A semelhança entre Scorpius, e Draco chegava a ser estranho. Era como se fosse ele que estivesse ali, me olhando com aqueles tão lindos olhos.

Não sei em que momento eu me levantei da cadeira, mas de repente, meus dedos percorriam o rosto do garoto, tentando reconhecer os traços, tirei minha mão dele e disse:

–Vamos falar lá fora

Dei uma olhada para Alan, que assentiu como se concordasse

Saí de sala com Marie, e o garoto Scorpius

Por algum motivo senti o impulso de segurar Marie, já que eu nem sabia quem era o garoto direito

–Scorpius de que?

–Malfoy, esse é meu sobrenome

–Malfoy? – fiquei confusa – achei que Draco não tinha irmãos

–E não tem, não sou irmão dele

Ele eu uma olhada em Marie, e eu entendi, precisava mandá-la sair daqui. Agachei-me do lado dela, segurei sua mão e disse:

–Vá para aula, nos falamos depois

–Mas, mãe...

–Nos falamos depois, Marie. Agora eu não posso

Ela bufou, e saiu andando irritada, falando algo sobre as pessoas não contarem nada pra ela

–Então quem você é? – eu digo mais dura para Scorpius

–Meu nome é Scorpius Granger Malfoy – ele declarou – eu viajei no tempo, sou seu filho.

–O que? Como é... Como... é?

Tudo de repente ficou muito confuso, fiquei pasma com essa informação, e eu me esforcei para continuar sã.

–Meu filho? Isso quer dizer... – eu figo com voz falha

Isso explicava a semelhança, mas em vez de esclarecer as coisas, a resposta dele continuou ainda mais me confundindo, de acordo com as perguntas que surgiam na minha mente

Como ele poderia ser filho de Draco e eu, se eu preciso matar Draco? É impossível!

–Sim, vocês dois ficaram juntos, mas não é por isso que estou aqui

–E por que é? – digo passando a mão na testa, em sinal de preocupação

–Não posso ti contar agora – ele diz frustrado

–Como não pode?

–Pode ser perigoso. A Sra mesmo me disse

–Eu sei que é confuso– eu suspirei – mas você precisa dizer algo, o que esta acontecendo?

–Ainda vai acontecer muita coisa, e você precisa saber bem o que esta fazendo, o futuro da onde eu vim não é tão bom. Muita coisa aconteceu

–E o que quer que eu faça? – digo desesperada – é tudo muito complicado, e como se não bastasse meu próprio filho vem do futuro pra me avisar que o futuro não é bom. Pelas Barbas de Merlin! Será que as pessoas não entendem que tudo isso é muito... Delicado?

–Você não tem idéia do que ainda virá

–Eu preciso da sua ajuda

–E eu já estou ajudando, mãe – ele sorriu – eu vim aqui para mudar as coisas

–Eu não sei o que fazer! – digo começando a perder o controle

Notando isso, Scorpius se aproximou de mim, e me segurou pelos ombros para que eu olhasse nos olhos dele. Os olhos transmitiam a mesma paz que Draco, e isso estranhamente me fez sentir calma por um tempo curto, enquanto eu respirava fundo

Draco fazia tanta falta agora, só à possibilidade de eu ter que matá-lo, não fazia sentido. Como nada parecia fazer, eu quero paz, só um pouco.

Nada parecia fazer sentindo agora, simplesmente por que ele estava longe de mim.

–É tão estranho ti ver assim... – ele comentou, passando os dedos pela maçã do meu rosto

–Mais jovem? – eu perguntei

–Vulnerável. Nunca me demonstrou fraqueza, onde foi parar aquela Grifnoria, a coragem?

Parei um minuto pra pensar

Há quanto tempo eu tenho tido medo, não consigo pensar em mais nada por causa da presença dele, onde esta aquela Grifnoria cheia de coragem que passou por tantas coisas mortais junto de Harry Potter e Rony Weasley?

Senti um pesar no coração... O medo ficou tão presente em mim, que eu esqueci que vale a pena lutar pelo que eu quero. Scorpius me ajudou a lembrar.

–Ela esta aqui, na sua frente, só estava adormecida

–O que vai fazer agora? Algum plano?

–E quando é que um plano meu funciona? Vamos agir por impulso

***

Os ponteiros do relógio anunciaram que hora havia chegado.

Eu estava de pé, em frente ao trem, e eu tentei sorrir para os presentes.

Agradeci a Merlin por meus pais adotivos não estarem mais ali, pois a despedida ficaria ainda mais difícil.

Gina me olhou emburrada, com a face avermelhada, braços cruzados e um biquinho, que me lembrou de quando éramos menores, o que me fez sorrir de verdade.

–Ainda não acredito que vocês vão me deixar aqui sozinha! – ela diz batendo o pé no chão – por que vocês nunca me levam

–Gina é melhor você, e pensa assim, o que seria dessa escola sem a ruivinha Grifnoria?

Ela riu disso

–Promete que vai voltar?

–Eu prometo

Abraçamo-nos forte.

Ao lado dela, estavam Alan e Alexis, Alan não demonstrava nada, mas Alexis parecia chateada, com os olhos avermelhados e olhava pro nada.

Senti pena dos dois, mas resolvi só sorrir pra eles, o que já pareceu bom para os dois, isso devia ser um avanço na cabeça deles

Senti alguém puxar minha saia, olhei pra baixo e vi Marie, com os olhos e o nariz avermelhados, ela devia estar chorando

–Não chora, bebê – eu a abracei – vou voltar logo

Ela só assentiu, depois sorriu, quando eu beijei sua testa

Entrei no trem, junto de Harry, Rony, Scorpius e o Campbell

Sentamos-nos todos em um vagão, e ficamos em silêncio por um tempo, olhando a paisagem, até Rony quebrar o silêncio

–Então... Será que ninguém mesmo vai me contar pra onde estamos indo? – ele diz irritado

–Pro Brasil, Rony – eu ri da cara vermelhada dele – pro Rio de Janeiro

–Hum... E a comida lá é boa?

Todos riram da pergunta do garoto, que mais parecia um garoto de 12 anos, do que um de 18

–E minha irmã? – Harry perguntou de repente

–Vai estar lá, nos esperando. Ela já sabe que você descobriu – Campbell diz

–Você já a viu?

–Algumas vezes, ela é louca – ele fez uma careta

–louca? – ele riu – tipo o que?

–Vamos dizer que ela é uma marota – Scorpius que respondeu – ela puxou a Tiago com certeza

Harry riu

–Se um Potter a confusão já é grande, imagine dois – Rony brincou

***

A viagem foi muito longa e cansativa. Quase não podia acreditar quando coloquei os pés no chão do Brasil.

Viajamos de avião trouxa, e é claro pousamos em um lugar trouxa, ou melhor, dizendo, o aeroporto do Rio. E o que pra mim já era fascinante, para Rony era muito estranho, pois ele estava acostumado com outras coisas, era hilário para o resto ver Rony fazendo suas caras e bocas quando passou perto do detector de metais

Harry na minha frente deu uma parada brusca, e eu me bati contra ele, eu estava pronta para reclamar, quando vi o que ele estava encarando

Não muito longe de nós, sentado em um banco, estava uma garota. Alta, magra. Pele branca, face avermelhada, olhos verdes, lábios carnudos e cabelos vermelhos acaju longos e ondulados. Tão linda, e tão parecida com ela, mãe de Harry

Ela levantou o rosto, nos olhando de longe, e deu um sorriso, que iluminou todo seu rosto.

Não demorou, e Harry estava passando pelas pessoas apressadamente, ela fez o mesmo, até os dois se encontrarem, dando um braço forte.

No mesmo momento, senti meu corpo arder, como se eu estivesse queimando,e um grito agudo sair dos meus lábios, foi tudo muito rápido. Segundos depois eu havia desmaiado, sugada por algo.