-Você não está com febre, está?- perguntou Laura colocando sua mão sobre a testa de Charlie para ver se ela estava quente.

-Eu não estou com febre, mãe- disse a menina empurrando a mão de Laura para longe- Eu só não estou me sentindo muito bem.

-Isso significa que você não vai ter como cuidar da Emma hoje à noite?

A menina balançou a cabeça negativamente.

-Ok, então. Acho melhor eu ir avisar o Josh- disse Laura se levantando- E você trate de ficar deitada e descansar bastante.

-Sim- respondeu Charlie obediente.

Mas Laura já estava fora do quarto e provavelmente não havia escutado a resposta da filha.

Charlie puxou os cobertores mais para cima, de modo que cobrissem todo o seu corpo do pescoço para baixo, e se virou de lado com intuito de dormir. Algo que não deu muito certo.

Assim que a menina fechou os olhos, a primeira imagem que surgiu na sua cabeça foi a lembrança de Harry e Amy aos beijos. Aquilo instantaneamente fez com que tornasse a reabri-los.

Charlie voltou a sua posição inicial e ficou encarando o teto por bastante tempo.

Flashes da noite passada iam e vinham sem que a menina conseguisse contê-los.  A competição, a música, o beijo, ela correndo e ele chamando pelo seu nome.

Charlie se lembrava de tudo perfeitamente, e se lembrava de mais coisas. Como por exemplo, o fato de ter passado pelo menos meia hora vagando pelas ruas sem se decidir para onde ir. Enfim, ela havia se decidido  ir para casa, naquele horário seria meio improvável que sua mãe, seu padrasto ou qualquer um dos seus avôs estivessem acordados. O que era ótimo para quem estava evitando perguntas do tipo: Como fora a festa e coisa e tal.

Charlie já estava quase adormecendo quando de repente ouviu uns barulhos vindos da janela.

-Tem certeza que essa janela está aberta?

A menina ficou confusa. Aquela voz parecia ser conhecida.

-Claro que está- respondeu outra pessoa- Charlie nunca se lembra de trancá-las.

O que estava acontecendo ali?

A menina ouviu uma das janelas ser aberta e logo após viu uma perna passando por ela. Ela gritou.

A pessoa, a quem a perna pertencia, se assustou com o grito. Ela se desequilibrou um pouco e acabou batendo a cabeça no batente da janela. De um modo que Charlie não
sabia explicar, essa pessoa acabou sendo empurrada para dentro a força e acabou caindo.

Charlie se levantou receosa para ver quem era aquela pessoa intrusa que estava jogada no chão do seu quarto.

-Carol!- exclamou a menina.

-Quem você pensou que fosse?- perguntou Carol massageando o local da batida.

Charlie se esticou na cama e conseguiu ver que tinha uma escada bem abaixo da sua janela, e que, além disso, Sophie, Olivia e Georgina ainda estavam subindo por ela.

-O que vocês estão fazendo aqui?- perguntou.

-Nós queríamos lhe ver- disse Sophie assim que pisou no tapete de Charlie- Sua mãe disse que estava doente e que era melhor não receber visitas.

-Nós resolvemos verificar essa história por conta própria- acrescentou Georgina.

Charlie as encarava com cara de espantada.

-Vocês são loucas?

-Nós roubamos uma escada, subimos nela, só para ver se você está bem e você ainda nos acusa de sermos malucas?- exclamou Carol indignada- Isso que é ter consideração pelas amigas.

-Me desculpem, mas é que eu não estou legal.

-E é por isso que nós viemos- disse Olivia se sentando na beirada da cama- Também viemos aqui para lhe fazer um convite.

Pronto! Boa coisa não poderia ser.

-Já que você não está assim tão mal, porque não vai com a gente na festa do Michael?

-Que festa?

-A festa na piscina- explicou Sophie- Ele comentou isso ontem.

Charlie tentou se lembrar de alguma menção a isso, mas não conseguiu. Da noite passada a única coisa que estava claro o bastante era que Harry havia beijado Amy.

-Bem-continuou Sophie com a sua explicação- O fato é que Michael resolveu dar uma grande e badalada festa na piscina e nos convidou. Ela começa ao meio-dia por isso acho
melhor no apressarmos se quisermos chegar cedo.

Charlie olhou o relógio, faltavam dez minutos para o meio-dia.

-Eu não vou mesmo.

-Como assim não vai?- perguntou Olivia colocando as mãos na cintura.

-Não vou- respondeu Charlie voltando a se cobrir com os cobertores- Hoje, a única coisa que eu quero fazer é ficar deitada na minha cama, ouvindo músicas tristes e quem sabe até posso assistir a Diário de uma Paixão pela centésima.

-Charlie, eu não acredito que você vai fazer isso!- falou Carol- A última coisa que deveria fazer em um momento como esse era ficar em casa curtindo fossa.

A garota deu de ombros, ironicamente era exatamente isso que ela planejava fazer.

-Vamos, se levanta- falaram Sophie e Georgina ao mesmo tempo em que ambas tentavam tirar o cobertor de Charlie.

-O One Direction não vai estar lá- falou Carol esperando que isso pudesse ajudar.

-E como você pode ter certeza disso?

-O Michael faz parte da Never Mind, a banda rival do One Direction.Ele nunca que iria convidá-los.

Olivia se levantou da cama e foi em direção ao guarda-roupa da garota.

-E é por isso que você vai- ela disse jogando um short jeans e uma camiseta rosa na cama- Você precisa superar o Harry. E qual seria  o melhor jeito de esquecer um ex-namorado mala do que uma festa?

Charlie tinha que concordar com isso.

Ela olhou para as quatro amigas, todas estavam fazendo beicinho e com as mãos juntas em forma de súplica.

-Por favor- exclamaram com a voz melosa.

-Ok, eu vou- disse Charlie pegando a roupa e indo em direção ao banheiro- Mas depois, vocês que vão explicar tudo para minha mãe.

***

- Tem certeza que o endereço era esse?- perguntou Louis enquanto ele dava a volta com o carro pela terceira vez no mesmo quarteirão.

Niall que estava no banco de trás, junto com Zayn e Liam, deu de ombros. Será que ele havia escutado errado?

-Niall, se nós não conseguimos chegar a essa festa a culpa vai ser sua- alertou Liam.

-Eu me lembro muito bem, era na rua detrás do supermercado em uma casa bege- disse Niall

-Tem inúmeras casas beges aqui- disse Zayn ficando irritado.

Harry olhou pela janela apenas para se certificar de que o que Zayn havia dito estava correto, não só todas as casas eram beges, como todas eram bastante parecidas entre si.

-Nós vamos perder a festa- disse Louis enquanto dava o balão- E eu vou matar o Niall.

-Porque nós estamos indo nessa festa mesmo?- perguntou o menino- Nós nem fomos convidados!

-Mas elas foram- respondeu Zayn.

-E como vocês tem certeza de que elas estarão lá?

-Harry viu as cinco saindo pela janela da casa de Charlie- respondeu Liam- Elas só poderiam estar indo a um lugar em um sábado a tarde ontem não se tem mais nada acontecendo na cidade.

Harry olhou para trás e concordou.

-E todos nós sabemos que Harry fez uma grande besteira ontem e agora ele quer consertar- acrescentou Liam.

-E bota besteira nisso- disse Zayn e os três meninos começaram a rir.

-Olha, se vocês querem rir da minha pessoa tudo bem- disse Harry olhando-os pelo retrovisor- Mas façam isso pelas minhas costas pelo menos.

-Vocês ficam rindo do Harry, mas estão na mesma situação ou pior do que ele- falou Louis para defender o amigo.

Os três garotos pararam de rir no mesmo instante, aliás, Louis tinha razão.

-Será que não é ali?- perguntou Niall apontando para uma casa bege que estava bastante movimentada.

-Tem que ser.

***

Todos ao redor de Charlie começaram a rir e a menina se sentiu na obrigação de fazer o mesmo. Michael estava contando uma história que supostamente deveria ser engraçada mas que no fundo não possuía graça nenhuma. Mesmo assim, todos estavam rindo e ela deveria rir também, aliás, ele era o anfitrião.

-Eu não falei que você ia se sentir bem- falou Olivia chegando perto da garota- E o melhor de tudo, não há nenhum sinal do One Direction.

-Acho que eu vou ter que discordar contigo nesse ponto- disse Sophie apontando a mão que segura o copo da bebida em direção a um canto do jardim.

-Mas que mer...

O coração de Charlie acelerou. Quando a menina pensou que estava livre, na verdade não estava. Como sempre, Harry tinha que aparecer para estragar o que estava indo tão bem.

-O que eles estão fazendo aqui?- perguntou Will.

Em um segundo, toda a roda parou de conversar para ver aqueles cinco garotos corajosos que tinham a audácia de invadir a festa de um dos seus “inimigos”.

-Que atrevimento- disse Michael depositando o copo em um canto e começando a abrir caminho entre o grupo- Acho que eu tenho que mostrar para esses insolentes a porta da rua.

-Não, Michael não se esquenta- disse Carol segurando rapidamente o braço do garoto- Se eles estão aqui é porque admitem que vocês fazem festas melhores.

Charlie a olhou surpresa. Não! Não era por esse motivo que eles estavam ali. Mas antes que pudesse falar alguma coisa, Carol a olhou e deu duas piscadelas fazendo com que a menina sacasse tudo.

Carol só havia dito aquilo para evitar que houvesse uma briga. E por mais brava que Charlie estivesse com Harry, ela não queria ver a cara dele ser deformada por um brutamonte como o Michael. Ela então resolveu ficar calada.

Todos na roda concordaram com o argumento de Carol e resolveram deixar quieto. Mas cinco na lista de convidados não ia fazer diferença.

Charlie observou os cinco meninos se aproximarem do grupo de Amy. O rosto da menina começou a ficar vermelho de raiva e ela então fechou a mão em um punho, sentindo as unhas cravarem na sua pele.

-Charlie você não parece estar bem- disse Georgina

-Eu estou ótima- disse a menina desviando o seu olhar.

-Seus olhos dizem que você não está dizendo a verdade.

Mas que coisa era aquela? Georgina havia dado agora para ler olhos?

-Charlie eu sei que você está com raiva- a menina revirou os olhos, aquilo que Sophie estava dizendo era algo óbvio- Mas a raiva é a pior conselheira quando o assunto é amor. Você pode fazer algo estúpido.

A última frase fora decisiva para que a menina se acalmasse.

-Eu não vou fazer nenhuma besteira- disse a menina enquanto voltava a coloração inicial- Eu só vou me divertir.

E dizendo isso começou a se afastar das amigas.

Ela iria se divertir sim, mas da sua própria maneira.