Here, There And Everywhere escrita por Shorty Kate


Capítulo 9
"All My Loving"


Notas iniciais do capítulo

Não consegui...tive que deixar o capítulo. Espero que tenha ficado bom, dentro da medida dos possíveis, já que este é um outro capítulo emocionante...
P.S: No capítulo "O Quinto" (cap. 7), quem fez a narração foi Brian Epstein, para quem tivesse a dúvida...



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-Então, vai ser assim…? – George perguntou sem jeito. Saber que iria embora outra vez já o assombrava o suficiente. E agora Paul ainda saíra disparado pelo quarto fora.

-Eu vou falar com ele. – Ringo falou, levantando-se, mas alguém lhe puxava a manga do casaco.

-Não, - John disse. – deixa-o ir. E se quiseres, vai também.            

-Porque haveria de ir embora?

-Porque… - George gaguejou. – porque não dá. Vai ser difícil e se não conseguires cá estar, podes ir.

-Eu vou e tenho que ficar aqui, assim como o Paul. Eu sei que se eu não o for buscar, ambos nos vamos arrepender disto mais tarde.

Ringo não precisou de caminhar muito. Ao lado das portas do elevador estava Paul sentado, olhando o botão na palma da mão. Assim que viu Ringo guardou o botão no bolso e chegou as pernas ao peito. Ringo sentou-se ao lado e os dois estiveram calados por um tempo.

-Eu não consigo entrar ali e vê-los desaparecer assim, sem que eu possa fazer nada.

-Eu sei. Eu também não consigo, mas se não for sei que me vou arrepender algum dia. E eu quero estar ali, ao lado deles. Sabes que não está cá mais ninguém…nós somos tudo o que eles têm... Na verdade, nós sempre podemos contar uns nos outros. Não o faças por ti ou por mim que cá ficamos, mas por eles que vão. Para que todos fiquemos com uma última memória.

Paul levantou-se e esticou a mão a Ringo para o ajudar a levantar-se. Havia um sorriso que tinha voltado aos lábios dos dois e eles entraram no quarto outra vez. Ringo fez sinal com os olhos para que não mais se falasse no assunto.

O tempo tornou-se algo que chamou a atenção dos quatro Beatles. Quase que do nada começou a chover torrencialmente e ventava fortemente. As luzes começaram a piscar e por fim apagaram-se mesmo.

Mesmo com aquele ambiente chuvoso e sabendo eles de despedida, eles estavam contentes. A chuva até fazia com que eles se sentissem mais aconchegados. John deitou-se do lado esquerdo da cama, olhando o teto. Alguma coisa dentro dele palpitou e lhe deu a indicação que chegara a hora de regressar. Ele começou a respirar ofegantemente. George olhava com medo, daí a pouco seria ele também. Paul e Ringo estavam preocupados, mas sabiam que não podiam fazer nada.

Paul sentou-se no chão ao lado da cama, encostando-se à mesa-de-cabeceira, George deitou-se do outro lado da cama e Ringo sentou-se entre eles os dois, de costas para o fundo da cama. John procurou pela mão de Paul e agarrou-a com força.

-Que se passa?

- A data…a data. 8 de Dezembro de 1980… - Paul engoliu em seco. – Estou na rua, a caminhar com a Yoko. Levamos umas fitas e vimos do estúdio. – Paul sentiu o amigo estremecer. – Ele chamou-me, e…disparou… - Os três levantaram-se para o ajudar, mas ele disse. – Não me dói nada. Eu só vejo as coisas a acontecer… - John apertava cada vez mais a mão de Paul. – Estou a chegar ao hospital, e…esta a tocar a “All my loving”. Hey George? – Ele virou o rosto para ele, deitado ao lado dele. – Lembras da viagem na América?

George sorriu, sabia exatamente do que ele falava. – George and John, buddies and pals.

John esboçou um fraco sorriso. – Aqui e sempre…

-John? JOHN!? – Paul berrou, abanando-o. John deixara de falar, mas ainda respirava. Os olhos fitavam o teto e uma vez entre outra pestanejava.  Ele ainda o ouvia e então Paul agarrou-lhe outra vez a mão e começou a cantar:

“Close your eyes and I'll kiss you,
Tomorrow I'll miss you;
Remember I'll always be true.
And then while I'm away,
I'll write home every day,
And I'll send all my loving to you.

All my loving I will send to you.
All my loving darling I'll be true.
All my loving, all my loving ooh
All my loving I will send to you.”

John ainda ficaria consciente por mais uns minutos, mas agora era George quem merecia a atenção deles.

-A minha história não vai ser assim interessante. – George falou, sorrindo apesar do medo. – Eu só vou ver o teto do quarto do hospital o tempo todo.

Ringo agarrou na mão de George e de John, que fracamente a apertou. Nenhum sabia o que dizer, então estavam em silêncio. Já que tudo tinha sido esquisito, Paul e Ringo estavam concentrados em tentar, de alguma forma, dar-lhes vida. Estavam a tentar com que houvesse fluxo de energia, com que conseguissem dar alguma da sua vida para fazer os outros dois viver, mas sem sucesso.

E não tardou a que os dois fechassem os olhos em simultâneo.

Ringo e Paul sentiram como se lhe tivessem rasgado o coração, como se o órgão estivesse a ser puxado com força para fora do peito. Sentiram como se parte dele tivesse sido brutalmente arrancada e estivessem a sangrar. Não respiravam direito, tinham os olhos mergulhados em lágrimas que não escorriam. Sabiam que assim tinha que ser. Que eles tinham que ir. Que eles não cá pertenciam mais.

Eles não tinham reação. Era demasiado…Tudo era demasiado.

E para ajudar à situação, um enorme trovão rasgou o céu e ensurdeceu-os. Paul e Ringo desmaiaram; a cabeça do baixista encostou-se à mesa-de-cabeceira e o baterista caíra sobre a cama. Quando pela manhã acordaram, Paul segurava na mão de Ringo, e George e John tinham desaparecido. 


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Notas finais do capítulo

Que tal?
Ah, devo dizer que o próximo é o fim...?