Pov Seth

Senti o cheiro dele, era uma mistura básica de desodorante masculino e algo a mais, que eu não conseguia identificar devido ao cheiro forte que se misturava a este, ele tinha um cheiro estranho, além do desodorante, eu nunca consegui sentir seu cheiro de verdade, era como se algo me impedia. Um pouco a frente estava suas roupas largadas de qualquer jeito, e por cima seus óculos escuros que ele raramente tirava.

Ela estava numa parte deserta de La Push, me admirava como ele conseguiu chegar ali, teve que ter escalado um monte de três metros! Talvez seja tão fácil para um artista de circo tanto quanto é para um lobo!

_ Seth! O que você está fazendo aqui?_ ele gritou exasperado do meio do mar quando percebeu minha presença. Depois de se jogar na água assustado.

_ Estava procurando por você! Há quanto tempo está aqui?

_ Eu não sei!_ ela pareceu confusa.

_ Ah é... Me esqueci que La push faz você perder a noção do tempo! Temos que ir! Se não vamos perder o circo, só se apresentam uma vez por noite._ ele parecia não saber o que dizer. Percebi que ele estava muito incomodado com minha presença ali.

_ Tá bom, olha pra lá que eu vou sair!_ eu ri, mas mesmo assim me virei.

_ Não se preocupe não me interesso em seu corpo!_ eu confirmei._ Onde arranjou essa prancha?

_ Também não é do seu interesse!_ disse ele, eu não entendi porque ele estava tão nervoso. _ Numa cabana do outro lado do rochedo._ ele me respondeu, pegando a prancha e seguindo, com o humor tão doce quanto um limão._ Vamos! Ainda tenho que deixá-la na casa de Emily. E tenho que trocar de roupa pra gente ir.

_ Você gosta de lilás?_ fiz a pergunta que não queria calar.

_ O quê?_ perguntou confuso.

_ É que sua prancha tem umas florzinhas dessa cor na beirada!

_ E se eu gostar? Algum preconceito?

_ Eu não tenho preconceito!_ eu disse me fingindo de ofendido._ Até acho... bacana que caras sejam delicados!_ menti, mas não consegui conter uma risada.

_ Hum..._ ele disse, seus lábios estavam em uma linha fina, um sorriso tentava escapulir também_ Então você gosta de caras delicados?

_ Não, eu disse que acho bacana, não que gosto, é bastante diferente._ nem reparei que havíamos parado no meio do rochedo para começar a discutir sobre isso.

_ Sei lá! Você me convidou para sair... e eu sou... você sabe, um garoto!_ ele disse fazendo piadinha.

_ Estava sendo educado, já que você estava muito dolorido pela chifrada!_ fiquei com medo de ofendê-lo, mas pelo contrário, ele riu com vontade.

_ Ai! Essa doeu! Obrigado, acabou comigo agora! Nossa, estamos parados aqui! Vamos, ainda temos que subir esse resto e descer o outro lado._ percebi que ele estava tão disperso quanto eu.

Como conseguiu sozinho antes e agora não consegue sair?_ Aury estava com muita dificuldade, para seguir por cima do rochedo.

_ Antes eu não estava congelando!_ disse ele, e reparei que seus lábios estavam entreabertos e seus dentes batiam de leve.

_ Pode deixar que eu levo a prancha!_ eu disse. 

_ Não precisa, eu tô levando!_ ignorei o que disse e tomei a prancha.

_ Pois não precisa mais. Eu levo!_ eu disse e Aury tentou tirar de debaixo de meu braço, mas não conseguiu. Por que ele fazia tanta questão de parecer tão autossuficiente?_ Me dá isso Seth!

_ Sua prancha afeminada está te atrapalhando! É muito grande.

_ Minha prancha não é afeminada!_ ela pereceu pensar bem antes de dizer isso.

_ Você podia ter escolhido outra.

_ É que... é que... era a única que estava pronta na cabana!_ percebi que ele mentia descaradamente.

_ Hanhan._ eu disse irônico.

       _ Por que mesmo chegamos a esse assunto mesmo?

_ Estávamos discutindo sobre quem levaria sua prancha.

_ Ah é, bem lembrado! _ ela se aproximou olhando por cima dos óculos negros, aquilo me prendeu por alguns segundos._ Muito bem dito, minha prancha, então eu levo!_ dessa vez ela deu um arranco surpresa, estava muito preocupado com a cor tão intensa de sua íris que me perdi, e também perdi a prancha. Abri a boca, mas nada saiu, vendo seu sorriso prepotente de vencedora.

Cheguei primeiro ao solo. Vi que ele estava com dificuldade justamente por conta da prancha que era muito grande. Estava agarrada ao rochedo meio desequilibrado, a maior parte da prancha estava para a esquerda e o lado direito estava escorregando de seus braços, como uma balança desequilibrada, ele não havia reparado nisso, estava mudando de posição, ficando de costas para o rochedo se preparando para pular. Pensei que seu plano era jogar a prancha e depois pular, mas ao invés disso, quando ele percebeu que a prancha estava escorregando tentou segurá-la.

Como era previsto ele não tinha força para se sustentar e também a prancha, e ela caiu no chão, para desespero de Aury, que na tentativa de segurá-la escorregou ralando um pouco a perna no rochedo. Explicando: Como ele é meu imprinting, eu não vi isso, mais sim, Aury caindo e se arrebentando todo!_ Aury! Cuidado!_ eu disse me posicionando perto de onde calculei que ele bateria caso caísse, mas conseguiu se segurar_ Eu te ajudo! Se joga!

_ Você é doido! São dois metros!

_ É claro que eu vou te segurar! Coisa lerda! Deixa de ser teimoso cara!

_ Hey... Coisa lerda é você!_ e ficamos assim trocando alguns “elogios”, até que ela perdeu a paciência._ Ah... Cala a boca Seth!_ ele desceu o resto do rochedo e correu para ver se sua prancha estava bem._ Só deu um arranhadinho! Graças a Deus!_ refletiu consigo mesmo.

_ É só uma prancha idiota!_ eu disse me ajoelhando ao seu lado.

_ Não é idiota! Fui eu quem a fez!

_ Sério?_ falei divertido._ Pensei que era a única da tal cabana!_ falei para provocar, erguendo uma sobrancelha.

_ Tá, não era! E daí se eu gostar de lilás, isso não define a sexualidade e uma pessoa.

_ E quem disse isso?_ coloquei a mão sobre o peito fazendo cara de inocente, mas parei ao encarar sua perna._ Cara! Seu joelho!

Ele seguiu meu olhar e também ficou surpreso.

_ Não sentiu dor?_ perguntei.

_ Agora que você falou, senti!

_ Isso que dá ser teimoso, eu disse que te ajudava! Vamos, eu te carrego.

_ Eu não queria sua ajuda antes! E não quero agora! Você não tem problema, Seth? Eu posso me virar sozinho!

_ Você está machucado e vai aceitar minha ajuda!_ impus severo.

_ Nem está doendo muito..._ ele argumentou, mas nem dei tempo para terminar, passei seu braço em meu pescoço e ergui seu corpo, ajeitando a prancha causadora disso tudo no outro braço.

_ Seth! É sério cara, me solta!

_ É mais sério ainda: não!

Ouvi Aury bufar e cerrar os dentes._ Mas eu posso andar muito bem!

_ Essa não é a questão!

_ Vou te irritar a viagem inteira!_ ele anunciou, e assim o fez. Ficou socando minhas costas e cantando músicas feias! E também se esperneou, acertado meu rosto algumas vezes.

_ Vou gritar para todos que você está me sequestrando!

Eu ri._ Você é um objeto muuuuito desejado!_ gozei.

_ Também não precisa humilhar!_ ele nunca perdia o senso de humor.

Já perto da casa de Emily o soltei._ Podemos andar agora!

_ Mas agora já estamos quase chegando!

_ Exatamente. Essa era a intenção! Você não vai ficar com raiva de mim por causa disse né?

_ Estou pensando a respeito._ ele disse com a cara dura._ Entendo que tenha feito isso só para me ajudar, mas isso me deixou constrangido._ disse agora se fazendo de bravo._ Mas você tem duas entradas para o circo e eu quero ir, então acho que até o espetáculo acabar você tem meu perdão provisório.

_ E depois você vai ficar com raiva de novo? Como faço para ter seu perdão definitivo?

_ Talvez se você arranjar alguns ingressos para um teatro. Eu adoro atuação!_ disse ele brincando, como podia ter um senso de humor tão volúvel?_ Aí eu posso começar a te perdoar!

_ Vou providenciar meu perdão logo!_ disse fazendo um gesto de aspas com os dedos a palavra perdão._ Você me fez lembrar do circo. Acho que você não está em condições de ir hoje.

_ Que isso! Eu estou ótimo! Foi só um arranhão, que ficou parecendo pior porque sujou._ disse simplesmente._ E você é a pessoas mais exagerada que eu conheço.

_ Tem certeza?_ eu perguntei.

_ É, claro! Teve um bobão que me trouxe da praia até aqui nas costas, deu tempo da minha perna melhorar um pouco._ Aury disse com a voz séria que fez o ato ficar mais engraçado.

_ Você deve um agradecimento a esse bobão!

_ É, acho que hoje nós vamos ao circo, vou dar a ele a honra da minha presença! Você acha que isso já basta, Seth, para agradecer ao bobão?

_ Acho que sim!_ a esse momento já podia ouvir um pouco da conversa na casa de Emily, ela estava com Sam. Parei abruptamente, nem havia pensado nisso e Aury achou estranho.

_ O que foi?

_ Não quero ir até a casa de Emily, Sam está lá!

_ Como você sabe que ele está lá? Ainda estamos muito longe!

_ Ele me disse de manhã!_ menti.

_ Ah... Está assim ainda por causa daquela história da piada?

_ É, infelizmente._ eu suspirei.

_ Então, podemos nos encontrar aqui ou lá no circo._ ele propôs.

_ Aqui, então. Pode não dizer para o Sam que estava comigo?_ eu disse.

_ Está com vergonha de mim, garoto?_ ele disse sério novamente, mas tinha um sorrisinho no canto de sua boca.

_ Não é isso... é que...

_ Tudo bem... Depois você me explica!

Queria me despedir melhor, mas fiquei com medo que ele me entendesse mal. Resolvi dizer só um até logo.

_ Até! Não se atrase, aqui em meia hora!Ok?!

Sorri e me afastei empolgado.