O Brilho Eterno De Uma Mente No Passado. escrita por Lorys Black, Carla Blackwater Cavill, CarlaSophie Blackwater


Capítulo 4
Capítulo 3 - Memórias Mortas


Notas iniciais do capítulo

Olá...mais um post na madruga..
Provavelmente será o ultimo do ano de 2012...mais não abandonaremos ela não ..ok..
Agradecemos os comentários e vamos aproveitar esse intervalo pra respondê-los..
Vamos ver nosso moreno delicia descobrindo outras tantas coisas...
BOA LEITURA!!



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Uma criança.
É exatamente desta maneira que venho sendo tratado. Irritante, desnecessário, e sufocante.
Minha Mãe e Reneesme, não me deixam ir a padaria sem ter uma delas de guarda ao meu lado.
Uma situação insuportável.
- Vamos Jacob, não podemos nos atrasar para a consulta. – minha Mãe me chamou, no andar de baixo da casa.
- Podemos ir almoçar no centro de Forks. Dormimos no nosso apartamento lá, e voltamos amanhã. – Reneesme fazia planos com a minha Mãe.
- E eu posso ir a minha casa. Ver como estão às coisas. Sim, faremos isso Nessie. Jacob desça, estamos ficando atrasados. – ela aumentou o tom de voz.
- Já estou aqui. – elas sorriram ao me ver. Respirei fundo, pois não seria fácil anunciar minha decisão a elas.
- Vamos amor, a consulta com o Psicólogo é muito importante. – Reneesme pegava a bolsa.
- Não quero que vocês me acompanhem hoje. – soltei as palavras de uma vez.
- Como é? – minha Mãe cruzou os braços. – De maneira nenhuma, não vamos deixá-lo sozinho.
- Jacob, você não pode sair sozinho. – Reneesme se aproximou aflita. – Sei o quanto isso é difícil, e logo tudo vai voltar ao normal, mas... – a buzina a interrompeu.
- Não irei sozinho, Rachel vai me levar. – elas se entreolharam. 
- Porque você não nos disse nada? – minha Mãe parecia irritada.
- Eu tentei, mas vocês não me ouvem. – vesti o casaco. – Eu sei andar de táxi, sei anotar o endereço e informar ao taxista na volta.
- Não filho, nós iremos. – Minha Mãe estava decidida.
- Não vão. – fui taxativo. – ficarei bem com a minha irmã.
Abri a porta e dei de cara com Rachel.
- Vamos bonitão? – ela tinha um sorriso lindo nos lábios.
- Porque você não me disse nada sobre isso Rachel? O que anda tramando? – um interrogatório.
Rachel ignorou nossa Mãe.
- Sara, ele passa o tempo todo com nós duas, deixe-o ir. – Reneesme parecia derrotada.
- Até mais tarde. – sai e fechei a porta.
Minha Mãe nos seguiu.
- Jacob, Nessie está se esforçando tanto. Dê um voto de confiança a sua esposa. – ela segurava meu braço, a voz doce.
- Pelos céus Mãe, pare com isso. – Rachel olhava para ela furiosa. – Olhe seu filho, e constate que diante de seus olhos, não esta presente o grande arquiteto e almofadinha, morando em uma bela casa, Jacob voltou a ser apenas um garoto. Dê você um voto de confiança a ele, e lembre-se, quem ele era nessa época, que ele acha que esta. Ele não era o marido de Reneesme Cullen. – minha respiração acelerou.
- Isso não quer dizer, que ele não tenha que voltar a realidade. – os olhos da minha Mãe pareciam conter fogo.
- Sim, mas pare de exigir tanto. Agora vocês precisam dar o que Ele precisa, e não o que vocês precisam. – no meio do fogo cruzado, é onde estou neste momento.
- Você esta amando isso não é? Ver Jacob desprezar a mulher, que poderia ter morrido por ele. Você nunca gostou dela. Admita. – minha Mãe cuspia as palavras.
- Nunca fiz a menor questão de esconder essa informação de ninguém, pois diferente de você e Rebecca, eu vejo as coisas com clareza. – o tom de voz amistoso de Rachel sumiu.
- Chega. – falei alto. – Parem de agir como se eu fosse um brinquedo, e não uma pessoa. – olhei serio na direção da minha Mãe. – Quero respirar fora dessa casa. Pare de achar que não tenho capacidade para isso. Quanto a Reneesme, sinto por magoá-la, mas se ela quiser o “marido” de volta terá que ter paciência. – olhei para Rachel. – Quanto a você, vamos. – minha irmã olhava desafiadora para minha Mãe.
Entramos no carro e partimos.
Durante um tempo não disse, uma palavra sequer.
Rachel entende, até meu silêncio.
- Nos afastamos? Quero dizer, eu estava na sua vida ainda? – fitava a mata.
- Você sempre estará na minha vida Jacob. E passamos uns tempos afastados, após seu casamento. – ela deu de ombros.
- Você não gosta dela por quê? – ela sabia que me referia a Nessie.
- Porque, ela não é a mulher da sua vida, é apenas um curativo mal feito, que você decidiu costurar na sua vida. – sempre sincera.
- Me diga como eu era Rachel. Quero dizer, minha rotina eu sei, decorei tudo. – ela riu. – Mas quem eu era.
- Você era vazio. – o tom de voz triste, fez meu peito se comprimir. – Mas, no fundo, só estava querendo ser diferente.
- Rachel, como eu terminei com ela? – soltei a pergunta, sem saber ao certo, se estava pronto para a resposta.
- Foi triste, errado, e cruel. Mas isso, não é um assunto meu. – o carro parou. – Vá, fique sozinho, depois me liga e venho te buscar. – ela me entregou um celular novo. – Meu nome é o único na agenda. Me passe o seu, hoje eu vou libertá-lo Jacob. Pelo menos por algumas horas. – ela sorria maliciosa.
Entreguei o telefone sem pensar.
Rachel pegou o pequeno aparelho e partiu.
Entrei no prédio em Forks, onde o consultório do Psicólogo fica.
Uma sensação estranha se apoderou do meu peito.
Não entrei no elevador.
Sai dali e peguei o primeiro táxi que vi na entrada do prédio.
Meu destino, minha casa nas terras Quileutes.
Chegando à reserva notei as varias mudanças, no pequeno centro. Desci do táxi, queria caminhar.
Vários novos comércios. Casas. Mas também, muitas coisas iguais.
Passei em frente a escola onde cursei a maior parte da minha infância.
A lanchonete onde comia aos domingos pela manhã com meu Pai. O flipper onde jogava com Quill e Embry.
Ao chegar à praia, uma sensação de Paz me invadiu.
Tirei os sapatos, para pisar nas areias brancas de La Push.
Uma sensação única.
Era como se eu acabasse se voltar da escola, e caminhasse em direção a minha casa.
Meu lugar.
Nem percebi que estava próxima a rua que dava acesso a minha casa.
Não calcei os sapatos, eles me fazem sentir, preso.
Caminhei e alguns metros à frente vi minha casa.
Totalmente diferente.
Reformada, um contraste com a casa mais próxima.
- Caramba. – em poucos minutos coloquei os pés na varanda. – Meu coração, estava tranquilo, pois esse lugar me traz paz. – Vamos ver se ainda temos esconderijo de chaves. – coloquei a mão em cima do batente. – Velhos hábitos nunca mudam.
Pequei a chave e abri a porta.
Segurei as lágrimas idiotas que queriam escapar.
Mesmo reformada, a casa era a mesma. Claro que muito mais bonita em sua pintura, algumas coisas na decoração, ainda sim, não me senti perdido aqui.
Caminhei até a sala, e me emocionei quando vi a poltrona onde meu Pai costumava sentar.
A casa ganhou um novo andar, porem os debaixo não foram destruídos, e sim reformados.
Caminhei até o fim do pequeno corredor, passando pela escada, que dava acesso ao andar de cima.
Meu quarto estava ali. Respirei fundo antes de abrir a porta.
- Meu Deus. – era tudo exatamente como eu me lembrava.
Havia algumas caixas sobre a cama vazia, outras em cima do móvel, algumas pelo chão.
Porem a disposição era a mesma, o ar, a sensação de paz, e Eu.
O Jacob que vive naquela casa em Port. Angels ficou no fundo do rio, na noite do acidente, e negar isso pode me fazer afundar ainda mais.
Eu sou novamente o Jacob dono deste quarto, que não gosta nada daquela vida estranha que esta vivendo.
Entrei no quarto e abri algumas caixas.
Havia nelas roupas em plásticos. Muitas minhas, outras que deveriam ter sido.
Abri outra caixa, e havia livros, cadernos. E uma pequena maleta, com uma etiqueta.
Meu coração acelerou quando li, o que a etiqueta prendia. “Isabella Swan.”
Segurei firme e abri.
Varias fotos nossas. Dela, minhas. Algumas cartas que escrevi quando ia viajar e ela ficava, varias outras de quando ela ia a Phoenix, visitar os avós.
Ri com a inocência nos bilhetes.
Então achei uma carta envolta em uma fita.
Foi difícil tirá-la dali.
Ao começar a ler identifiquei ser uma que faz parte das memórias mortas no acidente.

Jacob.
Falamos tudo o que queríamos.
Talvez devesse fingir que sinto muito, pedir desculpas, mas não vou.
Não mais.
Desculpei-me quando não havia erro.
Você quer ir mesmo adiante, com o namoro, com essa garota?
Quer mesmo enterrar, desta forma nossa relação?
Entendo tudo o que você esta passando. Deixei você me culpar, quando sei, o quanto nada tenho a ver com o que houve. Fiz, pois achei que era o que você precisava.
Olhando melhor a situação tenho certeza dos meus erros. Olhe você, e ache os seus.
Fiz o que fiz, pois Te amo, mesmo notando o quanto isso não faz a menor diferença agora.
Por isso escrevi.
Sei que você vai ler. E pensar em cada palavra escrita aqui.
Jake, não nos enterre desta forma.
Sei o quanto nos amamos, mesmo estando separados há algum tempo.
Fique, vamos lutar sofrer, chorar e nos refazer. Juntos.
No final das contas seremos felizes. Pois para nós sempre foi fácil como respirar ser assim, lembra?
Amo-te.

Bella.

Um aperto, e um certo frenesi tomaram conta do meu corpo.
O que diabos houve com nós dois?
Fechei a caixa e sai dali. Com aquele envelope em mãos.
Não fiz questão de conhecer o restante da casa, a parte importante estava intacta.
Coloquei um tênis que achei em uma das caixa, a carta no bolso, e sai.
Aquele sapato não tinha nada a ver comigo.
Caminhei até o Café, onde encontrei Bella no outro dia.
Ela parecia distraída com um livro, sentada em uma mesa na janela, que dava acesso a rua.
Ela não havia notado minha presença. Atravessei a rua.
Antes de chegar próximo a janela, ela olhou.
Um sorriso tão natural e sincero escapou simultaneamente dos nossos lábios.
Ela fez sinal que estava vindo.
Respirei fundo.
- Jake! – ela veio em minha direção, porem se controlou, parou bruscamente antes de chegar mais perto.
- Eu disse que vinha. – ela olhou meus pés.
- Vejo que esteve no seu antigo lar. – ela sorria, enquanto dizia as palavras.

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- É, estive. – sentei em um banco que ficava em baixo de uma árvore. – Me diga o que devo fazer? Não quero mais voltar para aquela casa.
Ela suspirou pesadamente.
- Não posso te dizer o que fazer Jacob. – Bella sentou-se ao meu lado, distante demais, para a minha vontade.
- Eu sei. Ainda sim, seria tão mais fácil, se você pudesse, não seria? – a encarei sério.
- Seria mesmo. Mas, você aceitaria? – seu tom era sarcástico.
- Não. – rimos juntos. – Mas o que falaria se pudesse?
- Que você não deve ficar fugindo de certas decisões. – assenti.
- Bom conselho. – elogiei.
- Era a frase favorita de alguém muito importante. – o som da voz dela era relaxante, olhei curioso, mesmo não querendo saber quem era a pessoa.
- Essa pessoa é sábia. – fui sarcástico.
- Não era. – ri naturalmente mais uma vez, com o tom dela. – Essa pessoa é você Jacob. Definitivamente você nunca foi muito sábio. – ela provocou. – Mas nunca foi covarde.
- Me sinto forte, sendo quem eu sou agora Bella, mas toda a minha volta insistem em dizer que essa pessoa não existe mais. Fico sem saber ao certo como agir, é complicado. – desabafei.
- Deve ser triste não saber quem é. Mas é pior fingir ser alguém que nunca será. – as palavras dela tinham uma força quase gravitacional. Puxavam-me para ela de uma forma absurda, e sem controle.
- É desesperador. Ter todos a sua volta dizendo coisas, que você não faz a menor ideia do que significam. – as palavras saiam livres, sem eu ter sequer vontade de reprimi-las.
- Mas a verdade Jacob, é que você tem que se apoiar no que é, neste momento, não no que foi. Infelizmente agora, você não se lembra disso. Porem, sendo esse Jacob, de agora, não importa se é ou não, o que as pessoas querem, lute. Esse Jacob diante dos meus olhos vai lutar para colocar a vida nos eixos, Já o vi fazendo isso. – as palavras dela me fortaleciam.
- Eu sei isso é o pior. Sei o quanto já deveria ter mostrado que agora, esse Jacob, é o que elas terão. O de antes vai ficar em suspenso, ainda sim algo me segura. – fui sincero.
- Claro que sim, você se importa, com as pessoas. – a voz dela perdeu um pouco da força.
Aquele envelope queimava no meu bolso, porem, não posso e nem quero mais uma dor de cabeça.
- Sim. – céus como eu queria um abraço.
- Preciso ir. – ela se levantou, olhando na direção do café.
- É seu? – já sabia a resposta.
- É. – ela respondeu orgulhosa. – Até logo Jacob.
Levantei-me , vendo-a partir, o desejo incontrolável, me fez soltar a pergunta que esta presa na minha garganta, desde o exato momento que li esta carta, no meu bolso.
- Foi fácil? – ela parou e me olhou. – Me esquecer? Seguir em frente.
- O que você acha? – os olhos dela encheram de lágrimas.
- Não sei. – me aproximei rapidamente.
- Não, não foi. – ela enxugou uma lágrima que escapou rapidamente.
- Mas você conseguiu? – segurei sua mão. O perfume dos cabelos dela, se misturando com a minha respiração.
Meus dedos trilhavam o caminho da ponta dos dedos dela, até o pescoço, envolvi minha mão em seu rosto.
- Não... – ela segurou a minha mão, apoiando o rosto, e então se afastou. – Não posso fazer isso.
Sem dar tempo de uma ultima palavra, Bella entrou o café.
- Ela me ama, eu sinto. – um sorriso idiota se espalhou por meus lábios.
E a realidade me alcançou.
As palavras de Leah aquele dia no hospital causaram um zumbido no meu ouvido.
“– Ela namora Jake, porem não casou, feliz?”
Eu ia sentir a dor de perdê-la duas vezes?
Sacudi a cabeça afastando qualquer pensamento que me levasse, há um caminho de mais perdas.
Andei pela reserva, e não encontrei ninguém conhecido. Ao anoitecer, peguei um táxi e liguei para Rachel avisando que já estava indo embora.
Senti-me leve, e no lugar certo durante todo o dia, mas ao chegar neste portão, a agonia de viver aqui, toma conta de mim.
Ao entrar notei algumas pessoas na varanda.
- Ele chegou! Rosálie anunciava aliviada.
- Meu Deus Jacob. – minha mãe se aproximava sem cor. – Como, você nos enlouquece desta forma? Sumindo e não atendendo seu telefone.
- Mãe já sou adulto. Ao entrar notei que a família estava reunida.
- Estávamos preocupados, Dr. Nolan, nos informou que você não foi a consulta. – Dr. Carlisle ponderou.
- Eu não me senti a vontade essa semana, só isso. – notei que Reneesme não estava lá. – Onde está Nessie?
- Lá em cima, não esta muito bem. – minha mãe tinha um olhar de reprovação, em minha direção.
Ignorei e subi as escadas.
Fui direto até o quarto dela. Dei duas batidas na porta.
- Posso? – Reneesme me olhou aliviada. Mas permaneceu sentada.
- Esse quarto também é seu. – ela deu ombros, me aproximei e sentei ao seu lado.
- Desculpe por sair por ai, sem avisar. – era claro a preocupação dela.
- Eu só, tenho medo Jacob. Não sei exatamente o que pensar. – ela cruzou as pernas em cima da cama.
- Eu queria ver as coisas que eu gosto só isso. – fui sincero.
- Eu poderia ter ido, te mostrado... – a frase morreu quando ela entendeu que eram as coisas que esse Jacob gosta não o marido dela. – Eu sabia, acho que era uma questão de tempo, até você ir até lá.
- Eu sei que vocês estão se esforçando, mas eu também. E toda essa nova vida, não entra na minha mente, sem que eu possa ter parte da outra. – soltei as palavras.
- Me diga o que eu posso fazer? Jacob, estamos juntos há quatro anos, construindo, vivendo, eu acho que mereço um voto de confiança. Sei que você se esforça, e posso fazer isso também. Conheça-me, tente ver as qualidades e defeitos que levaram você a se apaixonar por mim. – ela entrelaçou os dedos nos meus. – Vamos começar a partir deste momento.
É difícil não saber quem eu sou, mas deve ser ainda pior, no caso dela, saber, e ainda sim, não mudar nada.
- Podemos fazer isso. Mas nos lugares que Eu, gosto. Aliás, que eu me lembro. Você me entendeu certo? – uma risada sem graça se formou nos meus lábios.
- Eu vou adorar. – o olhar dela brilhou.
- Vou tomar banho e deitar agora. – a deixei no quarto com um sorriso nos lábios, e a sensação de estar no caminho certo.
Entrei no quarto e tranquei a porta.
O celular no meu bolso vibrou.
Ao olhar o visor, era um número desconhecido, enviando uma mensagem.
Meu coração disparou quando apertei o botão para abrir a mensagem.

Jake.
Pensei em um conselho, embora deteste dá-los. Faça aquilo, que o faça você sorrir, mais do que se preocupar. Se você sorrir, mais as respostas viram naturalmente.
Bella.
PS: Rachel me disse que esse número será nosso pequeno segredo. Rs.

Sentei na cama pensando em cada palavra. Em como alguém pode conhecer tão bem o outro.
Então amanhã vou começar a plantar mais sorrisos do que preocupações.

.......

Levantei antes de o sol nascer.
Sozinho organizo melhor meus pensamentos.
Preparei o café da manhã como fazia todas as manhãs antes de ir ao colégio.
Tomei um banho, e esperei por Reneesme e minha Mãe.
Elas acordaram e se surpreenderam com a mesa.
- Jacob querido. – minha mãe depositou um beijo na minha bochecha.
- Nossa que mesa linda. Bom dia Jacob. – Nessie disse sentando a mesa.
- Faço isso todas as... – parei o restante das palavras. – fazia todas as manhãs, eu gosto.
- Vamos provar essas panquecas. – minha Mãe impediu qualquer clima chato, se instaurar.
O dia foi calmo, e chato como sempre.
- Meu Pai nos chamou para ir jantar com ele esta noite. – Nessie organizava umas flores no canto da sala.
- Seria uma boa ideia. – minha Mãe me olhou, como se quisesse minha opinião.
- Hoje não vai dar. – respirei fundo.
- Você não quer querido?- minha Mãe parecia cautelosa.
- Não, tenho um compromisso. – as duas me olharam espantadas.
- Com quem Jacob? Você não disse nada. – dona Sara colocou as mãos na cintura.
- Com Reneesme. – me aproximei dela, que ficou imóvel. – Você disse, que aceita começar, com o que tenho a oferecer. Então hoje eu quero levá-la para sair. Mas quem esta convidando, é o garoto Quileute, desajeitado, não aquele homem casado com você. – ela sorriu emocionada.
- Eu aceito. – ela me abraçou, devolvi o abraço sem jeito.
- Sairemos às oito. – subi as escadas sem olhar para trás. – Nada de trajes de gala.
Entrei no meu quarto com a estranha sensação de estar traindo alguém.
Passei o restante da tarde lendo, e vendo algumas fotos.
Desci para tomar café e minha Mãe lia um livro na varanda.
- Hei viu Reneesme? – sentei na soleira.
- Ela esta se aprontando. – ela fechou o livro. – Fiquei feliz com a sua atitude hoje, você esta tentando resgatar seu casamento, isso é bom.
- Mãe, não estou tentando resgatar nada. Como posso resgatar algo que não faço ideia que existe? Estou somente dando uma chance a mim, e a Ela, quem sabe não sinto algo estando sozinho ao lado dela? – levantei.
- Fico feliz meu filho. – ela passou a mão pelo meu rosto.
- Você costumava gostar da Bella, Mãe. O que houve? – cruzei os braços.
- Nada. – ela respondeu seca.
- Claro. Depois falamos sobre isso. Vou tomar banho. – subi as escadas e notei que a porta de Reneesme estava fechada.
Entrei no meu quarto, tomei um banho, e escolhi uma roupa.
Fiquei algum tempo ali diante daquele guarda roupas. Não gostava muito das roupas ali, então escolhi um jeans, uma camiseta branca. Olhei no fim da parte de sapatos e calcei o tênis que trouxe da minha casa.
- Agora estou pronto. – passei um perfume, e sai.
Diante a porta do quarto de Reneesme, respirei fundo, e bati.
- Reneesme? - escutei a chave girar na maçaneta, e ela abriu, perdi o ar por alguns segundos. - Nossa você esta linda.
Ela vestia uma blusinha branca, com um colete solto por cima, na cor lilás. Estava com uma calça preta, que marcava suas pernas torneadas. Segurava um casaco preto. Os cabelos em uma trança, e um perfume delicioso.
- Obrigada. Esse é o estilo mais casual que posso chegar. – ela sorriu.
- Esta ótima, linda. – ofereci meu braço.
Ela entrelaçou o dela satisfeita.
Descemos as escadas, e mina mãe olhava orgulhosa.
- Lindos.
- Para Mãe. – abri a porta para Reneesme, ela sorriu. – Não nos espere acordada.
- Pode deixar. – ela me mandou um beijo.
- Onde vamos, eu preciso colocar o GPS... – Reneesme estava na porta do motorista.
- Eu sei dirigir desde os treze. – peguei as chaves. – Fique calma, isso eu me lembro bem. – ela sorriu e foi para o outro lado.
Entramos no carro, e Reneesme me contava sobre uma viagem que fizemos a Bali.
Bali? Deveria ser um sonho.
- Chegamos. – estacionei o carro.
Ela olhou o outro lado da rua, sorrindo.
- Ok, o que é isso? – Reneesme não parecia assustada, e sim curiosa.
- O melhor taco e o Chili do mundo, e o melhor podemos nos divertir, vendo as pessoas dançando. – desci do carro. Ela também.
Estendi a mão, e ela segurou firme.
- Como você sabia desse lugar, quero dizer, que ele existia?
- Rachel. – menti.
Entramos, e o lugar parecia o mesmo. Senti-me tão em casa.
Sentamos em uma mesa com acesso a pista de dança.
O lugar estava relativamente vazio.
Pedi o cardápio.
- Não sei Jacob. Tudo parece forte demais. – Nessie confessou lendo as opões no cardápio. Gargalhei.
- Fracote. – ela me olhou incrédula.
- Veremos. – Reneesme chamou o garçom. – Eu quero o Chili, forte, por favor.
- Quero o mesmo. – desafiei.
Reneesme, não era apenas uma mulher fútil, parecia ser bem mais que isso.
O Jantar chegou, e contava para ela a ultima viagem que fiz com meus amigos de sala, Embry, Seth e Quill, claro a última que me lembrava. Ignorei o aperto no peito, e a saudades de todos eles.
- São boas lembranças. – ela cruzou os braços olhando a pista.
- É, são sim. – dei um gole na cerveja sobre a mesa.
-Venha vamos dançar. – Ela estendeu a mão.
- Não, não. Digamos que meus pés são esquerdos. – confessei.
- Digamos que você aprendeu a dançar, tem algum tempo. – ela estendeu a mão.
- Não me culpe no final da noite ok? – segurei a mão dela.
A pista já estava cheia. Aliás o lugar havia lotado, e eu não notei.

http://www.youtube.com/watch?v=i5Z0mYclfc0

Segurei a cintura dela.
O ritmo era relativamente fácil, ainda sim me sentia como um pato, me debatendo no mar bravo.
Reneesme ria do meu embaraço.
- Você acha engraçado, não é? – girei o corpo dela com habilidade.
Quando ela voltou, o choque do seu corpo contra o meu, deixou nossos lábios próximos.
Sentia a respiração dela varrer meu rosto.
Ela parecia tão ansiosa.
- Você é um bom dançarino. – ela entrelaçou seus braços no meu pescoço, passando o nariz pela lateral do meu rosto.
Porque não?
Qual o motivo de não deixar ela me beijar? De beijar ela?
Selei meus lábios nos dela.
Meu coração estava acelerado.
Colei nossos corpos.
Queria algum tipo e resposta, algo maior.
Porem me sentia deslocado.
- Eu Te amo. – ela sussurrou, e colou nossos lábios novamente.
Entrelacei minhas mãos em seus cabelos. Porem o que eu estava sentindo, era desejo, pela linda mulher em meus braços.
Não era nada familiar, diferente, certo. Poderia estar fazendo isso com qualquer uma. Reneesme não era qualquer uma, ela é minha esposa.
- Não posso. – descolei nossos lábios.
- Porque não? – o olhar dela era doloroso.
- Não sei, mas parece errado. – como explicar a ela, a confusão dentro do meu peito?
- Você acha que ama Bella Jacob, é isso? – ela segurou meu braço.
- Vamos, não comemos a sobremesa ainda. – a puxei do meio da pista, tentando chegar à mesa.
Ela puxou o braço.
- Não quero sobremesa. É isso não é? Bella. – seu tom era irritado.
- Não Reneesme, sou eu. Estou preso no passado, Sem saber ao certo o que me tornei. Perdido, me sentindo deslocado. – confessei.
- Você esteve com Bella Jacob? – Reneesme tinha um tom de voz, frio. Não se parecia nada com a voz doce que tenho ouvido nos últimos dias.
- Estive. Não houve nada. Apenas conversamos. – fui cauteloso.
- Porque você não pode conversar comigo Jacob, sou sua esposa? – as lágrimas banhavam seu rosto. – O que você não pode me falar? Sabe desde o seu acidente tento ser compreensiva, entender, ajudar, e você só se afasta cada vez mais. Me peça ajuda, e eu farei tudo.
- Você não pode. – controlei meu tom de voz, para não gritar. – Entenda, eu vivo em uma vida, que você não existia, onde eu era totalmente diferente. Pare de achar que é sobre uma mulher, é sobre mim, e mais ninguém.
- Uma vida onde você amava Bella Swan.
- Isso. – soltei as palavras sem controle.
Algo parecia ter quebrado ao meio, a expressão dela foi dolorosa, e me arrependi pela resposta malcriada no mesmo instante.
Reneesme saiu como um raio da minha frente.
Tentei correr atrás mas precisava pagar a conta.
Quando sai o carro não estava no estacionamento.
- Droga, o que você fez Jacob? – sentei no meio fio.
Senti umas gotas de chuva cair no meu rosto.
Maravilha.
Não sabia havia decorado nenhum número, e meu celular ficou no carro.
Então uma ideia preencheu minha mente.
Caminhei ate o ponto de táxi, e entrei em um.
Fui até o hospital onde Seth trabalhava, e pedi para o taxista esperar na porta.
Anunciaram o Dr. Clearwater.
Impossível não rir.
Seth vinha tranquilo pelo corredor quando me viu. A tranquilidade deu lugar, a uma expressão preocupada.
- Jacob esta tudo bem? – sorri tentando tranquiliza-lo.
- Sim, preciso de alguns dólares emprestados.
Ele me olhou sem entender. Pedi a ele, que fosse comigo até o taxista.
Ele pagou o homem, que agradeceu e partiu.
- O que houve? – ele me olhava preocupado. – Você esta sentindo alguma coisa. – sua postura séria, era tão surreal, quanto eu ser casado, com uma mulher que não fosse Bella.
- Não sei como me sinto Seth, mas sei exatamente como estou cansado, de me sentir. – sentei em um banco em frente a entrada do hospital.
- Não posso imaginar. - ele sentou ao meu lado.
- Hoje tentei, no escuro, e contra o que eu sinto ter uma chance com Reneesme. Mas, acabei piorando tudo. – desabafei.
- E veio parar aqui. – ele sorriu. – Típico.
- Você é meu amigo. Ou era, sei lá, mas agora, eu sinto que somos amigos, e não tinha mais ninguém para pedir ajuda. Não posso mais Seth. Fingir que não me sinto mal, naquela casa. Controlando meus pensamentos, e atitudes, por nem saber como me portar na frente daquelas pessoas. Hoje eu achei que poderia fazer algo simples, e acabei piorando uma situação, critica. – mais um desabafo.
- Jake, eu posso te ajudar, no que você precisar, mas para isso, defina exatamente o que é preciso você se sentir melhor. E pode ter certeza, estaremos por perto.
Apenas assenti.
- Eu já sei do que preciso. – respirei fundo.
- Meu turno acabou, quer ir a uma festa? – ele levantou.
- Não estou para festas. – tentava imaginar como será meu retorno aquela casa.
- É na reserva. – meu ânimo voltou como um raio.
- Vamos.
Seth entrou para trocar de roupa.
Não estava ansioso, apenas com vontade de estar entre amigos.
O caminho foi rápido, pois Seth me contava como foi a faculdade, como ama ser médico.
A entrada do carro em uma rua conhecida fez meu coração acelerar.
- Seth? – o carro parou em frente a casa dos Clearwaters.
- Hoje é aniversário da minha Mãe. A festa começou pouco, ela deixou para hoje, pois amanhã ninguém trabalha, e Leah e eu conseguimos folga. – ele desceu do carro.
A casa estava cheia, assim como a varanda, e a tudo ao redor.
A música era alta.
- Pronto? – Seth olhou sugestivo para frente.
- Sim. – respirei fundo e o segui.
Ao entrar, e neste exato momento, a música parou.
Um silêncio tomou conta de tudo, quando as pessoas viram quem seguia Seth. Eu.
Era estranha a expressão de algumas pessoas a me ver.
Mas o silêncio era o que estava me deixando desconcertado.
- Acho que não foi uma boa ideia. – disse em voz baixa, para Seth.
- Jacob. – a voz melodiosa, e serena de Sue me fez soltar a respiração, pela primeira vez ali. – Como você esta lindo ainda bem que veio. – ela me abraçou protetora mente.
- Estou bem. – aquele braço me aqueceu. – Feliz aniversário. Não sabia, não trouxe presente. – a música voltou a tocar.
- Claro que trouxe. Ver-te aqui, e bem, é um grande presente. Agora venha, vamos comer. – Sue me puxou para uma grande mesa na sala.
A casa estava reformada, mais elegante, ainda sim, parecia tudo exatamente igual.
Aos poucos algumas pessoas se aproximavam. Falando comigo. Cautelosos.
- Olha só que esta aqui. – a voz sarcástica e conhecida, fez o sorriso preencher meus lábios. Já aprendeu usar o google maps Jake? – Leah riu da própria piada.
- Muito engraçado Leah, mas como vejo que sua paixão por mim ainda é forte, foi te falar. Eu aprendi sim, fique tranquila, logo farei uma visita. – ela se aproximou, e me abraçou.
- Muito bom vê-lo aqui novamente Jake. – me sentia da mesma forma. – Venha Sam, está louco para te ver.
Leah me levou para a parte dos fundos, do lado de fora.
Havia várias pessoas conhecidas, dançando.
Sam quase quebrou minhas costelas em um abraço.
Ver Quill e Jared foi emocionante para os três.
Tinha tanto a falar, e ouvir.
Ficaria ali o máximo de tempo que conseguisse, e pudesse.
- E ai, melhor? – Seth me entregou um copo, com cerveja.
Antes de conseguir responder, eu a vi, na soleira da porta.
Foi instintivo, incontrolável e natural caminhar até ela.
- Jacob. – um sorriso lindo e natural, preencheu os lábios dela. Os olhos iluminaram de uma maneira, que só nós conseguimos entender.
- Oi. – o sorriso idiota, ameaçava rasgar minhas bochechas.
- Não sabia que você vinha. – ela colocou o cabelo atrás da orelha, como faz quando esta sem graça.
- Estava na vizinhança. – dei de ombros, ela cruzou os braços, esperando a verdade. – OK, Seth me trouxe, fui vê-lo no hospital.
- Esta tudo bem? – a expressão preocupada tomou conta, do rosto dela.
- Sim, precisa ver um amigo. – menti.
A música gostosa, as luzes, e clima, me fizeram sentir relaxado, tranquilo.
- Venham comer alguma coisa. – Sue quebrou aquele estranho clima, que ameaçava se instaurar entre nós.
Quill, Jared, Seth e Leah, e Bella toda a minha volta novamente. Pela primeira vez desde minha saída do hospital, estava me sentindo completo.
A conversa fluía de uma forma natural.
Kim, esposa de Jared, contava sobre a vida com os filhos, e as loucuras do marido, me divertindo por completo, por saber exatamente do que ela falava. Sempre soubemos que Jared seria assim, então não houve surpresas.
Leah e Sam eram as minhas surpresas, mais agradáveis, já que ele sempre a amou, e ela sempre temeu isso.
Então a ausência de um dos meus amigos chamou minha atenção.
- Embry, onde ele esta? – um silêncio desconfortável ficou evidente.
- Trabalhando, eu acho. – Quill empurrou as palavras. – Mas ele esta louco para te ver. Bem vamos dançar. – Quill caminhou na direção da prima de Leah, Emily, e a chamou para dançar.
Leah fez o mesmo com Sam. Jared e Kim.
- Vou buscar uma bebida. – Seth parecia desconfortável.
Ele sumiu, deixando Bella e Eu ali, sozinhos.
Era estranho como ao lado dela, as coisas pareciam sumir.
- Quer dançar? – as palavras saíram sem controle, estendi a mão para ela. – Uma única dança.

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Com os olhos intensos, e sem desviar dos meus, ela segurou minha mão.
Circulei minhas mãos na cintura dela.
Minha respiração era irregular, assim como a dela.
- Dois pés esquerdos hã? – ela brincou.
- Sabe me lembro da primeira vez que dançamos juntos. Você mentiu o tempo todo. – Bella soltou uma risada gostosa.
- Não me lembro de mentir para você Jake. – ela foi taxativa.
- Eu me lembro. – afirmei seguro.
- Memória boa a sua hã?! – sua voz, suave me causou um arrepio.
Ignorei a ironia nas palavras, e sei o quanto ela não se deu conta do que estava dizendo.
- Eu quase acabei com seu pé aquele dia. Você mentiu dizendo que não doía. Para não me ver desistir de dançar na festa. – uma luz pareceu clarear sua mente, e trazer a lembrança.
- Só não queria te dizer, que na verdade você tinha os dois pés esquerdos, mais pesados de La Push. – gargalhamos juntos. – Estava te protegendo, ok?!
- Si disso. Estou fazendo a mesma coisa agora. – sussurrei no ouvido dela.
- Esta? – sua voz era fraca, podia sentir os braços dela arrepiados.
- Não te contando como me sinto, é uma fora de te proteger. – ajeitei seu cabelo atrás da orelha.
- Jake, não. – ela parecia indecisa, se saia correndo ou permanecia.
- Porque não? – a vontade de beijá-la me consumia.
- Preciso ir. – ela se soltou dos meus braços.
Fui atrás.
Ela tentava abrir a porta do carro, apressada.
- Do que você tem medo? Porque foge tanto, fingi não ver o que esta diante dos seus olhos? – fechei a porta do carro.
- Porque isso é uma ilusão Jacob. Você esta em u passado que não existe mais, porem eu não. Você casou. Eu segui adiante. – seu tom de voz era embargado pelo choro, contido.
- Me responda, você seguiu certo? – ela assentiu, tentando abrir novamente a porta. – Então você não sente mais nada por mim? Esqueceu-me? – coloquei o braço novamente impedindo que ela abrisse a porta.
- É tão injusto, você fazer isso Jacob, tão doloroso. – ela levou as mãos ao peito.
- Sabe o que é injusto? Eu me sentir dessa maneira, quando estou ao seu lado. Eu querer te abraçar, sentir o cheiro dos seus cabelos, da sua pele, sentir a sua boca e não poder, pois todos a minha volta dizem que eu não quero mais isso. – fiquei a centímetros.
- Você não quis. – ela não se moveu, sua voz era apenas um sussurro.
- Eu não me lembro das besteiras que andei fazendo, posso mostrar agora o que eu quero. – segurei o rosto dela e a trouxe para perto. – Eu não consigo parar de pensar em você, um único minuto, eu preciso de você. – minha respiração se confundia com a dela.
Ela se afastou alguns centímetros, seus olhos cheios de lágrimas.
- Esse olhar, é meu, somente meu. Esse amor é nosso. Mas, quando suas memórias voltarem, o que eu farei? – os olhos dela intensos, fixos nos meus.
- Confia no meu amor por você, no seu por mim. – a respiração dela era ofegante.
Antes que ela pudesse responder, ou eu pudesse beijá-la, uma voz nos arrancou daquele momento.
- Atrapalho? – a voz masculina era conhecida.
Um sorriso natural escapou quando vi quem era.
- Embry! – fui a sua direção, e dei um abraço forte, porem ele não retribuiu, me deu apenas um tapa leve nas costas. – que saudades meu irmão. Ele se afastou.
- Como você esta Jacob? – os olhos dele estavam direcionados a outra pessoa. – Sinto muito pelo acidente.
- Tudo bem, eu não me lembro dele mesmo. – a tensão era quase palpável.
- O que esta havendo? – olhava de um para outro.
- Ele não sabe? – Embry cruzou os braços, a expressão nada feliz.
Bella se aproximou.
- Jake, sinto muito por não te contar antes. – olhei sem entender.
- Contar o que? – um calafrio percorreu todo meu corpo.
- Estamos namorando Jacob. – Embry soltou as palavras. – Ou estávamos.
- Embry! – a voz dela era colérica. – Cale-se.
Senti algo se espatifar no meu peito.
- Isso é brincadeira, não é? – a vontade de despertar deste pesadelo aumentou ainda mais.
Bella apenas sacudiu a cabeça negativamente.
- Escute Jacob. Você sabia, sei o quanto é injusto dizer o que direi agora, mas não tenho culpa pela sua perda de memória. – raiva, era esse o sentimento no tom de voz dele.
- Claro, claro. – minha mente estava vazia.
Caminhei em direção a casa dos Clearwaters, porem antes de entrar, esbarrei em Seth.
- Tudo bem? – ee me olhou preocupado.
- Jacob espere. – Bella vinha logo atrás.
- O que houve? – Seth parecia desconfiado.
- Embry contou sobre nós. – seu tom de voz era indecifrável.
- Alguém precisava fazer algo ara que eu parasse de bancar o idiota apaixonado. Seth preciso ir você pode me levar? – não sei qual era a mina expressão neste momento.
- Jacob me escuta, por favor. – Bella segurou meu braço. – Me deixa explicar.
Puxei meu braço de volta.
- Não precisa. Você esta com ele, eu casado, acabou há anos. Só preciso me lembrar disso, e vou. – a dor por dizer essas palavras, por um instante pareceu refletir nos olhos dela. – Vamos Seth.
Sai de lá sem olhar para trás. Entrei no carro sem nada dizer.
Sentia-me sufocado, em uma caixa.
O carro parou na estrada, no acostamento.
Desci e corri um pouco adiante. A falta de ar parecia me consumir.
- Acalme-se Jake, respire devagar. – Seth mantinha uma distancia segura. – Solte o que esta preso.

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Andava de um lado para o outro. Então a vontade que eu reprimia explodiu.
O grito de dor preso na minha garganta, desde o exato momento em que sai, daquele hospital saiu livro. Ecoando pela mata. Libertando meu peito, e de certa forma me deixando livre junto.
Senti-me aliviado.
- Melhor? – Seth perguntou, sentado no capô do carro.
- Muito. – confessei. – Porque você não me contou sobre os dois?
- Sinto muito por isso, mas não podia me colocar nessa história como amigo, e como médico, achava arriscado esse tipo de informação, já que você vem se apoiando nos sentimento por ela, para ficar de pé. – algo naquelas palavras me despertou.
- Você está certo Seth, venho fazendo tudo errado, ou apenas repetindo velhos erros. Não sei ao certo. Mas estou sempre apoiado em alguém ou uma situação para me manter em pé. Primeiro me apoiei nas informações da minha Mãe, depois nas de Reneesme, ai Rachel, e por ultimo Bella. Mas jamais fiz algo por mim sabe? Sozinho, sem procurar por informações que na verdade me deixam confuso, e não ajudam em nada.
- Você acabou de definir exatamente o que precisa fazer, olhe para frente e faça. – Seth deu de ombros.
- Vamos vou começar a minha vida novamente. – entrei no carro.
O caminho foi mais leve e silencioso.
- Chegamos. – Seth estacionou em frente a grande casa, em que eu vivo. – Se precisar, liga. – ele me entregou um cartão com seus números de telefone.
- Obrigado Seth. – peguei o cartão e desci do carro.
Seth partiu e fiquei ali com a mão no portão criando coragem para enfrentar a situação que me aguarda lá dentro.
Respirei fundo e entrei.
Minha Mãe andava de um lado para o outro na varanda.
- Jacob! – ela correu em minha direção e me abraçou. – Meu Deus estava tão preocupada. Nessie esta atrás de você desesperada.
- Reneesme me abandonou lá Mãe, voltou por qual motivo? Ela achou que ia ficar sentado no meio fio esperando a boa vontade dela, em voltar e me trazer de volta. – minha irritação pela situação estava transbordando.
Entrei e subi as escadas em direção ao quarto onde durmo.
- Jacob tente ser compreensível, ela está com medo, ciúmes, tantos outros sentimentos. Não que isso desculpe o que ela fez esta noite, apenas... – a interrompi antes de finalizar o raciocínio.
- Inacreditável Mãe. Ser compreensível? Olhe o seu filho, e responda se alguém é tolerante comigo? Ou melhor, todos são desde, que eu não aja como uma pessoa que perdeu a memória. Chega, não sou um boneco, ou uma criança. Perdi memórias, não a personalidade. Sendo essa ou não a atual, é com ela que vocês vão viver daqui para frente. – fechei a porta do quarto.
Aguardaria a volta de Reneesme para conversar.
Entrei no chuveiro, tomei um banho demorado.
Olhei o relógio e me surpreendi com a hora. Três e meia da manhã.
Coloquei uma roupa para esperar Nessie.
Deitei na cama, e sem conseguir lutar contra, o sono dominou meu corpo.

.......

Acordei, e abri a porta do quarto. O silencio dominava a casa.
A chuva forte do lado de fora, era relaxante.
Voltei para o quarto e arrumei minhas coisas, em caixas. Desci tomei um café forte.
Andei pela casa, fiquei na varanda, sentindo o cheiro gostoso da chuva.
- Caiu da cama? – a voz da minha Mãe, me sobressaltou.
- Acho que sim. – não olhei em sua direção.
- Jacob me perdoe. Sei o quanto estou sendo intolerante. Me desculpe. – os braços dela envolveram minha cintura. – Estarei ao seu lado aja o que houver.
A abracei com vontade.
- Então se prepare, pois eu tomei uma decisão. – ela me olhou sem entender ao certo. – Vou falar com Nessie assim que ela acordar.
Afastei-me, e subi.

....

Duas longas horas. Eu escutava a voz e a movimentação de Reneesme pela casa, mas esperava por ela aqui no quarto.
Duas batidas na porta.
- Posso entrar? – seu tom de voz era apreensivo.
- Claro. – não me movi. Continuei sentado na cama.
- Me desculpe Jacob, fui uma idiota ontem, e sei o... – a frase dela morreu quando ela olhou o que havia próximo aos meus pés. – O que é isso Jacob? Malas, para que?
- Eu vou embora hoje. Vou para a minha casa. – meu tom de vez era baixo e calmo.
- Sua casa é aqui. – os olhos dela encheram de lágrimas. – Me desculpe por ontem Jacob, não vai mais acontecer.
- Não é pelo que você fez, e sim pelo que eu fiz. Nessie, eu não sou mais o cara com quem você foi casada. Sinto-me, triste e perdido morando aqui. – confessei.
- Mas seria assim lembra, o que os médicos disseram você só precisa tentar. – ela se aproximou e segurou minhas mãos.
- Eu tentei Nessie, eu juro. Você anda vendo isso, mas ficar aqui esta me atrapalhando, pois não tento recuperar memórias mortas na minha mente, passo o tempo tentando não decepcionar você, não dizer algo que a magoe, ou ter uma atitude estúpida como a de ontem. – fui sincero.
- Não me deixe aqui sem você. –ela me abraçou.
- Você já esta sem mim, diante dos seus olhos há somente um corpo sem mente, sem coração. – retribuía o abraço, e tentava acalmá-la. – Não posso mais pisar em ovos o tempo todo. E se ficar vou magoar você ainda mais, e me magoar também.
- Eu queria tanto voltar no tempo, não sair daqui, ficar ao seu lado. – a emoção e a dor nas palavras dela lembraram a minha ontem, ao ouvir que Bella namora Embry.
- Eu também gostaria porem não podemos. O que eu posso fazer é tentar saber quem eu sou sozinho. – levantei e peguei a mala.
- Não posso te ver partir, não consigo. – ela segurou minha mão.
- Você pode ir me visitar sempre. – a puxei para um abraço.
- Prometa que vai voltar, por favor, Jacob. – seu choro era compulsivo.
- Não posso fazer isso Reneesme. Posso prometer tentar, ok? – ela me apertou em seus braços.
- Esta bem. Agora vá, antes que eu não consiga deixar você partir. Vá. – ela se virou e foi para o quarto, trancou a porta.
Desci as malas, e as caixas.
Pedi que minha Mãe ficasse com ela, mais alguns dias.
Peguei as chaves do carro que segundo elas, me pertence e parti.
Dirigi calmamente, e sem pressa.
Cheguei a La Push, enquanto a chuva era fraca.
Ao abrir a porta, levei um susto.
- Boo. – Rachel saiu de trás da porta.
- Rachel! Caramba. – ela saltou nos meus braços, para um abraço. – Como você sabia?
- Mamãe me ligou, assim que você saiu de lá. – ela pegou a mala em minhas mãos.
- Claro, claro. – descarreguei as demais caixas do carro.
Rachel começou a organizar umas compras que havia feito para mim, nos armários, e na geladeira.
- Olha que maravilha, você pode escolher um quarto. – ela parecia se divertir, com a situação.
- Tenho o meu não preciso de outro. – joguei uma maçã nela.
- Ai. Bem agora vou embora. Se comporte, seja educado, e lave os pratos quando comer, diarista vem uma vez, por semana. – ela colocou o casaco, e pegou a bolsa.
Quando ela abriu a porta, uma sensação de vazio ameaçou e dominar.
- Rachel, espera. Fica aqui. – ela me olhava divertida. – Venha morar aqui novamente.
- Ok. – ela bateu a porta, e jogou a bolsa no sofá.
- Ok? Assim tão fácil? – cruzei os braços, desconfiado.
- Você demorou com o pedido, caramba eu ia saindo. – ela ria naturalmente. – Vou buscar minhas coisas. – antes que pudesse dizer algo ela saiu.
Balançava a cabeça rindo, e tranquilo, pois de todas as pessoas ao meu redor, inclusive Eu, Rachel não mudou em absolutamente nada.
- Pronto. – ela jogou duas malas no chão.
- Mas? – fiquei um instante sem entender.
- Acha mesmo, que eu deixaria você com alguns parafusos a menos sozinho? Ah tá. – gargalhei com as palavras dela.
Caminhei em sua direção e a abracei.
- Obrigado.
- De nada. – ela depositou um beijo, na minha bochecha. – Agora vamos comer uma comida descente, feita por mim. Quero te contar como anda minha vida.
- Por favor, não aguento mais saber, como deveria ser minha. – rimos juntos.
- Vamos lá.
Rachel e eu cozinhamos, rimos e passamos o restante da tarde conversando.
A noite tomei um bom banho, e sentei na varanda com ela.
- Tenho uma batalha pela frente, não é? – respirei fundo.
- Tem sim. – ela segurou minha mão. – Mas, lembre-se sempre, que não está sozinho. Quando tudo falhar, você tem a sua irmã, preferida.
- Tem razão vou ligar para Rebecca, agora mesmo. – Rachel me deu um beliscão. – Obrigado Rachel, não sei o que faria sem você.
- Eu sei, ia casar com uma mulher que não ama, mais uma vez. – devolvi o beliscão.
- Vamos deitar, quero descansar, não dormi bem esta noite.
Entramos, ajeitamos meu quarto.
Rachel subiu para o dela.
Deitei na minha cama, e me senti EU novamente.
Espero que aqui consiga, me reinventar e definir quem sou sem olhar para trás, e ficar atendendo a expectativas de outras pessoas.
Agora vou atender as minhas expectativas somente.
O barulho da chuva me fez pegar o sono rapidamente.
Estar aqui nesta casa, faz a certeza que aqui é o meu lugar.



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Notas finais do capítulo

E agora, como será, nosso caramelo descobriu o namorado de bella, tomou a decisão de deixar Nessie pra viver como o Jacob antigo que ele era...
Muitas emoções, novas decisões e muito mais surpresas virão..
Leiam, se divirtam, se emocionem e logo logo estaremos de volta..
FELIZ NATAL, que o AMOR que o nascimento de JESUS representa esteja em vocês e nas suas familias..
FELIZ ANO NOVO, que tudo o que foi bom nesse que está terminando se repita muitas vezes e o que foi de ruim fique pra traz junto com o ano que está encerrando..
FELICIDADES à todas, até 2013. bjs