de três dias. Se nós tínhamos assuntos inacabados, eles podiam esperar para depois do casamento. Talvez depois disso ela já estivesse mais calma e aí pudéssemos falar como duas vampiras milenares que éramos.

-Posso entrar? – indagou Klaus, espreitando pela porta.

Limpei as últimas lágrimas do meu rosto e sorri fraco.

-Claro – assenti e ele entrou, fechando a porta atrás de si.

-Queres falar?

Neguei com a cabeça e ele sentou-se ao meu lado na cama.

-Como foram estas horas com Caroline?

Sorri, agradecida pela mudança súbita de assunto.

-Muito boas. O vestido é perfeito. Fiquei embasbacada quando o provei. Espero que gostes.

-Samantha, eu amo-te. Com ou sem roupas. O vestido será um mero detalhe.

Sorri e encostei a minha cabeça no seu ombro, sentindo-me subitamente exausta.

-Posso pedir-te um favor?

-Tudo o que quiseres.

-Cancela a minha noite com as meninas. Eu não estou na disposição de festejar.

Klaus beijou-me o topo da cabeça e pegou na minha mão que tinha o anel de noivado.

-Tudo por ti, sweetheart. Vou agora mesmo falar com Caroline.

Saiu do quarto e eu deitei-me na cama, enrolando-me numa bola.

©AnaTheresaC