Our Paper Planes escrita por Annie Hirano


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu postando MAIS UMA FIC
Criatividade, PARE DE FUNCIONAR TANTO!



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 Um, dois, respira, inspira. Um, dois, respira, inspira.
 
Os sons dos aparelhos colocados em mim não costumam me incomodar tanto, porém hoje parece que o barulho dobrou, e isso está me deixando louca. Remexo-me desconfortavelmente sob o colchão fino da cama de hospital. Eu queria mesmo era me levantar daqui.

Um, dois, respira, inspira.

 Outra coisa que me incomoda é minha perda de noção de tempo. Em que dia da semana estamos? Em que mês estamos? Em que ano?

 Abro os olhos e encaro o teto branco.

 Respira, inspira...

 Olho para os aparelhos, eu queria arrancar-los todos. Tirar-los fio por fio e me libertar dessa jaula. Mesmo que eu tivesse que morrer por isso.

 Eu quero sair daqui.

 Um, dois...

 Vejo os enfermeiros passando com seus jalecos brancos. Alguns mexiam no celular e conversavam, enquanto outros andavam apressados pelos corredores, provavelmente indo atender alguém na emergência.

 Os aparelhos em mim me incomodavam.

 As paredes verdes claras desse hospital estão me dando agonia. Esse quarto estava me dando agonia. Aqui não havia nem mesmo janelas.

 Respira...

 Me sinto claustrofóbica.

 O barulho dos aparelhos...

 Eu estou aqui desde pequena. Desde criança eu fui internada neste hospital, com uma doença que os médicos não identificavam. Às vezes eu ficava tão fraca que não conseguia respirar e desmaiava, então colocavam aparelhos em mim. Só me deram alta para sair daqui duas vezes, quando eu era pequena. E infelizmente, nessas duas vezes eu voltei pra cá em estado grave. Os médicos daqui já me tratam como um peso morto, têm certeza que eu irei morrer neste hospital, e não vai demorar muito tempo. Eles acham que meus dias estão contados.

 E eu tenho certeza disso.

 Então só mais uma vez, eu queria que me deixassem sair daqui. Dessa vez pra não voltar. Eu não me importo em morrer. Já não suporto mais viver aqui. Se é que isso pode ser chamado de vida.

 Se as pessoas lá fora vivem a vida do jeito que eu gostaria de viver eu não sei...
...Eu só sei que o que eu vejo aqui é um pouco da minha morte, dia após dia. Cada vez mais abandonada, cada vez mais esquecida. Minha existência não vai ter valido de nada, no final de tudo isso.

 Olho para o pequeno vaso com uma flor branca, na cabeceira de minha cama. Meu pai deve ter passado aqui para trocá-la mais cedo enquanto eu estava dormindo. Será que já é noite lá fora ou está claro? Ele estaria trabalhando ou dormindo agora?

 Contenho minha vontade de chorar.

 Porque comigo...?

 Cantarolo baixinho uma das minhas músicas improvisadas, enquanto pego o pequenino bloco de notas que meu pai sempre deixava pra mim quando vinha. Eu o usava para
escrever minhas poesias. Pelo menos me distraía um pouco. De vez em quando ele trazia livros também, mas eu os lia muito rápido. Eu gostava de ler, mas de certa forma aquilo também me deprimia. Sempre havia solução para os problemas dos personagens, sempre com um final feliz... Eu também gostaria de ter o meu... Mas isso é impossível, não é?

 Sinto minha pressão abaixar. O som do bloco cair, e o barulho dos aparelhos vão ficando cada vez mais longe, e minha vista vai se nublando. Meu coração estava falhando de novo. Vejo de relance alguns médicos que estavam passando correrem até mim, e depois disso, tudo ficou negro.

***

 Acordo em uma sala silenciosa, sem os aparelhos de antes. Sento na cama e olho em volta. Eu estava tomando soro nos pulsos, mas nada mais que isso. Devem ter me reanimado com a máquina de choque e me trouxeram pra cá. O porquê de estar sem os aparelhos eu não sei, mas não me incomodava nem um pouco com o fato.

 Agora que noto, há uma janela lá fora, a claridade vindo dela. Estava de dia. E nesse quarto não há câmeras também, não há ninguém nos corredores. Se eu queria uma chance pra sair, a hora era agora.

 Tiro a agulha e encosto os pés no chão. Frio.
 
Tento andar até a janela, para treinar um pouco. Minhas pernas estavam fracas e eu quase caio. Eu não poderia sair daqui se não conseguisse ao menos andar direito. Dou algumas voltas pelo pequeno quarto, mas não demorei muito pra me cansar e voltar pra cama. Se eu continuar nesse quarto poderei sair. Foi nisso que eu me apoiei. Sorri. Logo, logo eu fugiria daqui.

 Olho para minhas pálidas mãos brancas e começo a brincar com uma mecha de fio loiro.

 Se tudo der certo, eu vou finalmente sair daqui.
 
Tento controlar minha ansiedade. Agora eu só poderia esperar, e dar o melhor de mim.

Eu não conseguiria ir muito longe, mas pelo menos poderia sair e voltar antes que dessem pela minha falta. Isso já estava de bom tamanho.


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Notas finais do capítulo

Necessito de reviews...ç---ç



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