Eu esperava tudo, menos a Júlia, na capa da revista comigo. Aquilo era um total exagero. Ultrapassava os limites da minha privacidade, se é que eu ainda tinha alguma.

-Bruno, o único jeito é conversar com a Júlia e explicar tudo isso –Disse Phil, me abraçando de lado.

-Eu só preciso ficar calmo antes –Respirei fundo –Acho que a melhor coisa agora é agir com naturalidade para não deixa-la nervosa. Converso com ela quando chegarmos em casa.

Saí da sala com o Phil e voltamos para onde estavam todos.

-Aconteceu alguma coisa? –Perguntaram Ryan e Ari juntos.

-Não, nada, vamos continuar o trabalho?! –Respondi forçando um sorriso. Pude ver Júlia me olhando com desconfiança. Ela sim, me conhecia como ninguém e com certeza sabia que tinha algo a mais.

(JÚLIA’S POV)

Quando Bruno e Phil saíram da sala e foram falar a sós eu já achei um pouco estranho, mas agi como se não desconfiasse de nada e fui conversar com os meninos. Eles eram uns amores. Fazendo piada com tudo e contando histórias constrangedoras um do outro. Depois de uns dez minutos entre gargalhadas, Bruno e Phil voltaram e pude concluir que tinha algo a mais naquela história. Bruno deu um sorriso super forçado, dizendo que não era nada. Por trás desse “Nada” tinha muita história pra contar, mas decidi que aquele não seria o momento de conversarmos sobre isso, ele estava tentando ser natural, então, fiz o mesmo.

Passamos o dia todo naquele estúdio. Quando já eram 20:00 horas decidi sair para comprar algumas coisas para eu e os meninos comermos. Bruno estava de costas para mim, que permanecia no sofá observando e rindo muito das palhaçadas de todos. Me levantei, sem querer fazer muito barulho para não atrapalhar nada, mas foi em vão.

-Onde a senhorita pensa que vai sem mim? –Perguntou-me Bruno, enquanto todos olhavam esperando minha resposta.

-Eu só vou na lojinha aqui da esquina comprar umas coisas pra comermos –Sorri – Posso?

-Claro, mas o Ryan vai te acompanhar, não quero minha garota andando sozinha pela cidade!

-Bruno, é só ali na esquina e...

-Ryan, vai com ela, por favor! –Não me deixou terminar e já ordenou Ryan a me acompanhar. Virei um bebê agora? Ta, eu admito, essa preocupação dele comigo era muito fofa.

-Claro, não é todo dia que sou visto com uma coisa linda dessas –Brincou Ryan, se levantando.

-Para seu besta, vamos logo porque eu to com fome –Dei uma batida leve no seu braço –Já voltamos!

No trajeto até a loja notei algumas pessoas me olhando com uma cara de “É ELA!”, mas nem me importei, deveria ser pro Ryan e eu estava confundindo tudo. Chegamos no comércio, pegamos vários biscoitos, doces e bebidas energéticas. Enquanto pegava as coisas, Ryan ficou observando alguns shakes e me perguntando qual seria melhor. Eu apenas ria e continuava pegando as bebidas. Fomos até o caixa, pagamos e voltamos ao estúdio.

Mal entrei e Bruno já veio me abraçar. Um abraço tão apertado que estava me sufocando.

-Que foi Bru?- Sorri daquele seu ato.

-Nada, eu só quero ter a certeza de que você sempre vai estar aqui, comigo–Me deu um selinho.

-Ei! –O encarei –Eu SEMPRE vou estar com você, não importa o que vier! –O beijei, ainda abraçados.

-Vamos parando com essa melação toda e comer? –Disse Ari.

-Na boa, eu vou vomitar –Brincou Kam.

-Vocês são uns invejosos, isso sim! –Disse Bruno me soltando e abraçando novamente, só que por trás. (Olha a mente poluída caro leitor)

Comemos tudo que eu tinha comprado e ainda ficamos mais duas horas no estúdio. Por fim, quando o relógio marcava 23:00 horas, fomos embora. Bruno deu carona ao Ari e ao Phil e depois ficamos só nós dois.

-Bruno, hoje eu vou precisar ir pra casa, amanhã tenho aula –Disse num tom de desânimo.

-Eu sei, mas eu queria passar lá em casa primeiro porque quero conversar uma coisa muito importante com você! –Eu já sabia que isso iria acontecer, até porque ele tinha falado quando saímos de casa pela manhã, mas teria outra história, além da Joyce, nessa tal conversa. Não respondi, apenas fiz sinal de positivo com a cabeça.

Alguns minutos depois, chegamos à casa do Bruno e ele mantinha um semblante sério, o que me deixava mais preocupada. Sentamos no sofá, um do lado do outro e ele começou a falar.

-Jú, eu preciso te mostrar uma coisa, e sinceramente, não sei qual será sua reação, mas espero, de verdade, que entenda –Me entregou uma sacola com algo dentro que até o momento, nem tinha notado estar nas mãos dele. Abri e dentro encontrei uma revista.

-ESPERA AÍ! ESSA É A MINHA FOTO? MEU DEUS, EU NÃO ACREDITO NISSO BRUNO! –Disse me levantando, totalmente atordoada e fiquei andando de um lado para o outro.

-Júlia fica calma! Não adianta se desesperar agora, eu quero conversar com você sobre isso –Me puxou e colocou-me sentada novamente.

-Ta, deixa eu respirar –Passei a mão pelo rosto –Bruno, sinceramente, eu não sei como lidar com uma situação dessas...

-Escuta, por favor, só escuta! –Pegou minha mão –Eu quero ter um relacionamento sério com você, eu quero namorar com você, quero até me casar com você Jú! –Fiquei paralisada –Eu sei que está cedo para dizer isso, mas é a realidade, eu não imagino outra mulher na minha vida, a não ser você, mas pra isso, preciso que fique junto comigo, eu não posso enfrentar isso sozinho! –E nesse momento, eu continuava paralisada. Sabe aquela desconfiança sobre os sentimentos do Bruno em relação a mim? Sumiu. Naquele instante pude ter a certeza que ele gostava de mim, como eu dele, não sabia ainda se era amor, até porque, ele nunca falava isso, mas só o fato dele se declarar assim, já me deixou extremamente feliz. Depois de um tempo em silêncio, só o encarando, respondi.

-“Eu sempre vou estar com você, não importar o que vier” lembra? –Sorri. Ele não me respondeu, apenas me beijou intensamente. E eu? Me entreguei em seus braços.

Sabe, o “amar uma pessoa” nos leva a fazer coisas que nós mesmos duvidaríamos que pudéssemos fazer. Enfrentar isso não seria fácil, principalmente com a mídia, mas na boa, eu não estava nem aí agora, eu queria era o Bruno, e mais nada.

(BRUNO’S POV)

Não esperava que a Júlia entendesse isso, pra mim, ela sairia da minha casa e nunca mais olharia na minha cara, talvez por medo de tudo isso, mas ela é uma menina surpreendente, e eu simplesmente amava isso. Depois de explicar toda situação, ficamos um tempo deitados no sofá conversando sobre a minha conversa de mais cedo com a Joyce. Percebi que Júlia ficou um pouco apreensiva com a “ameaça” dela, mas prometi a proteger, e faria isso.

-Bru, preciso ir, sério –Se levantou –amanhã acordo cedo...

-Tem que ir mesmo? –Fiz biquinho

-Para senhor Hernandez, preciso ir, eu fiquei o final de semana todo com você, não está bom não?

-Na verdade, seria melhor se você ficasse todos os dias comigo, mas...-A beijei

-Você é muito sedutor, isso não vale –sorriu- Mas é sério, vamos!

Bom, me levantei, peguei as chaves do carro e saímos, contra a minha vontade, claro. Mas foi bom, acho que se ela ficasse na minha casa essa noite eu tentaria alguma coisa, que poderia a deixar magoada, então, pensando bem, foi o melhor a fazer.

-Chegamos minha Hooligan –Disse enquanto estacionava o carro.

-Obrigada por me trazer, pelo final de semana, enfim, obrigada por tudo –Me deu um selinho e já ia abrindo a porta do carro, mas não deixei, só um selinho não saciaria o Sex Dragon- Bruno, me solta, ta tarde seu besta –Sorriu.

-Não não, vem aqui e se despede direito, eu vou ficar quase a semana toda sem você, é muita tortura –A agarrei e comecei uma sessão de selinhos, até engatar num beijo de verdade. Percebia ela se arrepiando a cada toque meu. Como aquela garota beijava bem...

-Ta, me solta, agora é sério Peter Gene Hernandez, preciso ir! –Saiu do carro, sorrindo.

Voltei para casa, pensando na Júlia. Ela não saia mais da minha mente, nem por um segundo, mesmo que eu quisesse.

Chegando em casa, decidi entrar no Twitter. Tinha recebido várias mentions sobre o acontecido. As brasileiras eram as melhores: “Você traiu a Caban? FRIKIKIKIKIKI fez bem”. Em alguns eu ria, em outros ficava pensando, mas nada me faria voltar atrás, eu estava decidido a ficar com a Júlia, a namorar com ela, mas teria que fazer isso oficialmente, então, tive uma ideia.

-Alô Ryan?

-Que foi Bruno? Eu to com sono, diz logo...

-Ta simpatia, só quero te pedir uma coisa, tem como marcar uma coletiva de imprensa pra Sábado que vem?

-Pra que? –Perguntou meio confuso

-Ryan, não posso falar agora, mas tem como ou não?

-Vou tentar Bruno, não sei, sua agenda está lotada a semana toda! E domingo, você ainda tem uma entrevista para a Rolling Stone – Não estava vendo seu rosto, mas pude perceber sua expressão pensativa, misturado com a cara de sono.

-Ta, tudo bem, você tem a semana toda pra ver isso –Fiz uma pausa- Agora deixa eu desligar porque amanhã tem reunião da banda oito da manhã!

-Beleza brow, até!

Desliguei o celular, e não pensei em mais nada, tirei os sapatos e me joguei na cama. Estava muito cansado e amanhã, o dia seria mais cheio ainda. Eu só queria achar um tempo pra Júlia, ficaria sem vê-la por uma semana e não sei se suportaria.