Here, There And Everywhere escrita por Shorty Kate


Capítulo 5
O aguardado reencontro


Notas iniciais do capítulo

Oi a todos! Deixo aqui o capítulo porque adorei escrevê-lo (e sei que o próximo também vou adorar), e acho que vou conseguir arrancar de vocês umas gargalhadas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/246229/chapter/5

Ringo entrou no camarim e os dois cumprimentaram-se com um abraço. O baterista notou que Paul estava meio abatido. – Tudo bem, homem? – Ele perguntou, dando-lhe um tapa no ombro.

–Não achas que isto se calhar não foi boa ideia? – Paul finalmente disse.

–Não. – Ringo respondeu sorridente. – Acho que isto foi a ideia perfeita. Não gostavas de ter uma última conversa com o John? Ou dar uma última gargalhada com o George?

–O meu problema é saber que é mesmo a última… - Ele suspirou, os seus olhos focando o chão.

–E ainda bem que sabemos isso, aproveitámo-la melhor.

Paul suspirou mais uma vez e por fim esboçou um sorriso. – Ok, convenceste-me, anão. Vamos lá ao palco ver como estão as coisas. – Paul pegou outra vez no baixo e os dois saíram para subir ao palco. Deixaram a indicação com um dos membros do pessoal do estádio que se John ou George chegassem, que os mandassem subir ao palco.

–Hei, - Paul chamou a atenção de Ringo e apontou a bateria com as inicias P e M no bombo. – a bateria é minha. Vá lá se não estragas!

–Claro, porque eu até que costumo estragar coisas! – Ele desculpou-se, pegando num par de baquetas. – Se bem me lembro o George é que estragava as coisas. Ele era um mestre em partir cordas de guitarras!

–Se bem me lembro isso só acontecia porque alguém de seu nome Ringo Starr decidia pegar nas minhas guitarras e as desafinava! – George falou, entrando pela lateral do palco. Foram trocados fortes abraços entre o George e os outros dois. Por fim, George voltou a dizer. – Desculpem lá a demora, mas a cidade está um bocado diferente e isto está tudo um caos.

–A gente sabe, George. – Ringo confirmou. – Também demorei um bom bocado a cá chegar.

George abriu a maleta e tirou a Gretsch, colocando-a no suporte para as guitarras, ao lado do baixo de Paul e de uma guitarra acústica que ele assumiu também ser dele. – Isto é esquisito pra caraças! – Ele falou, olhando em volta.

–Acredito. Isso de voltar dos mortos deve ser esquisito.

–Ah, não. É esquisito é que eu tenho um microfone só para mim!

Paul e Ringo gargalharam e o baixista confessou. – Oh George, já tinha saudades das tuas piadas oportunas!

–O John já chegou?

–Ainda não. – Ringo falou já que Paul apenas acenou com a cabeça e voltou os olhos aos amplificadores onde ligava os cabos.

Ringo levantou-se e perguntou a um dos homens que passava quando seriam abertas as portas do estádio, o que aconteceria em duas horas. Depois trouxe a notícia aos outros dois, ao que Paul afirmou. – É bom que o John chegue antes disso para vermos o alinhamento das músicas.

A bateria, como sempre, estava elevada numa plataforma e George estava lá sentado. Logo a ele se juntaram Ringo e Paul. – Isto vai tudo encher. – O mais novo disse, olhando o recinto vazio.

–Quinze mil pessoas a ver-nos, mais os milhares que nos verão quando isto for para à internet. – Ringo comentou. – Nós fomos e somos os reis da música, mesmo.

–E pensar que poderíamos ter-nos juntado outra vez. – Paul falou e olhou para a lateral do palco onde julgava ter visto alguém.

–Se eu não tivéssemos morrido… - John disse, aparecendo.

–Não. – George murmurou prontamente. – Se não tivéssemos sido tão teimosos e orgulhosos.

Os três saltaram palanque e Ringo e George foram até ele, apenas Paul ficou estático a olhá-lo. O coração dele parara. A última memória do John era um homem de quarenta anos…morto. Não um homem de setenta, ali bem vivo na frente dele. Fechou os olhos por meros segundos e quando os abriu de volta estava deitado no sofá do camarim, com os outros três a conversar ali bem perto dele.

–O que é que aconteceu? – Ele perguntou enquanto se sentava e coçava a parte de trás da cabeça.

–Olha a Bela Adormecida acordou! – John brincou. – Como estás, princesa?

–Vá lá no que ficas, sou princesa ou Bela Adormecida?

–És um maricas! – Ele disse sentando-se ao lado dele, dando-lhe um tapa na parte de trás da cabeça. – Desmaiar por me ver!

Ringo e George entreolharam-se e nessa troca de olhares, eles entenderam-se. A cumplicidade deles era demasiado boa a esse ponto mesmo. – Eu preciso de comer…

–Eu vou contigo.

Paul viu os dois a ir para a porta e falou antes de eles saírem. – Não precisas de ir, Ringo. – Ele ainda estava receoso de estar sozinho com o John.

–Vocês precisam do vosso momento McLennon. – Ele deu um sorrisinho e acrescentou. – E eu e o George precisamos do nosso momento Starrison.

–O quê? O que é isso? – George imediatamente perguntou, fulminando Ringo com os olhos. – É que a ideia dos nossos nomes estarem assim combinados não me soa bem.

–Nem experimentes a leitura então! Uma fã falou-me disto, eu li e jurei que era a última vez. É melhor que não saibas, acredita!

–Vais deixar que eu descubra por mim o que é isso? – George ameaçou.

–Ok, se calhar o melhor é eu te contar mesmo. – Ringo foi escolhendo as melhores palavras para lhe explicar enquanto saiam pela porta. – McLennon e Starrison são a mesma coisa, só que um é entre o John e o Paul e outra entre tu e eu.

Ringo continuou a explicar e Paul ainda não tinha dito nada, esperando ouvir a reação do George áquilo que ele e Ringo sabiam ser. E foi o que aconteceu. George disse bem alto, parando no meio do corredor. - Que caralho é isso? Isso é verdade?

–Não precisas de me tentar explicar essa coisa do McLennon, eu acho que já cheguei lá! – John afirmou.

–Ainda bem. Isso ia ficar meio estranho se eu te explicasse.

–Isto já está meio estranho mesmo…Porque é que não falas?

Paul deu de ombros e olhou-o acanhado, como se o tivesse conhecido há minutos. – As coisas não ficaram bem entre nós e eu só sei o que eu sinto.

–Eu fiquei bem. – John disse apressadamente. – Esperei que pudéssemos ter tido uma conversa e que tivéssemos falado melhor. E, não, eu não te odeio, nem nunca te odiei. – Paul tentou falar, um pouco embasbacado e John explicou. – Eu sei o que vai na tua cabeça, Macca. Eu conheço-te demasiado bem.

–Depois destes anos todos?

–Nós só ficámos velhos, o resto não mudou.

–Tu mudaste. – Paul disse como que lamentando.

–Mas voltei ao meu “eu” inicial com uns pedaços do meu último “eu”.

–Como eu sou sortudo por conhecer todos esses teus “eus”. – Paul finalmente desprendeu-se das amarras nas quais ele próprio se tinha prendido e deu o abraço que tanto esperava por dar no John. – Eu amo-te, sabes? – John largou-se dele e olhou-o. – Agora já não tem só essa conotação…

–Oh, agora posso dizer a um amigo que o amo sem problemas? – Paul acenou e John fez questão de zombar com ele. – Ok, então lembra-me quando o Ringo e o George chegarem para eu lhes dizer isso!

–És realmente o John que eu conhecia!

–Ainda bem. – John falou sinceramente. Era isso que ele mais queria: ser quem ele era, sem influências, sem pensar nisso. Ele queria deixar a sua personalidade fluir. – Tive umas saudades tuas, Paul. – John deu-lhe novamente um abraço e nesse momento entraram Ringo e George.

–Sabem que eu estava a brincar em relação ao momento McLennon. – Ringo brincou, chamando a atenção deles.

–Ele foi mesmo comer! – John reparou em George assim que ele e Paul se largaram.

–Eu não brinco com a minha fome, é um assunto muito sério!

Paul sentou-se no sofá, cruzando a perna, John sentou-se sobre a bancada e George encostou-se nela.- Vamos ficar a olhar todos uns para os outros? – Ringo falou, já que todos se entreolhavam.

–Nós até que somos todos bonitos, podemos fazer disto um jogo, mas tu não podes jogar, Ringo! – John disse.

–Não há problema, já estou habituado a ser o abandonado!

–Mas ele tem razão, não podemos ficar aqui a olharmos uns para os outros. - Paul afirmou. – Temos que fazer o alinhamento para o concerto.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!