Acordei 07:30 da manhã com o celular despertando. O tempo estava fechado e ventava um pouco. Como consequência do choro do outro dia, acordei com um pouco de dor de cabeça, mas eu precisava levantar e ir pro colégio. Não poderia faltar de novo.

Fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal. Coloquei uma calça skinny preta, all star, regata branca com alguns babados e um colete de couro preto. Passei uma maquiagem de leve e desci para tomar café. Jessie e Daniel estavam na cozinha, fazendo o mesmo.

-Bom dia gente – Disse sorrindo

-Oi Júlia, ontem não te vimos, você saiu? - Perguntou-me Daniel

-Não, eu fiquei em casa de tarde vendo filme, e depois fui pro quarto, li um livro e acabei dormindo.

-A ta. Nós vamos trabalhar agora, mas fique a vontade, pode comer o que quiser ok meu anjo? – Disse Jessie

-Ta bom gente, obrigada.

Eles saíram e eu fiquei tomando café e claro, pensando no Bruno. Coisa que eu fazia desde dezesseis anos.  Como eu poderia amar tanto uma pessoa? Nem eu sabia dessa resposta. Era um amor sem medida, puro, que quando você pensa que não pode aumentar, ele aumenta, e fica mais forte a cada dia. Pois é, eu amava aquele baixinho, mas ele deveria estar me odiando nesse momento e só de pensar nisso eu me sentia angustiada.

Por fim, acabei de tomar café e decidi parar de pensar um pouco no assunto, precisava me concentrar nos estudos. Peguei minha bolsa, chamei um táxi, pois não queria forçar muito minha perna, e fui para o colégio.

[...]

Terminou a aula, e eu tive mais certeza que era aquela faculdade que eu queria seguir. Simplesmente tinha adorado tudo. Alunos, professores, aulas, método, enfim, tudo perfeito. Me fez esquecer por três horas toda aquela confusão com o Bruno. Na verdade, o que eu poderia fazer no momento, era só isso, esquecer, quer dizer, tentar.

Chamei um táxi novamente e fui pra casa. Como eram 12:30, fui almoçar e depois decidi arrumar a casa. Acho que era o mínimo que poderia fazer em agradecimento a Jessie e Daniel por me receberem com tanto carinho. Fui ao quarto e troquei de roupa. Coloquei uma camisa quadriculada, lilás com branca, um pouco velha. Vesti um short jeans curto e calcei um chinelo. Já que eu não iria sair, não teria problema ficar um pouco “largada”. Meu cabelo era grande, batia na minha cintura, então fiz um rabo de cavalo e desci para começar a arrumação pela sala. Liguei o som no volume máximo numa rádio que eu adorava e comecei a faxina.

Por incrível que pareça, eu estava me divertindo. Cantando alto e varrendo a casa. Volta e meia fazia da vassoura meu microfone. Adorava me sentir cantora por algumas horas. Lembro-me quando eu estava na casa da Mel, e a ajudava a arrumar o quarto. Fazíamos a mesma coisa e claro, ríamos uma da outra por causa da voz absurdamente desafinada das duas.

 Em meio a essas lembranças e cantoria toda, ouvi a campainha tocar.

“Quem será? Deve ser pra Jessie ou Daniel” –Pensei.

Nem abaixei o som. Soltei a vassoura num canto e fui ver quem era.

-Oi, posso aju...BRUNO? –Corei. Bruno Mars...Bem ali na minha porta, parado, me olhando e eu naquele estado. Com o cabelo pro alto, short minúsculo e camisa velha – O que você está fazendo aqui?

-Desculpa chegar assim, é que eu...Olha Júlia me desculpa por ontem. Pensei em tudo que você disse e teve razão de falar comigo daquela maneira eu só quero...

-Não Bruno –O interrompi – Eu que peço desculpas. O meu sonho sempre foi te conhecer, mas não daquele jeito, com um acidente. Imaginava uma coisa diferente, com abraço, fotos, conversas e tudo mais, só que eu fiquei tão nervosa com tudo que acabei falando o que não devia. Me desculpe. – Disse com os olhos marejados.

Ficamos nos encarando por uns dez segundos.  Aqueles olhos castanhos penetrando os meus com aquela expressão de arrependimento no rosto. Não pude evitar que uma lágrima caísse enquanto ele me olhava.

-Ei, não precisa chorar! –Disse com a mão em meu rosto – Eu tive uma ideia pra concertar isso tudo e preciso da sua ajuda, pode ser? –Sorriu. Como dizer não aquelas covinhas? Como?

-Claro Bruno, entra! –Dei passagem a ele –Pode se sentar aí, eu estava arrumando a casa e não esperava ninguém, aí estou nesse estado –Apontei pra minha roupa e ele sorriu- Então vou subir rapidinho e tomar um banho, fique a vontade –Enquanto dizia isso fui até o som, abaixei o volume e subi, deixando Bruno sentado no sofá.

(BRUNO”S POV)

Não esperava que ela me pedisse desculpa também. Acho que nós dois estávamos um pouco errados e eu gostei do fato dela ter admitido isso.

Depois que entrei, percebi alguns móveis fora do lugar, vassoura no canto da sala e um som muito alto.

“Ela deveria estar arrumando a casa” –Pensei

Mas até aí tudo bem. Só que no momento que ela apontou pra roupa que estava usando, dizendo que iria trocar eu quase falei “Não precisa, está ótimo assim!”. Não sou santo, mas não tinha reparado a roupa dela até o momento. Uma camisa quadriculada e um short jeans curto. Meu Deus que pernas, que rosto, que sorriso, que corpo lindo que Júlia tinha.... MAS eu não poderia pensar nisso, eu tenho namorada e quero preservar uma amizade com a Júlia, só isso.

Fiquei ali, sentado no sofá esperando ela descer pra contar qual seria meu plano. Não sabia se iria dar certo mas seria divertido passar a tarde com uma Hooligan. Por incrível que pareça nunca tinha feito isso. O máximo que fiquei perto de uma fã foi mais ou menos durante uma hora em uma boate. Ela não era bem uma Hooligan, mas gostava do meu trabalho então, conversamos e depois fui embora porque Joyce estava me chamando desesperada. Sinceramente, odiei aquela atitude dela, mas, agora não é hora de pensar nisso.

(JÚLIA’S POV)

Subi as escadas e percebi Bruno percorrendo todo meu corpo com os olhos. Minha vontade era subir aquilo correndo de tanta vergonha, mas me controlei. Fui até o banheiro, tomei banho e escovei os dentes. Eu estava tão nervosa que não sabia o que vestir. O homem da minha vida estava na minha sala, isso é demais pra mim. Enfim, achei um short mais longo e peguei uma camiseta que tinha o Mickey na frente. Sei lá, eu adorava essas coisas de desenho animado. Penteei o cabelo, me olhei no espelho e falei pra mim mesmo:

“Fica calma, é só o Bruno Mars sentado no seu sofá querendo sua ajuda pra um plano que você nem sabe qual é!”

Depois de ficar me encarando no espelho, desci.

-Pronto Senhor Hernandez, pode falar –Sorri me sentando do seu lado no sofá –Qual é o plano?

-Senhor Hernandez? –fingiu cara de bravo–Quem te deu permissão pra falar meu nome assim? Em vão?

Pronto, tive um ataque de risos. Eu já falei que quando estou nervosa começo a rir sem parar? Então, isso aconteceu logo agora.

-Você é um santo agora é? Não pode falar seu nome em vão? –Disse entre risadas

-Brincadeira Júlia –Rimos juntos –Mas enfim, o plano é o seguinte: Não tem como ir à casa de todos os meus fãs e pedir desculpas igual eu fiz com você, então, vou precisar do Twitter. Mas eu queria fazer mais que um simples tweet escrito “Desculpe”, quero responder o máximo de fãs possíveis e fazer um “Ask the dragon” também. O que acha?

-Nossa Bruno, que legal! Acho que vai ser o jeito mais legal de se pedir desculpa no mundo –sorri –E então, quando começamos?

-Agora! Eu trouxe meu notebook aí você me ajuda escolhendo os fãs para eu responder ok?

-Claro, ajudo sim. –Concordei toda animada – Mas cadê o notebook?

-Está lá no carro, vou pegar e já volto! –disse se levantando e indo buscar o computador para começarmos.

“Eu não acredito que o Bruno Mars está na minha casa... QUE SONHO!” –Pensei alto