–Sam! SAM!

– Anh? Alice?

– Alice? Sam, você estava gritando!

– Gritando?

–É, você tava gritando e...

– Tay! Tay! Escuta, onde é a enfermaria?

– Pra quê?

– Eu tenho que falar com o Jerry. AGORA – Eu não sabia muito bem porque, mas senti uma coisa esquisita.

“Ele a entende” – Alice me dizia – “Ele tem quase tantos problemas quanto você”

Eu não compreendi bem, mais eu precisava falar com ele.

– Fica... no final da colina, do lado da casa grande. Ora Sam, você sabe onde!

– Eu sei, eu sei.- percebi que era verdade, eu só estava fazendo perguntas para espantar o nervosismo - Você vem comigo?

– Vou, vou sim – Ela ia perguntar, com certeza. Mas não. Ela notou que era sério, eu ia contar tudo, assim que absorvesse as informações.

*** ENFERMARIA***

A enfermaria. Um bando de campistas machucados e acabados, ela era dividida em duas partes. A dos em estado grave e a dos que estavam em observação. Ou seja, curados, parcialmente.

Graças aos deuses era onde Jerry estava, um dos curandeiros disse que ele já estava bem, só descansando e depois que acordasse estaria novinho em folha de novo.

Entrei, ao lado de Tay, no quarto onde ele estava. Ele estava dormindo. Observei o quarto. Tinha uma varanda pequena e uma estante de ferro ao lado da cama, nessa estante tinha néctar, alguns biscoitos e na prateleira de baixo alguns livros.

O que me chamou atenção foram quatro livros brilhantes que estavam por cima.

“Não A-C-R-E-D-I-T-O” pensei. Nem precisava ler o título. Já era familiarizada com aquela capa. “Quem diria? Artemis Fowl!”

Fui entrando, pedi a Tay que me esperasse lá fora. Não me contive. Corri e abaixei ao lado da cama, esticando os dedos para o segundo livro, o cinza meio esverdeado. O meu preferido.

Abri o livro. Ele estava gasto, principalmente em uma página em especial. Eu o abri e ele foi imediatamente parar nela.

“Está gasto” pensei “Ele deve ter relido essa parte mil vezes, como eu”

– É quando a Holly finalmente beija o Arty.

Era Jerry, ele estava me olhando enquanto eu ficava rindo igual boba lendo aquele trechinho do beijo.

– Jerry! – coloquei o livro de volta no lugar – Desculpa mexer nas suas coisas, eu só estava...

Ele sorriu pra mim

– É, eu não resisti – Admiti

– Tudo bem... escuta, eu tive um sonho com você um pouco estranho...

– Um sonho? Comigo?

– É... uma profecia

Ele começou a recitar os versos da profecia, era a mesma do meu sonho

– ...Mas cuidado, tenha sanidade – Terminava ele

–Tudo se perde com facilidade – Completei

Ele me olhou com espanto

– Como você...

– Eu tive um sonho também. É a mesma profecia

– Nós temos que falar com Quíron

– Você tem certeza, quer dizer. Você estava em estado grave até ontem. Não pode simplesmente sair por aí em missões super perigosas

– Não parece realmente preocupada comigo

– O que você quer dizer?

– Você também vai estar na missão lembra? Só está querendo adia-lá mais ainda e eu acho que isso não vai adiantar nada.

Ele estava certo. Eu estava apavorada.

–Você está certo – Disse desabando ao seu lado na cama. – O quanto mais rápido completarmos essa missão, melhor vai ser...

Vários minutos de silêncio se passaram. Ele foi cortado por um soluço surdo.

Eu estava chorando, que ridículo. Chorando de medo.

Ele se levantou e me abraçou

– Ei, Samantha, calma. – Disse ele, estava se segurando para não chorar também – Nós vamos conseguir, ok ? Como nos livros. Como Artemis e Holly.

– Não vai ser tão fácil. Eu sinto isso.

– Nunca é fácil, é isso que torna interessante.

– Talvez, só que nos livros. Pode trazer mortes, e tristeza na vida real.

– Não fique preocupada, a profecia disse que todos nós vamos voltar.

– E quem disse que eu estou falando de todos nós?

Ele abaixou a cabeça, mas imediatamente voltou com a postura firme. Agora, reparando assim, seus olhos azuis eram lindos. Seus cabelos castanhos me faziam lembrar um pouco Liam. Mas os olhos... Um azul incomum

– Tudo bem Jerry, vamos procurar Quíron – O puxei para a porta – E me chame de Sam, certo?

– Certo Sam.

– Anh... Mas antes... – Eu apontei para a pilha de livros – Eu não li o último. Não lançou ainda onde eu moro. Onde conseguiu?

– Stolls.

– Ah, os pestes de Hermes. – Virei e encarei seus olhos azuis – Será que você podia me emprestar um dia? Eu prometo que não amasso a capa nem nada disso

– Tudo bem Sam... – Ele sorriu – Agora vamos?