Querer acreditar no melhor das pessoas não o torna verdadeiro.

Meus olhos se abriram, algo segurava a minha mão, algo a molhava. Virei minha cabeça e lá estava Zayn, chorando. Seus olhos estavam vermelhos, suas mãos tão tremulas como arvores em um tornado. Ele me olhou e sorrio, se levantando com pressa. Ele me abraçou, chorando em cima de meu peito. Agora percebo o quanto seu toque me deixa louca. Ele tinha as mãos mais macias e perfeitas que já segurei.
- Por favor, volta para mim. – ele disse em meu ouvido. – Fica acordada, fica viva. Eu não consigo viver sem você, Ariel. – ele sussurrou entre suas lágrimas. – Por favor. – implorou.
Minha respiração ficou fraca, tanto quanto meu coração. Minha cabeça latejou ao ouvir o “pi” frenético da maquina ao meu lado. Enfermeiras vestindo uniformes cor-de-rosa invadiram o quarto afasto Zayn, nossas mãos se separaram e eu o ouvi gritar algo.
A escuridão foi o próximo passo.

A garota estava sentada perto da janela de seu quarto, uma folha branca estava na sua frente, o computador ligado não lhe chamava nenhuma atenção. Uma musica tocava, ela não conseguia acreditar. Zayn seu melhor amigo, estava cantando. Algo que ele queria lhe avisar. One direction, isso, esse era o nome da banda dele com uns amigos. Ariel sacudiu a cabeça e parou a musica, não tinha tempo para pensar nisso, não agora. Sua viagem para o Japão seria amanhã, ela tinha que se concentrar. Ela anotou o nome do hotel que ficaria na folha, anotou o nome do restaurante que trabalharia e a escola que procuraria uma vaga. Dobrou e se levantou, as malas estavam abertas em cima da cama, todas as gavetas de seu guarda-roupa estavam abertas, roupas estavam fora do cabide e caidas no chão, uma verdadeira bagunça.
    Desde que seu pai falecera, sua mãe trabalhou em dobro. A segurança aumentou em sua casa, alarmes e cercas eletricas por todos os lados. A segurança agora era mais uma das enormes preucupações de sua mãe.
     Desde então o contato com Zayn foi limitado, poucas ligações e quando havia eram de alguns minutos. Poucas mensagens, nunca respondidas pela garota. E-mails, nem se fala. Ela devia esquece-lo, ele era seu melhor amigo e não o homem de sua vida. Eles cresceram e os banhos juntos não existiam mais, assim como dormirem um do lado do outro abraçados. Ele virou um homem, não era mais aquele garotinho de bochechas rosadas e enormes olhos castanhos  e ela virou um mulher, seu corpo havia mudado, assim como seus sentimentos por ele. Ela estava… ela estava o amando. Não, não estava, era uma ideia que apareceu em sua mente e permaneceu por um longo tempo.
    Ela completara 18 anos, seus cabelos ruivos voltaram. Seus sonhos mudaram, seus gostos musicais, mas seus sentimentos permaneceram os mesmos.
          Era tarde quando ela se deitou, suas malas estavam encostadas na parede de seu quarto, sua mãe já estava deitada, coitada estava tão cansada. Mesmo estando exausta seus olhos não se fechavam, a voz de Zayn teria que ser ouvida uma ultima vez. Ela queria poder te-lo ao seu lado, deitado e a chamando de princesa, ela amava quando ele a chamava de princesa… Em sua voz era tão boa.
    Ela se levantou e caminhou até a cozinha, um copo foi enchido com agua. Ela bebeu aquilo em dois goles, ela colocou o copo dentro da pia e se sentou no sofa. A teve estava desligada, ela passou os olhos por toda a sala, sentiria falta dali. Seus olhos pararam em um porta-retrato que nela estava Trisha e Yasser, sua mãe e seu pai, Zayn e ela. Era a foto tirada no dia que a familia Malik mudou para lá, o mesmo dia que o laço de amizade amarrou Zayn e ela. Por que ele tinha que conquista-la? Ela sentiu seus olhos arderem e as lágrimas já desciam pelo seu rosto.
 - Filha?– ela ouviu sua mãe lhe chamar no topo da escada.
- Oi. – respondeu limpando as lágrimas e sorrio ao ver sua mãe descendo as escadas amarrando seu roupão de veludo bege.
- Querida, são quatro da manha… Por que esta acordada? – perguntou se sentando ao lado da filha.
- Eu… eu não consigo dormir. – ela sorrio torto.
- Sua insonia é causada pela ansiedade ou por uma pessoa chamada Zayn? – ela perguntou sorrindo.
- Mãe. – ela falou corando. – Pela… ansiedade, oras. – mentiu.
- Sei, ansiedade com nome de Zayn? – sua sobrancelha se levantou, ela riu e abraçou sua filha que já chorava.
- Eu sinto tanto a falta dele. – Ariel disse entre as lágrimas.
- Eu sei meu bem, mas ele seguiu a vida dele e você terá que seguir a sua. – sua mãe fazia carinho em seu cabelo.
- Não existe vida sem ele… - afirmou.
- A minha não existia sem seu pai e aqui nos estamos, vivendo, aprendendo, sofrendo. Mas sempre seguindo em frente. – sua mãe a olhou, limpou suas lágrimas e sorrio – Amanha você estará em Toquio, ficara um ano lá e tem que seguir sua vida. – limpou mais uma lágrima que escorreu.
- Eu sei. – um bico foi formado.