“Pode me matar, mas vou te avisar, quando eu voltar vou estar puto!”

“Eu não luto porque acho que vou vencer. Eu luto porque tenho que vencer.”

Ravena POV

Corri para a sala principal seguida por Mutano. Quando chegamos lá Robin, Estelar e Ciborgue estavam na frente da TV onde se via um cinema ou teatro desabando e explodindo. Nossa missão.

Depois que uma cortina de fumaça saiu da frente da câmera pudemos ver quem estava causando tudo aquilo. Hive Five. O que me surpreendeu já que desde que Jinx os tinha deixado eles não tiveram sucesso em nada. Ficaram completamente deslocados. Sempre que tentavam alguma coisa, nós os detínhamos e eles iam para a cadeia. E ficavam por lá um tempo. Não que a segurança fosse boa, eles é que não tentavam fugir, como se fosse uma colônia de férias. E quando saíam só ficavam em sua base sem dar sinal de vida.

Foi então que a vi. Escolhendo relógios que os donos abandonavam ao correr. A própria maga do azar. Jinx. É, ela voltou.

Kid Flash realmente tinha pegado pesado. Ela havia voltado à liderança da Hive e para comemorar foram causar pânico pela cidade. Agradecimentos ao cara mais veloz do mundo.

Todos estávamos surpresos. Ninguém achava que um término de namoro ia fazê-la se revoltar tanto. Ciborgue estava visivelmente frustrado e com os punhos cerrados. Ele mais do que qualquer um de nós, tinha esse direto.

– Amigo Ciborgue... – Estelar começou. – Você não precisa ir se não quiser.

– E por que eu não iria? – Ciborgue rebateu de modo rude.

– Fala sério. – resmungou Robin.

– Sabemos que você pretendia... Entrar em contato com Jinx e isso... – disse tentando ajudar.

– Eu estou ótimo. – disse Ciborgue respirando fundo.

– Tem certeza? – perguntou Mutano.

– Absoluta. Vamos logo antes que eles destruam o cinema. – ele disse de um jeito quase agressivo.

– Bem, se é assim – disse Robin. – Vamos então.

Então fomos para o cinema, Estelar, Mutano e eu voando, Robin em sua moto, e Ciborgue no carro dirigindo feito um louco psicótico.

Chegando lá vimos à cena clássica. Prédio com barulho e tremendo, pessoas correndo e gritando sem seus celulares joias e etc. Só mais um dia de trabalho. Em meio à correria um garoto parou ao nos ver com uma cara de espanto.

– Ah meu Deus, os Titãs! – ele gritou.

– Não, somos a Liga da Justiça. – resmungo comigo mesma, mas infelizmente ele ouviu.

– Sério? Cadê o Lanterna Verde? – disse ele.

– Esse seria eu. – disse Mutano dando um passo a frente.

– Hã? – ele disse confuso. Então houve mais uma explosão.

– É, somos os Titãs. Agora saia daqui! – falou Robin. O garoto assentiu e correu. – Turistas...

Entramos correndo no hall e de cara nos encontramos com Chip transformando a bilheteria em um robô, Mamute com a cara enfiada na pipoqueira e cinco Billy Numerosos jogando doces um na cara do outro.

– Ora, se não são meus velhos amigos os Titãs. – disse Jinx saindo de uma das salas de cinema com a mão cheia de anéis, seguida por See-More que carregava uma sacola de plástico cheia de celulares e por Kid Wykkyd que tinha uma sacola com carteiras.

– Ora, se não é a Jinx. – disse Robin. – É tão difícil ser largada por Kid Flash? – isso a fez rosnar.

– Ele não em largou! Ele me traiu e eu o larguei! – rebateu Jinx.

– Tanto faz... Então, reformulando a pergunta... É tão difícil lidar com a rejeição?

– E é tão difícil assim vocês nos deixarem comemorar a volta da nossa líder? – disse Chip.

– Ela estava melhor sem vocês. – falou Estelar rispidamente.

– Mas já que eu estou de volta... Que tal uma luta para lembrar os velhos tempos e saudar os novos? – propôs Jinx jogando os anéis no chão enquanto See-More e Kid faziam o mesmo com as sacolas.

– Mal chegou e já quer apanhar? – disse Mutano.

– Dessa vez vai ser diferente Dipsy. – disse Jinx com um sorriso maldoso.

– Do que você me chamou?!

– Parece que nesses anos nem mesmo a sua criatividade para apelidos melhorou. – disse Ciborgue seco.

– Ciborgue! Você estava tão calado. – ela disse com falsa tristeza.

– Não falo com escória.

– Nossa, assim você me ofende. – ela diz ironicamente.

– Vamos deixar de conversa e partir para a ação! – disseram os Billys. E os outros arruaceiros concordaram.

– Se é assim que vocês querem... – disse Robin. – Titãs atacar! – os dois lados avançaram, nos chocamos e as lutas se dividiam. – Ravena! Cuide da traída! – assenti e me virei para procurar Jinx.

Chip vinha em minha direção, mas o atravessei (literalmente). Então vi Jinx avançar para Estelar, que estava de costas. Peguei a garota de cabelo rosa pelos ombros e a joguei contra a bancada de doces. A essa altura as lutas já tinham sido definidas. Robin contra See-More, Estelar contra Kid Wykkyd, Mutano contra Mamute, Ciborgue contra Billy Numeroso e Chip, e eu contra Jinx.

Assim que se recuperou da pancada Jinx me lançou um olhar assassino e murmurou algo que não pude ouvir, mas pude ler em seus lábios. "Você vai pagar caro". Põe na conta.

– Pode vir. - disse já me preparando.

Ela então concentrou energia no punho e socou o piso, mandando um pequeno terremoto em minha direção. Flutuei para desviar. Era um truque muito velho. Mas ouvi estalos sobre minha cabeça, todas as lâmpadas se quebraram e cacos gigantes vieram em minha direção. Os desviei com minha energia escura. Ela havia previsto meus movimentos. A olhei e tinha um sorrisinho em seu rosto.

– Azarath, metrion, zinthos! - disse lançando a máquina de refrigerantes e a de pipoca em sua direção. Ela olhou de relance para as máquinas e elas explodiram antes sequer de toca-la espalhando pipoca e refrigerante por todos os lados.

– Achou mesmo que eu não tinha praticado nesse tempo? - disse ela me olhando daquele jeito assassino.

– Para falar a verdade... Achei sim.

– Sinto desaponta-la. - ela olhou para o teto e eu não tive tempo de reagir. Logo litros de água caíram sobre minha cabeça, me fazendo cair de joelhos, seguidos por correntes elétricas. Vadia.

Era muita pressão e a eletricidade fazia meus músculos tremerem. Mas tinha que reagir.

– Azarath... Metrion... Zinthos! - digo com dificuldade, levantando minha mão para de onde vinha à água, sem erguer a cabeça, em seguida a aponto para minha frente onde Jinx estava, não só mandando a água eletrificada em sua direção como também aumentando a força e velocidade do impacto. E foi bem na hora, porque quase naquele momento a água acabou.

Quando levantei a cabeça vi um enorme buraco atrás da lanchonete onde a água a havia lançado. Olhei ao redor para ver como os outros estavam. Robin havia usado todos os equipamentos e conseguido quebrar o olho de See-More então eles lutavam corpo a corpo. Estelar estava atacando continuamente Kid Wykkyd impossibilitando-o de se mexer. Mutano em forma de lula tentava imobilizar Mamute. E Ciborgue atirava seu raio sônico aleatoriamente tentando pegar um dos 10 Billys e Chip que usava a bilheteria para lutar. Ninguém estava com tanta vantagem.

Me levantei e andei até o buraco na parede. Tinha certeza que Jinx ainda não havia sido derrotada. Assim que olhei dentro do estoque do cinema, levei um soco no meio do rosto que me fez cair e graças ao refrigerante, deslizei até o meio do hall.

Quando parei de deslizar senti uma dor no meu rosto. Coloquei a mão em meu nariz. Estava sangrando. Maravilha.

– Ravena! - gritou Estelar vindo em minha direção. Kid estava desmaiado no canto da parede.

– Não! Vá ajudar Ciborgue! - ela hesitou por um segundo, mas correu para ajuda-lo. Enquanto eu me levantava, Jinx veio andando do estoque. - Vai ser assim? – pergunto. Ela levantou a sobrancelha em desafio.

Então corremos uma na direção da outra e quando nos encontramos ela tentou outro soco. Dessa vez desviei. Isso me deu uma brecha, investi meu joelho com tudo contra sua barriga e quando ela se contorceu, bati meu cotovelo contra sua nuca. Ela caiu. Limpei meu nariz com a luva.

– É o melhor que pode fazer? - digo ajeitando o capuz sobre minha cabeça.

– Não chegou nem perto. - droga, ela não desmaiou. De repente o chão sob meus pés se tornou líquido e afundei até o pescoço antes de ele ficar sólido outra vez. - Achei que fosse melhor Ravena. - ela colocou o pé para trás para pegar impulso e chutar meu rosto.

Me transformei em energia com formato de corvo e a envolvi em esfera. Jinx começou a emanar seu poder por todo corpo tentando me repelir. Senti como se meus órgãos estivessem sendo reorganizados. Não aguentei e voltei ao normal.

Estava caída no chão apoiada nos braços sentindo meus músculos se dilatarem. Foi aí que senti uma dor no queixo que me fez cair de costas. Ela conseguiu me chutar afinal.

– Patética. - ela andou até mim enquanto eu tentava me levantar e me chutou de novo. Desta vez na barriga. Vaca. - Achei que você tivesse melhorado também. Mas acho que estava enganada.

Tentei levantar outra vez, mas ela me atingiu com uma rajada de poder que me arremessou até a parede e me manteve grudada lá, até que escorreguei para o chão. Assim que toquei o piso senti um líquido quente escorrer por meu rosto e gemi. Abri os olhos, minha visão estava embaçada. Olhei para o lado e vi Mamute jogado em uma pilha de doces com Chip e See-More em cima dele.

Meus companheiros estavam juntos lutando com Billy

– Ravena! - gritou Mutano ao me ver.

Jinx me puxou pela gola até eu ficar na altura de seus olhos.

– Desiste? Eu posso ter piedade de você.

– Vá para o inferno. - minha voz parecia um arquejo.

– Vou mandar você para lá primeiro. - e me jogou no chão, onde me apoiei com as mãos. Então ela começou a mandar vibrações sobre mim. Meus ossos entraram em atrito, parecia que estavam martelando meu cérebro. Trinquei os dentes para não gritar.

Não sei quanto tempo aquilo durou. Eu não era capaz de me concentrar para reagir. Então de repente que eu ouvi foi uma batida de meu coração. Não senti nem ouvi nada. Meu peito parecia querer explodir de dentro para fora. Havia alguma coisa dentro de mim. Energia. Uma fonte enorme de poder. Mas de onde esse tinha vindo?

E estava aumentando. Queria sair. Era mais do que eu podia suportar. Então aquele poder todo saiu.

Uma onda de poder se propagou de mim, maciça, quebrou janelas, explodiu máquinas e empurrou Jinx. Tentáculos de energia saíram das minhas costas e a atacaram. Jinx estava sendo envolvida pela energia escura. Mas eu não fazia aquilo, não completamente, o controle daquele poder se esvaia.

Foi aí que ele se descontrolou completamente. Tentáculos e ondas de poder iam para todos os lados destruindo tudo. Pude ver e ouvir o teto ruindo e minha cabeça parecia que ia explodir. Sentei sobre meus joelhos e coloquei minhas mãos na cabeça tentando recuperar o controle. Mas não conseguia. Cerrei os dentes enquanto apertava forte meu crânio.

Podia sentir minhas unhas se cravando na minha pele com tanta força que colocava em meus dedos. Para! Para! PARAAA!

Então acabou. Arfei quando toda energia voltou para mim. Respirava devagar. O cinema estava em ruínas. O teto havia caído quase todo, as paredes esburacadas e todas as máquinas destruídas.

– Ravena! – os outros disseram correndo em minha direção. Os Billy Numerosos tinham sido esmagados por pedaços do teto. Embora sentisse tudo isso, continuava olhando para o chão. Já não sentia mais dor. O sangue não escorria mais por minha testa. Estava curada. Mas como?

– Ravena, você está bem? – disse Robin chegando perto e tocando meu ombro. – Argh! O que é isso? – disse ele tirando a mão de onde estava.

Só então tirei as mãos da cabeça e as olhei. Tinha alguma coisa escorrendo por elas, e por minha cabeça também. Escorrendo de mim. Uma substância preta. Como um suor escuro e gosmento.

O que está havendo comigo?