O último suspiro

Momentos Finais da morte de Akasuna no Sasori.

 “Todos preferem morrer, para que alguém viva...” o ventríloquo pensava enquanto apunhalava Sakura com uma Katana e via sua avó de joelhos no chão devido ao veneno.

 “Isso é tão idiota!” ele recuou e deixou que outra Katana que ficava em uma das partes de seu corpo de marionete fosse sacada. Não havia um porque de deixá-las vivas. Não haveria.

 O ventríloquo correu em direção as duas. A Katana pronta para perfurá-las.

 -MORRA! – ele gritou.

 Porem. Por um milésimo de segundo aquela imagem lhe veio à cabeça. A única imagem que ele não havia conseguido superar em toda a sua vida. Não importasse quantas pessoas ele havia matado. Não importasse o que ele tinha feito para tornar sua arte suprema. Aquele era a única lembrança que estava perdida em sua mente e que veio a ele naquele momento. “Pai. Mãe” Ele não recuou. Seus olhos desviaram de Sakura para ver em volta. Sim. Havia um porque de não matá-las. Ele veio em direção ao selo em que Chyio havia preparado. E naquele momento não sentiu mais seus movimentos.

 Algo estranho correu por seu corpo. Era diferente. Ele olhou para os lados. E lá estavam eles. Pai e Mãe. Naqueles últimos momentos de sua vida. Eles estariam ali. Ouvia-se apenas o ranger das marionetes e o som das katanas perfurando o cilindro em seu peito. O cilindro que o mantinha...humano.

 Chyio tinha dificuldade para respirar. As linhas de chakra cintilavam por seus dedos. Ela ainda estava de joelhos no chão.

 - O-O que? – o ventríloquo sibilou.

 - Você abaixou sua guarda no final, Sasori – Chyio exclamou com dificuldade.

  Foi então que aquela sensação começou a palpitar novamente. “Então é isso. Depois de tanto tempo. Pensei que nunca mais iria senti-la novamente. Havia até me esquecido de como era isso...Dor”.

 - Você não pode se mover – Chyio sibilou novamente – Isso faz sentido. Você ainda pode usar chakra. Esse cilindro é a prova disso. É o seu ponto fraco.

 Ele ouvia as palavras de Chyio. Mas elas não faziam sentido algum. Sua mente estava em volta de pensamentos. Sua mente estava no passado. Nos últimos instantes que esteve com seus pais. No momento em que aprendeu a brincar com marionetes. O abraço de seus pais – das marionetes que ele criara. Na ilusão de um dia poder abraçá-los de novo. Algo que ele jamais admitiria. Era impossível ele ter aquelas sensações, seu corpo era apenas o de uma marionete. O ventríloquo voltou em si quando viu Chyio curando Sakura.

 - Que idiota! Mesmo que minha avó, sangue do meu sangue morrer agora, isso não fará a menor diferença... – Sasori sibilou.

 No mesmo instante Sakura o acertou. Fazendo seu rosto trincar.

 - Porque você não tenta ter um corpo como o meu? Um corpo que nunca sucumbirá, um corpo Imortal! Como uma marionete, posso consertar e recriar meu corpo quantas vezes eu quiser. Se eu precisar de outras pessoas, basta transformá-las em marionetes... Se eu achar que elas valem a pena – um sorriso debochado se formou em seu rosto.

 Sakura mantinha uma feição raivosa. Suas mãos se fechavam fortemente em punhos. Enquanto ouvia o ventríloquo falar.

 - Uma coleção não é feita de números. Qualidade é melhor é que quantidade – Sasori concluiu orgulhando-se de suas palavras.

 - Que tipo de monstro é você? – Sakura perguntou pasma e raivosa com as palavras do homem a sua frente.

- Eu sou uma marionete, mas vivo em um corpo humano incompleto. Não sou uma pessoa, nem uma marionete.

 Era a verdade. Apesar de que por alguns segundos. Sua parte humana eclodiu de dentro de sua alma. A natureza de um Shinobi é não se deixar levar pelas emoções. Amigos. Família. Outros. Não são coisas que deviam ser importantes.

 Arte não é aquilo que esquecemos com o tempo ou algo que possamos substituir. Arte é aquilo que possa ser retratado como Permanente. Imortal. “Eterno”. A arte só se torna verdadeira e bela apenas por meio do tempo. Evoluindo a cada instante. Se tornando cada vez mais incomparável a cada segundo que se passa.

 Em seus últimos instantes o ventríloquo passou os olhos pelo lugar. Ali estavam elas. Suas criações. O mesmo abaixou a cabeça e um meio sorriso se estendeu por seu rosto. O ventríloquo viu em seus bonecos e em si próprio uma forma de algo perpétuo, e portanto belo, dita assim, sua arte suprema. Os segundos que pareciam infinitos se passaram. Juntamente com seu ultimo suspiro de dor.

FIM