Passou-se uma semana desde que encontrei o caderno e ainda não consegui completar nem uma página. Escrevi cerca de dez nomes e não pensei que isso fosse ser tão difícil. Ultimamente, não consigo dormir direito, tenho pesadelos frequentes. Pra falar a verdade, ainda não me caiu a ficha. Como um simples caderno pode matar pessoas que têm os seus nomes escritos nele? Também me aprofundei um pouco mais nas regras do caderno, o que foi bem útil, porque há diversas maneiras de controlar a morte da vítima.

“Se a causa da morte for especificada dentro de 40 segundos depois de escrito o nome da vítima, assim será. Não sendo especificada, a vítima morrerá de ataque cardíaco” e “Após especificar a causa da morte, detalhes dessa podem ser escritos nos próximos 6 minutos e 40 segundos” são alguns exemplos.

Acordei cedo como sempre para ir à escola, prestei atenção nas aulas, como sempre fazia e finalmente voltei pra casa, como num dia normal. Ao chegar no meu quarto, larguei minha mochila em um canto qualquer e abri um compartimento escondido embaixo da minha cama, onde eu escondia o caderno. Sem hesitar, eu o peguei e coloquei em cima de uma escrivaninha que eu usava geralmente para fazer os deveres da escola.

Me sentei na cadeira e comecei a pensar no que eu deveria fazer com o caderno hoje. Pensei em procurar por criminoso na internet, mas não consegui encontrar muita coisa. Enquanto eu continuava pensando nas opções, alguma coisa me tocou. Algo parecido com um dedo me cutucou no ombro, o que me fez dar um pulo e quase cair da cadeira. Eu olhei pra cima e tentei encontrar o que foi que me tocou, e achei. O que não foi difícil, pois era uma criatura enorme, mais ou menos com o dobro do meu tamanho. Meus olhos se arregalaram enquanto eu olhava para a criatura. Era um tipo de monstro bizarro, mas seu rosto não era muito diferente do de um ser humano. Além de ser bem alto, ele tinha longos cabelos que passavam um pouco do ombro e olhos vermelhos cintilantes. Ele jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada muito alta, o que me assustou de novo.

         - Você tinha que ver a sua cara! HAHAHAHAHAHA – a criatura disse, apontando para mim e dando outra risada.

         - O que diabos é você? E tenta ficar quieto, meus pais estão em casa! – eu disse, ainda com os olhos arregalados e com certo medo da criatura.

         - O que?! Você não leu as regras, seu imbecil? Eu sou um Deus da morte, ou Shinigami, como preferir. E nas regras também diz que só quem toca nesse Death Note pode me ver ou ouvir, então presta mais atenção antes de falar besteiras! – ele riu novamente e começou a observar meu quarto demonstrando certa curiosidade.

         - Shinigami? Então... esse tipo de coisa realmente existe. Me diz tudo que eu preciso saber, agora. Começando pelo seu nome e porque é que esse caderno está aqui.

         - Que abusado você, garoto. Não se deu conta de que eu sou um shinigami? A maioria das pessoas ficam com medo e me tratam com um Deus, até. Mas enfim... eu me chamo Kyo. E você, como se chama? – disse ele, andando pelo meu quarto.

         - Sou Matt. Kyo, me diga, o que esse Death Note faz aqui? – perguntei, curioso.

         - Eu o deixei cair. Estava afim de alguma diversão, queria ver o que aconteceria. E você o encontrou. E de primeira já matou um colega de escola, hein? Nada mal. – disse ele, e logo depois deu mais uma gargalhada.

         - Eu... não tive a intenção. Não pensei que o Death Note fosse real! – eu disse imediatamente. – Mas... como eu pensei, ele não faz falta alguma. Certo, me conte mais, Kyo. Me diga as principais coisas que preciso saber.

         - Hm... Ah, sim! Os olhos de shinigami. – ele disse, com um grande sorriso no rosto.

         - Olhos de shinigami...? – perguntei, curioso.

         - Os olhos de shinigami custam metade da sua expectativa de vida. Eles permitem que você veja o nome completo e tempo de vida restante de qualquer pessoa, exceto de outras pessoas que possuem o olho também, incluindo você. – explicou Kyo. É exatamente disso que eu preciso... assim, o trabalho se torna muito mais fácil!

         - Eu quero. – respondi quase que instantâneamente.

         - O que?! – disse Kyo, surpreso e com os olhos arregalados.

         - Os olhos de shinigami. – eu disse sensatamente, olhando para Kyo. – Eu quero fazer a troca. – eu disse. Kyo abriu um sorriso e soltou outra gargalhada alta e insana.

         - Uau, você é bem decidido! Vamos fazer a troca agora mesmo! HAHAHA – respondeu, com mais uma risada. – Aceita realmente trocar metade da sua expectativa de vida pelos olhos de shinigami? – ele disse, com aquele sorriso medonho estampado no rosto.

         - Sim, eu aceito. – respondi decidiamente. Kyo pediu para que eu fechasse meus olhos por um momento e abrisse-os novamente. Assim que abri os olhos, olhei para um porta-retratos com uma foto dos meus pais comigo. Os nomes completos e tempo de vida restantes deles apareceram sobre a cabeça de cada um! Isso é incrível. Eu abri um sorriso triunfante e peguei o Death Note em minhas mãos. Eu vou limpar esse mundo.